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domingo, 28 de dezembro de 2014

Evangelho segunda feira 29 de dezembro - Oitava do Natal

29 - O menino Jesus segura em suas mãozinhas muitas pequeninas cruzes que deseja distribuir aos seus adoradores mais queridos; aceitemos também nós a nossa parcela. Essas cruzes, colocadas ao lado da sua, não são mais cruzes, porque Jesus as torna doces e suaves com o seu amor inefável. (S 217). São Jose Marello
Lucas 2,22-35

"Chegou o dia de Maria e José cumprirem a cerimônia da purificação, conforme manda a Lei de Moisés. Então eles levaram a criança para Jerusalém a fim de apresentá-la ao Senhor. Pois está escrito na Lei do Senhor: "Todo primeiro filho será separado e dedicado ao Senhor." Eles foram lá também para oferecer em sacrifício duas rolinhas ou dois pombinhos, como a Lei do Senhor manda.
Em Jerusalém morava um homem chamado Simeão. Ele era bom e piedoso e esperava a salvação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele, e o próprio Espírito lhe tinha prometido que, antes de morrer, ele iria ver o Messias enviado pelo Senhor. Guiado pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao Templo para fazer o que a Lei manda, Simeão pegou o menino no colo e louvou a Deus. Ele disse:
- Agora, Senhor, cumpriste a promessa que fizeste e já podes deixar este teu servo partir em paz.
Pois
eu já vi com os meus próprios olhos a tua salvação, que preparaste na presença de todos os povos:

uma luz para mostrar o teu caminho a todos os que não são judeus e para dar glória ao teu povo de Israel.
O pai e a mãe do menino ficaram admirados com o que Simeão disse a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus:
- Este menino foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente em Israel. Ele vai ser um sinal de Deus; muitas pessoas falarão contra ele, e assim os pensamentos secretos delas serão conhecidos. E a tristeza, como uma espada afiada, cortará o seu coração, Maria.
"
 

Meditação:

Estes são os dias de Natal, a celebração do nascimento de Jesus que se deu a mais de 2000 anos atrás. A Igreja é consciente de que não basta celebrar: cantar, alegrar-se, comemorar um acontecimento importante para nossa vida; sobretudo quando a celebração foi seqüestrada pelos comerciantes de tida espécie que fazem seu “Dezembro” às custas de nossa ingenuidade.

Quantos gastos inúteis nestes dias! Quantas frustrações por não poder gastar na proporção das incitações publicitárias!

Hoje a primeira leitura, tirada da 1a carta de João (1Jo 2,3-11), nos propõe uma forma alternativa, verdadeiramente cristã, de celebrar o fausto acontecimento do nascimento de Jesus: propõe que celebremos amando nossos irmãos como Jesus nos ensinou; guardando seus mandamentos que se reduzem a um único: o do amor. Permanecendo nele, vivendo nele, vivendo como Ele viveu.

Esta é a maneira de celebrar o Natal que a Igreja nos propõe, longe da vaidade, do esbanjamento e da inconsciência propostos nestes dias pelo comércio agressivo e pela propaganda ostensiva.

Há muitas luzes em nossas celebrações natalinas: as do presépio, as da árvore de Natal, as luzes com que enfeitamos nossas casas.

Também as cidades se engalanam nestes dias com luzes permanentes e luzes fugazes: os fogos de artifício, as luzes das vitrinas das lojas e dos avisos publicitários.

Entretanto, nenhuma dessas luzes vale a pena, são meras antecipações das trevas, se não tivermos em nós a luz de Deus, de sua verdade. São João nos diz que essa luz é a do amor aos irmãos.

Certamente ele pensa num amor eficaz, não puramente sentimental; no amor que perdoa, acolhe, ajuda, consola, protege, se solidariza com os necessitados... Não viver assim, no amor, é viver nas trevas, estar cegos, não saber para onde vai a nossa vida.

Os hinos de Isabel, Zacarias, Ana e Simeão se misturaram com o cântico de Maria para elogiar a obra de Deus que consiste no despedida dos poderosos e a exaltação dos humildes, designo que Jesus realizará com sua contraditória missão. Com efeito, a Pessoa, palavra e obra de Jesus, foi motivo de longa controvérsia e divisão. Ele pôs em evidência as verdadeiras intenções de muitos corações.

Suas ações profética desmascarou os interesses dos opressores e os mecanismos com os que manipulavam o povo. Anunciou a esperança definitiva para todos aqueles que não tinham a menor oportunidade. Mostrou com sua vida o verdadeiro rosto de Deus que estava cativo pelas instituições legalistas.
Maria, mãe e discípula, o acompanhou nesse processo. Muitas vezes com dor e algumas outras vezes sem poder compreender toda envergadura de suas ações. Todavia, fiel e firme, o seguiu até o último momento e depois participou da comunidade cristã que deu origem a evangelização do mundo gentio.

Maria nos mostra como o seguimento de Jesus tem uma altíssima dose de exigência e, inclusive, de dor. Pois, como mãe do Senhor, ela recorreu ao mesmo processo que seguiram outras discípulas e que lhes custou lágrimas e total abnegação

Precisamente na leitura do evangelho de Lucas que escutamos hoje, Simeão exclama cheio de alegria: “Meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.

Cristo é a luz do mundo, por sua palavra de fraternidade e de reconciliação, não só para Israel, o povo ao qual pertenceu por suas origens humanas, mas para todos os povos da terra, como diz o velho Simeão.

Simeão se dirigiu igualmente a Maria. É a última profecia sobre Jesus feita no Templo mesmo de Jerusalém, mas ela interessa também a Maria, pois Jesus vai ser causa de contradição, queda para uns e elevação para muitos. O testemunho do Messias operará como um peneira que purifica o interior do seu povo. Isto fará com que Ele seja sinal de contradição e objeto de resistência, e inclusive de perseguição (v. 34).

No versículo final deste texto Maria fica dentro das implicações deste anúncio. No mais íntimo da sua alma uma espada atravessará de lado a lado por causa das perspectivas messiânicas. Maria faz parte do povo de Israel. A fé é um processo que pode ser doloroso. O sofrimento na vida da mãe de Jesus será outra maneira de compartilhar a tarefa do Messias

A narrativa de Lucas se desenvolve sobre o pano de fundo do cumprimento do preceito legal da purificação. A Lei é mencionada cinco vezes. Como contraste, o centro da narrativa é o menino como sinal de contradição.

Lucas é o único evangelista que nos apresenta esta solene cena da apresentação de Jesus recém nascido, no templo de Jerusalém.

Aparentemente seus pais o levaram ali para cumprir as minuciosas prescrições da lei mosaica: a purificação da mãe, depois do parto, e o pagamento do resgate pelo nascimento de seu filho primogênito, pois os primogênitos pertenciam a Deus segundo a lei, e deviam ser resgatados com a oferta de certos animais.

O Espírito de Deus tinha outros planos: apenas atravessando os portais do templo saiu ao encontro dos pais de Jesus um ancião que, pela maneira como é descrito, representa os profetas e os justos do Antigo Testamento que durante tantos séculos esperaram o cumprimento das promessas divinas.

Simeão bendiz a Deus que cumpriu sua Palavra, enviou o seu Messias, o salvador do mundo. Agora pode morrer em paz. Simeão bendiz também os pais do menino, mas movido pelo Espírito anuncia-lhes algo do destino doloroso que lhes espera, ao menino e sua mãe: um será sinal de contradição, como uma bandeira que disputam exércitos inimigos; a mãe sentirá que uma espada vai lhe transpassar a alma.

Contemplando esta cena caímos na conta de que o Natal não é uma brincadeira infantil, uma mera ocasião para fazer feriado.

O menino a quem dedicamos canções de ninar para que durma placidamente, se transformará num homem, abandonará sua casa, sua família, seu trabalho, para assumir seu destino, sua vocação.

Proclamará aos quatro ventos sua mensagem: o Evangelho, a boa notícia do amor de Deus pelos pobres, pelos pequenos, pelos pecadores. Será condenado pelos poderosos do mundo a uma morte vergonhosa.

Com Ele, estamos comprometidos a ser discípulos, a segui-lo, carregando sua cruz. Na firme esperança de que Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, também nos dará, aos que lhe formos fiéis, a vida eterna.

Assim, pomos, à luz das leituras deste dia, uma nota de seriedade a estas celebrações que podem passar, até para nós cristãos, em meio à inconsciência e a vaidade.

Peçamos a Deus que nos dê clareza para ver as manifestações da libertação que vem de Deus; que estejamos dispostos a seguir o projeto de Jesus até as últimas conseqüências; que recriemos permanentemente o sentido de nosso batismo pelo qual somos discípulos e missionários.

Reflexão Apostólica: 

Os evangelhos diários geralmente seguem uma sequência de acontecimentos cronológicos e quando por ventura mudam, podem significar um dia especifico, festivo ou crucial da história de Jesus. Hoje, lembramos a apresentação do Senhor.

Repare o encanto no louvor feito por Simeão: “(…) Agora, Senhor, cumpriste a promessa que fizeste e já podes deixar este teu servo partir em paz. Pois eu já vi com os meus próprios olhos a tua salvação”.

Gostaria de trazer na lembrança um comentário e o exemplo dado num dos evangelhos que refletimos: um jovem que pedia que fosse acorrentado pelos próprios pais para não mais usar drogas e o homem que era atormentado por vários demônios. Jesus atravessa o mar da Galileia ao encontro de seu sofrimento. Ele já o conhece e o tinha convicção do quanto lutava; sabia das vezes que precisou se acorrentar para evitar que acontecesse.

Jesus, no caso do evangelho que trata do possesso, se apresenta como Senhor sobre tudo que assolava aquele que nem correntes o prendiam e o liberta.

Hoje, neste evangelho, nos braços de Maria, Deus apresenta Jesus a um servo fiel e também o liberta das dúvidas que o acorrentavam.

Quantos travam batalhas ha muitos anos para que aconteça a libertação de suas famílias, dos medos, dos preceitos… A paciência e a fé do servo foram vistas por Deus e no momento mais oportuno, foi contemplada.
A psicologia define que temos três esferas ou estruturas psíquicas – o Id, o ego e o superego. A grosso modo, o ID é nosso estado mais inconsciente, é o que representa nossas vontades de realização imediata. O superego é apresentado pelos nossos valores pessoais, crenças… Ele nos apresenta a razão. O Ego, que avalia nosso querer mediante o que o superego o subsidia tomando assim a decisão.

Quanto mais tempo pensamos, mais usamos a razão, os valores, … Respostas imediatas geralmente têm mais influencia do ID.

Quando compro um carro, sem pensar como pagá-lo; quando respondo a uma ofensa com outra ainda maior, quando leio ou escuto algo, já procurando os erros para rebater (…)
Por que estou apresentando esse conteúdo? Deus apresenta Jesus em nossas vidas quando Ele acha que chegou o momento.

Esses dias mencionei uma citação do padre Joãozinho sobre a idéia que o Paulo que escreveu a primeira carta de Coríntios é bem diferente daquele que escreveu a segunda. Ele escreve a derradeira carta bem mais sofrido e amadurecido pelas vitórias e derrotas e de forma humilde.
Sim! Muitos de nós como o apóstolo, precisamos cair do cavalo para termos a primeira apresentação do Senhor.

Quebrar a cara, tropeçar, cair, as vezes nos trazem ao real que não posso viver refém do ID de nossas vontades que as vezes são intempestivas.

Jesus não abandonou Paulo após o episodio de Damasco, espera seu servo amadurecer pelo caminho para novamente se apresentar a ele e confirmar sua missão.

O evangelho não fala por quantos anos Simeão esperou por essa apresentação, mas deixa claro, que possivelmente como nós, a “trancos e barrancos” tentamos nos manter fieis e esperar.

Sim, é duro ir para um lado e ver entes queridos preferirem ir para outro, mas o Deus que é fiel ouvirá nossos clamores e Jesus também atravessará qualquer mar para nos libertar.
Não sejamos reféns do ID e nem inertes justificados pelo superego. Tenhamos fé!


sábado, 27 de dezembro de 2014

Evangelho Domingo 28 de dezembro - Sagrada Família, Maria, e José

28 - Peçamos aos Santos Inocentes para que nos alcancem a graça de padecer aquele martírio lento, de cada dia, que nos causa o amor próprio ferido. (S 196). São Jose Marello
Lucas 2,22-40

"Chegou o dia de Maria e José cumprirem a cerimônia da purificação, conforme manda a Lei de Moisés. Então eles levaram a criança para Jerusalém a fim de apresentá-la ao Senhor. Pois está escrito na Lei do Senhor: "Todo primeiro filho será separado e dedicado ao Senhor." Eles foram lá também para oferecer em sacrifício duas rolinhas ou dois pombinhos, como a Lei do Senhor manda.
Em Jerusalém morava um homem chamado Simeão. Ele era bom e piedoso e esperava a salvação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele, e o próprio Espírito lhe tinha prometido que, antes de morrer, ele iria ver o Messias enviado pelo Senhor. Guiado pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao Templo para fazer o que a Lei manda, Simeão pegou o menino no colo e louvou a Deus. Ele disse:
- Agora, Senhor, cumpriste a promessa que fizeste e já podes deixar este teu servo partir em paz.
Pois
eu já vi com os meus próprios olhos a tua salvação, que preparaste na presença de todos os povos: uma luz para mostrar o teu caminho a todos os que não são judeus e para dar glória ao teu povo de Israel.

O pai e a mãe do menino ficaram admirados com o que Simeão disse a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus:
- Este menino foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente em Israel. Ele vai ser um sinal de Deus; muitas pessoas falarão contra ele, e assim os pensamentos secretos delas serão conhecidos. E a tristeza, como uma espada afiada, cortará o seu coração, Maria.
Havia ali também uma profetisa chamada Ana, que era viúva e muito idosa. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Sete anos depois que ela havia casado, o seu marido morreu. Agora ela estava com oitenta e quatro anos de idade. Nunca saía do pátio do Templo e adorava a Deus dia e noite, jejuando e fazendo orações. Naquele momento ela chegou e começou a louvar a Deus e a falar a respeito do menino para todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Quando terminaram de fazer tudo o que a Lei do Senhor manda, José e Maria voltaram para a Galiléia, para a casa deles na cidade de Nazaré.
O menino crescia e ficava forte; tinha muita sabedoria e era abençoado por Deus.
"
 

Meditação:

Hoje, a Palavra de Deus nos convida a contemplar a vida familiar. Vivemos em um mundo em que todas as instituições estão sendo relativizadas. Também a família, como lugar da vida digna, passa por uma séria crise de identidade e de sentido.

No evangelho, vemos toda a família de Nazaré no cumprimento dos preceitos religiosos; mas o mais importante é ver a família unida, realizando o plano de Deus.

Ontem vimos o ancião Simeão bendizendo a Deus pela presença do Salvador. Hoje, no mesmo ato da apresentação, a família encontra-se com Ana, uma profetisa. Ela, assim como Simeão, envelheceu esperando ver a glória de Deus. Em Jesus ocorre algo especial: o menino é a vida nova, o cumprimento da promessa libertadora de Deus.

Ana é uma mulher excluída por ser mulher, por ser viúva e por ser anciã; como Simeão, perseverou muitos anos esperando o Salvador para conhecê-lo antes de morrer.

Ela sabe ler os sinais dos tempos, descobrindo a ação de Deus na história e na realidade cotidiana. Jesus é o Messias esperado e desejado por muitos que estão em condições de pobreza, para que surja uma nova ordem social.

Ana, cujo significado é "graça", que assim como Simeão personifica a espera do Senhor e a libertação de seu povo. A dupla formada por Simeão e Ana se relaciona com a formada por Zacarias e Isabel, os pais de João Batista; demonstrando o interesse de Lucas em destacar a importância do homem e da mulher no projeto de Deus.

O evangelho conclui dizendo que Jesus, o menino antes apresentado no Templo, de quem falavam o profeta Simeão e a profetisa Ana, que nos veio do pobre, do humilde, do simples, de quem não conta, "ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele".

Ele crescia integralmente no seio familiar; algo que vale a pena ressaltar hoje. Jesus configura seu ser no lar, com sua família, é ali onde aprende a amar, servir, trabalhar e lutar por justiça.
Assim como Jesus ia crescendo em sabedoria e graça de Deus, nós, como seus seguidores, também somos chamados a continuar nosso crescimento como cristãos autênticos.

Crescer em autenticidade cristã é viver plenamente em Cristo; e este viver se concretiza na aplicação de seu projeto de vida para que todos tenham vida em abundancia. Que nossa espiritualidade se fundamente no Espírito de Jesus e este nos inspire a cantar as maravilhas do Senhor, a exemplo de Maria.

Agora, já crescidos e encaminhados na fé, com nossos próprios passos e nossa própria palavra, apresentemo-nos a Deus, a cada dia, comprometendo-nos em dar um santo testemunho de vida e fé.

Sejamos sempre luz, cumpramos sempre a promessa de Deus, buscando o Amor. Viver com Deus, para Deus e por Deus. Sejamos espelho para que o próximo nos veja como sinais de Deus. E busquemos também esses sinais nas pessoas que nos cercam.
Por fim, que Deus nos dê o discernimento para entender as Suas promessas nas nossas vidas.


A palavra de Deus se fez carne para satisfazer a esperança de um povo oprimido por dimensões políticas, econômicas, culturais e religiosas.

Ao final do relato, termina a vigem que José e Maria fizeram em terras da Judéia, e regressam a Nazaré na Galiléia. É nesse último contexto, em um lugar simples, pobre e solitário, onde Jesus crescia e se fortalecia em sabedoria e onde o favor de Deus o acompanhava.

Oremos hoje por todas as famílias do mundo, para que sejam verdadeiras escolas de vida nas quais o amor, a escuta e a compreensão sejam as principais características.

Estou descobrindo a ação de Deus nos sinais dos tempos? Em que rostos estou reconhecendo a chegada de Jesus? Com que feitos concretos o estou recebendo e quais são meus compromissos reais para com os que esperam libertação de todo tipo de morte, de injustiça e desigualdade (não confundir isto com aberrações do tipo "casamento" entre pessoas do mesmo sexo)?
 
 Reflexão Apostólica: 

Como não admirar a Sagrada Família?! Portadores da graça, mas simples adoradores a servir e obedecer às leis. Num momento tão ímpar de suas vidas, se preocupavam primeiramente em cumprir, passo-a-passo as tradições de sua lei.

E hoje, temos o mesmo zelo? Nossos filhos vão a catequese, à crisma? E melhor que isso, os acompanho? O que adianta catequizar os filhos se não vou à missa, as reuniões periódicas, se não participo (…)?

Diz um ditado popular que o exemplo arrasta, sendo assim, pouco adianta o esmero dos mais talentosos catequistas em duas ou três horas semanais se o restante do tempo os pais não se empenham e regar a semente plantada. É uma dura e injusta luta: educar e ensinar duas horas e nas outras 22 horas deseducar. Não extingamos o Espírito Santo pela omissão.

O corre-corre nos fez um tanto omissos com a criação dos nossos filhos. Queremos o melhor para eles, mas esse melhor não podemos dar, pois trabalhamos o dia inteiro.

Tão cedo os colocamos na escola, para os ensinar o que é segundo a pedagogia, obrigação nossa. É um testemunho pessoal, pois apesar de escrever todo dia, quem ensinou o sinal da cruz para meu filho foi minha esposa.

Sim, graças a Deus, Ele sempre zela pelos nossos, mas isso não nos credencia a fugir de nossas responsabilidades. É tão fácil acender a lareira, mas é preciso ter uma motivação diária em buscar lenha para manter o fogo aceso.

É duro dizer isso, mas dá-se impressão que muitos pais acham que as obrigações pela fé pelos costumes e hábitos são dos professores e catequistas e não nossas.

Terrível é imaginar que a condição de eu ir a missa é que não me contrariem, não me cobrem, não me digam verdades. Que ao primeiro sinal de cobrança paro de ir, fico em casa, troco de religião…

O engraçado é que muitos que trocam de religião justificadas pelo excesso de regras e zelo da igreja acabam se rendendo a regras ainda mais severas em outras igrejas. Passam a não cortar os cabelos, saias cumpridas.

Graças a Deus nossa igreja não se rende a vontade das pessoas, pois se isso acontecesse imagino o que seria, pois temos a ingrata mania de escolher as regras e convicções que melhor nos agradam.

Descobri recentemente que durante o ofertório e comunhão não fazemos “filas” e sim procissões. Parece ser a mesma coisa, mais “procissão” denota de vontade própria, espontânea, que aguardará a espera, pois algo importante esta a frente, (…).

Nossa fé e dos nossos filhos não pode ser encarada uma fila e sim uma procissão. Se temos pouco tempo, planejemos então novas estratégias. Apesar de toda vontade de Deus em se revelar a nós é preciso que Ele não precise mendigar pelo nosso amor, nosso interesse…

Como a Sagrada Família, temos algumas obrigações a serem cumpridas: “(…) E vós, pais, não provoqueis revolta nos vossos filhos; antes, educai-os com uma pedagogia inspirada no Senhor“. (Ef 6, 4)

Propósito:

Pai, a exemplo de Simeão e de Ana, faze-me penetrar no mais profundo do mistério de teu Filho Jesus, e torna-me proclamador da salvação presente na nossa história. Senhor Jesus Cristo, tu restaurastes a família humana, restabelecendo a primitiva unidade, vivendo com Maria, tua Mãe, e são José, o pai adotivo, durante 30 anos em Nazaré. Afaste das famílias do mundo os  males que as ameaçam. Ajude-me a promover em minha família, os sentimentos e os propósitos de união indissolúvel, amor generoso, fidelidade permanente, preservação dos valores morais e perseverança constante na tua graça.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Evangelho sábado 27 de dezembro - São João Apóstolo e evangelista

27 - Amemo-nos. São João Evangelista, velho e incapacitado para o ministério, fazia-se carregar nos braços pelos discípulos e não se cansava de repetir estas palavras: "Diligite vos alterutrum, ut salvemini: Amai-vos uns aos outros para que possais salvar-vos!" (L 8). São Jose marello

Leitura do santo Evangelho segundo São João 20,2-8
 "Domingo bem cedo, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi até o túmulo e viu que a pedra que tapava a entrada tinha sido tirada. Então foi correndo até o lugar onde estavam Simão Pedro e outro discípulo, aquele que Jesus amava, e disse:
- Tiraram o Senhor Jesus do túmulo, e não sabemos onde o puseram!
Então Pedro e o outro discípulo foram até o túmulo. Os dois saíram correndo juntos, mas o outro correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro. Ele se abaixou para olhar lá dentro e viu os lençóis de linho; porém não entrou no túmulo. Mas Pedro, que chegou logo depois, entrou. Ele também viu os lençóis colocados ali e a faixa que tinham posto em volta da cabeça de Jesus. A faixa não estava junto com os lençóis, mas estava enrolada ali ao lado. Aí o outro discípulo, que havia chegado primeiro, também entrou no túmulo. Ele viu e creu."

Meditação: 

 Parece até uma feliz e bonita coincidência litúrgica o fato de que hoje, a dois dias da grande festa do Natal, celebremos a memória de são João, o filho de Zebedeu, irmão de Tiago, pescador do lago de Genesaré, um dos primeiros chamados por Jesus a ser seu discípulo, a converter-se em seu apóstolo, mencionado nos evangelhos sinóticos.

A Igreja reconhece em João a fonte de uma tradição especial presente em vários escritos do Novo Testamento: o 4o. evangelho, três cartas e o livro do Apocalipse.

Hoje lemos o começo da 1a. Carta de João (1Jo 1,1-4), em perfeita consonância com o tempo do Natal que estamos vivendo.

O apóstolo nos diz, com palavras bem solenes, que ele e seus companheiros nos transmitiram sua própria experiência da Palavra da vida; experiência palpável, visível, seguramente referindo-se ao seguimento que fez de Jesus pelas estradas da Galiléia e de toda a Palestina, ouvindo sua pregação, sendo testemunhas de seus milagres de cura e libertação dos demônios, de suas controvérsias com diferentes grupos opositores, e da acolhida que sempre dispensava aos simples, aos pequenos e, em geral, aos pobres.

João nos transmite esta experiência para que também nós, como os apóstolos, estejamos unidos, pela fé, a Jesus Cristo e a Deus Pai que o enviou, e para que exultemos de alegria porque com a Palavra recebemos a vida eterna.

Mais adiante a 1a. Carta de João nos faz insistentes apelos à vida de fé e de caridade, porque nela essas duas virtudes (a fé comprometida, gozosa e valente, e o amor fraterno) compendiam toda a vida cristã.

No Evangelho de João encontramos um discípulo não identificado. Ele é mencionado cinco vezes como "o discípulo que Jesus amava", três vezes como "o outro discípulo" e uma vez como um dentre "dois de seus discípulos" (um, incógnito e outro, André).

Ao longo dos séculos os cristãos não tiveram dúvida sobre a identidade do “discípulo amado”. Sempre viram nesta figura o próprio João, que cala seu próprio nome por modéstia.

Somente a partir do século passado é que algumas vozes mais críticas começaram a manifestar sérias dúvidas sobre esta identificação tradicional, levantando-se a possibilidade de que o autor do evangelho pretendia, através deste discípulo anônimo, dirigir-se ao próprio leitor de seu texto. É ao leitor que Jesus ama e fala.

O que menos importa aqui é comprovar tal identificação. O mais importante é que a figura do discípulo amado pode ser a nossa, sempre e quando crermos firmemente em Jesus, que Deus, ao ressuscitá-lo dentre os mortos, o constituiu para nós Senhor e salvador, e que estamos chamados a ser sua presença no mundo, a levar aos outros o anúncio gozoso da Boa Notícia, do Evangelho.

A fé na Ressurreição será o eixo em torno do qual girará a pregação dos Apóstolos. E em nome desta fé aqueles que crêem em Jesus, serão obrigados a fazer de suas vidas um constante anúncio da intenção de Deus sobre a humanidade, expressa em seu enviado, Jesus

É bem provável que João tenha escrito de próprio punho e letra todas estas obras, mas elas têm um “ar de família”, uma série de elementos lingüísticos, literários e teológicos que revelam seu parentesco e sua dependência de uma tradição ou algumas fontes comuns que levaram a Igreja a atribuí-las a este personagem.

Na leitura de uma passagem do final do evangelho de são João, assistimos a uma cena singular: o descobrimento, por parte de Maria Madalena, de que o túmulo de Jesus estava vazio.

Ela corre contar a Pedro e a outro discípulo, aquele mais amado de Jesus, e eles, por vez, correm ao sepulcro para verificar a notícia.

A Igreja tradicionalmente identificou esse discípulo anônimo, caracterizado como o título significativo de “discípulo amado de Jesus”, que aparece a partir do relato da cena de despedida, nos momentos significativos dos últimos dias e instantes de Jesus, com João, o suposto autor do 4o. evangelho.

Todo o evangelho de João deixa perceber, a fé penetrante que reconhece a eternidade de Jesus presente em sua humanidade, sem a necessidade de visões do ressuscitado para crer.

Para o cristão, a figura do evangelista é “exemplar”, como já dissemos. É uma figura estimulante.

Com quanto amor deve ter escrito o seu texto! Com quanta paixão deve ter anunciado o evangelho!

Nesta festa de São João, somos chamados a acreditar em Jesus Cristo. Os discípulos que viveram com ele, viram e acreditaram nele.

Nós que não o vimos em sua existência terrena somos convidados a vê-lo e acreditar nele em seu projeto. A Bíblia, os irmãos, a Igreja são mediações para esse encontro com o ressuscitado

Assim, nós que estamos celebrando tão gozosamente o Natal do Senhor Jesus, devemos nos comprometer a proclamá-lo e anunciá-lo a todos, com a mesma alegria e coragem.

Reflexão Apostólica:

 Não é preciso dizer o porquê o evangelho mudou para João não é? Realmente temos um bom motivo para “fugirmos” da seqüência das leituras. Hoje é dia de são João Evangelista.

Para falar um pouco desse apóstolo me permitam usar alguns jogos de palavras e analogias que no fim ficará bem entendido a intenção.
Primeiramente… Segundo o site das Paulinas “(…) João era um dos mais jovens apóstolos de Cristo, irmão do discípulo Tiago Maior, ambos filhos de Zebedeu, rico pescador da Betsaida, e de Salomé, uma das mulheres que colaboravam com os discípulos de Jesus. Assim como seu pai, João era pescador, e teve como mestre João Batista, o qual, depois, o enviou a Jesus. João, Tiago Maior, Pedro e André foram os quatro discípulos que mais participaram do cotidiano de Jesus”

E isso, quem acompanha ou estuda os evangelhos é bem claro, mas o que esse evangelista tem de diferenciado dos outros?
Alguns estudiosos (será que são estudiosos mesmo?) não dão muito valor nos escritos de João em virtude de ter sido alguém com pouca formação ou instrução em relação aos outros três  evangelistas, mas ele vence o próprio pré-conceito dos estudiosos quando deparam com situação de sua vida que profundamente o marcaram.
João esta presente nos grandes milagres do seu mestre, mas de forma especial é o único deles presente no último instante aos pés da cruz.

Quantos de nós também já foram ou ainda são vistos como pessoas sem valor, pouco talentosos ou habilidosos num campo de atuação ou trabalho, mas Deus nos escolheu para presenciar ou ser Seu instrumento em grandes obras?

Conta a tradição popular que após sofrer tantas perseguições, João foi condenado a ser banhado num caldeirão de óleo quente, mas diz a tradição que nada aconteceu com ele ao ser imputado a esse martírio. Homem de fé e passivo foi a ele que Jesus confiou a guarda de sua mãe, portanto não seria difícil de acreditar que o “discípulo muito amado” e guardião do sacrário vivo de Jesus (Maria), resistisse sem flagelos ao óleo quente.

O que vejo nessa situação é a repetição dos fatos no dia-a-dia: Os que eram vistos como os primeiros, habilidosos, superiores, (…), somem aos pés da cruz, mas os que realmente amam a Deus permanecem. Não estou dizendo que esses são os santos, mas talvez possam ser até mesmo os de “gênio” mais difíceis, mas não se afastam de Deus nas dificuldades, alegrias ou quando impostos a fervura dos óleos da inveja, da arrogância, do orgulho, (…).

Todos que amam a Deus, possivelmente, um dia serão impostos a fervura do mundo. Serão perseguidos, difamados, caluniados e não por que Deus fique feliz, ou seja, um observador passivo nisso, mas como um processo integrante de um crescimento individual que cada cristão deverá passar. Ninguém verá um filho se formar numa faculdade se não acompanhar de perto ano a ano na escola, nas provas, avaliações e vestibulares da vida.

Quem ama a Deus esta sempre perto pra ver os milagres acontecer, portanto não é prudente fugir dos seus olhos e todo aquele que resolve ter a coragem de ficar, recebe de Deus a proteção de Maria.
Quem está na fervura creia que profundamente que sairá ileso ou mais forte após tudo isso.

Que São João Evangelista nos abençoe!


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Evangelho sexta feira 26 de dezembro - Santo Estevão protomartir

26 - SANTO ESTÊVÃO - ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO E DE BATISMO DE SÃO JOSÉ MARELLO (1844).
Desejo-lhes uma palma gloriosa no Paraíso, num trono bem próximo à nossa Mãe, Maria Santíssima e ao nosso amável padroeiro São José. (S 359).
Mateus 10,17-22

"Cuidado com as pessoas, pois vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Por minha causa, sereis levados diante de governadores e reis, de modo que dareis testemunho diante deles e diante dos pagãos. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em como ou o que falar. Naquele momento vos será dado o que falar, pois não sereis vós que falareis, mas o Espírito do vosso Pai falará em vós. O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais e os matarão. Sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo." 

Meditação:

O evangelista Mateus apresenta o que significa seguir Jesus. Mostra as exigências e riscos do seguimento de Cristo.

É obvio que a comunidade de Mateus estava passando por situações de sofrimento e perseguição, situação que também teve que passar Jesus.

É bom lembrar que os cristãos foram expulsos pelos judeus no ano 70, por anunciarem a Boa Nova de Jesus Cristo. Tiveram que comparecer em tribunais, foram maltratados e ultrajados.

Mas nem tudo é dor, sofrimento e contradição: também há uma mensagem de alento e esperança para todos aqueles que se arriscaram assumir este caminho libertador: "Não se preocupem com o que vão dizer"!

Foi exatamente essa confiança que alimentou e sustentou o santo que celebramos neste dia, santo Estevão, o primeiro mártir do cristianismo.

Ele anunciou incansavelmente o Evangelho, foi preso e levado até o Sinédrio para interrogatório. Foi caluniado e posteriormente apedrejado pelos judeus.

Pode parecer estranho que no dia seguinte à grande celebração natalina da Igreja, a liturgia nos proponha a festa do primeiro mártir cristão.

Talvez não o faça propositalmente, mas se trate de uma feliz coincidência litúrgica: adorar a Jesus recém nascido é algo tão sério e tão grave como estar disposto a dar a vida por Ele e por seu evangelho, estar disposto a ser seu mártir.

“Mártir” é uma palavra grega que significa “testemunha”, estritamente falando, quem deu sua vida para ratificar seu testemunho.

Portanto, cumpriam-se em Estevão, as palavras de Jesus que meditamos hoje no evangelho de Mateus: "O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais e os matarão. Sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.".

Nosso mundo, cheio de injustiças, guerras, fome, covardias e inconseqüências precisa de homens como Estevão que, sem se importar com as conseqüências, não se cansem de anunciar a justiça, a verdade, o amor e a misericórdia de Deus.

Ao longo dos séculos a Igreja contou com um exército de mártires de toda classe e condição: homens e mulheres; velhos, adultos, jovens e até crianças; papas, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos; ignorantes e sábios; pobres e ricos, cristãos de todos os tempos, até nossos dias, deram sua vida por Jesus Cristo e seu evangelho.

Peçamos ao Pai, seu Espírito de força, coragem, confiança e perseverança para continuarmos na caminhada, e para que de alguma forma consigamos mostrar às pessoas, que um mundo de paz, justiça e dignidades é possível, e podemos iniciar dentro de nossa casa, na nossa família.

Reflexão Apostólica: 

"Enquanto tantos de nós passamos o Natal preocupados com compras caríssimas, ceias exóticas, bebedeiras e tudo o que ofusca totalmente o aniversariante, o Menino Deus, humildes cristãos africanos morreram há poucas horas por celebrarem heroicamente a noite do nascimento do Salvador do mundo, desafiando as proibições tácitas dos fanáticos e intolerantes de outro credo que predomina no país. A gente olha na esquina a galera bebendo até essas horas numa gargalhadaria contínua e irracional, e imagina o sofrimento daqueles cristãos para viverem e celebrarem sua fé... que desgosto !!! Não há mais o que pensar e dizer..." (e-mail recebido de Jordan Perdigão)

"[...]Pelo menos 27 pessoas morreram, NUM domingo, na explosão de uma igreja católica em Madalla, perto de Abuja, capital da Nigéria [...] "

"O atentado contra a igreja na Nigéria, precisamente no dia de Natal, manifesta infelizmente mais uma vez um ódio cego e absurdo que não tem nenhum respeito pela vida humana".(Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano)

"Sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Diante da notícia acima (e outras recentes) bem como do brilhante comentário do Perdigão, pode até parecer coincidência mas as palavras de Jesus, no Evangelho de hoje são proféticas: Ele nos anuncia o que os cristãos de alguns lugares estão passando hoje: incompreensão, contradição, perseguição. "Sereis odiados por todos, por causa do meu nome.".

O destino do discípulo de Jesus é o mesmo do Mestre. Ele foi rejeitado pelos grupos dos fariseus como inimigo da ordem querida por Deus. O mesmo acontecerá com os discípulos.

Um discípulo de Jesus, a nova imagem de Deus, tem como tarefa: testemunhar, na pobreza, na simplicidade, na humildade e em todas as circunstancias, com coragem e clareza.

O evangelho recorda que esta nova imagem de Deus gera conflito e perseguição. Se Deus vive no nosso meio é preciso transformar nossa vida, viver segundo Deus.

Se Deus vive em nosso meio, deve-se acabar com privilégios, exclusivismos e com o poder que gera a separação, para recuperar a dignidade de toda criatura e de todo ser humano.

"Ainda hoje há pessoas que, não conseguindo reconhecer a Deus na fé, se interrogam se a Força última que segura e sustenta o mundo seja verdadeiramente boa ou, então, se o mal não seja tão poderoso e primordial como o bem e a beleza que, por breves instantes luminosos, se nos deparam no nosso cosmos. «Manifestaram-se a bondade de Deus (…) e o seu amor pelos homens»: eis a certeza nova e consoladora que nos é dada no Natal." (Bento XVI - Homília, Natal 2011)

Reconhecer este Deus implica romper com nossa tendência para buscar Deus no que consideramos bom e santo, e atrever-nos a “ler” sua presença na natureza, na história, mesmo nos lugares e pessoas em que nos custa encontrá-lo, onde seja mais difícil descobri-lo e aceitá-lo

Manter-se fiel até o fim é o que Cristo nos pede hoje. A recompensa? A salvação! Ontem celebramos o nascimento de nosso Rei. Hoje celebramos o triunfal martírio de seu soldado Estevão. Cristo nos adverte que ser seu seguidor não é um caminho fácil.

Quantas vezes se riram de nós por sermos cristãos, no trabalho ou no colégio, os vizinhos ou amigos, e inclusive em nossa próprias famílias?

Essa é a perseguição, e muitas outras, que nos adverte Cristo a fim de que tenhamos esperança e forças para nos mantermos firmes com a ajuda do Espírito, que falará por nós. Que maravilhoso é ser instrumentos de Deus para sua mensagem!

O Filho de Deus tomou nossa natureza humana para enobrecê-la, purificá-la e divinizá-la; para que fôssemos filhos de Deus, e o somos pela Graça, se a vivermos imitando, reproduzindo em nós as virtudes de Jesus: seu amor ao Pai, seu zelo pela salvação das almas, sua obediência, sua humildade, sua pobreza, sua santidade para, definitivamente, construir seu Reino.

Talvez não mereçamos a graça de poder dar nossa vida pelo Evangelho, porém é uma exigência de nossa fé dar testemunho diante dos demais, com nossa vida e com nossas palavras, com nosso compromisso por construir um mundo mais humano e mais justo onde nós, os que nos consideramos filhos de Deus, possamos viver em paz e com dignidade, onde transformemos em realidade os ensinamentos daquele cujo nascimento estamos celebrando nestes dias.

Pensemos nas palavras que nos diz santo Agostinho: “Tu, sendo homem, quiseste ser Deus, para tua perdição. Ele, sendo Deus, quis ser homem, para tua salvação”.
Por tudo isso, concluímos essa reflexão com as palavras finais de Sua  Santidade o Papa Bento XI, proferidas em sua mensagem "Urbi et Orbi":

"O nascimento do Salvador sustente as perspectivas de diálogo e colaboração no Myanmar à procura de soluções compartilhadas. O Natal do Redentor garanta a estabilidade política nos países da região africana dos Grande Lagos e assista o empenho dos habitantes do Sudão do Sul na tutela dos direitos de todos os cidadãos.

Amados irmãos e irmãs, dirijamos o olhar para a Gruta de Belém: o Menino que contemplamos é a nossa salvação. Ele trouxe ao mundo uma mensagem universal de reconciliação e de paz. Abramos- Lhe o nosso coração, acolhamo-Lo na nossa vida. Repitamos-Lhe com confiada esperança: «Veni ad salvandum nos»."

Propósito:

Senhor Jesus, agora ficou claro para mim que a minha missão, como discípulo e missionário de teu amor, tem a grande responsabilidade de garantir que a tua Palavra não se perca. É o meu trabalho, e depende de mim, que a tua mensagem de amor cheque a todos os homens e a todas as mulheres, começando com a minha própria família. Eu confio em tua graça, que nunca desilude um coração que realmente chega perto de Ti. Espírito de coragem perseverante, nas adversidades da vida, vem em meu auxílio, e ajuda-me para que não arrefeça a minha adesão a Jesus e ao Reino. 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

EVANGELHO 25 DE DEZEMBRO - NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

25 - NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
Queremos que seja ouvido o desejo no qual redundam todos os demais: "Salvator noster, salva nos: Salvador nosso, salvai-nos!" (L 244). São Jose Marello

João 1,1-18

"No começo aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus. Desde o princípio, a Palavra estava com Deus. Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe foi feito sem ela. A Palavra era a fonte da vida, e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas. A luz brilha na escuridão, e a escuridão não conseguiu apagá-la.
Houve um homem chamado João, que foi enviado por Deus para falar a respeito da luz. Ele veio para que por meio dele todos pudessem ouvir a mensagem e crer nela. João não era a luz, mas veio para falar a respeito da luz, a luz verdadeira que veio ao mundo e ilumina todas as pessoas.
A Palavra estava no mundo, e por meio dela Deus fez o mundo, mas o mundo não a conheceu. Aquele que é a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu. Porém alguns creram nele e o receberam, e a estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascem os filhos de um pai humano; o próprio Deus é quem foi o Pai deles.
A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade. E nós vimos a revelação da sua natureza divina, natureza que ele recebeu como Filho único do Pai.
João disse o seguinte a respeito de Jesus:
- Este é aquele de quem eu disse: "Ele vem depois de mim, mas é mais importante do que eu, pois antes de eu nascer ele já existia."
Porque todos nós temos sido abençoados com as riquezas do seu amor, com bênçãos e mais bênçãos. A lei foi dada por meio de Moisés, mas o amor e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém nunca viu Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, foi quem nos mostrou quem é Deus.
"

Meditação: 

Hoje estamos em festa, pois celebramos o nascimento de Jesus. É a festa do Deus humanado, que se fez homem para viver entre nós..
É uma celebração de júbilo e alegria para os cristãos, os que reconhecemos em Jesus o iniciador de um caminho religioso universal oferecido por Deus a toda a humanidade.
Celebrar hoje o mistério da encarnação é reconhecer que Deus se humaniza em Jesus criança, humilde, pobre, frágil, e que revela outra lógica, a do amor indefeso do bem Deus que necessita ser cuidado para sobreviver.

Iniciamos hoje o tempo do Natal, tempo de cantar a alegria pois o nascimento de uma criança coloca Deus no meio de nós como maravilhosa manifestação de seu amor. 
A leitura do livro de Isaias (Is 52,7-10) é um canto de louvor da libertação de Jerusalém que se aproxima. Duas imagens marcam a leitura, por uma parte a dos mensageiros que sobre os montes de Judá trazem a noticia da libertação próxima e gritam: Javé reina!
A segunda imagem é a dos sentinelas que prorrompem em júbilo porque vêem o retorno de Javé a Sião e exclamam alvoroçados como o senhor consolou seu povo e resgatou Jerusalém.

É no contexto em que o livro do profeta Isaias foi escrito, a maioria do povo de Israel se encontrava exilada na Babilônia, são escravos dos Assírios.
Contudo, vêem como muito positivo que Dario assuma o poder, pois colocam suas esperanças naquele que será o libertador, que permitirá o retorno à sua terra.
Esta realidade é iminente porque o escritor canta a alegria do retorno à terra. Para nós hoje, esses pés do mensageiro anunciam o nascimento do Senhor e nós, como sentinelas, proclamamos alegres a presença do salvador que se faz vida no meio de nós.
O Salmo responsorial (Sl 97/98,1.2-3ab.3cd-4.5-6) corresponde a um hino de louvor dirigido a Javé, por ter realizado maravilhas e porque revelou a justiça às nações recordando-se da lealdade de Deus a Israel.

O salmista convida toda a criação (mares, rios e montes) a aclamar a Javé que chega para julgar o mundo com justiça e os povos com equidade.
Esta felicidade nós a partilhamos com o salmista quando recebemos Jesus que nasce. Ele é o Deus mesmo que se converte em Boa Noticia, anuncio de salvação para todos os povos, que assume nossa condição humana e por isso estamos alegres e cantamos cheios de jubilo e esperança.

A carta aos Hebreus (Hb 1,1-6) reforça ainda mais a alegria desta celebração da Natividade do Senhor Jesus.
Expressa que muitas vezes e de múltiplas maneiras Deus falou no passado a nossos pais por meio dos profetas, porém nos últimos tempos nos falou por meio de seu Filho a quem constituiu herdeiro de tudo. Irmãos, estamos nos últimos tempos, pois a revelação chegou à sua plenitude em Jesus Cristo.
Ele é a imagem do Deus invisível, aquele que o vê, vê o Pai; pois ao assumir a condição humana e ao nascer em um estábulo, como um homem pobre, Deus se manifestou solidário com todos os homens da terra e por meio de Jesus mostrou o caminho da salvação.

 Ontem, na Missa da noite , líamos o relato do nascimento de Jesus, segundo a belíssima narração de Lucas. Líamos que os pastores foram a Belém e encontraram o menino tal como lhes haviam dito: com sua mãe, uma humilde donzela que guardava no coração as coisas tão grandes que Deus estava manifestando, e junto a José, um humilde carpinteiro que devia cuidar dos dois.
 Um menino não sentado num trono de grandeza e poder, mas na morada dos mansos animais que acompanham os pobres e os humildes.

Assim Deus se nos mostra, assim revela sua vitória, sem a prepotência dos conquistadores nem a violência dos poderosos. Sem armas, sem exércitos. Não provoca gritos de terror nem soluços de angústia. Diante da amorosa presença do recém nascido, tanto os anjos como os pastores irrompem com cantos de alegria.
A liturgia de hoje nos propõe o prólogo do evangelho de João para a reflexão. Este hino ao Verbo-Palavra de Deus, à Verdade, à Luz, que é o próprio Jesus, possui uma dinâmica descendente.

No principio a Palavra se encontra ao lado de Deus e por ela são feitas todas as coisas. É a Palavra preexistente, junto de Deus e antes de todos os tempos.
Esta Palavra, que é Jesus, armou Morada entre nós, se fez carne, assumiu a condição humana, se fez um de nós e por ele nos comunicou o Pai, por ele vimos a Deus.
João veio para dar testemunho de Jesus, preparou-lhe o caminho, veio antes para anunciar a vinda do Salvador.
Veio a Luz que é Jesus e os seus, que o evangelho de João chama judeus, não o receberam, porém aos que o acolheram lhes deu o poder de fazer-se filhos de Deus no Filho (irmãos).

Como se vê, é um texto teológico muito profundo, nele se expressa o mistério da encarnação. Deus se faz homem, assume a temporalidade e limitação dos homens para tornar infinito e ilimitado o homem. Deus se faz homem para fazer do homem imagem de Deus.
Somos convidados a assumir esta mesma dinâmica em nossa vida como cristãos, encarnar, assumir os valores e realidades dos lugares onde vivemos, olhar para baixo, para os que são vistos pela sociedade como pouca coisa, e reconhecer que neles a revelação de Deus acontece aos olhos do crente.
Buscamos as seguranças em nossas vidas, porém a novidade da encarnação de Jesus é o risco de abandonar a segurança do Pai para assumir a insegurança da condição humana e da condição humana pobre, por isso é que crer em Jesus implica o risco de deixar tudo para segui-lo.

O capitalismo converteu o Natal em festa dos ricos, com a troca de muitos e luxuosos presentes, o que vai ampliando a distancia entre pobres e ricos, que não tem nem o que comer nem o que presentear.

Certamente é nestes pobres que Jesus nasce e daí nos desafia a assumir um projeto de transformação a favor da vida.


Reflexão Apostólica: 

Acabamos de ler o prólogo do evangelho de João. Ele nos diz quase laconicamente que a Palavra de Deus, pela qual foram feitos o mundo e tudo o que o contém, fez sua morada entre nós, como se armasse sua tenda de pastor entre as ovelhas do rebanho, para iluminá-las com a luz suave de sua presença que espanta as trevas.

Esta é a Palavra eterna e criadora, que vem de Deus, que se encarnou em Jesus há mais de dois mil anos e veio nos trazer uma mensagem de esperança, para que todos os homens possam chegar a ser filhos de Deus.

Este evangelho de Natal nos apresenta dois elementos importantes para a vida do cristão: a Palavra e a Luz.
  
Suas palavras de vida eterna, como descreveu Pedro, promovem vida digna para todos os seres humanos.

Essa Palavra que existia desde a eternidade se manifestou humanamente na pessoa de Jesus, que habitou entre nós e vive presente em meio da humanidade sofredora e necessitada.

Por meio da Palavra somos iluminados e enviados a anunciar o Evangelho a todos os povos do planeta.

Jesus é essa Luz verdadeira que ilumina toda pessoa. Ele veio ao mundo, mas foi rejeitado pelos seus e continua sendo rejeitado hoje pelos que não compartilham seu projeto de vida.

Nossa missão, como seguidores de Cristo, é a de sermos testemunhos dessa Palavra e da luz do mundo.

Por isso, acolher o Natal, que hoje celebramos com alegria e esperança, requer acolher de verdade a mensagem que o Redentor veio nos: "Amem-se uns aos outros, como eu vos tenho amado".

Celebramos o mistério da encarnação. Deus assume a condição humana em Jesus de Nazaré.

Os evangelhos enfatizam as condições humildes de seu nascimento e assinalam como condição para esse nascimento a aceitação profunda e consciente por parte de José e Maria, a lógica do agir de Deus acontecendo em um povo pobre e simples.

Ser seguidor de Jesus é assumir seu caminho, o caminho da encarnação nos desafios de uma cultura e de uma época; uma obediência incondicional a Deus até a morte.

Por isso, celebrar o Natal não é somente uma recordação, é lutar dentro de nossos povos e nossas circunstancias para que a dignidade de homens e mulheres seja respeitada, para que tenhamos condições dignas de vida, e para que os nossos países sejam lugares mais de acordo com o sonho de Deus, do Reino. Nesse espírito, essencial do cristianismo, Feliz Natal a todos!

Apenas sentimentos de alegria e gratidão podem ocupar nosso coração neste dia, pela proximidade amorosa de Deus, pela salvação e perdão que nos oferece tão gratuita e desinteressadamente.

Porque nos revela que sua vontade não é outra senão a nossa felicidade, e que Ele quer ser para nós um Pai amoroso sempre nos esperando e acolhendo.

O mundo pode estar bem orgulhoso de suas conquistas e progressos, especialmente quando começa este terceiro milênio de tantas maravilhas.

Triste é saber que tudo isso está reservado, por enquanto, somente para uns poucos, e que a maioria dos seres humanos, por causa do egoísmo e da cobiça, sofre de muitos males.

Nós, cristãos, ao celebrar o nascimento de nosso salvador, devemos nos comprometer a repartir com todos a alegria que hoje nos embarga, fazendo com que cada vida humana seja uma oferta e um testemunho do amor de Deus, este amor que nos foi manifestado de forma tão esplêndida, um amor que gera vida e traz a paz, que cura e consola, que perdoa e acolhe.

Há mais de dois mil anos, "A Palavra  veio para o que era seu, e os seus não a acolheram.". Por que será? Não é difícil elencar um grande número de razões.

E hoje? O fato continua. Cada um é juiz de si mesmo. A verdade é que Ele se manifestou e dele muito se fala hoje. Mas, quantos escutam?
Poucos ouvem a Palavra. Mas a todos  os que ouvem o anúncio da Palavra o Senhor deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus. E isto soa a todos como algo extraordinário? Nem sempre, nem para todos.

A realidade é que o presente foi dado: Jesus. Resta aos agraciados com Ele o aceitarem. O anúncio de Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade foi feito; resta ser ouvido e repetido por quantos o escutaram e são gratos a Deus por esse bem imensurável.

Que tal começarmos a vivenciar melhor esta gratidão a Deus por nos adotar como seus filhos, acolhendo em nós a Palavra? Será um bom começo. Ou foi inútil a Palavra se fazer carne e habitar entre nós?
Com a Palavra, aquele que bate à porta! Com a decisão, aquele que tem chave e lhe pode abrir ou não: VOCÊ!

Propósito:

Pai, em teu Filho Jesus tu te fazes presente no meio de nós. Que eu saiba reconhecer-te e acolher-te na fragilidade humana do Verbo encarnado. Ó Deus Pai, em Jesus acolhemos tua Palavra, feita carne e sangue, força e ternura, morte e ressurreição; dá-nos a força necessária para seguir os passos e o caminho que ele traçou para chegar a ti, abraçando, em nosso caminhar para ti, a todos os irmãos e irmãs.

Evangelho quarta feira 24 de dezembro

24 Façamos uns aos outros votos de Feliz Natal e Feliz Ano Novo, mas deixemos que o Bom Jesus os realize naquele modo e naquela medida que ele sabe serem mais
convenientes para a sua glória e para o nosso proveito espiritual. (L 244). São Jose Marello
Lucas 1,67-79

"Zacarias, o pai de João, cheio do Espírito Santo, começou a profetizar. Ele disse:
- Louvemos o Senhor, o Deus de Israel, pois ele veio ajudar o seu povo e lhe dar a liberdade.
Enviou para nós um poderoso Salvador, aquele que é descendente do seu servo Davi.
Faz muito tempo que Deus disse isso por meio dos seus santos profetas.
Ele prometeu nos salvar dos nossos inimigos e nos livrar do poder de todos
os que nos odeiam.
Disse que ia mostrar a sua bondade aos nossos antepassados e lembrar da sua santa aliança.
Ele fez um juramento ao nosso antepassado Abraão; prometeu que nos livraria dos nossos inimigos e que ia nos deixar servi-lo sem medo, para que sejamos somente dele e façamos o que ele quer em todos os dias da nossa vida.
E você, menino, será chamado de profeta do Deus Altíssimo e irá adiante do Senhor
a fim de preparar o caminho para ele.
Você anunciará ao povo de Deus a salvação que virá por meio do perdão dos pecados deles.
Pois o nosso Deus é misericordioso e bondoso.
Ele fará brilhar sobre nós a sua luz e do céu iluminará todos os que vivem na escuridão da sombra da morte, para guiar os nossos passos no caminho da paz.
"

Meditação:

Diante de um grande acontecimento da vida, a melhor maneira de expressar os sentimentos são os símbolos, gestos, poemas ou canções.
É o recurso de que Zacarias lança mão elevando a Deus este cântico, que é como uma explosão do Espírito depois de meses em silêncio (Lc 1,59-66). É um canto e é uma profecia que começa louvando a ação de Deus na vida de Israel.

Zacarias celebra um Deus que não se deixa ficar longe nem indiferente à difícil situação pela qual atravessa o povo, mas vem para junto dele e de seu seio suscita uma força de salvação. É um Deus que cumpre suas promessas e se mantém fiel a seu juramento.
Ele tem um desejo fundamental para seu povo: uma vida em liberdade, sem medos, orientada para a santidade e a justiça. João é um sinal dessa antiga promessa de Deus, que não ficou lá atrás, na história, mas que continua vigente.

João Batista é o precursor do Messias, aquele que veio para dar testemunho da verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo, expulsando as trevas do erro, do pecado e da morte, para dar a todos a vida nova, a vida em abundância. Zacarias, no seu canto, nos mostra não apenas este fato, mas também que o nosso Deus é o Deus da misericórdia, que vem ao nosso encontro para nos trazer a salvação, nos libertar de todo poder do inimigo e fazer de todos nós um povo santo, que vive na sua graça e que é destinado à vida eterna.

Como meditação do Evangelho temos hoje o chamado “Benedictus”, um canto de louvor e ação de graças a Deus, posto na boca de Zacarias, pai de João Batista, por ocasião do milagroso nascimento de seu filho.

Zacarias bendiz a Deus porque realizou as antigas promessas, porque se lembrou de seu povo, decidiu intervir para salvá-lo.

Esta palavra “salvação” ressoa várias vezes ao longo do cântico, contraposta à menção, também repetida, dos inimigos de Israel.

Zacarias saúda o seu filho como profeta escatológico, definitivo, enviado por Deus para preparar os caminhos do Messias e, como se visse despontar uma aurora divina, o velho sacerdote anuncia a aparição do sol da paz, que iluminará a todos os povos.

O “Benedictus” de Zacarias forma um conjunto com o “Magnificat” de Maria. Os dois são cânticos de ação de graças a Deus pelas maravilhas de sua salvação em Jesus Cristo.

Os dois são cantados diariamente no ofício divino da Igreja, o primeiro pela manhã e o segundo pela tarde. Os dois nos convidam neste Natal a também rendermos graças a Deus.

Certamente, serão muitos os pedidos que queremos apresentar ao Senhor neste Natal, mas serão também muitas as razões para lhe agradecer nesta véspera do nascimento de seu Filho feito carne humana.

Agradecer-lhe pelo mesmo Jesus Cristo, por suas palavras no Evangelho, por sua predileção pelos pobres, humildes e simples, por nos ter libertado de leis religiosas opressoras.

Agradecer-lhe por nos ter ensinado os caminhos que mais agradam a Deus: o do amor aos irmãos e o do perdão.

Agradecer-lhe por nos ter convocado na Igreja para sermos irmãos e dar ao mundo um testemunho de fraternidade.

Agradecer-lhe por nos ter dado sua Palavra nas Sagradas Escrituras e nas palavras de nossos irmãos mais pobres que nos ensinam e nos ajudam a entendê-las.

Enfim, teríamos muitos outros motivos de ação de graças para cantá-las, como Maria e como Zacarias, nestes dias de Natal que começam amanhã e para os quais estávamos nos preparando até hoje.

Zacarias nos convida assim todos nós a descobrir e celebrar a palavra de Deus que, escrita há tanto tempo, ainda continua vigorando e é atual; prossegue sendo a luz para o caminho que nos leva à verdadeira paz, que é uma vida em santidade e justiça, em perdão e misericórdia.

Zacarias, em seu cântico, saúda “o sol que nasce do alto”, o mesmo Jesus Cristo de quem João Batista, o filho de Zacarias, será precursor.

Este sol brilhará sobre “os que vivem nas trevas e nas sombras da morte”, ou seja, sobre todos aqueles que até agora se viram privados da amizade com Deus, por causa de seus pecados, metidos num mundo de violência e injustiça, de mentira e de opressão, enfermidades e morte, que são frutos do pecado.

Este sol, anunciado por Zacarias, dissipará todas as sombras.  “À sua luz caminharão as nações”, dizia Isaías. “Guiará nossos passos pelo caminho da paz”. Este sol é Jesus, cujo nascimento estaremos celebrando dentro de poucas horas.

Reflexão Apostólica: 

Nestas palavras atribuídas a Zacarias pode-se ver um hino relacionando João Batista a Jesus. O hino compõe-se de duas partes.

A primeira parte é uma ação de graças remetendo à tradição da eleição particular do povo de Israel.

A segunda, diferenciada, onde, em lugar da "salvação dos nossos inimigos" e "de quantos que nos odeiam" é destacada a misericórdia e o perdão dos pecados, concedida pelo Senhor que vem no caminho preparado pelo menino que nasce.

Os inimigos não serão destruídos, como pretendia a tradição de Israel, mas a paz será estabelecida pela misericórdia que remove a imputação de culpa do pecado, e pela conversão que leva à reconciliação. Jesus é o sol e o caminho que a todos ilumina e conduz a Deus. 

Meus irmãos! Será que precisamos comentar mais alguma  coisa? Hoje, não precisamos nos estender…

Sempre há tempo para quem quer voltar! “(…) Pois o nosso Deus é misericordioso e bondoso”.

Que hoje, nem que seja por um momento, possamos fazer uma prece por nós e pelos nossos, pois nesse momento, a família de Nazaré já inicia seu trajeto à procura de um lugar tranqüilo para Jesus nascer e, se porventura eles baterem à sua porta na pessoa de um amigo, se um parente, lhe pedindo perdão, compreensão, (…) deixe entrar!
Que Deus menino, mesmo sem ainda nascer já aguça o coração dos reis magos a seguir o sinal que viria do céu, nos motive também a procurá-lo.

Como disse, no último sábado, o Pe. Newton, na Missa Mensal das ENS - RCO-I: "Deixe Jesus nascer no seu coração. Ele hoje precisa estar bem tranqüilo.Precisa de uma manjedoura bem quentinha."

Prepare sua casa, vá à Missa, celebre entre irmãos, retire um pouco das bebidas da ceia; troque os gritos, as uvas, os panetones, por um instante de reflexão e orações.

Que, principalmente nessa noite, tenhamos pensamentos bons, pois assim Deus, que é um Pai Misericordioso e Bondoso, abençoará os nossos projetos, a começar pelos idealizados ou sonhados para a nossa casa.
Esqueçamos, por um instante, os presentes, o amigo oculto, o papai Noel. Coloquemos as mãos sobre a cabeça dos nossos filhos e netos, ou peça que nossos pais ou alguém que gostamos faça isso sobre nós, pedindo uma benção, uma prece, uma oração (…). Depois...diga: Feliz Natal!
Já ia esquecendo… Notaram o MAGNIFICAT de Zacarias após o silêncio? E o seu?
Boas Festas!!!
Propósito:
Jesus é o melhor presente que alguém pode receber e oferecer aos outros. Ainda estamos no tempo do Advento, por isso, aproveitemos para deixar crescer no nosso coração a feliz expectativa da Vinda de Jesus.

Que na noite de Natal, em família, possamos fazer esta oração unidos ao nosso Papa: “Jesus Cristo, vós que nascestes em Belém, nesta Noite Santa, vinde a nós! Entrai em mim, na minha alma. Transformai-me. Renovai-me. Fazei que eu e todos nós, nos tornemos pessoas vivas, nas quais se torna presente o vosso Amor e o mundo é transformado".


Queridos irmãos e irmãs usuários

Regozijamo-nos com todos vocês nesta Festa da Luz, quando celebramos a encarnação da Palavra de Deus. Esta Palavra, saindo da boca de Deus, criou o mundo. Agora, armando sua tenda de pastor entre nós, enche-nos de sua luz. Fazendo-se carne humana, possibilita que todos os homens e mulheres cheguem a ser filhos de Deus.

Para vocês que, durante todo este ano, nos dignaram ler e divulgar a Escuta da Palavra e Meditação, cujo teor, não raras as vezes, bastante extensos, os votos de paz, luz e muitas bênçãos, nesta festa do nascimento do Salvador.

Maria, aquela que primeiramente acolheu a Palavra em seu coração e depois permitiu que a Palavra se “fizesse carne” em seu ventre, permita-lhes continuar servindo à Palavra de Deus.

Feliz Natal para todos e todas! E viva a Palavra de Deus que se fez carne e veio habitar entre nós!