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segunda-feira, 31 de maio de 2021

EVANGELHO DO DIA 01 DE JUNHO TERÇA FEIRA 2021

 01 junho - Quando sentimos o coração duro e irritável, vamos buscar um pouco de doçura no Coração de Jesus. (S 176). São Jose Marello

Marcos 12,13-17

Depois mandaram que alguns fariseus e alguns membros do partido de Herodes fossem falar com Jesus a fim de conseguirem alguma prova contra ele. Eles chegaram e disseram:
- Mestre, sabemos que o senhor é honesto e não se importa com a opinião dos outros. O senhor não julga pela aparência, mas ensina a verdade sobre a maneira de viver que Deus exige. Diga: é ou não é contra a nossa Lei pagar impostos ao Imperador romano? Devemos pagar ou não?
Mas Jesus percebeu a malícia deles e respondeu:
- Por que é que vocês estão procurando uma prova contra mim? Tragam uma moeda para eu ver.
Eles trouxeram, e ele perguntou:
- De quem são o nome e a cara que estão gravados nesta moeda?
Eles responderam:
- São do Imperador.
Então Jesus disse:
- Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus.
E eles ficaram admirados com Jesus.

Meditação:

No evangelho, os herodianos, um grupo político que estava a favor de Herodes, e os fariseus se aproximam de Jesus para pô-lo à prova com uma pergunta e deixá-lo numa situação bastante perigosa conforme a resposta que desse, e posteriormente acusá-lo e condená-lo.

Jesus é interrogado pelos discípulos dos fariseus com a intenção de pegá-lo em falso. Mas Cristo, conhecendo bem as artimanhas dos seus pensamentos. Eles inconscientemente nos apresentam a verdadeira personalidade de Jesus: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e não dás preferências a ninguém. Não olhas para as aparências do homem, mas ensinas com verdade o caminho de Deus.

Tudo o que eles disseram sobre Jesus, é verdade e constitui a missão de Jesus. Só que nunca imaginaram que da boca de Jesus viesse a sair uma resposta tão sábia e tão inteligente que os fizesse cair nas malhas das suas próprias palavras. É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não? Já que eles maliciosamente fizeram esta pergunta, Jesus responde-lhes com uma outra desafia-lhes a sabedoria.

 Jesus inteligentemente dá-lhes uma resposta que faz os herodianos, fariseus e seus discípulos entenderem as obrigações que adquire o ser humano com as leis civis que hão de ser cumpridas e não passadas por alto em função de uma opção de vida religiosa, como é o ser cristão.

 De quem é a figura e a inscrição que estão nessa moeda? E eles então dão a sua própria sentença: é de César! Sem mais perca de tempo, o Mestre lhes faz meditar na verdade do ditado segundo o qual pela “boca morre o peixe”: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!

 É necessário que eles ontem e nós hoje apresentamos a estabelecer de uma vez por todas que existem o poder temporal e àquele atemporal. O poder deste mundo passageiro e o do mundo que não tem fim.

 Ao se referir a César, Ele ensina que enquanto estivermos no mundo, embora não lhe pertençamos devemos tenhamos a capacidade e o espírito de discernimento entre o que pertence a terra e o que pertence ao reino do céu.

 Que saibamos exercer com dignidade a nossa cidadania obedecendo as autoridades legalmente instituídas pelo Estado. Que assumamos os nossos deveres e usufruamos dos nossos direitos dentro e fora da nossa Pátria.

 A segunda parte da resposta de Jesus nos faz ver que como Seus discípulos temos um destino diferente dos deste mundo. O preço da nossa salvação é paga com a moeda que também tem faces dum lado está escrito: SOU CIDADÃO DO CÉU. E JESUS É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA PARA LÁ CHEGAR. E do outro lado está a imagem de Jesus crucificado e ressuscitado.

 Se dum lado somos chamados a vivermos a sobriedade nas nossas palavras para não nos condenamos como os fariseus do evangelho de hoje, por outro lado Jesus chama-nos atenção a que não tenhamos outro senhor a quem adoremos, simbolizando pelo pagamento de impostos, a que nas nossas relações com os nossos irmãos e irmãs não tenhamos outra moeda senão a do amor de Jesus Cristo. Pois sem Ele ninguém entrará no Reino do Céu!

Deus tem seu lugar, e o fiel tem de saber respeitá-lo. O ser humano, portanto, não deve colocar em tensão aquelas questões que se referem ao foro civil com as do foro religioso, pois ambas, relacionadas e em equilíbrio, podem levar a que se consiga uma sociedade melhor, justa e participativa para seus integrantes.

Reflexão Apostólica:

 Um grupo de fariseus e herodianos pergunta a Jesus se está certo que o povo judeu pague tributo ao imperador romano que o subjuga. Uns e outros pagavam o tributo, embora por razões diferentes. Por isso a pergunta revela uma intenção distorcida e perversa de pôr Jesus diante de um dilema: se responder que não, podem acusá-lo de rebelião; e se sua resposta for sim, será rechaçado pelo povo.

 O fundo da pergunta é se pagando o imposto se viola ou não a lei judaica; se se é fiel ou não às tradições religiosas. Olhando a inscrição da moeda, Jesus diz que se dê a César o que lhe corresponde; mas o reconhecimento da autoridade suprema, obediência e amor somente se devem ao verdadeiro Deus. Esta é a resposta sábia e contundente de Jesus.

Lamentavelmente os seres humanos costumamos confundir as coisas para tirar proveito próprio. Mas a palavra de Jesus é clara: Somente Deus merece nosso amor sem divisões e nossa total obediência. Não confundamos os assuntos do reino de Deus, como a paz, a justiça, a solidariedade, a liberdade e a verdade, com os interesses mesquinhos dos impérios de todos os tempos.

Precisamos estar atentos. A duração da nossa vida é rápida. Porém, enquanto estivermos aqui temos as obrigações a que cumprir e não estamos isentos dos tributos do mundo como nos fala Jesus no Evangelho: “Daí, pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Para sermos justos precisamos estar quites com os encargos que o mundo nos cobra, confiantes, porém, de que Deus que não olha as aparências vê o nosso coração e sabe dos nossos propósitos.

 Seremos cobrados (as) também pelo que ficarmos devendo no mundo, pois vivemos aqui na terra sob o olhar misericordioso e providente do Senhor. Cumprindo com a nossa obrigação aqui neste século teremos, no outro, a recompensa pela nossa fidelidade.

 Uma coisa não nos tira da outra. Da mesma forma que cumprimos com os encargos que o mundo nos cobra nós também precisamos saldar a nossa dívida com os nossos irmãos e irmãs, segundo o mandamento do Senhor: “Amai-vos uns aos outros”.

 O mandamento de Deus é o Amor. Pagar imposto é um dever social, temporal, mas para Deus o nosso dever é amar e este é o nosso compromisso com o reino. Amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a nós mesmos (as). Somente assim seremos filhos e filhas justos (as), isto é, ajustados (as) ao Seu plano.

 Como você tem encarado as obrigações sociais que o mundo impõe? Você é uma pessoa justa neste aspecto? Você tem vivido o mandamento do amor? Você sabe que diante de Deus nós seremos também cobrados (as) pelos nossos deveres sociais aqui na terra?

 As autoridades civis merecem o respeito e cooperação, sempre e quanto isto não signifique transgredir nossa adesão a Deus. Tampouco é lícito que por uma suposta lealdade a Deus esqueçamos nossas responsabilidades cotidianas como, por exemplo: não sonegar imposto, não "piratear" etc. Devemos respeitar tanto a Deus como a autoridade, enquanto esta não pretenda tomar o lugar da primeira.

César se considerava a si mesmo como Filho de Deus e exigia de seus súditos a reverência e dedicação que se deve à divindade. Aqui a autoridade toma para si o lugar de Deus. Por isso devemos estar atentos a situações similares que ocorrem em nossos dias. É a constante tensão entre os valores do Reino de Deus e os dês-valores das estruturas do mundo.

 Propósito:

Pai, tudo quanto existe no universo te pertence. Ensina-me a subordinar tudo ao teu querer e a considerar-te a medida de tudo. Ó Deus, dai-me a graça de possuir a única moeda com a qual eu possa comprar o reino do Céu, que me ensine e ajude proclamar a minha fé não somente em palavras, mas também na verdade das minhas ações que é Jesus Cristo, Vosso Filho.

Reflexão:
Quando pediu que os discípulos rezassem com perseverança, Jesus queria dizer que orassem sem desanimar.
Isso pode ser aplicado à sua vida.
Se deseja que sua orações sejam atendidas, jamais hesite.
A confiança e a fé apontadas por Jesus deveriam mover montanhas. (cf Mc 11,23)

EVANGELHO DO DIA 31 DE MAIO SEGUNDA FEIRA 2021

 31 – Que a Mãe Santíssima nos guarde sempre debaixo do seu manto! (L 17). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 1,39-56

 "Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto:

- Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse.
A Canção de Maria
Então Maria disse:
- A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador.
Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva! De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada,
porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mim. O seu nome é santo, e ele mostra a sua bondade a todos os que o temem em todas as gerações. Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles. Derruba dos seus tronos reis poderosos. Dá fartura aos que têm fome e manda os ricos embora com as mãos vazias. Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo.
Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para sempre.
Maria ficou mais ou menos três meses com Isabel e depois voltou para casa.
"
 

Meditação:

 

Lucas, em seu evangelho, com as narrativas de infância de Jesus, deixa perceber a sua origem simples, em uma casa pobre, na pequena vila de Nazaré, longe de Jerusalém, capital religiosa da Judeia, e de qualquer outra grande cidade onde se concentram as elites privilegiadas.

Os quatro evangelhos apresentam a inauguração do ministério de Jesus a partir do seu encontro com João Batista, do qual recebe o batismo.

Lucas antecipa este encontro já no ventre de suas mães, e evidencia a íntima relação entre João Batista e Jesus com os paralelos entre as anunciações de suas concepções e as narrativas de seus nascimentos.

Maria, em seu cântico, manifesta-se solidária com os pequenos e humildes excluídos. Ela exprime que tem consciência de que a ação de Deus nela, que a engrandece, se dá em benefício de todos os povos. Ela sabe que não pode separar uma graça pessoal de um dom em favor da comunidade e do povo.

Em Maria que visita a sua prima Isabel Deus na pessoa de Jesus, Seu Filho visita o seu povo. Em Maria Deus anuncia a Alegria e serve discretamente a humanidade inteira: Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.

Maria é portadora da fonte da alegria e cada cristão é também convidado a sê-lo. A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Com estas palavras Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons singulares que Lhe foram concedidos e enumera depois os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o género humano.

Não fique ingrata! Glorifica o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e serviço de Deus e, pela observância dos mandamentos, mostra que está a pensar sempre no poder da majestade divina.

Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas em meditar no seu Criador, de quem espera a salvação eterna.

Porque fez em mim grandes coisas o Todo-poderoso, e santo é o seu nome. Maria nada atribui aos seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes.

 

Logo acrescentou: E santo é o seu nome, para fazer notar aos que a ouviam e mesmo para ensinar a quantos viessem a conhecer as suas palavras, que, pela fé em Deus e pela invocação do seu nome, também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação, segundo a palavra do Profeta: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. É precisamente o nome a que Maria se refere ao dizer: E o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.

 

Enquanto a Igreja aguarda a jubilosa esperança da vida eterna introduz na sua liturgia o costume, belo e salutar, de cantar todos este hino de Maria na salmodia vespertina, para que o espírito dos fiéis, ao recordar assiduamente o mistério da Encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade.

 

Como Maria, que da nossa boca brotem apenas as palavras de gratidão que traduzem o sentir mais profundo do nosso coração: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador»

 

 

Reflexão Apostólica:

 

Maria recebe de Deus um grande presente e uma grande responsabilidade – Ser a mãe de Jesus. O que se passou na cabeça daquela jovem, na fração de segundos entre a mensagem do anjo Gabriel e a resposta da mãe escolhida por Deus? Que reação temos ao sermos pegos de surpresa?

Sim! Tremem-se as pernas, pupilas se dilatam, o corpo se arrepia, nosso tempo de reação fica comprometido pela descarga de adrenalina na corrente sanguínea, a freqüência cardíaca dispara, ficamos pálidos e geralmente não conseguimos nem nos mover, outros apenas fogem.

 

Numa situação fisiológica tão desconfortável e peculiar (ainda parece que é a noite) é que Maria recebe o anúncio. O anjo a acalma, diz que nada há por temer, recebe o SIM da jovem e parte!

Imagino agora a inquietação dessa serva ao saber o que lhe aconteceu por meio do Espírito Santo. Imagine alguém que passou numa prova, num concurso, no vestibular, [...] e que naturalmente quer que apareça, o mais rápido que possível, alguém para que possa contar a novidade e com ela celebrar. Lembrei dos meus familiares quando passei no vestibular… Estavam mais felizes do que eu, mas por que?

Porque olhavam para meu sucesso como se fosse deles. O que eu havia conseguido era uma vitória, mas para eles era o gol do time favorito numa final de campeonato. “(…) Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para sempre”.

Foi assim que Isabel recebeu Maria. Isabel talvez se lembrasse das promessas de Deus para seu povo, lembrava das vezes em que foram infiéis; olhava para Maria, sua prima, e talvez pensasse: Ele nos perdoou! “(…) Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse”.

Isabel via naquele ventre a prova real que Deus não havia abandonado seu povo (para o Judeu, o maior bem que podemos querer, é sentir a presença de Deus).

  

A alegria de sua prima se firmava, pois em meio ao domínio romano, da opressão, dos tantos deuses, da falta de fé, alguém conseguiu tocar a Deus, gesto este que outras santas mulheres, santas, pois tinham fé, conseguiram durante a missão de Jesus.

Do anúncio ao MAGNIFICAT foram poucos dias. Da possível dúvida que brotava de um coração humano, da angústia de ser mãe numa terra onde apedrejavam as adúlteras, de estar noiva de José e de portar em seu ventre a maior declaração de amor de Deus, foram poucos dias. Isso nos chama atenção ao fato de não podermos perder tempo. João Evangelista, mesmo tão querido e próximo a Jesus, levou quase sessenta pra entender do fundo de sua alma que Deus é amor!

Maria com seu “SIM” ensinou ao mundo a perdoar e esquecer o erro de EVA e a fraqueza de ADÃO. Fez acreditarmos novamente que nunca estamos sozinhos.

Maria foi visionária num tempo onde homens eram pequenos; foi destemida, pois não sabia as linhas escritas no seu destino. Amou uma criança, a fez homem, o viu pregar, anunciar, salvar, [...]. Jesus não passou num vestibular, mas creio que Maria, como mãe, ao vê-lo se tornar grande, se realizou em seu filho.

Santa Maria, mãe de Deus, Rogai por nós!


 

terça-feira, 25 de maio de 2021

EVANGELHO DO DIA 30 DE MAIO 2021 - SOLENIDADE DA SANTISSIMA TRINDADE

 EVANGELHO DO DIA 30 DE MAIO DE 2021 DOMINGO

Solenidade da Santíssima Trindade - Ano B


TEMA
A Solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de "um Deus em três pessoas"; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.
Na primeira leitura, Jahwéh revela-se como o Deus da relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica caminhos seguros de liberdade e de vida, que está permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira.
A segunda leitura confirma a mensagem da primeira: o Deus em quem acreditamos não é um Deus distante e inacessível, que se demitiu do seu papel de Criador e que assiste com indiferença e impassibilidade aos dramas dos homens; mas é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e definitiva.
No Evangelho, Jesus dá a entender que ser seu discípulo é aceitar o convite para se vincular com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os discípulos de Jesus recebem a missão de testemunhar a sua proposta de vida no meio do mundo e são enviados a apresentar, a todos os homens e mulheres, sem exceção, o convite de Deus para integrar a comunidade trinitária.
LEITURA I - Deut 4,32-34.39-40
Moisés falou ao povo, dizendo:
«Interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra. Dum extremo ao outro dos céus,
sucedeu alguma vez coisa tão prodigiosa? Ouviu-se porventura palavra semelhante? Que povo escutou como tu a voz de Deus a falar do meio do fogo
e continuou a viver?
Qual foi o deus que formou para si uma nação no seio de outra nação,
por meio de provas, sinais, prodígios e combates, com mão forte e braço estendido,
juntamente com tremendas maravilhas,
como fez por vós o Senhor vosso Deus no Egito, diante dos vossos olhos?
Considera hoje e medita no teu coração que o Senhor é o único Deus,
no alto dos céus e cá em baixo na terra, e não há outro.
Cumprirás as suas leis e os seus mandamentos, que hoje te prescrevo,
para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti,
e tenhas longa vida na terra que o Senhor teu Deus te vai dar para sempre».
AMBIENTE
o Livro do Deuteronómio é aquele "livro da Lei" ou "livro da Aliança" descoberto no Templo de Jerusalém no 18° ano do reinado de Josias (622 a.C., cf. 2 Re 22). Neste livro, os teólogos deuteronomistas - originários do Norte (Israel) mas, entretanto, refugiados no sul (Judá) após as derrotas dos reis do norte frente aos assírios - apresentam os dados fundamentais da sua teologia: há um só Deus, que deve ser adorado por todo o Povo num único local de culto (Jerusalém); esse Deus amou e elegeu Israel e fez com Ele uma aliança eterna; e o Povo de Deus deve ser um único Povo, a propriedade pessoal de Jahwéh (portanto, não têm qualquer sentido as questões históricas que levaram o Povo de Deus à divisão política e religiosa, após a morte do rei Salomão).
Literariamente, o livro apresenta-se como um conjunto de três discursos de Moisés, pronunciados nas planícies de Moab. Pressentindo a proximidade da sua morte, Moisés deixa ao Povo uma espécie de "testamento espiritual": lembra aos hebreus os compromissos assumidos para com Deus e convida-os a renovar a sua aliança com Jahwéh.
O texto que hoje nos é proposto apresenta-se como parte do primeiro discurso de Moisés (cf. Dt 1,6-4,43). Na primeira parte desse discurso (cf. Dt 1,6-3,29), em estilo narrativo, o autor deuteronomista põe na boca de Moisés um resumo da história do Povo, desde a estadia no Horeb/Sinai, até à chegada ao monte Pisga, na Transjordânia; na parte final desse discurso (cf. Dt 4,1-43), o autor apresenta, em estilo exortativo, um pequeno resumo da Aliança e das suas exigências. Esta secção final do primeiro discurso de Moisés começa com a expressão "e agora, Israel 0, que enlaça esta secção com a precedente: mostra-se que o compromisso que agora se pede a Israel se apoia nos acontecimentos históricos anteriormente expostos  ação de Deus ao longo da caminhada do Povo pelo deserto deve conduzir ao compromisso.
O capítulo 4 do Livro do Deuteronómio é um texto redigido, muito provavelmente, na fase final do Exílio do Povo de Deus na Babilónia. Perdido numa terra estrangeira e mergulhado numa cultura estranha, hostilizado quando tentava afirmar a sua fé em Jahwéh e celebrá-Ia através do culto, impressionado com o esplendor ritual e as solenidades do culto babilónico, o Povo bíblico corria o risco de trocar Jahwéh pelos deuses babilónicos. É neste contexto que os teólogos da escola deuteronomista vão convidar o Povo a olhar para a sua história, a redescobrir nela a presença salvadora e amorosa de Jahwéh e a comprometer-se de novo com Deus e com a Aliança.
MENSAGEM
No trecho que nos é proposto, o autor deuteronomista começa por convidar Israel a contemplar a história "desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra" O resultado dessa contemplação é a constatação do contínuo empenho de Jahwéh no sentido de oferecer ao seu Povo a vida e a salvação.
Toda a história da relação entre Deus e Israel é uma extraordinária história de relação, na qual se manifesta o amor de um Deus empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. Jahwéh escolheu Israel de entre todos os povos da terra, veio ao seu encontro, falou-lhe ao coração e realizou gestos destinados a trazer ao Povo ao encontro da vida. De mil formas, Deus fez ouvir a sua voz, indicou caminhos, conduziu o seu Povo da escravidão para a liberdade.
Como é que Israel se deve situar diante deste Deus? Como é que o Povo deve responder aos apelos de Deus?
Na perspectiva do teólogo deuteronomista, Israel deve, em primeiro lugar, reconhecer que "só o Senhor é Deus Oe que não há outro". D'Ele e só d'Ele brotam a vida, a salvação, a felicidade, a liberdade. Esta constatação convida o Povo a não colocar a sua esperança e a sua realização noutros deuses, noutras propostas ilusórias e enganadoras. Israel deve, em segundo lugar, cumprir as leis e os mandamentos de Deus, pois essas leis e mandamentos são o caminho seguro para a felicidade.
Este "caminho" aqui apontado aos crentes de Israel (e aos crentes de todas as épocas e lugares) não é um caminho de dependência e de servidão; mas é um caminho de felicidade. Deus não se imiscui na vida dos homens para os tornar dependentes, mas para os libertar e para os levar à vida verdadeira, à felicidade plena.
ATUALIZAÇÃO
+ Quem é Deus? Como é Ele? Qual a sua relação com os homens? O Deus em quem acreditamos é um Deus sensível aos problemas dos homens e que Se preocupa em percorrer com eles um caminho de amor e de relação, ou é um Deus insensível e distante, que olha com enfado e indiferença o caminho que percorremos e que Se recusa a sujar as mãos com a nossa humanidade? Trata-se de um Deus capaz de amar os homens e de aceitar, com misericórdia, as nossas falhas, ou de um Deus intolerante, duro e insensível, que castiga sem piedade qualquer deslize do homem? A Solenidade da Santíssima Trindade é, antes de mais, um convite a descobrir o verdadeiro rosto de Deus. A primeira leitura deste domingo dá-nos algumas pistas para perceber Deus e para reconhecer o seu verdadeiro rosto
+ Nesta catequese do livro do Deuteronómio, Jahwéh revela-Se como o Deus da relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica caminhos seguros de liberdade e de vida, que está permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira. Por vezes, ao longo da nossa caminhada pela vida, sentimo-nos sós e perdidos, afogados nas nossas dúvidas, misérias e dramas, assustados e inquietos face ao rumo que a história segue o Mas a certeza da presença amorosa, salvadora e reconfortante de Deus deve ser uma luz de esperança que ilumina o nosso caminho e que nos permite encarar cada passo da nossa existência com alegria e serenidade.
+ O catequista deuteronomista garante que Jahwéh é o único Deus capaz de realizar estas obras em favor do homem e que só n'Ele o homem encontra a verdadeira vida e a verdadeira liberdade. Esta afirmação convida-nos a refletir sobre o papel que outros "deuses" (bem mais falíveis, bem menos dignos de confiança) desempenham na nossa existência Em quem é que pomos a nossa esperança? Esses "deuses" que tantas vezes nos seduzem (o dinheiro, o poder, a fama, o sucesso, o reconhecimento social, os valores da moda que tantas vezes atraem a nossa atenção e condicionam as nossas opções, são verdadeiramente garantia de vida e de felicidade? Esses "deuses" trazem-nos liberdade e esperança ou escravidão e alienação?
+ O autor do texto que nos é proposto convida o Povo a cumprir as leis e os mandamentos que Deus propõe; e garante que as propostas de Deus são o caminho seguro para a felicidade e para a realização plena do homem. Os mandamentos não são propostas destinadas a limitar a nossa liberdade e a prender-nos a um deus ciumento e castrador; mas são sugestões de um Deus que nos ama, que quer a nossa felicidade e realização plena e que, no respeito absoluto pela nossa liberdade, não desiste de nos indicar o caminho para a verdadeira vida.
SALMO RESPONSORIAL - Salmo 32 (33)
Refrão: Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança.
A palavra do Senhor é reta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.
A palavra do Senhor criou os céus,
o sopro da sua boca os adornou.
Ele disse e tudo foi feito,
Ele mandou e tudo foi criado.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.
LEITURA 11- Romanos 8,14-17
Irmãos:
Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no temor,
mas o Espírito de adopção filial, pelo qual exclamamos: «Abba, Pai». O próprio Espírito dá testemunho, em união com o nosso espírito,
de que somos filhos de Deus.
Se somos filhos, também somos herdeiros, herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo; se sofrermos com Ele,
também com ele seremos glorificados.

AMBIENTE
A Carta aos Romanos é um texto sereno e amadurecido, escrito por Paulo por volta do ano 57/58 e no qual o apóstolo apresenta uma síntese da sua mensagem e da sua pregação. O pretexto para a carta é um projeto de passagem por Roma, a caminho de Espanha (cf. Rom 16,23-24): Paulo sente que terminou a sua missão no oriente e quer anunciar o Evangelho de Jesus no ocidente.
Na verdade, esse projeto de passagem por Roma parece ser, sobretudo, um pretexto para Paulo se dirigir aos Romanos e para lhes expor as suas ideias acerca da salvação. Na comunidade cristã de Roma - como, aliás, em quase todas as comunidades cristãs de então - havia divergências entre cristãos vindos do judaísmo e cristãos vindos do paganismo acerca do caminho cristão. Para os judeo cristãos, a salvação dependia, além da fé em Cristo, da prática da Lei de Moisés; para os pagano-cristãos, a adesão a Cristo bastava. A uns e a outros, Paulo vai apresentar o essencial da mensagem cristã apóstolo insiste, sobretudo, no facto de a salvação não ser uma conquista do homem (que resulta dos atos ou dos méritos do homem), mas um dom do amor de Deus. Na verdade, todos os homens vivem mergulhados no pecado, pois o pecado é uma realidade universal (cf. Rom 1,18-3,20); mas Deus, na sua bondade, a todos "justifica" e salva (cf. Rom 3,1-5,11); e essa salvação é oferecida por Deus ao homem através de Jesus Cristo; ao homem, resta aderir a essa proposta de salvação, na fé (cf. Rom 5,12-8,39).
O texto que hoje nos é proposto faz parte de um capítulo em que Paulo reflete sobre a vida nova que Deus oferece ao batizado e que Paulo chama "a vida no Espírito". O pensamento teológico de Paulo atinge, neste capítulo, um dos seus pontos culminantes, pois todos os grandes temas paulinos (o projeto salvador de Deus em favor dos homens; a ação libertadora de Cristo, através da sua vida de doação, da sua morte e da sua ressurreição; a nova vida que faz dos crentes Homens Novos e os torna filhos de Deus) se cruzam aqui.
Paulo procura, de forma especial, mostrar que os cristãos, libertos da Lei, do pecado e da morte por Jesus Cristo, deixaram a vida velha da "carne" (que é viver em oposição a Deus, numa vida da egoísmo, de auto - suficiência, de orgulho, de fechamento) para viverem a vida nova do Espírito (que é viver em relação com Deus, escutando as suas propostas e sugestões, na obediência aos projetos de Deus e na doação da própria vida aos irmãos).
MENSAGEM
O crente que acolhe a proposta de salvação que Deus faz em Jesus vive "no Espírito". Aceitar essa proposta de vida é aceitar uma vida de relação e de comunhão com Deus. Nessa relação, o crente é alimentado com a vida de Deus.
Os que aceitam receber a vida de Deus e vivem "no Espírito" são "filhos de Deus":
Deus é, para eles, um Pai que continuamente os cria e lhes dá vida. A partir de então, os crentes integram a "família de Deus". Não são escravos que vivem no medo de um patrão ciumento e exigente (como era a Lei de Moisés); mas são "filhos" queridos, que Deus ama com amor infinito. Ao dirigirem-se a Deus, os crentes podem usar, com propriedade, a palavra "abba" (a palavra com que, familiarmente, as crianças se dirigem ao pai e que pode traduzir-se como "papá") - expressão de intimidade filial, que define uma relação marcada pelo amor, pela familiaridade, pela confiança, pela ternura.
A condição de "filhos" equipara os crentes com Cristo. Eles tornam-se, assim, "herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo". Qual é essa "herança" que lhes está reservada? É a vida plena e definitiva, que Deus oferece àqueles que aceitaram a proposta de Cristo e percorreram com Ele o caminho do amor, da doação, da entrega da vida.
O nosso Deus é, de acordo com a catequese de Paulo, o Deus da relação, apostado em vir ao encontro dos homens, em oferecer-lhes vida, em integrá-los na sua família, em amá-los com amor de Pai, em torná-los herdeiros da vida plena e definitiva.
ATUALIZAÇÃO
+ Mais uma vez a Palavra que nos é proposta reafirma esta realidade: o Deus em quem acreditamos não é um Deus distante e inacessível, que Se demitiu do seu papel de criador e que assiste com indiferença e impassibilidade aos dramas dos homens; mas é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e verdadeira. Há, ao longo da nossa caminhada pela vida, momentos de solidão e de desespero, em que procuramos Deus e não conseguimos descortinar a sua presença; mas, sobretudo nesses momentos dramáticos, é preciso não esquecer que Deus nunca desiste dos seus filhos e que nenhum de nós Lhe é indiferente.
+ À oferta de vida que Deus faz, o homem pode responder positiva ou negativamente. Se o homem preferir recusar a vida que Deus oferece e trilhar caminhos de egoísmo, de orgulho e de auto - suficiência, está a rejeitar a possibilidade de aceder à vida plena e verdadeira; se o homem estiver disponível para acolher a salvação que Deus oferece em Jesus, torna-se herdeiro da vida eterna. Em que situação é que eu me coloco, diante dos dons de Deus?
+ Os membros da comunidade cristã, que pelo Baptismo aderiram ao projeto de salvação que Deus apresentou aos homens em Jesus e cuja caminhada é animada pelo Espírito, integram a família de Deus. O fim último da nossa caminhada é a pertença à família trinitária.
+ Esta "vocação" deve expressar-se na nossa vida comunitária. A nossa relação com os irmãos deve refletir o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o serviço, que são as consequências práticas do nosso compromisso com a comunidade trinitária. É isso que acontece? As nossas relações comunitárias refletem esse amor que é a marca da "família de Deus"?
ALELUIA - Ap 1,8
Aleluia. Aleluia.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
ao Deus que é, que era e que há-de vir.

EVANGELHO - Mt 28,16-20
Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus lhes indicara.
Quando O viram, adoraram-no;
mas alguns ainda duvidaram.
Jesus aproximou-Se e disse-lhes:
«Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e fazei discípulos de todas as nações,
batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei.
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».

AMBIENTE
O texto situa-nos na Galileia, após a ressurreição de Jesus (embora não se diga se é muito ou pouco tempo após a descoberta do túmulo vazio - cf. Mt 28,1-15). De acordo com Mateus, Jesus, pouco antes de ser preso, havia marcado encontro com os discípulos na Galileia (cf. Mt 26,32); na manhã da Páscoa, os anjos que apareceram às mulheres no sepulcro (cf. Mt 28,7) e o próprio Jesus, vivo e ressuscitado (cf. Mt 28,10), renovam o convite para que os discípulos se dirijam à Galileia, a fim de lá encontrar o Senhor.
A Galileia - região setentrional da Palestina - era uma região próspera e bem povoada, de solo fértil e bem cultivado. A sua situação geográfica fazia desta região o ponto de encontro de muitos povos; por isso, um número importante de pagãos fazia parte da sua população. A coabitação de populações pagãs e judias fazia, certamente, com que os judeus da Galileia vivessem a religião de uma maneira diferente dos judeus de Jerusalém e da Judeia: a presença diária dos pagãos conduzia, provavelmente, os galileus a suavizar a sua prática da Lei e a interpretar mais amplamente as regras que se referiam, por exemplo, às impurezas rituais contraídas pelo contato com os não judeus. No entanto, isto fazia com que os judeus de Jerusalém desprezassem os judeus da Galileia e considerassem que da Galileia "não podia sair nada de bom".
No entanto, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a sua vida. Foi também na Galileia que Ele começou a anunciar o Evangelho do "Reino" e que começou a reunir à sua volta um grupo de discípulos (cf. Mt 4,12-22). Para Mateus, esse facto sugere que a o anúncio libertador de Jesus tem uma dimensão universal: destina-se a judeus e pagãos.
Mateus situa este encontro final entre Jesus ressuscitado e os discípulos, num "monte que Jesus lhes indicara". Trata-se, no entanto, de uma montanha da Galileia que é impossível identificar geograficamente, mas que talvez Mateus ligue com a montanha da tentação (cf. Mt 4,8) e com a montanha da transfiguração (cf. Mt 17,1). De qualquer forma, o "monte" é sempre, no Antigo Testamento, o lugar onde Deus se revela aos homens.
MENSAGEM
o texto que descreve o encontro final entre Jesus e os discípulos divide-se em duas partes.
Na primeira (vers. 16-18), descreve-se o encontro. Jesus, vivo e ressuscitado, revela­-se aos discípulos; e os discípulos reconhecem-no como "o Senhor" e adoram-no. Depois de descrever a adoração, Mateus acrescenta uma expressão que alguns traduzem como "alguns ainda duvidaram" e outros como "eles que tinham duvidado" (gramaticalmente, ambas as traduções são possíveis). No primeiro caso, a expressão significaria que a fé não é uma certeza científica e que não exclui a dúvida; no segundo caso, a expressão aludiria a essa dúvida constante dos discípulos - expressa em vários momentos, ao longo da caminhada para Jerusalém - e que aqui perde qualquer razão de ser.
Ao reconhecimento e à adoração dos discípulos, segue-se uma manifestação do mistério de Jesus, que reflete a fé da comunidade de Mateus: Jesus é o "Kyrios", que possui todo o poder sobre o mundo e sobre a história; Jesus é "o mestre", cujo ensinamento será sempre uma referência para os discípulos; Jesus é o "Deus­ conosco", que acompanhará, a par e passo, a caminhada dos discípulos pela história.
Na segunda (vers. 19-20), Mateus descreve o envio dos discípulos em missão pelo mundo. A Igreja de Jesus é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens e que deixou nas mãos e no coração dos discípulos. A primeira nota do envio e do mandato que Jesus dá aos discípulos é a da universalidade da missão dos discípulos destina-se a "todas as nações".
A segunda nota dá conta das duas fases da iniciação cristã, conhecidas da comunidade de Mateus: o ensino e o baptismo. Começava-se pela catequese, cujo conteúdo eram as palavras e os gestos de Jesus (o discípulo começava sempre pelo catecumenato, que lhe dava as bases da proposta de Jesus). Quando os discípulos estavam informados da proposta de Jesus, vinha o baptismo - que selava a íntima vinculação do discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo (era a adesão à proposta anteriormente feita).
Uma última nota: Jesus estará sempre com os discípulos, "até ao fim dos tempos". Esta afirmação expressa a convicção - que todos os crentes da comunidade mateana possuíam - que Jesus ressuscitado estará sempre com a sua Igreja, acompanhando a comunidade dos discípulos na sua marcha pela história, ajudando-a a superar as crises e as dificuldades da caminhada.
ATUALIZAÇÃO
+ Este texto evangélico foi escolhido para o dia da Santíssima Trindade, pois nele aparece uma fórmula trinitária usada no baptismo cristão ("em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo"). O nosso texto sugere, antes de mais, que ser batizado é estabelecer uma relação pessoal com a comunidade trinitária... No dia em que fomos batizados, comprometemo-nos com Jesus e vinculamo-nos com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente com esse compromisso?
+ Quem acolheu o convite de Deus (apresentado em Jesus) para integrar a comunidade trinitária, torna-se testemunha, no meio dos homens, dessa vida nova que Deus oferece. O papel dos discípulos é continuar a missão de Jesus, testemunhar o amor de Deus pelos homens e convidar os homens a integrar a família de Deus. Os irmãos com quem nos cruzamos pelos caminhos da vida recebem essa mensagem? As nossas palavras e os nossos gestos testemunham esse amor com que Deus ama todos os homens? As nossas comunidades são a imagem viva da família de Deus e apresentam um convite credível e convincente aos homens para que integrem a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo?
+ A missão que Jesus confiou aos discípulos - introduzir todos os homens na família de Deus - é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculo para a presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Todos os homens e mulheres, sem exceção, têm lugar na família de Deus. Tenho consciência de que Jesus me envia a todos os homens - sem distinção de raças, de etnias, de diferenças religiosas, sociais ou económicas - a anunciar-lhes o amor de Deus e a convocá-los para integrar a comunidade trinitária? Tenho consciência de que sou chamado a apresentar a todos os homens - mesmo àqueles que habitam no outro lado do mundo - o convite para integrar a família de Deus?
+ Num mundo onde Deus nem sempre faz parte dos planos e das preocupações dos homens, testemunhar o amor de Deus e apresentar aos homens o convite para integrar a família de Deus é um enorme desafio. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração... Nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus:
"Eu estarei convosco até ao fim dos tempos". Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.
+ A celebração da Solenidade da Trindade não pode ser a tentativa de compreender e decifrar essa estranha charada de "um em três". Mas deve ser, sobretudo, a contemplação de um Deus que é amor e que é, portanto, comunidade. Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família - pai, mãe e filho - é afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas diferentes de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é também negar a fé. A natureza divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-Se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue "dizer" o indizível, não consegue definir cabalmente o mistério de Deus.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS
PARA A SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE (adaptadas de "Signes d'eujcurd'hui"}
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior à Solenidade da Santíssima Trindade, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-Ia pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo... Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa... Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus...
2. BILHETE DE EVANGELHO.
Se na montanha da Galileia alguns dos onze tiveram dúvidas, é talvez porque eles pensavam tomar a iniciativa do encontro com o Ressuscitado, só contavam com eles para acreditar: a sua inteligência procurava compreender, os seus olhos queriam ver, as suas mãos procuravam tocar, o seu coração desejava amar, mas não esqueciam então que era o Ressuscitado que tinha a iniciativa? Então Jesus assegura-lhes, é Ele que os envia: "Ide!" É em nome de Deus Pai, Filho e Espírito que deverão batizar; e os mandamentos que farão observar são os mesmos que o próprio Jesus lhes deu. Enfim, Jesus não reprova as suas dúvidas, apenas lhes assegura: "Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos". Duvidar, não será falta de confiança? Ter medo, não será esquecer uma presença?
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
Trindade, Movimento de Amor! Um mais um igual a um! As matemáticas divinas não obedecem à nossa lógica! Para além da expressão um pouco técnico da palavra, a fé na Trindade é o coração absoluto do cristianismo. Está na concepção mais fundamental que temos de Deus. Quando São Mateus escreve: "Batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo", utiliza uma antiga fórmula baptismal muito precisa. Trata-se de ser mergulhado, imerso num movimento, aquele que diz o próprio Nome de um Deus que é Pai, Filho e Espírito. São João diz também, no final do seu prólogo, que "o Filho único está no seio do Pai". Longe de ficar estático, "instalado", o Filho só encontra a verdade última do seu ser na medida em que está ligado ao Pai por um movimento de amor. Com efeito, a grande revelação que Cristo veio trazer, é que "Deus é Amor". O Ser de Deus é o Amor em estado puro, mais precisamente ainda, é amar. Deus nada pode fazer senão amar. Ora, o amor não existe se não for movimento, reciprocidade, dom e acolhimento. Deus, Aquele que Jesus chama "Abba", "papá", só pode existir como fonte de amor. Ele não se pode definir unicamente como o "Ser Supremo". O Pai é a fonte que Se dá, eternamente, gratuitamente. O Filho surge deste dom como a perfeita Imagem do Pai. Quanto ao Espírito, Ele é este mesmo Movimento de Amor que liga eternamente o Pai e o Filho. O Espírito é o "peso" que, brotando do Coração do Pai, O faz "abanar" no dom total de Si mesmo ao Filho. Isto só se pode aceitar na fé, proclamando um Deus que só é Amor e nada mais. É neste Movimento que são mergulhados os batizados. A vida dos cristãos não é uma realidade estática, nem simples conformidade aos mandamentos. É movimento de amor, aberto aos outros, no próprio movimento de amor que é Deus. "Assim como Eu vos amei, amai-vos uns aos outros".
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE
Ver em cada um... Não é preciso questionarmo-nos muito tempo sobre como fazer para amar os outros... Basta ver Jesus em todo o ser humano, junto de cada um, e saber que o Reino se constrói nos gestos humildes de hoje!

 

EVANGELHO DO DIA 29 DE MAIO SÁBADO 2021

 29 maio - A santa pureza é guardada pela virtude da humildade, sua irmã. Ah! Ninguém pode ser puro se não for humilde! E a Virgem Santíssima foi enriquecida por uma pureza tão singular e resplandecente porque foi sumamente humilde. (S 358). São Jose Marello

 EVANGELHO DO DIA

Marcos 11,27-33

Depois voltaram para Jerusalém. Quando Jesus estava andando pelo pátio do Templo, chegaram perto dele os chefes dos sacerdotes, os mestres da Lei e os líderes dos judeus que estavam ali e perguntaram:
- Com que autoridade você faz essas coisas? Quem lhe deu autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu:
- Eu também vou fazer uma pergunta a vocês. Se me derem a resposta certa, eu direi com que autoridade faço essas coisas. Respondam: quem deu autoridade a João para batizar? Foi Deus ou foram pessoas?
Aí eles começaram a dizer uns aos outros:
- Se dissermos que foi Deus, ele vai perguntar: "Então por que vocês não creram em João?" Mas, se dissermos que foram pessoas, ai de nós!
Eles estavam com medo do povo, pois todos achavam que, de fato, João era profeta. Por isso responderam:
- Não sabemos.
- Então eu também não digo com que autoridade faço essas coisas! - disse Jesus.

Meditação: 

 O Sinédrio era composto por sumos sacerdotes, letrados e anciões. Dessa instituição é que vinha o questionamento: “Jesus, com que autoridade fazes isso? Quem te deu tal autoridade para fazê-lo?” Jesus foi enviado pelo Pai para levar Boas Novas aos pobres.

Portanto sua autoridade provêm do Pai e Jesus a exerce através do serviço aos mais pobres. O Sinédrio que o questiona, tampouco acreditara em João Batista; por outro lado, o povo o considerava um profeta autorizado por Deus.

O profeta é o homem de Deus, sua vida é resposta que surge do escutar a Deus em sua Palavra e no clamor doloroso de seu povo. Esta capacidade de escutar o adentra cada vez mais no conhecimento do projeto que Deus tem, e se consagra a ele servindo aos pobres.

O profeta é chamado a dar toda sua vida para que os pobres vivam. A autoridade não é reconhecida quando as pessoas a vêem como privilégio ou um título, mas quando se torna serviço, doação da própria vida. Assim o fez Jesus, assim devem ser seus discípulos.

Uma das características dos evangelhos é registrar os diversos conflitos provocados pelas elites religiosas de Israel contra Jesus por causa de sua solidariedade e promoção dos marginalizados e oprimidos por estas elites.

Jesus volta ao Templo de Jerusalém depois de, no dia anterior, ter expulsado aqueles que ali comerciavam. Esta ação de Jesus provocou a ira dos chefes do Templo, os quais eram coniventes com este comércio. Jesus está presente entre a multidão de peregrinos que vêm de longe, não como um devoto entre os demais, mas para anunciar-lhes o Reino de Deus, diferenciado do culto interesseiro praticado naquele templo.

Reconhecer a origem divina do batismo de João implica em reconhecer o caráter divino de Jesus, do qual João foi precursor. Diante da negativa dos dirigentes judeus em lhe responder, Jesus também não lhes responde diretamente. Contudo, a seguir, lhes dirigirá a "parábola dos vinhateiros homicidas".

Como Jesus ensina todos os que nele nascem, através do batismo, com Ele caminharão para sempre. O Batismo verdadeiro vem do céu é este que eu estou apresentando ao mundo e a vós, através destas palavras.

Nascemos diferentes, pois nascemos pelo Espírito, depois de sermos batizados com a Santíssima Trindade. Não somos nós que fazemos as palavras que aqui estão sendo postas para o resto da humanidade.

É desse Espírito Santo, que acompanha o trabalho santo por ordem de Deus, enviado por Jesus por conta de um chamado para a apostasia. É triste ver que as pessoas trocaram o Evangelho e o seu caminho, preparado por Deus, por outros "evangelhos" e por caminhos criados por homens ou espíritos. Jesus não abandona aquele que a Ele ama.

Hoje, o Evangelho pede-nos que pensemos com que intenção vemos Jesus. Há quem vá sem fé, sem reconhecer sua autoridade: por isso, «os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos, lhe perguntaram: “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?”(Mc 11,27-28).

Se não tratamos a Deus na oração, não teremos fé. Mas, como diz são Gregório Magno, «quando insistimos na oração com toda veemência, Deus se detém no nosso coração e recobramos a vista perdida».

 Se tivermos boa disposição, apesar de estar no erro, vendo que a outra pessoa tem razão, acolheremos suas palavras. Se tivermos boa intenção, apesar de arrastar o peso do pecado, quando façamos oração Deus nos fará compreender nossa miséria, para que nos reconciliemos com Ele, pedindo perdão de todo coração e, por meio do sacramento da penitência.

A fé e a oração vão juntas. Diz-nos Santo Agostinho que, «se a fé falta, a oração é inútil. Depois, quando oremos, criemos e oremos para que não falte a fé. A fé produz a oração e, a oração produz também a firmeza da fé».

 Se tivermos boa intenção e, acudimos a Jesus, descobriremos quem é e, entenderemos sua palavra, quando nos pergunte: «O batismo de João era do céu ou dos homens?» (Mc 11,30). Pela fé, sabemos que era do céu e, que sua autoridade vem-lhe do seu Pai, que é Deus e, Dele mesmo porque é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Porque sabemos que Jesus é o único salvador do mundo, acudimos a sua Mãe que também é nossa Mãe, para que desejando acolher a palavra e a vida de Jesus, com boa intenção e boa vontade, para ter a paz e a alegria dos filhos de Deus.

 Reflexão Apostólica:

 Jesus operava com sabedoria, porque tinha conhecimento da falsidade daqueles que o inquiriam. Por isso, muitas vezes Ele respondia aos seus interlocutores fazendo-lhes também uma pergunta. Assim, Ele confundia ainda mais àqueles que armavam ciladas contra Ele.

Seria fácil para Jesus dar uma resposta correta, porém Ele sabia que por mais que Ele esclarecesse as dúvidas, eles nunca iriam entendê-Lo, porque Ele falava das coisas que O Pai lhe revelara, coisas que os homens não entendem por si mesmos.

Quantas vezes nós também fazemos perguntas a Jesus e não recebemos as respostas? Quantas vezes nós também abrimos a Bíblia querendo um retorno para as nossas indagações? E sabe por que também isso acontece conosco?

Quantas vezes também nós não queremos responder para não nos comprometer? Com Deus não podemos ser falsos, ele conhece o nosso íntimo, sabe quando queremos nos esconder atrás de falsas desculpas.
 
A sinceridade perante os homens é sempre um bem, não sendo sempre compreendida e reconhecida, contudo não podemos nos esconder e mentir para Deus. O Pai sabe tudo, reconhece o bem que fazemos assim como os nossos pecados.
 
Não devemos ter medo em abrir nosso coração para Deus, nem reconhecer humildemente os nossos pecados, porque ele não nos condena, mas nos mostra a saída e, onde está o bem. Dando- nos compreensão da verdade para que sejamos capazes de sair do erro e mudar de vida.

Porque nós também não entenderemos quando Jesus nos falar de coisas que nós não queremos aceitar porque já temos uma opinião formada e não nos afastamos dela. Porque nós não nos abrimos ao Espírito Santo para compreender os mistérios de Deus e aceitá-Los, porque a mentalidade do mundo ainda é muito poderosa nas nossas ações.

Precisamos desistir das nossas próprias opiniões para que as respostas de Jesus ecoem dentro de nós de uma forma convincente.

Você tem dado abertura ao Espírito Santo para que Ele elucide as suas dúvidas? Quais as perguntas que você tem feito a Jesus? Ele tem respondido? Você tem entendido o que Ele fala? Você é daquelas pessoas que abrem a Palavra esperando logo uma resposta que lhe seja agradável? Você acredita que Deus fala com você?

Propósito:

Senhor, Jesus, tu conheces o íntimo de todos nós, dá-nos a coragem e a liberdade de abrir-nos totalmente a ti para que possamos conhecer a verdade sobre Ti e sobre nós para nos purificar e viver na verdade.

 

EVANGELHO DO DIA 28 DE MAIO SEXTA FEIRA 2021

 28 maio - Há uma virtude que resplandeceu de modo muito particular na Virgem Imaculada, nossa Mãe, uma virtude predileta de Jesus e que também nós devemos possuir, pois ela é o adorno mais lindo da alma: quero dizer a pureza, a virtude com a qual o homem imita os Anjos, aliás, os vence em merecimento, pois eles são puros por natureza, nós por graça: eles, não tendo corpo, são puros por necessidade, nós por vontade, pois nós devemos combater, vigiar, rezar muito e mortificar-nos para obter e conservar essa virtude tão delicada. (S 356). SÃO JOSÉ MARELLO

 

EVANGELHO DO DIA

 

Marcos 10,1-12

Naquele tempo, 1Jesus foi para o território da Judeia, do outro lado do rio Jordão. As multidões se reuniram de novo em torno de Jesus. E ele, como de costume, as ensinava. 2Alguns fari­seus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher.
3Jesus perguntou: “O que Moisés vos ordenou?” 4Os fari­seus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”. 5Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moi­sés vos escreveu este mandamento. 6No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. 7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. 8Assim, já não são dois, mas uma só carne. 9Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!”
10Em casa, os discípulos fizeram, novamente, perguntas sobre o mesmo assunto. 11Jesus respondeu: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. 12E se a mulher se divorciar de seu marido e casar com outro, cometerá adultério”. 

Meditação:

Jesus está na jurisdição de Herodes, que tinha tomado por esposa Herodiades esposa do seu irmão e que por isso causara a morte de João Batista. De repente os conhecedores da lei de Moises insurgem contra Jesus e lhe fazem uma pergunta. Só que desta vez sobre o divórcio. Talvez na tentativa de aprovar a atitude de Herodes e condenarem João por ter defendido a indissolubilidade do matrimônio.

 De fato, naquele tempo, a questão do divórcio e novo casamento era motivo de grandes debate entre as duas escolas rabínicas de Shammai e Hillel. Mas também vemos na pergunta dos fariseus mais uma tentativa de assassinato do que uma mera questão.

Desencadeou-se a polêmica em torno do assunto do divórcio proposto pelos fariseus, e Jesus dá atualidade ao mandamento inquebrantável do amor do casal: o que Deus uniu o homem não separe.

No Novo Testamento, existem três passagens principais que lidam com divórcio e novo casamento: Mat. 19:1-9, Mar. 10:1-12 e I Cor. 7:10-40.

Jesus faz distinção entre a intenção original de Deus na criação e a lei (Dt 24,1) que foi escrita “por causa da dureza do vosso coração“.

O enfoque dessa passagem de Marcos é realmente novo casamento e não divórcio. Ao exprimir seu pensamento a respeito do matrimônio, Jesus denunciava uma injustiça cometida contra as mulheres, procurando prevenir seus discípulos a não praticá-la.

A Lei mosaica era explícita no tocante ao divórcio. Lê-se no Deuteronômio: “Quando um homem se casa com uma mulher e consuma o matrimônio, se depois ele não gosta mais dela, por ter visto nela alguma coisa inconveniente, escreva para ela um documento de divórcio e o entregue a ela, deixando-a sair de casa, em liberdade“. A Lei previa o caso de sucessivos repúdios da mulher.

 Portanto, ela ficava sob a tutela do marido e dependia de seu humor. Bastava um pequeno deslize, ou algo que desagradasse o marido, para ser repudiada. Uma situação de evidente injustiça, no parecer de Jesus, com a qual não podia pactuar.

Por isso, ele saiu em defesa das mulheres com dois argumentos: O primeiro referia-se ao questionamento da Lei. O divórcio consistia numa espécie de concessão divina à mesquinhez humana. Não podendo suportar algo superior, Deus se contentava em permitir aos homens algo inferior. Mas Jesus estava ali para defender a verdadeira vontade divina. O segundo consistiu em mostrar que o divórcio é impossível, considerando o texto bíblico: Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem.

 Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne (Gênesis 2,23-24), que lhe serve de fundamento. Portanto, Se é verdade que marido e mulher formam uma só carne, como é possível falar em divórcio? Não sejas teimoso, teimosa. Repudiando o teu marido ou tua mulher, tu te desfazes de uma parte de ti mesmo.

Hoje em dia é comum que muitos casais busquem o matrimônio não pela vivência sacramental do Deus que abençoa e santifica o amor do casal, mas como um de tantos eventos sociais cujos protocolos se converteram em exigências.

 Certamente, ainda numerosos casais procuram permanecer unidos no matrimônio até que a morte os separe, mas numerosos outros usam o matrimônio como instrumento para conseguir um visto, uma herança, um status social, ou, simplesmente, para não ficar sozinhos.

Fator importante na crise de casais, tanto dos unidos pela matrimônio como dos que estão fora dele, é o medo de que o amor se extinga e leve cada um a tomar seu próprio caminho.

 Jesus é enfático na exigência que lança a seus seguidores: o casal buscar nas relações o que é realmente essencial e transcendente: a vivência do amor de duas pessoas unidas no sacramento do matrimônio, união que, não obstante as dificuldades, continua se recriando apesar do transcurso do tempo na vivência renovada da doação de um ao outro.

Reflexão Apostólica:

O matrimonio é o sacramento do amor e expressa a presença viva de Deus no meio de quem deseja compartilhar suas vidas, unificadas por um amor mutuo.

 Tal relação se fundamenta no conhecimento profundo das duas pessoas, na ruptura dos estreitos limites do egoísmo para dar espaço à partilha, à amizade, ao afeto, ao encontro íntimo dos corpos; por isso Jesus recorda aos fariseus o elemento essencial da união matrimonial: ser uma só carne, um só ser, uma só pessoa.

Ser “um só” significa que os dois são responsáveis por manter vivo o primeiro amor; significa que são iguais, que não há um mais importante que o outro, mas que cada um, com sua própria identidade, forma parte indispensável deste projeto de amor.

Portanto, o divorcio é a conseqüência de não compreender o sentido original do matrimonio, de possuir um “coração de pedra” incapaz de amar a Deus, que é o próximo por excelência, de não abrir o coração ao perdão, à ternura e a misericórdia para com o outro. É necessário um “coração de carne” para que o amor conjugal seja forte e indissolúvel.

O Evangelho de hoje nos induz a uma reflexão e aprofundamento do nosso compromisso matrimonial. Vivemos um tempo em que o matrimônio tornou-se mais um evento social do que um compromisso assumido pelos cônjuges.

 Algumas pessoas se casam já condicionadas a uma separação, se surgirem dificuldades que não as façam felizes. Aquele que procura apenas sua felicidade no casamento certamente sofrerá muitas decepções, porém, aquele que procura fazer seu parceiro/a feliz, esse terá muito maior probabilidade de ser feliz.

 Deus nos dá plena liberdade de escolhermos a nossa parceria, não nos impõe nenhuma condição, por isso a nossa escolha deve ser definitiva e devemos nos esforçar ao máximo para honrarmos o compromisso assumido. São Tiago já nos alerta em sua carta,       "que o vosso sim seja sim, e o vosso não, não".

É na família abençoada pelo sacramento matrimonial que devemos exercer, em primeiro lugar, as recomendações deixadas por Jesus Cristo, que são a disponibilidade ao serviço e a evangelização. Essa é a receita para a união duradoura e eterna que se espera do casamento.

 Se um dia, a vida em comum se tornar inviável, apesar do nosso empenho em concretizá-la, lembremos da advertência de Jesus "Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar de seu marido e casar com outro, cometerá adultério".

 Que o Senhor guie nossos matrimônios e os mantenha unidos no amor que se torna sacramento de modo tão essencial nessa fusão que permite a um homem e a uma mulher não ser já dois, mas um só.

 Propósito:

Pai, que os casais cristãos, unidos pelo sacramento do matrimônio, saibam reconhecer e realizar o mistério de comunhão que os chama a viver.