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domingo, 29 de outubro de 2023

EVANGELHO DO DIA 05 DE NOVEMBRO 2023 - TODOS OS SANTOS

05 novembro - É preciso ver todas as coisas à luz da fé, fazer com que a razão prevaleça sempre sobre o coração e a vontade de Deus sobre a razão: aceitar tudo das mãos do Senhor, tanto as coisas que nos agradam como as que nos desagradam, respondendo sempre e a tudo: “Deo gratias!” Obrigado Senhor! (S 237). São Jose Marello


 
Mateus 5, 1-12a

A Palavra de Deus

Naquele tempo, ao ver a multidão, Jesus subiu ao monte. Sentou-se e os seus discípulos foram para junto dele. Jesus começou então a ensiná-los desta maneira: "Felizes os que têm coração de pobres, porque é deles o Reino dos céus! Felizes os que choram, porque Deus os consolará! Felizes os humildes, porque terão como herança a terra prometida! Felizes os que têm ânsia de cumprir a vontade de Deus, porque Deus lhes satisfará os anseios! Felizes os que tratam os outros com misericórdia, porque Deus os tratará com misericórdia também! Felizes os sinceros de coração, porque hão-de ver a Deus! Felizes os que procuram a paz entre os homens, porque Deus lhes chamará seus filhos! Felizes os que são perseguidos por cumprirem a vontade de Deus, porque é deles o Reino dos céus! Considerem-se felizes quando vos insultarem e perseguirem e vos caluniarem, por serem meus discípulos! Alegrem-se e encham-se de satisfação, porque é grande a recompensa que vos espera no céu.

 O evangelho que a liturgia propõe para a solenidade de todos os santos é Mateus 5,1-12a. É um texto fixo, lido todos os anos, certamente porque nenhum outro expressa tão bem o sentido da santidade como esse. Trata-se da introdução do primeiro dos cinco discursos de Jesus no Evangelho segundo Mateus, conhecido como “discurso ou sermão da montanha”. Essa introdução ficou conhecida como “bem-aventuranças”, devido a repetição constante do termo grego makárioi (μακάριοι), cujo significado é bendito, felizes ou bem-aventurados. Esse é, certamente, um dos trechos mais lidos e conhecidos de todo o Novo Testamento, apreciado por cristãos e não cristãos. Gandhi, por exemplo, definiu as bem-aventuranças como “as palavras mais altas que a humanidade já escutou”.

As bem-aventuranças compreendem a síntese do programa de vida de Jesus e, consequentemente, dos seus discípulos e discípulas de todos os tempos. É um texto belo, mas muito fácil de ter seu sentido deformado, se interpretado de modo equivocado, como geralmente tem acontecido. Ora, falar em todos os santos e santas tem tudo a ver com o autêntico seguimento de Jesus de Nazaré. Por isso, é importante refletir cada vez mais sobre as palavras de Jesus que o Evangelho apresenta.

O discurso da montanha é um indicador de direção para o discipulado de Jesus e, portanto, para a santidade. Devemos, pois, concentrar nossa reflexão na mensagem evangélica, evitando que esta solenidade se transforme em mera apologia ao devocionismo fundamentalista que tanto tem se difundido nos últimos anos. Por isso, é preciso ter clareza do programa de vida de Jesus com seu projeto de sociedade e, consequentemente, das suas exigências.

De todas as palavras atribuídas a Jesus que encontramos ao longo dos evangelhos, as bem-aventuranças são as mais interpelantes e revolucionárias, embora sejam as mais fáceis de serem deturpadas, passando de uma mensagem de transformação a uma de resignação. Infelizmente, isso tem acontecido com muita frequência. Por isso, é necessário compreendê-las bem, para que sua mensagem seja sempre de encorajamento e transformação. Na versão mateana, encontramos oito bem-aventuranças, embora alguns comentadores considerem nove, devido à ocorrência do termo grego makárioi (μακάριοι) por nove vezes. Não consideramos a nona ocorrência do termo (v. 11) como uma nova bem-aventurança, mas como uma recapitulação e síntese das oito para os discípulos, reforçando a exigência para que eles de fato vivessem intensamente todas elas.

Para compreendermos as bem-aventuranças em seu sentido original, é necessário fazer mais uma consideração semântica. Como já afirmamos anteriormente, o termo grego empregado no Evangelho é makárioi (μακάριοι), o qual pode ser traduzido por benditos, felizes ou bem-aventurados; é uma fórmula que introduz uma mensagem de felicitação. É importante recordar que, embora escritos em grego, os evangelhos foram construídos segundo uma mentalidade semítica, sobretudo o de Mateus. Por isso, é importante recordar o sentido da palavra na língua original de Jesus, o hebraico. Ora, o termo correspondente ao grego μακαριοι – makárioi, em hebraico é (אשרי) ashrei, o qual significa uma felicitação, mas é, ao mesmo tempo, uma forma imperativa do verbo caminhar, seguir em frente, avançar ou pôr-se em marcha. Acreditamos que o evangelista pensou nos dois sentidos ao formular o seu texto. Sem esse segundo sentido, as bem-aventuranças não passariam de conformismo ou resignação; com ele, passam a ser uma mensagem de transformação.

Olhemos, pois, para cada uma das situações contempladas por Jesus como necessitadas de transformação. Eis a primeira bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (v. 3). De todas, tem sido essa a bem-aventurança que tem recebido as interpretações mais equivocadas ao longo da história, infelizmente. Longe de ser um convite ao conformismo, é um impulso à transformação. Na língua grega a palavra pobre (πτωχός – ptokós) deriva do verbo acocorar-se de medo, dobrar-se, abaixar-se, encurvar-se; designa, portanto, uma condição de humilhação extrema.

O convite de Jesus é para que não desanimem, mas sigam em frente, não desistam, coloquem-se em marcha para alcançarem o Reino que foi criado para eles, o Reino dos Céus, mas não no céu, aqui mesmo na terra, como sinônimo de vida digna e plena. Aqui o termo espírito (em grego: πνεύμα – pneuma) é empregado como sinônimo de consciência da situação em que se encontram os pobres, encurvados de medo pela opressão do império romano e pela religião oficial da época. A esses, Jesus convida a perder o medo e, conscientemente, seguir em frente lutando pelo Reino. O pobre que se encontra encurvado pelo sistema, deve tomar consciência da sua situação insuportável e lutar, seguindo em busca de seus direitos de herdeiro do Reino.

A segunda bem-aventurança diz: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” (v. 4). Ora, jamais será consolado o aflito que se fecha em suas aflições, mas sim aquele que consegue mover-se, apesar do sofrimento. Ser consolado na mentalidade bíblica é ter o sofrimento eliminado por completo. A implantação do Reino dos Céus em um mundo tão hostil traz muitas aflições para os discípulos de Jesus. Mesmo assim, eles devem avançar, jamais recuar, para encontrar a consolação.

Na terceira bem-aventurança, Jesus diz: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra” (v. 5). O termo manso equivale a humilde, e significa a pessoa que reivindica alguma coisa sem violência. Nesse caso particular, equivale às pessoas que lutam pela terra sem fazer uso da violência. A luta sem violência se torna mais lenta e, aparentemente, mais difícil de conseguir o objetivo. Por isso, Jesus encoraja, pede paciência, determinação e ação; em outras palavras, é como se ele dissesse: “não parem, continuem caminhando e lutando”. Era muito comum os pequenos camponeses perderem suas terras por dívidas, com possibilidade de resgate. À medida que o tempo passava, as esperanças de resgate diminuíam e muitos desanimavam. Por isso, Jesus os consola e os encoraja.

Como não poderia deixar de ser, Jesus coloca para os discípulos, conforme ele mesmo o fizera, a justiça como uma busca incessante. Por isso, a quarta bem-aventurança é tão forte: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (v. 6). A fome e a sede são as necessidades que mais incomodam o ser humano. Assim como o alimento e a bebida são essenciais para a vida, também deve ser a luta por Jesus entre seus discípulos. A comunidade cristã não tem vida quando não se alimenta cotidianamente de justiça. Onde não há justiça, não há dignidade, não há paz. É preciso seguir em frente na luta por justiça.

Na quinta bem-aventurança, temos: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (v. 7). É importante recordar que misericórdia, na Bíblia, não é um sentimento, mas uma ação em favor dos necessitados. Com isso, Jesus pede que seus discípulos prossigam sempre no caminho do bem. A misericórdia é uma das principais características do Deus de Jesus, por isso, deve ser também para os seus seguidores. Seguir fazendo o bem ao próximo, sem distinção, é uma das principais exigências do discipulado.

Com a sexta bem-aventurança, Jesus se contrapõe claramente aos ritos de purificação da religião judaica: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (v. 8). Os antigos ritos de purificação do judaísmo tinham escondido o rosto verdadeiro de Deus. Jesus proclama a nulidade daqueles ritos e pede para seus discípulos caminharem em outra direção, avançarem por outro caminho que não seja o da religião que divide, exclui e até mata. Só há um tipo de pureza: aquela interior, e essa não é proporcionada por nenhum rito, mas somente pela disposição do ser humano em seguir os propósitos de Deus. Vê a Deus quem olha para o próximo com os olhos de Deus. É nessa direção que o discípulo de Jesus deve marchar, avançar.

A sétima bem-aventurança diz: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (v. 9). Na marcha da comunidade formada por discípulos e discípulas de Jesus, a promoção da paz é requisito básico e essencial. Não se trata de uma falsa paz como aquela imposta por Roma, intitulada “pax romana”. A paz que Jesus propõe não é uma mera ausência de conflitos, mas um retorno ao ideal hebraico expresso pela palavra (שלום) shalom: paz como bem-estar total do ser humano, harmonia com Deus, com o próximo e consigo mesmo. É por essa paz que a comunidade de discípulos e discípulas deve lutar enquanto caminha, fazendo dessa paz o rumo da caminhada. Não há prêmio para quem caminha promovendo a paz, mas há consequências: ser chamados filhos de Deus. Na tradição bíblica, ser filho é ser parecido com o pai. Quando alguém caminha promovendo a paz, se torna parecido com Deus, por isso, será chamado seu filho.

A oitava bem-aventurança funciona como uma espécie de credencial para o reconhecimento do discípulo e sua pertença ao Reino: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (v. 10). A justiça, por excelência, é a prática das bem-aventuranças anteriores. A quem adere plenamente à lógica do Reino, não há outra consequência a não ser a perseguição. Mas, mesmo diante da perseguição, a palavra de Jesus continua sendo de ânimo e encorajamento: continuai caminhando, avançando, marchando em busca do Reino que é vosso!

Viver as bem-aventuranças é, portanto, abraçar um projeto de sociedade alternativa que, inevitavelmente, entra em conflito com os sistemas dominantes baseados na exploração, no lucro, na sobreposição de uns sobre os demais e pela violência. Mas é diante de tudo isso, ou seja, no conflito, que a comunidade cristã deve avançar, seguir em frente sem jamais desanimar. Por isso, Jesus reforçou todo o ensinamento anterior, direcionando diretamente para os discípulos a conclusão com as consequências do abraçar o seu projeto: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (vv. 11-12a). Alguns estudiosos vêem essa afirmação como uma nova bem-aventurança, enquanto outros, a maioria, a vêem como um reforço e síntese conclusiva das oito anteriormente apresentadas. Aquelas oito são inseparáveis. Jesus não as apresenta como sugestões para os discípulos escolherem uma ou outra. É preciso viver todas elas para ser discípulo e discípula de Jesus, pois nelas ele traça o seu próprio retrato, diz como ele mesmo viveu, caminhou ou avançou; e o discípulo deve, inevitavelmente, viver como ele.

Assim, recordando que Paulo e os demais cristãos de suas comunidades chamavam-se mutuamente de santos, e eram cristãos porque levavam a sério as bem-aventuranças, podemos compreender que celebrar todos os santos é recordar todos os que não aceitam as coisas como são impostas, mas sabem mover-se, avançar e seguir um outro caminho, não para fugir da realidade, mas para transformá-la à maneira de Jesus.

Para seguir Jesus é preciso estar em estado permanente de marcha, caminhando contra tudo o que impede a realização do Reino já aqui na terra. A comunidade cristã não pode mais aceitar que uma mensagem tão encorajante e transformadora se transforme em sinal de resignação e aceitação passiva diante de tudo o que impede o advento do Reino. A mensagem das bem-aventuranças é libertadora porque convida o discípulo e a discípula a sair de si, colocar-se em movimento rumo a um mundo melhor, mais justo e mais fraterno.



 

Evangelho do dia 04 de novembro sábado 2023

 

04 novembro - Saibamos manter-nos naquela perfeita igualdade de espírito, que é tão vantajosa para o progresso na virtude, e conservemo-nos sempre numa tal disposição de ânimo que nos faça estar prontos para tudo, sem nunca nos perturbar. (S 237). São Jose Marello 

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Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,1.7-11

1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 7Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: 8” Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, 9e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. 10Mas, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. 11Porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”.

 Meditação:

Este Evangelho nos ajuda a corrigir um preconceito sumamente difundido. «Num sábado, Jesus entrou para comer na casa de um dos principais fariseus. Eles o observavam atentamente».
Ao ler o Evangelho a partir de um certo ponto de vista, acabou-se fazendo dos fariseus o modelo de todos os vícios: hipocrisia, falsidade; os inimigos por antonomásia de Jesus. Com estes significados negativos, o termo «fariseu» passou a fazer parte do dicionário de nossa língua e de outras muitas.

Semelhante idéia dos fariseus não é correta. Entre eles havia certamente muitos elementos que respondiam a esta imagem e Cristo os enfrenta. Mas nem todos eram assim. Nicodemos, que vai ver Jesus de noite e que depois o defende ante o Sinédrio, era um fariseu (Jo 3,1;7,50ss). Também Saulo era fariseu antes da conversão, e era certamente uma pessoa sincera e zelosa, ainda que não estivesse bem iluminado. Outro fariseu era Gamaliel, que defendeu os apóstolos ante o Sinédrio (At 5,34 e seguintes).

As relações de Jesus com os fariseus não foram só de conflito. Compartilhavam muitas vezes as mesmas convicções, como a fé na ressurreição dos mortos, no amor de Deus e no compromisso como primeiro e mais importante mandamento da lei. Alguns, como neste caso, inclusive o convidam para uma refeição em sua casa. Hoje se considera que mais que os fariseus, quem queria a condenação de Jesus eram os saduceus, a quem pertencia a casta sacerdotal de Jerusalém.
Por todos estes motivos, seria sumamente desejável deixar de utilizar o termo «fariseu» em sentido depreciativo. Ajudaria ao diálogo com os judeus, que recordam com grande honra o papel desempenhado pela corrente dos fariseus em sua história, especialmente após a destruição de Jerusalém.
Durante a refeição, naquele sábado, Jesus ofereceu dois ensinamentos importantes: um dirigido aos «convidados» e outro para o «anfitrião».

Ao dono da casa, Jesus disse (talvez diante dele ou só em presença de seus discípulos): «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides seus amigos, nem seus irmãos, nem seus parentes, nem os vizinhos ricos…».

 É o que o próprio Jesus fez, quando convidou ao grande banquete do Reino os pobres, os aflitos, os humildes, os famintos, os perseguidos.

Vamos meditar no que Jesus diz aos «convidados». «Se te convidam a um banquete de bodas, não te coloques no primeiro lugar…». Jesus não quer dar conselhos de boa educação. Nem sequer pretende alentar o sutil cálculo de quem se põe em uma fila, com a escondida esperança de que o dono lhe peça que se aproxime.
A parábola nisso pode dar pé ao equívoco, se não se levar em consideração o banquete e o dono dos quais Jesus está falando. O banquete é o universal do Reino e o dono é Deus.
No Evangelho de hoje Jesus vem nos dar um conselho bem prático para o nosso dia-a-dia e se utiliza de uma simples parábola para nos revelar a importância de sermos humildes e de reconhecermos a nossa pequenez diante dos homens.

Para Jesus, a pessoa verdadeiramente grande é aquela que atua com discrição e humildade e sabe viver em atitude de serviço. Talvez, não se destaca por fazer grandes coisas, mas sempre está presente, disposta a colaborar, a estender a mão, a ajudar. Sua grandeza consiste precisamente em viver para os demais.

Ele está querendo revelar para cada um de nós que em nenhum momento devemos nos valer da expectativa que temos em nós mesmos ou da autoconfiança, pois podemos ser humilhados e colocados para sentar no último lugar. E como é desagradável ser chamado a sair de um lugar para que outro possa ocupá-lo; e ao mesmo tempo como é bom ser reconhecido na multidão pelo dono da festa e ser conduzido para um lugar especial, escolhido e reservado para nós.
Na vida, quer dizer Jesus, devemos escolher o último lugar, procurar contentar os demais mais que a nós mesmos; sermos modesto na hora de avaliar nossos méritos, deixar que sejam os demais quem os reconheçam e não nós («ninguém é bom juiz em causa própria»), e já desde esta vida Deus nos exaltará. Ele nos exaltará com sua graça, nos fará subir na hierarquia de nossos amigos e dos verdadeiros discípulos de seu Filho, que é o que realmente importa.

Ele nos exaltará também na estima dos demais. É um fato surpreendente, mas verdadeiro. Não só Deus «se inclina ante o humilde e rejeita o soberbo» (Sl 107,6); também o homem faz o mesmo, independentemente do fato de ser crente ou não.
A modéstia, quando é sincera, não artificial, conquista, faz que as pessoas sejam amadas, que suas companhias sejam desejadas, que suas opiniões sejam desejadas.
Vivemos em uma sociedade que tem suma necessidade de voltar a escutar esta mensagem evangélica sobre a humildade.
Correr para ocupar os primeiros lugares, talvez pisoteando, sem escrúpulos, a cabeça dos demais, são características desprezadas por todos e, infelizmente, seguidas por todos. O Evangelho tem um impacto social, inclusive quando fala de humildade e hospitalidade.

Lembremo-nos que a vinda de Jesus ao mundo é para servir o ser humano. Este Rei não espera de braços cruzados que o Pai faça milagres, ele mesmo abre o coração, acolhe, está presente e oferece o vinho novo. Servir para que todos tenham VIDA.

Reflexão Apostólica:

Nesta narração, Lucas coloca a tônica em um dos temas vitais da comunidade de seu tempo: o prestigio e a honra de ocupar os primeiros postos. Com frequência, na mesa dos fariseus há disputas pelos primeiros postos. Todos os convidados desejam chegar lá. Os primeiros em ocupá-los são pessoas de distinção, os supostos eleitos.

Ocupar os últimos postos seria uma vergonha. Mostra-se, neste cenário, o contexto da mesa e da comida: o reflexo da estratificação e exclusão social daquele tempo. Entretanto, na mesa do reino de Deus os convidados buscam o ultimo posto.
Na mesa de Jesus, os últimos sobem e os primeiros devem estar dispostos a descer, de tal modo que se chegue a formar uma mesa na equidade, onde não haja hierarquias opressoras e delimitadores da dignidade humana.
Os convidados à mesa do reino, ao banquete aberto a todos, são, em especial os mais pobres, os necessitados, os marginalizados e os considerados “últimos”. A verdadeira honra e prestigio evangélicos do discípulo de Jesus tem que passar pelo permanente serviço desinteressado aos demais. Estes são os rostos e as coordenadas do reino.

 Jesus Cristo trouxe para nós a salvação de uma maneira muito abrangente. Ele não se restringiu a nos direcionar apenas para as “coisas do espírito”, mas também veio nos formar como homens e mulheres que estão aqui na terra, e que, portanto, precisam ser formados humanamente a fim de vivenciarem um relacionamento harmonioso e fraterno. Ocupar o primeiro lugar nos dá uma idéia de presunção e de soberba.

 A mensagem evangélica nos leva a refletir que para Deus somos todos iguais, porém, nós próprios não podemos nos autopromover entendendo que somos “mais dignos” que os outros.

 Seremos reconhecidos por Deus e pelo próximo, na medida do nosso serviço e do amor que vivenciarmos. O reconhecimento da nossa verdade, isto é, da nossa capacidade e limitação é o que pode se chamar de humildade.

 Portanto, enquanto não formos distinguidos no meio dos outros, seremos apenas convidados a espera do lugar que a nós é destinado.

 No plano espiritual também, somos chamados por Deus, por isso mesmo, precisamos estar atentos porque para cada um Ele reservou um “lugar muito especial”.

 A humildade também requer paciência, esperança, compreensão e aceitação da vontade de Deus. A festa de casamento pode significar o Banquete da Salvação, quando o Noivo receberá Seus convidados e os assentará nos lugares designados pelo Seu Pai.

 O noivo é Jesus, nós somos apenas Seus convidados, assim sendo, precisamos somente preparar as nossas vestes e aguardar pelo que para nós foi preparado.

 Você gosta dos primeiros lugares? Qual o critério que você usa para escolher o seu lugar em uma festa, como convidado? Quando você escolhe o lugar você lembra que poderá ter alguém “mais especial” do que você? O que você entende por humildade e presunção? Você já está se preparando para a festa do céu?

 Nem Jesus que era o próprio Deus se valeu dessa condição para estar no mundo e desempenhar sua missão, então quem somos nós para nos valermos dos poucos talentos que temos para tentar sermos melhor que os outros???

 Precisamos valorizar o que temos de melhor em nós sim, mas tudo isso devemos fazer pela graça de Deus. É Deus quem deve nos elevar e não nós mesmos.

 Qualquer um poderia tomar o Evangelho de hoje como um convite para formar um manual de urbanidade e bons modos cristãos, porém essa não é a intenção do evangelho. O problema que Jesus assinala não é de modos, mas de valores e atitudes.

 Os valores são os princípios que uma pessoa ou grupo assumem como linhas orientadoras de seu comportamento. Os valores modulam nossas crenças e aspirações. São também exigências de compromisso e critérios estáveis em meio à confusão cotidiana. As atitudes são disposições permanentes que nos permitem encarar com firmeza e convicção as distintas circunstâncias da vida.

O que nos pede hoje o Evangelho? Desafiar nossos hábitos para ir mais além da elegância ou da estética dos bons costumes, comprometermo-nos com os valores que nos propõe o próprio Jesus, e assumir as atitudes coerentes com esses novos valores.

 O cristianismo não é uma religião de certos costumes bem aceitos socialmente, mas um compromisso de seguir diariamente o caminho de Jesus Cristo de acordo com os valores que Ele nos propõe e as atitudes que estes valores nos exigem.

Que seria de nós se somente nos contentássemos em marchar atrás da procissão de idolatrias, falsidades, mentiras e corrupções que cada dia mais alienam a nós e o ambiente em que nos movemos?

 Pensemos nisso amanhã e hajamos como verdadeiros cristãos e não mais um que esse título para se locupletar por conta das benesses que lhes são prometidas. Votemos conscientes, lembrando-nos do sagrado DOM DA VIDA e pensando no Brasil e não em nós mesmo... e em nossas CONVICÇÕES políticas.

Que através desse Evangelho possamos pedir a graça da humildade verdadeira para nossos corações acreditando que Deus age na simplicidade e que não é preciso estar sempre na primeira fila para ser reconhecido por Deus e pelos nossos irmãos.

Tenham um dia abençoado por Deus e pratiquem a virtude da humildade, pois quando nos humilhamos diante dos homens, somos exaltados diante do Pai.

Propósito:

Pai, faz-me humilde e discreto no trato humano. E que eu não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti.

 

Evangelho do dia 03 de novembro sexta feira 2023

 

03 novembro - Ainda que no meio do combate nos encontrássemos despojados de qualquer boa disposição, aliás até tomados por grande aversão à luta, não devemos desanimar: é justamente nesses momentos que Deus nos quer provar, fazendo-nos agir somente por fé... É esse pouquinho de fé que nos deve salvar e que será mais largamente recompensado no Céu. (S 347). São Jose Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,1-6

 1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam.

2Diante de Jesus, havia um hidrópico. 3Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: “A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?”  4Mas eles ficaram em silêncio.
Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o.
5Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?”  6E eles não foram capazes de responder a isso.

 Meditação:

Esta narrativa de Lucas faz parte do ciclo de narrativas de contestação da doutrina e da prática das sinagogas e dos fariseus.

A cena já não acontece na sinagoga onde Jesus tinha curado a mulher encurvada, mas na casa de um dos chefes dos fariseus, mas o tema principal é o mesmo: É licito fazer uma cura no dia de sábado? Referindo-se à cura da mulher encurvada ficou claro que o chefe da sinagoga valorizava mais os animais – é permitido desamarrar o boi e o asno no dia de preceito e dar-lhes água para beber. Mas referindo-se às pessoas, segundo a doutrina do fariseu, não é lícito realizar curas no dia de sábado. Pelo relato da cura do hidrópico fica claro que os fariseus permitem no dia de sábado tirar do poço o burro ou o boi que caiu, mas não permitem que se cure um enfermo. Que deformação mental!

Este é um relato original do evangelho de Lucas. O anfitrião de Jesus é um dos chefes dos fariseus e diante deles há um hidrópico, um enfermo cujo corpo retém demasiado líquido com os consequentes problemas de inchaço e má circulação, causados por um alto consumo de sódio. A hidropisia é um acúmulo anormal de água no organismo.
Enquanto o trânsito normal de líquido favorece nossa saúde, a acumulação à põe em perigo. A água que consumimos hidrata, tonifica e dá a vida ao organismo. Quando isso não acontece, afoga-nos. Isso era o que acontecia com a interpretação da Lei no tempo de Jesus.

A Lei era como a água, devia ser fonte de vida. Devia transformar a vida do povo, tonificá-la e fortalecê-la. Mas ao contrário, o estancamento conduzia a um estado deplorável de conformismo e imobilidade que ameaçava a sua existência. O hidrópico curado representa essa parte do povo disposta a fazer a terapia da água que flui, da Lei que inspira, da vida que se transforma. O hidrópico devia vencer as limitações de uma interpretação demasiada estreita e fundamentalista da Lei, para colocar-se em contato com a fonte de água viva que é Jesus.
Se com frequência estamos dispostos a acomodar a lei às nossas necessidades, quanto mais esforço devemos fazer para que essa lei não se converta em uma armadilha que nos afogue. Jesus quer que o ser humano tenha vida plena, e não quer, de modo nenhum, que fique preso na superficialidade.

Pois bem, no contexto desta cura em dia de sábado se dá uma discussão entre Jesus e seus oponentes, que revela o sentido profundo do texto.
Jesus põe o repouso sabático a serviço do homem. As obras maravilhosas que ele leva a cabo no sábado são sinais de que se inaugurou o tempo da salvação e que começou o repouso sabático do tempo final. Deus se glorifica agora a si mesmo com sua misericórdia.

O repouso do sábado significa para Jesus a revelação da benevolência divina com suas criaturas: paz e salvação. Agora se glorifica Deus a si mesmo em Jesus, que com palavras e obras o anuncia como Deus da graça e do amor, como Deus que dá e perdoa, como Deus dos pobres e dos aflitos, para os quais se proclama um ano de graça.

A alegria de que está penetrado o sábado do tempo final é o júbilo pelas grandes ações da misericórdia divina. Com uma reflexão muito simples Jesus justifica seu modo de proceder em dia de sábado: a lei de Deus não pode exigir que em dia de sábado se deixe perecer o próprio filho ou mesmo um boi, se tiverem necessidade de serem salvos. A lei pensa humanitariamente. O repouso sabático foi estabelecido pela Lei com olhares humanitários e sociais, em consideração à família, à multidão e até ao gado do amo.

 A pergunta de Jesus a respeito de curar ou não em sábado, e o questionamento feito aos fariseus de não agir com misericórdia, revelam que Jesus é “senhor do sábado” e que defende a realização das obras do reino em qualquer situação.

Curiosamente aqueles que interpretavam a lei, permaneceram calados. E quando Jesus cura o doente, diz que eles não deram uma resposta à sua pergunta. Diante dos fatos não valem os argumentos.

A pessoa está acima do sábado, é o centro da atenção de Jesus, que entende que o dia dedicado ao Deus da vida é o mais adequado para devolver ao homem a saúde. Jesus se converte, mais uma vez, em modelo de como um cristão deve agir com liberdade e senso crítico no cumprimento da missão confiada por Deus.
As curas realizadas por Jesus exprimem a novidade de sua prática. Ele vai contra as observâncias legais estritas e estreitas que não favorecem a vida. Para o Pai o que importa é o desabrochar da vida.

 A lei, bem como todos os processos econômicos e sociais, deve estar a serviço da dignidade e qualidade de vida para todos.
Também nós, que somos seus discípulos, não podemos sucumbir ante as pressões da lei, esquecendo o realmente importante: a pessoa, sua dignidade e o projeto do Pai; seu reino no meio da humanidade aflita, a resistência pacífica e a esperança de salvação e libertação humana.

Reflexão Apostólica:

Esta é a terceira vez, no evangelho de Lucas, que um fariseu faz um convite a Jesus. Ainda que Jesus tenha aceitado o convite de ir jantar na casa do fariseu, sem dúvida a atitude dos convidados não é amigável, pois eles simplesmente aceitaram o convite para ver o que Jesus fazia.

 Esta narrativa de Lucas é mais uma dentre as inúmeras narrativas encontradas nos evangelhos, que destacam a reação e a perseguição dos chefes religiosos de Israel diante do comportamento libertador de Jesus.

A cena tem bastante semelhança com a cura no sábado, do homem da mão seca ou da mulher encurvada. Este homem e esta mulher simbolizam o povo imobilizado e encurvado pelo sistema opressor da Lei da sinagoga e do Templo.

Agora, o hidrópico representa os ilustres convivas do chefe fariseu, inchados de orgulho e satisfação por suas posições privilegiadas e pelo poder de sua doutrina. A cura do hidrópico significa o ato libertador de Jesus para com os submissos à ideologia doutrinal e legal.

O descaso para com a observância sabática é uma das práticas mais comuns de Jesus, o que causa a reação dos fundamentalistas observantes. Libertar os que estão sob jugo da ideologia opressora é uma opção prioritária de Jesus. Jesus age com uma coerência que desnorteia aqueles que, apegados ao poder, o rejeitam. Acabarão decidindo, então, que só resta o caminho da violência para eliminar Jesus.

Porém, Jesus se vai entregar em Sacrifício para ser nosso alimento: Tomai todos e comei. Tomais todos e bebei, isto é o meu corpo este é o meu sangue.  E tudo acontece e tem o seu final no dia da Ressurreição do Senhor, como nos diz são Paulo. Se Cristo não ressuscitou vá é nossa fé.

Assim sendo, a Eucaristia faz parte do domingo. Na manhã de Páscoa, primeiro as mulheres, depois os discípulos, tiveram a graça de ver o Senhor. Nesse momento, compreenderam que, doravante, o primeiro dia da semana, o domingo, seria o dia dele, o dia de Cristo. O dia do início da criação tornava-se o dia da renovação da criação. Criação e redenção caminham juntas.

É por isso que o domingo é tão importante. É belo que, nos nossos tempos, em tantas culturas, o domingo seja um dia livre ou, com o sábado, constitua mesmo o que se chama o fim-de-semana livre. Esse tempo livre, contudo, permanece vazio se Deus não estiver aí presente.

Às vezes, num primeiro momento, pode tornar-se talvez incomodo ter de prever também a Missa no programa do domingo. Mas, se a tal nos comprometermos, constataremos também que isso é precisamente o que dá a verdadeira razão ao tempo livre.

Não nos deixemos dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudemos também os outros a descobri-la. Porque a alegria de que precisamos emana dela, devemos certamente aprender a perceber, cada vez mais, a sua profundidade, devemos aprender a amá-la.

Comprometamo-nos nesse sentido porque isso vale a pena! Descubramos a profunda riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não fazemos a festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que nos prepara uma festa. 

Nesta passagem, Jesus nos ensina a sermos coerentes nas nossas ações e a não deixarmos para fazer depois o bem que podemos fazer hoje.

Desse modo, Ele nos dá exemplo de como permanecer firme nas horas em que precisamos enfrentar todos os olhares e críticas para tirar alguém da adversidade.

Quantas vezes nós deixamos de realizar alguma boa obra porque o dia não nos é conveniente ou porque as regras do mundo não nos permitem fazê-lo e temos receio de que nos critiquem!

Quanto medo nós temos hoje de ajudar a alguém porque podemos estar caindo em alguma emboscada! Nem sequer paramos para escutar as pessoas, quando estamos na Igreja, ou muito ocupados na nossa oração!

Mesmo já tendo descoberto o reino de Deus e de querermos servir ao Senhor, nós ainda damos muito crédito às normas dos homens e aos comentários das pessoas que observam as nossas ações.

Como vimos, Jesus não escolhia dia, hora nem lugar para envolver-se com aqueles que Dele se aproximavam, pelo contrário Ele até os procurava com o olhar e mesmo sem que o pedissem Ele os tocava e curava-os, ainda que fosse “dia de sábado”. O dia de sábado pode significar também algo que o mundo recrimina e proíbe.

O que mais preocupa a Deus não é a sua glória, seu culto, seu sábado ou seu Templo, mas a vida digna, sã e feliz dos seus filhos. Todos sabiam da teoria, da grande segurança e tranquilidade que a lei de Moises dava, por isso, nem todos se atreviam a aceitar as curas que Jesus realizava no sábado.

Quando Jesus pergunta aos mestres da Lei: “É permitido ou não fazer curas no dia de sábado?”, eles permanecem calados. Custa-nos muito colocar a amor aos necessitados como princípio supremo de atuação, mas sabemos também que sempre que ajudamos os que precisam estamos agindo na luz. Não existe tempo para ser bom e para fazer o bem.

 Que o todo-poderoso nos dê um espírito de sensibilidade para os sofredores, que nada nos impeça de ajudar os que sofrem. Antes, que nós demonstremos por eles um amor eficaz.

Propósito:

Pai, predispõe-me a manifestar meu amor a quem precisa de mim, sem inventar justificativas para me dispensar desta obrigação urgente.

 

Evangelho do dia 02 de novembro quinta feira 2023 - fiéis defuntos

 

02 novembro - COMEMORAÇÃO DE FINADOS.

Aos caros falecidos, que terminaram no beijo do Senhor a sua jornada na terra, "luceat perpetua lux in Regno caelorum” brilhe a luz eterna no reino dos Céus. (L 278). São José Marello



A Celebração dos fiéis defuntos é uma solenidade que tem um valor profundamente teológico, porque chama a nossa atenção para todo o mistério da existência humana, desde suas origens até o seu fim e para além também. A novidade introduzida pela nossa fé é a esperança: nós cristãos acreditamos em um Deus. que não é apenas Criador, mas também Juiz.

A morte é apenas uma porta ...

Logo, Deus é também é um Juiz! O seu juízo vai para além do tempo e do espaço, em uma vida após a morte e na vida eterna, na qual o Reino de Deus se realiza plenamente. O julgamento do Senhor será duplo: além de responder individualmente às nossas ações, no final dos tempos, seremos chamados a responder-lhes também como humanidade.
Se morrermos em Cristo, porque vivemos a nossa vida em comunhão com Ele, seremos admitidos na Comunhão dos Santos.
A celebração de hoje se insere nesta perspectiva: a Igreja não esquece seus irmãos falecidos, mas reza por eles, oferece sufrágios, celebra Missas e oferece esmolas, para que também as almas, que ainda precisam de purificação, após a morte, possam alcançar a visão de Deus.

Cristo venceu a morte!

A morte é um acontecimento inevitável. Cada um de nós pode entender isso pela própria experiência pessoal. Segundo a visão cristã, porém, não é considerada um fato natural. Pelo contrário, é o oposto da vontade de Deus! Deus, o Senhor da vida, nos dá a vida em abundância e a morte é uma mera consequência do nosso pecado. Entretanto, em Cristo, Deus toma sobre si os nossos pecados e suas consequências. Desta forma, a morte se torna uma passagem, uma porta.
Graças à vitória de Cristo sobre a morte, podemos superar o medo que temos dela e a dor que sentimos quando atinge alguém que está próximo de nós.
Enfim, para o cristão, não há distinção entre vivos e mortos, porque nem os mortos são "mortos", mas "defuntos", ou seja, "privados das funções terrenas", à espera de serem transformados pela Ressurreição.

História e origem desta celebração

A “pietas” humana para com os defuntos remonta aos primórdios da humanidade. Mas, como vimos, com o advento do cristianismo a perspectiva muda radicalmente.
Os primeiros cristãos, como podemos facilmente observar nas catacumbas, esculpiam a figura de Lázaro nos túmulos, como anseio de que seus entes queridos pudessem também voltar à vida, por intermédio de Cristo.
No entanto, somente no século IX começou a celebração litúrgica de um falecido, como herança do uso monacal, já em vigor no século VII, de empregar, dentro dos mosteiros, um dia inteiro de oração por um falecido.
Este costume, porém, já existia no rito bizantino, que celebrava os mortos no sábado anterior à Sexagésima, um período entre o fim de janeiro e o mês de fevereiro.
Mais tarde, no ano 809, o Bispo de Trier, Dom Amalário Fortunato de Metz, inseriu a memória litúrgica dos falecidos - que aspiram ao céu - no dia seguinte ao dedicado a Todos os Santos, que já estavam no céu.
Enfim, em 998, por ordem do abade de Cluny, Odilone de Mercoeur, a solenidade de Finados foi marcada para o dia 2 de novembro, precedida por um período de preparação de nove dias, conhecido como Novena dos Defuntos, que começava no dia 24 de outubro.

 

João 14,1-6

""Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fosse assim, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós. E depois que eu tiver ido e preparado um lugar para vós, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também. E para onde eu vou, conheceis o caminho". Tomé disse: "Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?" Jesus respondeu: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim."  

Meditação:

 O diálogo entre Jesus e seus discípulos se dá no contexto dos discursos de despedida, na véspera de sua Paixão. Está cheio de mal-entendidos e interrogações a fim de rechear o texto com dinamismo.

Jesus diz a seus discípulos que se mantenham firmes na fé. Ele irá lhes preparar uma morada na casa do Pai, e logo voltará para levá-los para que possam estar sempre juntos numa profunda e eterna comunhão.

Porém, os discípulos, representados em Tomé, não conseguem entender o sentido das palavras do Mestre. Apesar de terem tido um longo tempo de convivência, escutando e sendo testemunhas de Jesus, ainda não conseguiram compreender a profundidade de sua mensagem.

 Parece que sua mentalidade imediatista, seu messianismo triunfalista, os impedem de ver que o projeto de Jesus transcende as coordenadas espaço-temporais.

Jesus é caminho, quer dizer, processo de crescimento e amadurecimento da experiência de fé; é verdade, porque é transparência de Deus; é vida, porque participa da fonte suprema da vida inesgotável.

 Também nós tendemos a materializar e minimizar o projeto de Deus. Esquecemo-nos facilmente de que o reino de Deus é o próprio Jesus, que se converte em força transformadora das pessoas e de todas as realidades criadas.

O nosso Deus é um Deus presente. É preciso vivermos a certeza de que Ele está no meio de nós dando-nos forças e coragem para que cada dia avancemos seguindo rumo à meta. Sabemos que o caminho é duro demais. E Muitas vezes parece infindo. E o melhor e sentar e desistir. Todavia, o mérito, a vitória, o segredo, ou seja, o trunfo de tudo isto está saber que enquanto caminhamos ouçamos e sintamos ecoar dentro de nós as santas palavras de Jesus: Não se perturbe o vosso coração. Creiam em Deus e creiam também em mim.

Com Jesus e por Jesus nós somos mais dos vencedores. Ele é a única solução da nossa vida. Ele é o caminho que nos conduz à casa do seu e nosso Pai. Quero relembrar a figura da porta. Jesus é a porta de entrada para a casa do Pai.Se com fé, confiança e perseverança clamares por Ele. Virá erguê-lo ainda que estejas no fundo do poço. Por com Jesus e pela força da oração tudo pode ser mudado.

Isto não são falácias, sofismas. Quem nos garante é ele mesmo: quando eu for e preparar um lugar para vocês, voltarei e os levarei comigo para que onde eu estiver vocês estejam também.

Na dúvida de Tomé, Jesus já respondeu a minha e a sua dúvida. Portanto, creia, acredite, professe a sua fé em Jesus que é o caminho, a verdade e a vida que nos conduz até Deus nosso Pai.

Reflexão Apostólica: 

O anúncio da partida de Jesus cria um ambiente de preocupação entre os discípulos. Tinham posto suas vidas nas mãos do Mestre e agora temem ficar sozinhos. Tomé não compreende a mensagem do caminho porque não aceita que este passe pela paixão e morte de Jesus; menos ainda entenderá nem aceitará sua ressurreição.

A ida de Jesus para a casa do Pai não significa abandonar o barco da humanidade; ao contrário. É sinal do amor do Filho que une a terra ao céu. Enquanto Jesus prepara nossa morada no céu, devemos trabalhar por um mundo mais humano e mais irmão.

Bem dizem que o céu se conquista com o que somos e fazemos aqui na terra. Jesus compara o céu a uma casa de família onde há amor e espaço para todos.

O problema de Tomé e de muitos no mundo de hoje consiste em confundir o caminho que leva ao céu que não é outro que o próprio Jesus com sua Palavra e seu testemunho de vida.

 Ele é o caminho seguro para chegar ao Pai, a verdade que nos faz livres, a vida que nos resgata da morte e nos faz uma única família na terra e no céu.

Não precisamos ficar perturbados (as) colocando dúvidas nos nossos pensamentos, buscando segurança em outros caminhos. Pelo contrário, devemos seguir os conselhos do Mestre: “Tendes fé em Deus, tende fé em mim também” e confiarmos em que a nossa morada já está preparada no céu e, que hoje, o céu é o nosso coração, casa de Deus, lugar onde Jesus habita pelo poder do Espírito Santo. 

Diante de tantas dificuldades pelo que passamos: situação de traições, abandono, desconfiança, injustiças, calúnias, fofocas, doenças, desemprego, complicada situação financeira.

 Assim como ontem ante a sua partida para o Céu, Jesus confortou os seus discípulos para que não se preocupassem, assim também hoje e neste evangelho acontece. Dirige-nos palavras de conforto. Ele mostra-nos que não nos deixa abandonados.

Por que buscamos outros caminhos? Por que acreditamos nos contos que o mundo nos prega? Por que não assumimos a vida nova de Cristo pra valer? O que está nos faltando: fé, disposição, coragem, humildade, oração, conhecimento da Palavra? Responda por você e a você!

Propósito:

Pai, meu coração anseia por estar em comunhão contigo, em tua casa, lugar que Jesus preparou para mim. Que eu persevere sempre no caminho que me leva a ti.

 

Evangelho do dia 01 de novembro quarta feira 2023

 

01 novembro - Oh! Peçamos que desponte também para nós, bela e luminosa, a suspirada aurora da nossa ressurreição. (L 30). São Jose Marello



Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 13,22-30

 "Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando na sua viagem para Jerusalém. Alguém perguntou:

- Senhor, são poucos os que vão ser salvos?
Jesus respondeu:
- Façam tudo para entrar pela porta estreita. Pois eu afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão.
- O dono da casa vai se levantar e fechar a porta. Então vocês ficarão do lado de fora, batendo na porta e dizendo: "Senhor, nos deixe entrar!" E ele responderá: "Não sei de onde são vocês." Aí vocês dirão: "Nós comemos e bebemos com o senhor. O senhor ensinou na nossa cidade." Mas ele responderá: "Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal." Quando vocês virem Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus e vocês estiverem do lado de fora, então haverá choro e ranger de dentes de desespero. Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus. E os que agora são os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos."
  

Meditação:

 O tema de hoje é Salvação. Alguém pergunta a Jesus se é verdade que poucos serão salvos. Certamente, esta pergunta foi feita por alguém que estava preocupado de estar fazendo parte do grupo dos não - salvos.

Jesus não responde diretamente a pergunta. Ele nem diz que serão muitos nem que serão poucos... diz apenas que "façam o máximo esforço possível para passar pela porta estreita". Em outras palavras: NÃO SE PREOCUPE COM QUANTOS IRÃO ENTRAR, FAÇA A SUA PARTE!

Os evangelhos foram compostos a partir das tradições sobre Jesus e de acordo com as necessidades de cada comunidade. O de Lucas dirige-se a uma comunidade composta, em sua maioria, por pessoas de língua grega.

O texto deste evangelho de Lucas é formado por uma coleção articulada de fragmentos de parábolas que são encontrados dispersos em Mateus, tendo como tema comum a salvação.
Lucas o descreve bem quando diz que consiste em seguir Jesus, escutar suas palavras e agir em consequência, pondo em prática a justiça e o amor.
São palavras ameaçadoras para quem era destinatário da mensagem e não soube acolhê-la; por outro lado, que virão homens e mulheres de todos os lugares para fazer parte desse Reino. A porta estreita não descreve o resultado do juízo, mas é a expressão do esforço que se exige para entrar.
Neste Evangelho, Lucas insiste desde o começo na necessidade de se abrir as portas do reino para todos.
A primeira abertura é de caráter social: na mesa de Jesus se sentavam os mais pobres e também os mais ricos, com a condição de se abrirem aos necessitados.
A segunda é de gênero: no grupo de Jesus as mulheres ocupavam um lugar de destaque e se sentavam a seus pés como todos os discípulos. A terceira era étnica e cultural: na comunidade de Jesus todas as raças e culturas eram bem-vindas.
A pergunta: são poucos os que se salvam? dirigida a Jesus por um transeunte despreocupado, evidencia as limitações que tinha a comunidade para esclarecer todas as potencialidades da sua proposta. Para muitos, a salvação era um assunto de exclusão de maus, estrangeiros, pecadores, doentes e de muitos outros.
Jesus nem respondeu àquela pergunta, por isso, também nós, nunca iremos saber matematicamente o número de quem será salvo.

Em troca, para Jesus, a salvação era uma “Boa Notícia” para todos, e os mais aflitos, excluídos e marginalizados tinham junto a ele seu lugar preferencial.
O Senhor nos deu um direcionamento oportuno: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita… muitos tentarão entrar e não conseguirão”.
O que poderá isso significar para nós? Significa que a nossa adesão à salvação que Jesus veio nos dar, implica no nosso esforço em superar a inclinação para uma vida fácil, livre dos problemas e dos sacrifícios pessoais.

Precisamos nos questionar em todas as vezes que queremos conseguir as coisas com muita facilidade, sem empenho próprio, adotando o modelo que o mundo prega.
Quando também voltados somente para nós, esquecemo-nos de que a justiça é o parâmetro que Deus definiu para chegarmos ao céu. A justiça que precisamos praticar requer uma vida de renúncia de nós mesmos (as), à vivência do amor, do perdão, da bondade, da partilha e da solidariedade.
Mesmo que tenhamos pregado em Nome de Jesus ou que estejamos servindo no Seu Santuário, mesmo que nos achemos servos e servas fiéis, se não praticarmos a justiça, não teremos lugar à mesa do reino de Deus e poderemos estar equivocados (as) correndo o risco de não sermos reconhecidos pelo “dono da casa”.

Consequentemente a porta estreita é a justiça, que se traduz em humildade e serviço e na abstinência da nossa vontade própria, do domínio da nossa carne e de uma entrega absoluta ao Espírito Santo de Deus que nos conduz.
Se o ser humano superou em Cristo o destino de maldição e morte, o resto da criação também o superará. O projeto salvador de Deus está aberto a todo aquele que queira recebê-lo, além de ser um dom gratuito. As palavras de Jesus sobre a entrada no Reino explicam claramente a dificuldade e as exigências do seguimento.
Como está a sua justiça? Você tem procurado o caminho mais fácil, que exige menos esforço ou você tem sido fiel à Palavra e aos ensinamentos de Jesus que nos manda amar ao próximo como a nós mesmos (as)?
Somos os "últimos" a ter tomado conhecimento da mensagem de Deus, enquanto os que foram os primeiros a saber, poderão ser os últimos no Reino, ou até mesmo nem conseguir entrar, devido a prática da injustiça! Jesus é incisivo ao dizer que os injustos não serão reconhecidos pelo Pai. Isso vale para todos.

Só pode ser injusto quem tem o mínimo de poder em suas mãos... Portanto... Que saibamos usar corretamente qualquer poder que nos seja concedido, seja com nossos irmãos, filhos, amigos, empregados, parentes, mas principalmente com os "pequeninos" de Jesus.

Reflexão Apostólica:

 Às vezes, temos a impressão que as pessoas “rasgam” algumas páginas da bíblia para não ter que ler uma exortação como esta: "Façam tudo para entrar pela porta estreita. Pois eu afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão.". Conseguimos imaginar a cena? Uma bíblia faltando páginas, restando nela apenas as mais belas e doces palavras para serem lidas e ouvidas…

Nossa vida é parecida a um brinquedo infantil de montar: os blocos (ou LEGO se preferir).

Na frente da caixa ou no verso vêm apresentadas as diversas formas possíveis de montá-lo. Carros, caminhões, tratores, nave espacial, (…), muita coisa é possível de se inventar partindo daqueles blocos, mas nem tudo que imaginamos ficará como desejamos. “(…) Então vocês ficarão do lado de fora, batendo na porta e dizendo: “Senhor, nos deixe entrar!” E ele responderá: “Não sei de onde são vocês”

O número reduzido de peças nos impede de sermos mais ambiciosos na criatividade. Os blocos que faltam se somado a aqueles que foram perdidos pela casa, debaixo de sofás, guarda-roupas, nos limitarão, ou seja, não conseguiremos fazer tudo que gostaríamos e poderíamos realizar…

 É verdade que dá pra ser criativo com que se tem, mas para darmos asas a imaginação que brota do sonho de Deus é preciso buscar novas peças (estudar, reciclar, treinar, dedicar) e evitar perder as peças que tenho (humildade, paixão, dedicação, empenho, amor,) debaixo de coisas que são difíceis de levantar (orgulho, prepotência, vaidade…).

Mas há outra coisa em comum entre nossa vida e os blocos: Temos o poder de decidir como montaremos as peças.

Cada um leva sua vida (ou monta os blocos) conforme lhe convém e como a vida lhe permite. Uns seguem o modelo da caixa; outros já partem para uma criação nova de própria autoria e assinatura. Em ambos os casos, não é garantido que o produto final fique belo ou apresentável, mesmo aquele que seguiu o modelo. Quantas pessoas andam com a bíblia em baixo do braço (a chamada "bíblia desodorante"), sabem versículos completos, mas são umas “antas” quando se trata de lidar com as pessoas? O modelo está com ele, mas ainda não sabe montar…

 Mais importante que ter os dons é ter sabedoria para usá-los.

Muita gente foge aos nossos paradigmas de beleza, apresentação, pensamento, (…); parecem blocos mal montados… Usam piercings, tatuagens, roupas estranhas, mas às vezes são muito mais próximos de Deus, em suas orações, que muita gente que se diz já salva. “(…) Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus. E os que agora são os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.

Sejamos criativos! Não temamos seguir modelos! Não julguemos a forma de montar o LEGO do outro. Empenhemo-nos mais em não perder o que conquistamos!

Se conseguirmos seguir isso, a porta não será tão estreita assim!

 Propósito:

Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Evangelho do dia 31 de outubro terça feira 2023

 

31 outubro - Peçamos a Deus que nos torne santos, logo santos, com aquela santidade que Ele quer. (S 172).  São Jose Marello

 

Lucas 13,18-21

 "- Com o que o Reino de Deus é parecido? Que comparação posso usar? Ele é como uma semente de mostarda que um homem pega e planta na sua horta. A planta cresce e fica uma árvore, e os passarinhos fazem ninhos nos seus ramos.

Jesus continuou:
- Que comparação poderei usar para o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura em três medidas de farinha, até que ele se espalhe por toda a massa."  

Meditação:

 Certa vez os fariseus perguntavam a Jesus quando veriam ou viria o reino de Deus. Ele responde algo inusitado: “Ele já está no meio de vós”!

 Vamos tentar somar as pistas: “Ele está no meio de nós”, parece um “grão de mostarda”; é o fermento a ser espalhado na massa.

Imaginemos sovar massa para espalhar esse fermento de forma homogênea. Alguns estudiosos fazem uma analogia dessas três medidas às virtudes teologais: A fé, a esperança e o amor.

 Muitas vezes (mais de 90 vezes) o fermento é usado na bíblia como símbolo de algo mal, a ser evitado, (…), mas Jesus apresenta, nesse exemplo, um reino de Deus (fermento) que paira homogeneamente dentro dessas três medidas.

 Ele é algo tão pequeno, mas que faz crescer a massa ao ponto de não sobrar espaço, incrivelmente sobra para partilhar sua sombra; algo que bem sovado transborda a fôrma onde foi colocada a massa; algo que preenche nossas vidas.

O reino de Deus está dentro de nós e intimamente ligado a nossos valores mais íntimos. Ele está também no irmão que persevera na fé, na esperança e no amor ao próximo. Ele não está em apenas em uma virtude, mas como diz a analogia da palavra, sovado e pulverizado entre elas.

 Deus está na fé perseverante de quem insiste em levantar, mesmo que o dia lhe pareça adverso; Ele está na esperança que resiste ao tempo, aos prognósticos, as suposições, superstições; Ele também esta no gesto de amor ao próximo simbolizado pelo perdão, na caridade verdadeira, nos gestos de carinho, no afago, no preocupar-se, (…).

Deus está na lagrima de quem assiste a um programa de TV e chora a toa; é Ele que nos move a levantar no ônibus e ceder o lugar a alguém que precisa mais.

É Ele que nos ensina o que falar a quem mais precisa. Ele está na criança contente; no sorriso do meu (do seu) filho (a), na paz lá de casa.

Ele assiste nossas falhas, vê nossos erros; nos da sinais, se revela no outro; nos ensina, nos guarda, nos protege, (…) Deus está em todo lugar. Sovado nessa massa!

 Deus está na criança pobre que consegue estudar; no velho que consegue ainda ter forças para ajudar seus filhos a criar seus netos; é a força que nos faz superar a depressão, o pânico, (…).

Ele está na alegria por uma meta cumprida; na aprovação do vestibular, na força de tentar mais uma vez após um insucesso.

 Deus está no “dó” (misericórdia) que temos por uma árvore cortada ou arrancada, no sentimento de um animal ferido; no grito de um faminto. Deus está no mendigo deitado na calçada, no irmão protestante, no ateu, no judeu…

Na tempestade, Deus não estava no vento, mas no recomeço; Na morte, Deus não estava na dor, mas na coragem de levantar e continuar.

Na cegueira, Deus não está nos olhos, mas num coração que mesmo assim encontra o caminho de casa; Na favela, Deus não estava na bala perdida, mas está ao seu lado e sempre estará

 Realmente, Deus está sovado na massa!

Reflexão Apostólica:

 Quando uma pessoa entende muito de um assunto, consegue brincar com o próprio conhecimento na hora de repassá-lo. Os melhores professores sempre descobrem um jeito lúdico de ensinar algo complicado. Sempre começam mostrando algo que você entende, para depois fazer a comparação com o que ele quer que você aprenda.

Aproveitam-se do chamado "conhecimento prévio", para acrescentar um novo conhecimento. E muitas vezes, é através dessa simplicidade, que aprendemos coisas complicadíssimas, e nunca mais esquecemos... tudo por causa da comparação que o bom professor nos mostrou.

Quem nesse mundo entendeu mais de Reino dos Céus do que Jesus? E quem nesse mundo usou mais metáforas e comparações do que Jesus, para explicar algo complicado através de coisas simples do nosso dia-a-dia?

 Ele mesmo se desafiava constantemente, procurando formas de explicar para as pessoas simples, o que era o Reino de Deus. Quando se coloca simples, é simples meeeesmo!!! O agricultor, o pescador, a dona de casa, o pastor, o feirante... quase todos analfabetos...

Jesus tinha que usar exemplos que eles estavam acostumados a ver no dia-a-dia. E um detalhe fantástico: Jesus usava os exemplos mais simples possíveis, e em outra passagem chega a dizer que explicava essas coisas em parábolas a fim de confundir os doutores, justamente porque os doutores não tinham contato com coisas simples como plantar sementes, preparar massa de pão ou de bolo... então eles tinham mais dificuldade de entender, e às vezes se confundiam...

A didática de Jesus deveria ser copiada para todas as escolas, do jardim de infância até a universidade, como diz Augusto Cury, um dos maiores estudiosos vivos sobre a vida e o legado de Jesus.

Hoje, Ele se desafia. Com que poderei comparar o Reino dos Céus? Primeiro Ele compara com o homem que lança uma semente de mostarda no seu jardim. A semente gera uma árvore que os pássaros do céu fazem ninhos em seus galhos.

Qualquer pessoa simples daquela época conhecia que a semente de mostarda é a menor dentre todas as sementes, e que gera uma árvore enorme…

 E o que isso tem a ver com o Reino dos Céus? Vejamos que bela comparação: o homem que atirou a semente é o próprio Jesus; a semente é o Evangelho; o terreno é o nosso coração; e a árvore que vai crescendo a partir daquela semente é a nossa vida, que é próprio Reino dos Céus onde as aves do céu fazem ninho, ou seja, as crianças de todas as idades vêm se aconchegar aonde as pessoas vêm colher frutos para saciar sua fome de Deus onde tantos vêm descansar à sua sombra quando estão cansados… e mesmo quando vem o lenhador e corta o seus galhos ou até o seu tronco, a árvore exala perfume sobre o machado que a feriu, mas não morre antes de espalhar novas sementes pelo mundo afora.

A segunda comparação foi com o fermento que se mistura com 3 porções de farinha até que tudo fique fermentado. Jesus entendia até de cozinha! Quem cozinha sabe que não é só jogar o fermento e pronto… existe todo um processo para fazer o fermento penetrar na massa.

 Podemos imaginar aquelas mulheres, quando iam preparar o pão, fazendo as analogias a cada gesto durante a preparação do pão.

 A farinha é o nosso ser, e o fermento é o Amor. Enquanto a massa vai sendo misturada com o fermento, ela precisa ser batida, amassada, deformada e remodelada, para que o fermento se misture e fique igualmente distribuído em toda a massa, para que no momento de ir ao fogo, o pão resista ao calor e cresça por igual.

 Nós também precisamos ser amassados, deformados e remodelados para que o amor preencha todas as áreas da nossa vida.

 Enquanto houver áreas sem fermento, aquela área deverá ser amassada e sofrer um pouco mais, até que o fermento do amor entre nela.

 Tudo isso para que, no momento de ir ao fogo, o nosso pão cresça por igual, sem áreas deformadas pela falta do fermento.

Esta reflexão ficou grande (aliás, está menor que outras que temos postado), mas poderia ter ficado ainda maior, pela beleza e riqueza deste Evangelho. Jesus também se desafiaria para encontrar uma comparação interessante, com algo que você está habituado a ver no seu cotidiano, só para fazer você entender o que é o Reino dos Céus, e desejar, com todas as forças, fazer parte dele.

Propósito:

Senhor, faze de mim instrumento de teu Reino para que ele chegue a todas as pessoas, sem exceção, mormente os pobres e marginalizados.