22 outubro - Podemos suspirar pela luz como suspiramos pela aurora matinal, mas tal como esta, não podemos adiantá-la de um instante sequer. Devemos, todavia, ficar de olhos abertos para o Oriente, exatamente para o ponto onde a luz do dia costuma aparecer; que não nos aconteça de confundi-la com a aurora boreal, que engana o peregrino. (L 272). São Jose Marello
O
evangelho deste dia poderia ser resumido na frase “vivam acordados”. Passamos
nossos dias atormentados por uma enxurrada de imagens e todo tipo de
informação: televisão, rádio, computador.
Algumas
dessas informações são úteis e outras inúteis. A quantidade de ideologias e
valores viciados pelo consumo e alienação é tão grande que, a duras penas, nos
reconhecemos quando nos contemplamos no espelho.
O
afã e as preocupações inúteis consomem nossos dias sem que tenhamos espaço para
cultivar nosso espírito. Mas a voz do Senhor nos chama a fazer uma parada no
caminho.
Convida-nos
a romper com a rotina e a orientá-la para o cultivo do reino. Com a ajuda do
evangelho conseguimos dizer não ao consumo. Não ao culto ao prazer. Não à
alienação. Devemos dizer “sim” a uma vida plena de significado e a uma
existência digna.
Para
conquistar isso necessitamos “despertar”, abandonar o engodo que os meios de
comunicação nos sugerem todos os dias. Necessitamos recuperar o que é realmente
valioso para nós: a própria vida, a de nossa comunidade e nosso povo.
Estamos
em festa com Jesus e, ainda que não nos demos conta, estando nessa festa não
podemos dormir impunemente, porque podemos ficar do lado de fora.
O
tema da vigilância, que é o núcleo do Evangelho de hoje, era próprio das
primeiras comunidades cristãs, entre as quais havia a expectativa de uma volta
em breve de Jesus, morto e ressuscitado, seguindo-se o julgamento final.
Os
três Evangelhos sinóticos (Mt, Mc, Lc) apresentam sinais desta expectativa. Era
a Parusia, expectativa escatológica e apocalíptica. Com o passar do tempo, as
comunidades começaram a perceber que a "volta" de Jesus tinha outro
sentido.
No Evangelho de João, escrito na última década do primeiro século, não há referências a esta Parusia. Em João as palavras de Jesus revelam a sua presença, junto com o Pai, já, entre os homens e mulheres que praticam a vontade de Deus, no amor fraterno e universal.
Concluindo: Os discípulos devem estar vigilantes e preparados para a vinda de Jesus, cuja hora ninguém conhece. Uma imagem de tal disposição se encontra nesse criado que aguarda seu senhor que há de voltar de um banquete de bodas a qualquer hora da noite. Quando o senhor chamar, o criado deverá estar já à porta para abri-la, deixá-lo passar e conduzi-lo a sua casa. É para isso que está ali o criado e por isso usa a túnica apropriada.
Isto,
aplicado ao discípulo significa que deve estar equipado moralmente em cada
momento, de tal forma que possa acudir imediatamente à chamada do Senhor quando
vier julgar; que deve ser claro e luminoso como o sol sem tropeço moral;
carregado de frutos de justiça por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus
(Fl 1,10ss.).
Neste
Evangelho de Lucas, os servos que estão de prontidão, esperando o seu senhor,
são proclamados bem-aventurados. São os que estão atentos, empenhados em fazer
a vontade de Deus, que é o serviço à vida, na construção de um mundo novo.
Mudança
completa da situação: o servo passa a ser senhor, e o senhor se faz servo.
Porque Deus faz participar de sua glória os que velam. A glória do reino de
Deus se compara com frequência a um banquete de bodas que Deus prepara para os
que acolhe em seu reino. Deus honra os convidados, servindo-os, e lhes abre as
alegrias de sua glória.
Diante
da correria diária, trabalho, serviços, estudos e outras atividades que fazem
parte de nossas vidas, ficam às vezes impossíveis ou esquecidos nosso momento
de intimidade com o Senhor.
Intimidade,
aqui não queremos que entendas somente o ouvir uma música religiosa, fazer
leitura bíblica. Mas sim, viver a regra beneditina que consiste no rezar e
trabalhar: ora et labora, pois,
o Senhor nos diz: felizes os
empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar.
Esse
manter-se acordado estende-se ao serviço, seja na sua Paróquia, na comunidade
dentro da sua pastoral ou ministério. Servir e trabalhar naquilo para o qual o
Senhor nos chamou. Você já descobriu o seu lugar na Paróquia, na comunidade? É
fundamental que vocêu saiba qual o seu lugar e função aí para que Deus lhe fale
ao coração.
O
Senhor nos pede que fiquemos os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Como estão
os teus rins e os teus olhos espirituais?
A
virtude da vigilância é por si mesma, uma atitude escatológica a aguardar
constantemente o retorno do Senhor. Os serviços vigilantes, a representar
os membros da comunidade eclesial, são felizes porque o próprio Senhor, por
ocasião de seu advento, fará a função de servo, cingindo-os e colocando-os à
mesa.
A
vigilância escatológica é a virtude de quem aguarda o fato derradeiro.
Por isso, o Filho do Homem que há de vir sobre as nuvens dos céus (Dn 7,13),
por ocasião da parusia, assemelha-se ao ladrão que não avisa a hora do
assalto.
A
vigilância supõe e exige um estado constante de preparação para juízo
escatológico, colocando os fiéis de Cristo em estado permanente de crise, de
modo especial, aqueles que têm a missão de anunciar o Reino à semelhança do
administrador fiel e prudente. Neste caso, a escatologia possui uma
dimensão presente e eclesial, pois o juízo definitivo supõe a avaliação das
atividades atuais dos fiéis, mediante as penas impostas pelo Senhor.
A
provação dos últimos tempos acentua a responsabilidade histórica do cristão,
sobremaneira agradecido pelos bens messiânicos: a quem muito se deu e foi
confiado, muito será pedido e reclamado.
Por
tudo quanto refletimos o importante é não se desviar, não se distrair. É
manter-se sempre alerta, acordado, e esperar até final pela segunda vinda
gloriosa do nosso Senhor Jesus Cristo.
"Feliz
és tu se assim estás procedendo. Porque o próprio Senhor passando te servirá,
como fez na Última Ceia, com seus Apóstolos."
Temos
que ficar sempre atento sempre servindo à Deus no nosso trabalho, na nossa
comunidade, nossa paróquia e durante o tempo todo, pois, o Senhor não
avisa o momento da sua volta.
Nós
não podemos ficar em cima do muro, temos que ser fiel a nosso Pai,
pois, servindo à Deus estamos retribuindo um a pequena parte do amor que
Ele tem por nós, que é imenso.
Por
isso, temos que nos esmerar na preparação da vinda do Senhor, seja qual for o
tempo da mesma. A referida vinda tem que estar precedida pela utopia
libertadora e esperançosa de nos reconhecermos como uma comunidade de iguais em
dignidade que luta, não pelo despotismo, a preguiça, a mediocridade nem o
abuso, mas sim pelo exercício da autoridade que é essencialmente serviço. Temos
que ser peregrinos alegres do reino e não fugitivos da história.
Propósito:
Pai,
somente em ti quero centrar as minhas opções mais profundas, para não permitir
que o egoísmo tome conta do meu coração e me afaste de ti.
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