Seguidores

domingo, 20 de março de 2022

EVANGELHO DO DIA 27 DE MARÇO 2022 - 4º DOMINGO DA QUARESMA

 


27 março - São José praticava as virtudes humildes e obscuras, mantendo-se sempre calmo, sereno e tranqüilo, observando em tudo perfeita conformidade com a Vontade Divina. (S228). São Jose Marello

 


Lucas 15,1-3.11-32

 Naquele tempo, os publi­canos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queira matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome’. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”’ . 

 
Meditação: 

Este Evangelho narrado por Lucas, conhecido como “parábola do filho pródigo”, poderia muito bem ser denominado “parábola do pai misericordioso”. Nele temos a revelação do Deus de Jesus que a todos acolhe em seu infinito amor. Respeita plenamente a liberdade de seus filhos e está com o coração aberto para acolhê-los a qualquer momento, sem censuras, independentemente de sua história passada.

 Este é o nosso Deus de quem nós devemos aprender todos os dias e horas. Diferencia-se do deus dos escribas e fariseus, que castiga os que dele se afastam, impondo-lhes variados sofrimentos; e, se há arrependimento, reata sua aliança sob ameaças.

 

É por seu amor misericordioso que o Deus de Jesus move à conversão e ao reencontro com a vida plena. Assim a parábola do Pai Misericordioso vai mostrar como Deus pai age diante do filho pecador. A situação que relata é absolutamente real e facilmente encontrável em qualquer família humana.

O movimento desta parábola é simples: apresentação dos personagens, atitude do filho menor, atitude do pai diante do filho perdido, atitude do filho mais velho.

 Como se vê, as três primeiras cenas são paralelas às atitudes do pastor e da mulher diante do objeto perdido, a novidade vê da atitude do filho mais velho.

 Certamente a parábola reflete a atitude dos fariseus e escribas diante dos pecadores. Não deixa de ser interessante a linguagem da refeição na parábola, o que nos lembra o contexto: "houve fome" (v. 14), desejava comer vagens (v. 16), os empregados do pai "têm pão em abundancia" (v. 17), o pai manda "matar um novilho gordo: comamos e bebamos, vamos fazer uma festa" (v. 23), "nunca me deste um cabrito para uma festa com meus amigos", queixa-se o irmão mais velho (v. 29) e esclarece "este teu filho que gastou todos os teus bens com prostitutas".

 Como se vê, há um contraste entre os personagens em relação a uma mesma situação: o filho irmão menor. Como em outras parábolas de dois personagens, talvez o título deveria refletir estas duas atitudes mais que remeter ao "filho pródigo".

 Por outra parte, ocupa-se em mostrar a queda profunda do filho mais novo com uma série de elementos muito críticos para qualquer judeu: "país distante", "vida libertina/prostitutas", "passar necessidade", "cuidar de porcos", não lhe dão sequer vagens para se alimentar, que é comida preferencialmente de animais (deveria roubá-las?), a ponto de pretender voltar "a seu pai" como um assalariado.

 

É preciso prestar atenção em palavras como "não mereço" (vv. 19.21) e "é bom/convém" (v. 32). Descobrindo sua miséria, o filho parte "de seu pai" (não diz de sua casa, ainda que se suponha "pros" (vv. 18.20), o filho mais velho é quem não entra "em casa" (v. 25).

 O movimento de partida e regresso do filho é semelhante ao perder-encontrar e mais ainda à morte-ressurreição, com este paralelismo termina a intervenção do pai que volta a repetir-se ao intervir junto ao filho mais velho.

 O filho mais novo preparou um discurso, porém o pai não lhe permite terminá-lo. O pai transborda em generosidade e iniciativa: não somente corre ao encontro do filho ao vê-lo ao longe, mas lhe devolve a filiação que havia "perdido": isso significa o anel (selo), as sandálias, e a melhor veste, tratamento digno de um hóspede de honra. A alegria do pai fica refletida ainda, na festa por "este meu filho".

 O irmão mais velho, que retorna depois de cumprir com suas responsabilidades de filho, não quer ingressar na casa e participar da festa. Novamente o pai sai ao encontro do filho e aí escuta a reprovação. O filho mais velho se recusa a reconhecê-lo como irmão ("esse teu filho"), ao que o pai lhe recorda ("este teu irmão").

 O pai não lhe nega a razão pelo fato de o filho mais velho "jamais ter desobedecido a uma ordem"; é um "sempre fiel", alguém que "está sempre com o pai" e tudo que é seu lhe pertence, porém o pai quer ir mais além da dinâmica da justiça: o filho mais novo "não merece", porém "é bom" festejar. A misericórdia supõe adiantar-se em relação aos outros.

 Os pecadores, por serem tais, não merecem, porém o amor é sempre gratuito e vai mais além dos merecimentos, olha o caído. Os fariseus e escribas são modelos de grupos "sempre fiéis", porém, sua negativa em receber os irmãos que "estavam mortos" e voltam à vida, pode deixá-los do lado de fora da casa e da festa. Os mais velhos também podem sair de casa, se não imitam a atitude do pai, ou podem ingressar e festejar se são capazes de receber os pecadores e comer com eles.

 Em nossa vida cristã, costumamos transitar entre caricaturas de Deus; seja pelo que acreditamos, pelo que mostramos ou por aquilo que nos ensinaram. Seja um Deus bonachão, um vingador que a uma falha nossa nos castiga, um distraído ou esquecido das coisas dos humanos aos quais criou "faz tanto tempo", um "pai" autoritário e caprichoso que decide arbitrariamente e não permite discussões na realização de sua vontade. Como é nosso Deus?

 É importante saber como é o Deus no qual acreditamos, porém mais importante é saber como é o Deus no qual Jesus acreditou e como é o Deus que ele nos revelou. Como sempre, Jesus nos fala de Deus, não somente com palavras, mas também com o agir. Agindo, Jesus nos mostra a verdadeira face de Deus Pai.

 Hoje Jesus nos conta uma parábola, que nos fala de Deus. É uma parábola que nasce de uma atitude de Jesus. Ela quer nos ensinar que, diante dos irmãos desprezados, podemos agir de duas maneiras diferentes: como Deus, que é também uma obra de Jesus, ou também como os judeus religiosos, os "separados" do resto, os puros.

 O pecado é o amor-não-praticado e por isso nos distancia de Deus, que é amor; separa-nos da casa paterna. Porém, com seu amor, que continua sendo derramado, e de um modo preferencial pelos pecadores, Deus continua estendendo constantemente sua mão amiga, à espera da volta de seus filhos.

 Nós, com nossa freqüente caricaturização de Deus, costumamos rejeitar, julgar e condenar os considerados pecadores. Nós, como Jesus, com nossas atitudes também mostramos o Deus no qual acreditamos; porém, diferentemente de Jesus, também mostramos um Deus que em nada se assemelha ao Eterno Buscador de Filhos Perdidos.

 O Jesus que ama e prefere os pecadores, e come com eles, não faz outra coisa que conhecer a vontade do Pai e realizá-la concretamente: partilhada sua mesa, seu alimento nos fala claramente de Deus!

 No comportamento de Jesus se manifesta o comportamento de Deus. Jesus mesmo é parábola vivente de Deus: sua ação se transforma assim em uma revelação. Que Deus, que Igreja, que ser humano revelamos com nossa vida?

 Com freqüência, como irmãos mais velhos, nos sentimos tão orgulhosos de não ter abandonado a casa do pai, que acreditamos saber mais que o próprio Deus: Deus se torna "injusto" diante da nossa "justiça"; Deus é "de pouco caráter" para nossa imensa sabedoria. Quem sabe, Deus já esteja velho, para dedicar-se à sua tarefa e deveria aposentar-se e deixar-nos.

 Diante de tanta gente que rejeita a Igreja ("creio em Deus, mas não na Igreja"); às vezes admitimos: "Deus sim quer a Igreja". É o caso de nos questionar: que Igreja é a que ele quer? Nós mostramos, com nossas atitudes, em que Igreja acreditamos? Esta Igreja, a que nós mostramos é a Igreja que Deus quer? Jesus, com sua vida, e até na forma de se alimentar, mostra o verdadeiro rosto de Deus.

 Talvez devamos, de uma vez por todas assumir nosso papel: deixar nossa atitude de filho mais velho e, já que é tão difícil fazer o papel de Deus, deveríamos assumir o papel de filho mais novo; é hora de voltar para Deus, para enchê-lo de alegria, para participar de sua festa; e, participando de sua alegria comecemos a mostrar o rosto misericordioso deste Deus que está sempre de braços abertos para nos acolher. A mesma cena eucarística é expressão da universalidade do amor de Deus: é alimento para o perdão dos pecados.

 O Deus da misericórdia não quer ninguém excluído de sua mesa, da mesa da vida; mais ainda, quer convidar especialmente a todos aqueles que são excluídos das mesas dos homens por sua situação social, por sua pobreza, por seu sexo ou por qualquer outro motivo; e vai mais longe, não vê com bons olhos os que acreditam participar de sua mesa, mas excluem de sua mesa os seus irmãos por serem pobres.

 O Deus que não faz distinção de pessoas, ama diletamente os menos amados. Contudo, muitas vezes tomamos a atitude do irmão mais velho. Quando é que vamos sentar à mesa dos pobres e abandonar nossa tradicional postura de soberba e divisão de "bons cristãos"?

 Quando é que vamos participar da festa de Deus reconhecendo como irmãos os rejeitados e desprezados? Jesus nos convida à sua mesa, uma mesa na qual mostramos, como em uma parábola, como é o Deus, como é a fraternidade nos quais acreditamos. E vamos mostrar que somos irmãos, que somos filhos, na medida da nossa participação da alegria do pai e do reencontro com os irmãos.

 Reflexão Apostólica:

 Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida.

 Os fariseus e escribas procuram condenar Jesus, escandalizados pela familiaridade com que trata pecadores e publicanos. Estes descobriram em Jesus um caminho de conversão. Alguém finalmente compreendeu sua história e as razões pelas quais viviam em pecado. Isto os tocou, profundamente; agora seguem a Jesus tentando uma profunda mudança de vida

A parábola confronta os que vivem sujeitos à Lei e aos ritos, com os que decidiram voltar à casa do Pai. Este continua com os braços abertos para receber com amor a todos os que decidirem converter-se; quando: desejarem fazê-lo, ou quando suas histórias pessoais os tenham tocado profundamente.

Pensando sobre esta parábola em uma comunidade de base, uma senhora perguntou: “onde estava a mãe do garoto?” E outra contestou: “Rezando para que seu filho voltasse são e salvo”. Nesta parábola é onde Jesus melhor apresenta o Deus Pai-Mãe. Tem dois filhos diferentes e os ama imensamente aos dois. Não quer escolher entre eles.

São eles que devem crer em tanto amor e gratuidade e aceitar-se mutuamente como irmãos. Ambos devem aprender do Pai-Mãe que o amor não faz cálculos mesquinhos, mas que cresce na gratuidade e na aceitação dos outros tal como são. O filho mais velho é reflexo dos fariseus, mesquinhos e calculistas.

O filho menor se assemelha aos pecadores que Jesus está recebendo em sua comunidade. Os fariseus o criticam e se negam a entrar na festa do Reino para não se juntar a eles. Não crêem na capacidade dos demais de arrependerem-se e voltar a amar. No fundo deixaram de crer na capacidade de amar que tem o Pai-Mãe revelado por Jesus. A qual dos três personagens nos assemelhamos mais?

Contemplemos nossa vida pessoal, familiar e comunitária à luz do Evangelho, para reconhecer com humildade nossas limitações e avaliar como tem sido nosso processo de aproximação ou de distanciamento da casa do Pai.

Esta parábola nos leva a refletir na nossa condição de filhos e filhas de Deus, que temos à nossa disposição alimento com fartura para saciar a nossa fome de felicidade e, no entanto, nos apossamos de uma falsa liberdade que nos impulsiona a ir buscar no mundo a mesma comida que os “porcos comem”.

Erroneamente, nós achamos que o Pai quer ter conosco uma relação de patrão e empregado e não percebemos que Ele põe ao nosso alcance, a todo o momento, a nossa herança para que possamos usufruí-la de uma maneira que nos faça desfrutar a vida e ser feliz.

Nós, porém, queremos a nossa parte como se fosse um salário que apenas serve para comprar coisas que não têm serventia e que alimentam exclusivamente os desejos da nossa humanidade. E, se arrependidos pensamos em voltar também achamos que seremos recebidos como um empregado que regressa acabrunhado sem direito nenhum, para somente receber um prato de comida. Jesus nos dá uma demonstração de como é a mentalidade de Deus.

O Pai sempre sente compaixão pelo filho que se arrepende. O processo da volta começa com o arrependimento. Quando nos afastamos de Deus querendo ser donos da nossa vida desejando ter “liberdade” para viver sem restrições e fazer o que nos dá na telha, nós sofremos as conseqüências.

Há um momento em que nos sentimos perdidos, afundados na lama, famintos e humilhados. O Pai nos espera! Podemos voltar! Ele nos receberá, porém precisamos estar arrependidos e humildes, sem razões e justificativas para que o perdão realmente aconteça e faça sentido para nós. Quem não se arrepende não precisa ser perdoado.

Às vezes nós somos o filho mais velho que não compreende o porquê da misericórdia de Deus para com os pecadores. Vivemos na casa de Deus como hóspede que não se sente à vontade nem se acha com livre-arbítrio de provar de tudo que o Pai põe ao seu dispor. E quando retorna o “filho pródigo”, nós também não compreendemos a compaixão que o Pai tem para com ele e queremos que Deus faça tudo de acordo com a nossa “justiça” que é injusta. O Pai, porém quer colocar à disposição de todos, igualmente, a herança que Ele nos destinou: a nossa salvação.

Você já experimentou voltar para Deus arrependido e humilhado? Como você se sentiu? Quando você erra volta-se pra Deus com o coração de filho (a) ou de empregado (a)? Qual a diferença entre ser filho (o) e ser empregado (a)? Você acha que o filho mais velho se comportou com a mentalidade de filho ou de empregado?

 Propósito:

Pai, coloca-me no caminho da vida, banindo todo egoísmo que me afasta de ti, e não permitindo que eu jamais duvide de teu amor.

 

Evangelho do dia 26 de março sábado 2022

 


26 MARÇO- São José foi sempre tão humilde que quis ser considerado sem valor algum, mantendo-se sempre silencioso e oculto, atribuindo todo merecimento a Maria, a sua
Esposa imaculada e santíssima. (S 327).
São Jose Marello

Lucas 18,9-14

"Jesus também contou esta parábola para os que achavam que eram muito bons e desprezavam os outros: Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: "Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho." Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: "Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!" E Jesus terminou, dizendo: Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido."

Meditação:

 No Evangelho de hoje, Jesus nos  revela o segredo de uma oração verdadeira e também eficaz. Ele nos conta uma parábola sobre a oração de dois homens que pertencem a duas categorias completamente opostas. Na verdade, o Evangelho quer provocar em nós a pergunta: com qual dos dois me identifico? Com o fariseu ou com o publicano?

Prestemos bem atenção a como cada um dos homens reza e assim iremos descobrir. Podemos nos encontrar no lugar do publicano (pecador), que foi justificado; mas também com muita probabilidade, podemos nos encontrar no lugar do fariseu, que por sinal, não foi justificado; este último é aquele que regularmente vai ao templo, ou seja, pode ser que sejamos nós, que regularmente vamos à igreja.

Enfim, a parábola em questão é direcionada para todos aqueles que julgam ser bons e desprezam os outros, diz o evangelista Lucas.

 O fariseu é aquele que se acha justo, certinho, pelo fato de conseguir freqüentemente cumprir os preceitos da lei: “eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda”.

 A atitude dele é aquela de uma pessoa egoísta, cheia de si mesmo. Usa sempre o pronome “eu”. E o que agrava a sua presunção é o fato de desprezar os outros.

 Não se pode rezar e, ao mesmo tempo, desprezar; dialogar com Deus e ser duros com as pessoas; no fundo, nos deleitamos com os defeitos dos outros para agradar a nossa presunção (Nossa! Comparando-me com fulano de tal, como eu sou bom e correto!). Uma vida assim é cheia de suspeitas e de medos, uma vida triste num mundo corrompido. A oração do fariseu, no final das contas, é um julgamento.

De fato, esta parábola é muito inquietante! Mostra como na oração podemos nos separar de Deus e dos outros quando falsificamos a nossa consciência, enganando-nos quanto a Deus e ao nosso próximo.

 Quando estamos falando coisas negativas sobre os outros como aquele fariseu (“não sou como os ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos”); na verdade, estamos envenenando as nossas vidas. Deus está interessado no nosso interior e não naquilo que aparentamos ser.

 Precisamos nos conscientizar que não é impressionando uns aos outros que interessa a Deus, mas é nossa vida interior que interessa a ele.

O orgulho é uma cegueira que nos impede de ver nossos próprios erros. É difícil ser humilde. Se nos consideramos humildes, isso já pode ser uma presunção.

 Ser humilde significa nunca pensar que somos melhores que as outras pessoas, mas que somos humanos, e por isso, limitados tanto quanto os outros. Esta consciência é o que nos estimula a sempre buscar o amadurecimento espiritual.

Às vezes, a única maneira pela qual aprendemos a tratar bem as pessoas, é quando somos maltratados, para que possamos ver como isso machuca e aprender a não fazer com os outros. A pessoa orgulhosa nunca acha que é orgulhosa, porque o orgulho facilmente se esconde.

 O orgulho é uma máscara que encobre realmente quem somos. O orgulho é um julgamento: julgamos porque somos orgulhosos; julgar, na realidade, é tentar achar um caminho para nos sentirmos melhores em relação a nós mesmos, apontando os erros dos outros. 

 Deus é um juiz que não faz discriminação de pessoas. Deus não discrimina ninguém; como isto deve doer ao ouvido orgulhoso do presunçoso!

Outra coisa também muito freqüente existir é um entendimento errado da humildade: quando ficamos passivos diante de tudo ou quando sempre estamos dizendo que não somos capazes para isto ou para aquilo.

 Esta é a falsa humildade. A humildade é uma das virtudes mais difíceis de se obter, mas também é uma das mais necessárias.

 O publicano é realmente um pecador; ele não arranja uma desculpa para o que fez. Uma transgressão típica dos publicanos era trapacear os outros e ser conivente com as tramóias do império romano.

 A oração simples do publicano é reconhecer-se pecador. Não julga ninguém, nem mesmo o fariseu, por quem já foi julgado, insultado e excluído.

Deus “jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas”. Mas, temos que nos entregar totalmente a ele.

 O publicano foi perdoado não porque fosse melhor que o fariseu, pensar isso seria cair na mesma atitude do fariseu, mas porque com sinceridade mostrou e admitiu sua fraqueza e abriu seu coração a um Deus que é imensamente maior que o seu pecado, a um Deus que nos acolhe, que nos abraça com a sua misericórdia infinita. “Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. Que nossa oração humilde atravesse as nuvens e chegue ao Altíssimo.

 Reflexão Apostólica:

Ao ler o evangelho de hoje, fiquei muito feliz porque acredito que essa mensagem seja capaz de mudar de forma concreta as nossas vidas, pois, uma vez que passamos a compreender o sentido real e concreto do ATO DE SER HUMILDE e não apenas do CONCEITO DE HUMILDADE, podemos ser transformados interiormente e executar gestos no nosso cotidiano que irá nos proporcionar sentimentos bons e alegres. A SIMPLICIDADE é irmã da HUMILDADE e inimiga do JULGAMENTO.

 Nesta parábola, de sua exclusividade, Lucas faz um confronto entre duas atitudes fundamentais. Ele aborda especificamente o ato da oração.

 Ela mostra dois pontos: falta de HUMILDADE terrível na vida de uma pessoa que gera: a soberba, o orgulho, a presunção. O outro ponto é a SIMPLICIDADE do coração na oração que gera: humilhação e temor.

Os dois modelos usados são os fariseus e os publicanos. O fariseu (homem da religião) se postava em pé, sem nenhuma reverência a Deus, provavelmente estufando o peito e orava para si mesmo!

 Em algumas traduções temos escrito “orava de si para si”. Apesar de começar sua oração pronunciando o nome de Deus, ele não estava dirigindo suas palavras ao Senhor.

 Aquela cena não passou de um monólogo, onde sua oração não passou do teto do templo. Porque o único objetivo daquele homem era se auto-proclamar justo e se vangloriar de seus feitos.

O publicano talvez fosse a pessoa menos respeitada da sociedade. Era o judeu escolhido pelo Império Romano para cobrar impostos do povo e por isso era visto como traidor.

 No texto, a postura inicial é que de longe sequer ousa olhar para os céus, num sinal de humildade e ainda batia no peito pedindo graça para o seu coração. Na cultura judaica, bater no peito era um sinal externo de demonstrar a dor na sua alma. Ele reconhecia sua natureza pecaminosa e estava angustiado por isso.

A dica para nós é que tomemos cuidado, mas muito cuidado com a nossa presunção no coração. Muitas vezes somos moralistas e demonstramos ser os santarrões da comunidade.

 Somos, na prática, como esse fariseu que louvava a Deus por não ser igual aos outros homens. Ele dizia: "Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho."

Santa hipocrisia e soberba terrível deste homem! E como somos assim, como nos achamos os santarrões da vida. Humilhamos pessoas, condenamos os outros.

A grande verdade é que somos iguais a este fariseu do texto de Lucas. Muitas vezes agrademos ao criador por não sermos iguais a alguns pecadores. 

 É bom que saibamos, somos roubadores, injustos, adúlteros, somos mentirosos em potencial. Somos uma natureza corrupta, somos todos sem exceção filhos de Adão. Filhos do pecado!

 Precisamos da fala no coração do publicano que compreendeu espiritualmente a dinâmica de Romanos 2,1: "Ó homem, quem quer que sejas, tu que julgas, não tens desculpa. Pois julgando os outros condenas a ti mesmo, já que fazes as mesmas coisas, tu que julgas."

Vale lembrar que este homem reconhece que não pode fazer nada para ser salvo, ele é humilde de coração na presença do Senhor com estas palavras: "Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!" E neste processo Jesus declara: "Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido."
  
Como vimos, esse Evangelho é lindo e TRANSFORMADOR, ele vem ensinar para nós que a nossa oração é um meio de comunicação eficaz com o Pai, mas só subirá aos céus se nascer de um coração humilde, simples e puro!!!

Se quisermos ser justificados e elevados diante de Deus, precisamos diminuir para que Deus cresça em nós!!! Então, faça sua oração agora, com a voz baixinha, ou alta ou até mesmo em seu pensamento, mas faça para que essa palavra possa dar fruto na sua vida hoje, não deixe a graça passar.

 Propósito:

Olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus. Viver meu dizer com o coração agradecido ao Pai e na alegria de poder testemunhá-lo. 

 

EVANGELHO DO DIA 25 DE MARÇO SEXTA FEIRA 2022- ANUNCIAÇÃO DO SENHOR

 


25 março – Anunciação do Senhor.


Festa de Nossa Senhora da Anunciação e, por participação, também de São José, que recebeu de Deus muitas graças em comum com sua Esposa, mesmo não conhecendo o grande mistério. (L 185). São Jose Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 1,26-38

 "O anjo Gabriel foi enviado por Deus a Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a José. A virgem se chamava Maria. O anjo chegou e disse: "Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo". Ela começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo disse: "Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus". Maria perguntou: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?" O anjo respondeu: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível". Maria disse: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo retirou-se."  

Meditação:

 A saudação do anjo Gabriel surpreendeu Maria. Quem era ela senão uma humilde habitante de Nazaré, cidade sem importância das montanhas da Galiléia?

Mulher sem maiores pretensões do que a de ser fiel a Deus; uma virgem já prometida em casamento a José, mas sem viver conjugalmente com ele, conforme as tradições de seu povo? Afinal, que méritos tinha para ser uma agraciada”, “plena da graça” divina?

Maria estava longe de compreender o projeto de Deus a seu respeito. Sua humildade de mulher simples do interior não lhe permitia pensar grandes coisas a respeito de si mesma.

Quiçá tenha sido este o motivo por que fora escolhida por Deus para ser mãe do Messias. Livre de toda forma de orgulho e auto-suficiência, Maria podia abrir seu coração para receber a graça de Deus que haveria de torná-la templo do Espírito Santo.

Ela tornou-se objeto da atenção divina, no seu anseio de salvar a humanidade. Deus queria contar com alguma pessoa disposta a se tornar “escrava do Senhor”, e permitir que a vontade divina acontecesse em sua vida, sem objeções. Foi para Maria que se voltaram os olhares de Deus!

Tudo quanto o anjo comunicara a Maria era grande demais para o seu entendimento, e superava sua capacidade de pô-lo em prática.

Abriu-se
para ela uma perspectiva nova, ao lhe ser prometida a assistência do Espírito Santo. Este seria a força que lhe permitiria levar a bom termo a missão divina que lhe fora comunicada pelo anjo.

O sim de Maria nos oferece um exemplo prático para nos rendermos a um relacionamento com Deus. O amor abnegado é a essência verdadeira da fé e da própria vida.

Deus é capaz de realizar em nós e através de nós aquilo que entendemos como impossível. o apóstolo Paulo escreveu em Efésios “é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos”. Deus promete que o impossível será possível àqueles que crerem. Maria é nosso exemplo.

O sim de Maria mostra a confiança no projeto de Deus. A promessa feita através dos profetas, agora vai se realizar na pequena jovem, que com o seu sim, vai se tornar a mãe do salvador.

Nós também somos chamados a todo o momento a dar o nosso sim ao projeto de Deus. Como está sendo nossa resposta? Um sim sincero e confiante, ou um talvez, quem sabe, mais tarde!!!

 Maria deu o seu sim, e deixou que Deus realizasse maravilhas. Assim, também se dermos nosso sim, as maravilhas de Deus podem acontecer através de cada um de nós.

 Maria, mãe de nosso salvador e nossa, é a grande estrela da evangelização. Diante de Maria foi colocado o destino da humanidade mediante a salvação.

Maria não foi só a mãe de Jesus ou esposa dedicada;com apenas um sim, ela assumiu perante a humanidade o compromisso de proteger,interceder e cuidar com zelo de mãe dos filhos a ela confiados,primeiro por Deus o seu filho Jesus, e depois todos nós ao pé da cruz sob a dor agonizante de Jesus.

Maria, foi a primeira a impulsionar Jesus em seus milagres;acaso não foi a um pedido de Maria que Ele transformou água em vinho. Sem dúvida, ela foi uma verdadeira intercessora.

Ainda hoje Maria intercede por nós em nossos pedidos; com certeza como ela fez naquele casamento, hoje ela não cruza os braços perante nossas súplicas; ela vem em nosso auxílio.

 Quem nega essa verdade desconhece ou não sente os laços de amor firmado entre Deus e a humanidade diante do sim de Maria que nos trouxe o direito da salvação.

Quanto mais nós meditamos sobre esta passagem do Evangelho mais nós nos conscientizamos da grande participação de Maria no Projeto Salvífico do Pai.

Conforme prometera Deus escolheu Aquela de cuja descendência sairia o Salvador dos homens. Porque conhecia as Escrituras e confiava na promessa do Pai, Maria submeteu-se a ação do Espírito Santo e deu o seu Sim a fim de que a humanidade fosse redimida.

O anjo Gabriel anunciou a Maria o advento do Filho do Altíssimo o qual reinaria eternamente, segundo o plano de Deus, sobre toda a humanidade.

As mesmas palavras que o anjo dirigiu à Mãe de Jesus nos são dirigidas também, hoje, quando somos escolhidos (as) para cooperar na edificação do reino de Deus aqui na terra: “Não tenhas medo…porque encontraste graça diante de Deus”.

 Reflexão Apostólica:

 No Evangelho de hoje três aspectos chamam a atenção: a Fé de Maria que não questiona a vontade de Deus transmitida pelo anjo, o conteúdo da mensagem do anjo e a obediência expressa na resposta: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.”

 Maria recebeu o dom da divina maternidade porque teve fé e pela fé se torna felizarda. O nascimento de Jesus é obra da intervenção de Deus, pois Maria concebe sem conhecer homem algum. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente inédita.

 0 título Filho de Deus, associado à ostentação de poder, foi atribuído aos faraós e a outros chefes de nações ou impérios, além de ao próprio rei Davi. 

 Muitos discípulos de Jesus se inclinaram a essa interpretação. Jesus, contudo, sempre se colocou em relação de filiação com o Deus Pai, misericordioso e todo amoroso.

 Filho de uma jovem pobre e de um carpinteiro, Jesus revela-se como o Filho de Deus humilde e solidário com os pobres e excluídos, aos quais deseja comunicar a vida divina.

 Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. Palavras muito simples mais que atraem responsabilidade. Pois doravante aquela pobre menina vai ser depositária dos desígnios de Deus. Deus entra no tempo por meio do sim de Maria que se coloca como escrava ao serviço do seu senhor 24 horas por dia.

 Maria é um exemplo de humildade e obediência ao Pai. Devemos aprender com Maria a darmos sempre o sim a Deus acolhendo com humildade a Sua vontade sobre nós e nossas comunidades. 

Propósito:

Pai, plenifica-me com tua graça, como fizeste com Maria, de forma que eu possa ser fiel como ela ao teu desígnio de salvação para a humanidade. Maria do Sim, ensina-me a dizer e viver o meu sim a Deus.

__._,_.___

Evangelho do dia 24 de março quinta feira 2022

 


24 março - É preciso procurar em São José as próprias inspirações, ele que foi na terra o primeiro a cuidar dos interesses de Jesus; tratou dele quando criança, protegeu-o menino, fez-lhe papel de pai nos primeiros trinta anos de sua vida na terra. (L 76). São Jose Marello

 


Lucas 11,14-23

"Jesus estava expulsando de certo homem um demônio que não o deixava falar. Quando o demônio saiu, o homem começou a falar. A multidão ficou admirada, mas alguns disseram: É Belzebu, o chefe dos demônios, que dá poder a este homem para expulsar demônios. Outros, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, pediam que ele fizesse um milagre para mostrar que o seu poder vinha de Deus. Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse: O país que se divide em grupos que lutam entre si certamente será destruído; a família que se divide em grupos que lutam entre si também será destruída. Se o reino de Satanás tem grupos que lutam entre si, como continuará a existir? Vocês dizem que é Belzebu que me dá poder para expulsar demônios. Mas, se é assim, quem dá aos seguidores de vocês o poder para expulsar demônios? Assim, os seus próprios seguidores provam que vocês estão completamente enganados. Na verdade é pelo poder de Deus que eu expulso demônios, e isso prova que o Reino de Deus já chegou até vocês. Quando um homem forte e bem armado guarda a sua própria casa, tudo o que ele tem está seguro. Mas, quando um homem mais forte o ataca e vence, leva todas as armas em que o outro confiava e reparte tudo o que tomou dele. Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando."

Meditação:

 O evangelho de hoje pode ser dividido em  três partes que também perfazem as três resposta de Jesus.

 A primeira  parte diz respeito a comparação do reino dividido. Jesus denuncia o absurdo da calúnia escribas. Dizer que ele expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência.

 É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém o caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança. Sentiam-se ameaçados na sua autoridade junto ao povo.

Já a segunda é uma pergunta sobre por quem expulsam vossos filhos os demônios? Jesus provoca os acusadores e pergunta: “Se eu expulso em nome de Belzebu, em nome de quem os discípulos de vocês expulsam os demônios? Que eles respondam e se expliquem! Se eu expulso o demônio pelo dedo de Deus, é porque chegou o Reino de Deus!”.

Para concluir, vem a terceira parte: chegando o mais forte ele vence o forte. Jesus compara o demônio com um homem forte.

 Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os demônios.

 Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Por isso Lucas diz que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus.

Jesus termina sua resposta com esta frase: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”.

 Em outra ocasião, também a propósito de uma expulsão de demônio, os discípulos impediram um homem de usar o nome de Jesus para expulsar um demônio, pois ele não era do grupo dele. Jesus respondeu: “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso favor!” (Lc 9,50).

 Parecem duas frases contraditórias, mas não são.

 A frase do evangelho de hoje é dita contra os inimigos que tem preconceito contra Jesus: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”. Preconceito e não aceitação tornam o diálogo impossível e rompe a união.

 A outra frase é dita para os discípulos que pensavam ter o monopólio de Jesus: “Quem não é contra vocês é a vosso favor!

 Muita gente que não é cristã pratica o amor, a bondade, a justiça, muitas vezes até melhor do que os cristãos. Não podemos excluí-los. São irmãos e parceiros na construção do Reino.

Jesus acompanha as suas palavras com numerosos «milagres, prodígios e sinais» (At 2, 22), os quais manifestam que o Reino está presente n'Ele. Comprovam que Ele é o Messias anunciado.

 Os sinais realizados por Jesus testemunham que o Pai O enviou. Convidam a crer n'Ele. Aos que se Lhe dirigem com fé, concede-lhes o que pedem.

 Assim, os milagres fortificam a fé n'Aquele que faz as obras do Seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus. Mas também podem ser «ocasião de queda» (Mt 11, 6). Eles não pretendem satisfazer a curiosidade nem desejos mágicos.

 Apesar de os seus milagres serem tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; chega mesmo a ser acusado de agir pelo poder dos demônios.

Todavia, ao libertar certos homens dos seus males terrenos – da fome, da injustiça, da doença e da morte –, Jesus realizou sinais messiânicos; no entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as servidões humanas.
           
A vinda do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás: «Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demônios, então é porque o Reino de Deus chegou até vós» (Mt 12, 28).

 Os exorcismos de Jesus libertam os homens do poder dos demônios. E antecipam a grande vitória de Jesus sobre «o príncipe deste mundo» (Jo 12, 31).

“Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa” Como isto acontece na minha e na tua vida?  “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso favor!

 Como isto acontece em nossa vida? Temos ciúmes do bem dos outros, das pessoas, que iniciam a sua caminhada de fé e que se destacam na prática do bem e no anúncio do evangelho?

Reflexão Apostólica:  

Na vida, não dá para ser radical, porque senão, não é possível equilibrar-se nos relacionamentos, afinal, somos todos diferentes!

Uma hora cedemos aqui, outra hora cedemos ali, e o dia a dia vai sendo vivido conforme driblamos as dificuldades e curtimos a felicidade.

Porém, ser cristão exige uma única radicalidade: estar ‘do lado de Jesus’.

Estar ‘do lado’ não é o mesmo que estar ‘ao lado’.

Quando estamos ‘ao lado de Jesus’, Ele pode se adiantar e nós ficamos para traz por nossa indolência, ou nos adiantamos atropelando o tempo de Deus, ou apenas passamos ao seu lado.

 Não dá para deixar Jesus nem um pouquinho à frente ou para trás, porque seria o mesmo que: abandonar a Verdade que garante a vida; afastar-se da Luz que ilumina os passos; não ter o Pão que alimenta o espírito; viver no deserto sem a água que é a fonte da vida; querer amar estando longe do Amor.

Porém, quando estamos ‘do lado de Jesus’, caminhamos no mesmo passo, percorremos o mesmo lado do caminho, com Ele.

Jesus disse: "Quem não está comigo, está contra mim". Com essas palavras Ele nos chama para caminharmos no mesmo sentido d'Ele, e não no sentido contrário.

 Quem nunca passou por esse dilema: Se resolve ficar quieto e não trabalha, não produz, ganha a imagem de preguiçoso, incompetente, (…), mas se trabalha muito, mostra frutos e cresce, sofre e ainda é martirizado pela inveja dos outros.

Jesus “importunava” por fazer; foi levado a cruz por trabalhar, curar e fazer o bem não comoveu os corações mais duros. Não teve perdão dos fariseus por não se render às vaidades, ao poder e as bajulações. Não se cercou de poderosos, tão pouco de pessoas influentes; preferiu os humildes em detrimento aos orgulhosos. Nada de errado fez e mesmo assim Pilatos não o absolveu… E o levaram ao calvário.

Não digo que a inveja seja algo comum, mas algo que todo aquele que trabalha ou se expõe esta sujeito, pois não temos controle sobre a vida e os pensamentos daqueles que nos cercam.

 Quantas vezes nos flagelamos, maltratamos e desistimos de tudo mediante as insistentes e persistentes críticas dos que invejam?

 Muitas vezes estes não tem noção da maldade que estão fazendo e tão pouco o quanto estão colaborando para a destruição de um sonho, um projeto, uma vida. “(…) Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando”.

Temos que estar atentos, pois a inveja é inerente ao ser humano, o que muda ou difere é o grau de intensidade que ela se manifesta, o “alvo” da inveja e de quem parte. Sim, isso é um alerta, pois nenhum de nós esta isento ou imune a essa tentação. Um colega que “se dá bem”, um amigo que recebeu uma promoção; o vizinho que trocou de carro; a segurança e a estabilidade do amigo; o cabelo da vizinha; (…), são motivos de cobiça.

Cobiça? Inveja? Ciúme? Como esse negócio brota!!! O invejoso consegue ver a maldade até nas boas obras e que dão certo, mas como dissemos na reflexão de ontem “A presença de Deus é que torna nossa evangelização forte e ungida; Sua presença é que dará sucesso a nossas obras inclusive em nossas pastorais”.

Lembrei de José e seus irmãos. E como não lembrar? Crescem juntos, resguardados pelo mesmo amor e carinho, mas que motivados pela inveja, resolvem entregar o irmão nas mãos de mercadores como escravo. Mas como na história desse patriarca, mesmo no deserto e escravo, Deus não deixou de enchê-lo ainda mais de realizações.

 A inveja dos irmãos não fez sucumbir a graça de Deus. Mas é preciso deixar bem claro uma coisa: José nunca desistiu ou se escondeu!

Quem é perseguido ou que pelo menos sente suas forças se esvaírem pelas perseguições deve bater o pé e permanecer na jornada, pois você faz parte dos quem juntam, portanto Deus esta sempre ao seu lado

Mantenha-se firme! Acredite! Continue!

  Propósito: Promover da união de todos por onde passo. 

Evangelho do dia 23 de março quarta feira 2022

 


23 março -  Que o nosso Santo Patriarca obtenha de Deus para todos, as graças mais necessárias. (L 205). São Jose Marello



Mateus 5,17-19

"Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei - nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu."

Meditação:

 Na Palavra de hoje, Jesus ensina a importância dos seus ensinamentos. Ele, que veio para dar cumprimento ao que falavam os Profetas e a lei de Moisés, trouxe para o povo de Israel e para o mundo o seu ensinamento.

Deste ensinamento, do Cristianismo, nada do que foi ensinado será tirado até o último dia. Aquele que conhece o ensinamento será considerado o menor no Reino de Deus.

Aquele que pratica e que ensina será considerado grande. São estas as palavras de Jesus para nós. O que vale dizer que o ensinamento e a prática nos colocam sobre os menores no Reino.

Menores são todos os que crêem em Cristo, que vivem no catolicismo, mas não conhecem as Escrituras. Isso faz deles os menores! Pois, sábio, o Pai lhes mostra como devem pela vida que levaram. E cobra-os envergonhando aos mortos, para que aprendam com quem faz a verdade acontecer em vida.

Porém
, para aqueles que sabem e praticam o seu lugar no Reino já esta garantido em uma posição melhor do que aqueles que não praticam.

É necessário que se fortifiquem na Fé e não se deixem destruir pelos mortos com suas enganações, que promovem assim, o sofrimento e dor das almas do purgatório. Almas que necessitam de orações e de comportamentos SANTOS por parte dos ELEITOS DE DEUS.

A simplicidade coloca nas mãos do Pai a escolha do que AMA ensinar pelo Espírito Santo, mas não busca o reconhecimento do homem. Para que não seja acusado de ser mais SANTO do que DEUS e menos SANTO do que devia ser.

 O que você acha que mudou no coração do homem? Você é daqueles (as) que acham que certos valores já eram? Qual é o conceito que você tem da Lei de Deus? Como você acha que Deus o (a) considera: menor ou maior no reino dos céus?

 Reflexão Apostólica: 

O povo, por longo período de anos, não teve a preocupação de documentar ou guardar sua história em manuscritos ou outra forma concreta de arquivo ao não ser o que era passado de boca a boca, de pai para filho.

Apenas após a passagem de Josias e Esdras, ouve uma preocupação em se compilar as tradições judaicas, mas mesmo tendo sua história e normas guardadas no que chamaram de TORAH, a tradição cultural continuava sendo passada de pessoa a pessoa.

 Muitas leis eram locais ou de interpretação conforme a localidade, realidade e situação do povo, é o que popularmente chamamos de “cada caso tem um caso”. Por vezes, as leis eram mais culturais do que escritas por Deus.

Jesus aparece e mostra que a lei continua correta, mas propõe que haja um NORTE na sua interpretação, para que ela não fosse tendenciosa e usada de forma a oprimir, ao invés de libertar e corrigir o seu povo. “(…) Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, MAS PARA

DAR O SEU SENTIDO COMPLETO”.

 Esse sentido completo esta na presença de Jesus no meio deles. Se buscarmos a passagem que diz que a fé sem obras é morta, Deus nos ensina e demonstra através da vinda de Jesus que Ele é um Deus que vai além dos ensinamentos ou das tábuas da lei, Ele é presente e sua presença é que torna completa a lei, os dias de tua vida.

A presença de Deus é que torna nossa evangelização forte e ungida; Sua presença é que dará sucesso a nossas obras inclusive em nossas pastorais.

 Não conseguirei tocar o coração de alguém com palavras lindas se não forem inspiradas por Deus e ai que esta o grande diferencial do cristão e aquele que decora a passagem.

Deus não habita no coração demagogo e prepotente e tão pouco naquele que usa da palavra para promoção pessoal e receber “tapinhas nas costas”.

 Deus fica ofuscado quando tentamos “aparecer” mais que sua presença ou quando fazemos a superprodução esquecendo-se da humildade que ainda encanta…

 Baseando-se nesse meu breve argumento, será que é correto usar Deus nos discursos políticos ou na justificação dos nossos erros?

Quantas pessoas conhecemos cuja cristandade não vai além do belo discurso?

Uma ação, uma mensagem, uma palavra se não tem a essência de Deus, não convence, não exorta, não corrige, não alimenta… Qualquer ação cristã precisa ter sentido completo.

Se vamos trabalhar pra Deus, que seja mergulhando de cabeça; se vamos falar em Seu nome, que seja de toda alma, de todo coração e com todas as nossas forças.

Nosso Deus é muito próximo. Tudo o que fazemos em Seu nome e por Ele, será abençoado.

Reflexão:

Deus é misericordioso para com todos: pobres ou ricos, sadios ou doentes, oprimidos ou opressores, justos ou injustos, soberanos ou humildes.
O remédio para a cura dos males está em Deus, esperança, verdade e vida.
Muitas vezes, as pessoas são beneficiadas ao se comunicar com os demais por meio de um pequeno gesto, um abraço, uma palavra de gratidão, um sorriso, um carinho, uma palavra de apoio.
As pessoas estão carentes e doentes por falta de calor humano na convivência e nos relacionamentos.

Evangelho do dia 22 de março terça feira 2022

 


22 março - São José nos ensine o modo de cuidar de nossos alunos, aliás, seja ele mesmo o seu Cuidador. (L 170). São Jose Marello


Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus  18,21-35

 "Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou:

- Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?
- Não! - respondeu Jesus. - Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes. Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu fazer um acerto de contas com os seus empregados. Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata. Mas o empregado não tinha dinheiro para pagar. Então, para pagar a dívida, o seu patrão, o rei, ordenou que fossem vendidos como escravos o empregado, a sua esposa e os seus filhos e que fosse vendido também tudo o que ele possuía. Mas o empregado se ajoelhou diante do patrão e pediu: "Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo ao senhor."
- O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora. O empregado saiu e encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia cem moedas de prata. Ele pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: "Pague o que me deve!"
- Então o seu companheiro se ajoelhou e pediu: "Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo."
- Mas ele não concordou. Pelo contrário, mandou pôr o outro na cadeia até que pagasse a dívida. Quando os outros empregados viram o que havia acontecido, ficaram revoltados e foram contar tudo ao patrão. Aí o patrão chamou aquele empregado e disse: "Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia. Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você."
- O patrão ficou com muita raiva e mandou o empregado para a cadeia a fim de ser castigado até que pagasse toda a dívida.
E Jesus terminou, dizendo:
- É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão."  


Meditação:

 No livro do Eclesiástico, escrito sob a influência da cultura grega cerca de um a dois séculos antes de Jesus, temos um texto bem inspirado sobre o perdão, que se aproxima das palavras de Jesus e cuja síntese encontramos na oração do Pai Nosso: "Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido".

 O autor, Bem Sirac, mostra como o pecador, vitima da ira e do furor, é conduzida à vingança. E essa vingança se volta contra o vingativo. Por isso, o único caminho que resta é o caminho do perdão.

 Aqui aparece a reciprocidade entre perdoar e obter o perdão. Não se pode aspirar ao perdão dos pecados cometidos se não houver disposição para perdoar as ofensas recebidas.

 Ter o olhar fixo nos mandamentos da aliança garante a compreensão e a tolerância na vida comunitária. Como vemos, o tema do perdão, de profundo sabor evangélico, já vem sendo proposto desde o século segundo antes de Cristo.

O núcleo da passagem da carta aos Romanos consiste em proclamar que Jesus é o Senhor dos vivos e dos mortos. Há aqui uma bela síntese existencial da vida cristã. Para o fiel, o fundamental é orientar toda sua vida no horizonte do ressuscitado.

Quem vive para Jesus se esforça por assumir na vida prática sua mensagem de salvação integral. Amar o próximo e viver para o Senhor são dois aspectos intimamente ligados. Portanto, não podem estar separados. Quem vive para o Senhor, amará, compreenderá, servirá e perdoará seu próximo.

As parábolas em geral são ditos breves relacionados com acontecimentos comuns da vida. As parábolas narrativas, por outro lado, caracterizam-se por uma complexidade maior, em um texto mais longo e bem detalhado.

Elas são mais encontradas em Mateus e Lucas. Têm a particularidade de, quase sempre, envolverem os personagens em uma relação de poder e submissão, característicos da sociedade opressora vigente e, pelas imagens de violência que freqüentemente usam, chegam até a chocar pelo contraste destas imagens com as propostas de mansidão e paz características do Reino.

Podemos até ver nelas, uma certa ironia implícita da sociedade na qual vigoram as relações de poder e opressão. Porém, deste terreno impróprio procura-se extrair uma mensagem positiva.

Nesta parábola de hoje, o rei resolveu ajustar contas com os servos. O ajuste seria cruel. Porém um servo que lhe devia uma quantia enorme lhe implora e ele se comove e perdoa. O servo perdoado vai e sufoca sem compaixão alguém que lhe devia uma quantia irrisória. O rei sabendo disto entrega o servo aos carrascos.

 Para Jesus, o perdão não tem limites, sempre e quando o arrependimento seja sincero e verdadeiro. Para explicar esta realidade, Jesus emprega uma parábola. A pergunta do Rei centra o tema da parábola: Não devias ter perdoado como eu te perdoei?

A comunidade de Mateus deve resolver esse problema porque está afetando sua vida. O perdão é um dom, uma graça que procede do amor e da misericórdia de Deus.

Exige abrir o coração à conversão, isto é, a agir com os demais segundo os critérios de Deus e não segundo os do sistema vigente. Como diria o trovador da fraternidade Francisco de Assis, "porque é perdoando que se é perdoado".

 A catequese tradicional da Igreja católica exigia cinco passos, talvez demasiado formais, para obter o perdão dos pecados: "Exame de consciência, dor pelos pecados, propósito de emenda, confissão de todos os pecados e assumir a penitencia", assim o expressava um dos catecismos clássicos. 

O perdão e a reconciliação, sendo graça de Deus, também exigem um caminho pedagógico e tangível que colocasse de manifesto o desejo de mudança e um compromisso sério para reparar o mal e evitar o dano.

Em muitos países da America Latina, durante o tempo das ditaduras militares dos anos setenta e oitenta, foram aprovadas leis de anistia e perdão, chamadas "obediência devida" ou "ponto final". Os golpistas e seus colaboradores, responsáveis pelas dezenas de milhares de mortos e desaparecidos em cada um de nossos países, se auto perdoaram, burlando a justiça e a verdade.

 Porém, sem verdade e justiça, as feridas causadas pela repressão em muitos lares e comunidades ainda não fecharam. Apesar da pressão de todas das leis do silencio imposto, do ocultamento de provas... a justiça se faz caminho. Chega tarde, porém não deixa de chegar.

 No dia 14 de junho de 2005, na Argentina, o Tribunal Supremo declarou nulas, por inconstitucionalidade, as leis de obediência devida e de ponto final.

No dia seguinte a Corte suprema de México declarou "não prescrito" o delito do ex-presidente Echevarria por genocídio na matança de estudantes de 1971...

 Pensemos em muitos ditadores e golpistas que, apesar de tudo, estão já sendo julgados, deixando que se dê lugar à verdade e à justiça.

O perdão e a reconciliação são exigências inalienáveis do ser humano e que não podem ser detidas. É um processo de reconstrução que trata de reconstruir, tanto o que vitima como a vítima.

Nesse sentido, nossas comunidades cristãs devem ser espaços propícios e ativos a favor de uma verdadeira reconciliação baseada na justiça, na verdade, na misericórdia e no perdão. Porém, nunca o evangelho convida a tolerar a impunidade.

 A Igreja, ou seja, nós, os cristãos e cristãs, devemos apoiar os processos de reconciliação pelo caminho verdadeiro: a verdade e a justiça, e não a impunidade, a reconciliação profunda da sociedade. Assim a Igreja conseguirá o perdão por seu silencio cúmplice em algumas de suas figuras hierárquicas

 A conclusão é escatológica: o castigo para quem não perdoar o irmão. Mais positiva é a visão de que pertencemos a Deus e assim devemos viver e morrer para ele, unidos a Jesus. O amor e a misericórdia de Deus seduzem e atraem os corações movendo-os à conversão.

 Reflexão Apostólica:

 O evangelho de hoje nos faz refletir muito sobre um aspecto de nossa vida que está bastante presente no nosso dia-a-dia: O PERDÃO.

Varias vezes por dia, e com diversas pessoas, nós sentimos a necessidade de pedir perdão. Isto acontece principalmente quando nossas atitudes magoam as pessoas que amamos e/ou quando vemos nos rostos destas pessoas a tristeza que causamos.

 Esse pedido de perdão nem sempre é tão simples, principalmente se temos o orgulho latente em nós e não queremos reconhecer o erro. Quando as pessoas magoadas não são as que amamos, esta atitude de humildade torna-se ainda mais difícil. 

O outro lado do perdão, ou seja, a vontade de perdoar, nem sempre é tão freqüente; já que neste último caso, possivelmente, nós fomos as pessoas magoadas da situação. Uma palavra realmente importante neste "lado do perdão" é a sinceridade.

Não há perdão, se não há a verdadeira vontade de perdoar, a verdadeira vontade de passar uma borracha na situação que passou.

Talvez, por isso, seja mais difícil e ao mesmo tempo mais valioso darmos o nosso perdão e deixarmos de lado a mágoa e o rancor. Realmente, perdoar não é uma "tarefa" fácil, mas nos purifica e nos torna pessoas melhores.

Quando Jesus fala a Pedro quantas vezes ele deve perdoar: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete", Ele sabe que esse número é infinito.

Sendo a matemática uma ciência exata, ela não poderia exprimir numericamente a quantidade, infinita, de vezes que devemos perdoar.

Por isso, Jesus em sua extrema sabedoria utiliza o número 7 que aparece diversas vezes na bíblia e é considerado um número perfeito pela teologia.

A Bíblia apresenta este número como um número "perfeito". Aquilo que Deus faz, a favor do homem, traduz-se, inúmeras vezes, na Bíblia pelo número sete).

Podemos desta forma ter a certeza que o nosso perdão não tem limite nem data ou tempo para acabar; devemos amar acima de qualquer orgulho pedindo perdão e perdoando quando necessário. Ou seja: ONTEM, HOJE E SEMPRE!

Propósito:

Ó Deus, nosso Pai e nossa Mãe: faze que descubramos a importância de saber e sentir que somos perdoados e perdoa-nos se ainda te ofendemos, faze também que saibamos perdoar de coração os que nos têm ofendido. Pai, é meu desejo imitar teu modo de agir, no tocante ao perdão. Faze-me ser pródigo e misericordioso em relação ao próximo que precisa do meu perdão.

 ++++

A vida é cheia de surpresas. Algumas boas e outras não. Dor, perda e sofrimento fazem parte da vida, e, a princípio, não percebemos nada de proveitoso nisso. Quando sentimos a dor, a perda e o sofrimento, toda a nossa vida é afetada. O medo surge nesses momentos. Onde se agarrar? Você se sente perdido? Existe uma solução? Existe sim! A resposta para vencer o medo é agarrar-se em Jesus. A Bíblia afirma: “As tentações que vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam; mas Deus cumpre a sua promessa e não deixará que vocês sofram tentações que vocês não têm forças para suportar. Quando uma tentação vier, Deus dará forças a vocês para suportá-la, e assim vocês poderão sair delas” (1Coríntios 10.13). Confie nesta promessa de Deus, pois ele é fiel e quer salvar você.