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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

sEGUNDA FEIRA 2 DE SETEMBRO



Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 4,16-30
 "Jesus foi para a cidade de Nazaré, onde havia crescido. No sábado, conforme o seu costume, foi até a sinagoga. Ali ele se levantou para ler as Escrituras Sagradas, e lhe deram o livro do profeta Isaías. Ele abriu o livro e encontrou o lugar onde está escrito assim:
"O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo
em que o Senhor salvará o seu povo."
Jesus fechou o livro, entregou-o para o ajudante da sinagoga e sentou-se. Todas as pessoas ali presentes olhavam para Jesus sem desviar os olhos. Então ele começou a falar. Ele disse:
- Hoje se cumpriu o trecho das Escrituras Sagradas que vocês acabam de ouvir.
Todos começaram a elogiar Jesus, admirados com a sua maneira agradável e simpática de falar, e diziam:
- Ele não é o filho de José?
Então Jesus disse:
- Sem dúvida vocês vão repetir para mim o ditado: "Médico, cure-se a você mesmo." E também vão dizer: "Nós sabemos de tudo o que você fez em Cafarnaum; faça as mesmas coisas aqui, na sua própria cidade."
E continuou:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. Eu digo a vocês que, de fato, havia muitas viúvas em Israel no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e meio, e houve uma grande fome em toda aquela terra. Porém Deus não enviou Elias a nenhuma das viúvas que viviam em Israel, mas somente a uma viúva que morava em Sarepta, perto de Sidom. Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi curado. Só Naamã, o sírio, foi curado.
Quando ouviram isso, todos os que estavam na sinagoga ficaram com muita raiva. Então se levantaram, arrastaram Jesus para fora da cidade e o levaram até o alto do monte onde a cidade estava construída, para o jogar dali abaixo. Mas ele passou pelo meio da multidão e foi embora." 
MEDITAÇÃO - JULGAR
(O que diz o texto para mim?)
 Meditação: 
 A Liturgia Diária de hoje nos traz o início da vida pública de Jesus. O Evangelista Lucas diz que após Jesus ter passado 40 dias no deserto, passou por algumas cidades até chegar a Nazaré, que foi o lugar onde ele cresceu e todos o conheciam como "o filho do carpinteiro".
 Jesus de Nazaré foi um judeu da Galiléia onde passou quase toda a sua vida e desenvolveu a maior parte da sua atividade pública. Ora, os estudos recentes mostraram as particularidades da Galiléia de então nos domínios social, cultural e religioso. No entanto, a interpretação dessas particularidades é objeto de discussão entre os especialistas.
 Do ponto de vista social, a Galiléia parece ter conhecido nesse tempo um processo de urbanização, que afundou o fosso entre as classes detentoras do religioso.
 O judaísmo da Galiléia tinha traços que o distinguiam do judaísmo de Jerusalém ou da Judéia em geral. O enraizamento de Jesus na Galiléia talvez não tenha influenciado somente a formulação de sua mensagem.

Os Evangelhos atribuem a Jesus uma atividade bastante variada que parece supor o desempenho de vários papéis ou funções sócio-religiosas. Jesus proclama a vinda iminente do Reino de Deus como um profeta, ensina como um doutor ou um sábio, cura doentes e exorciza possessos como um homem que está investido do poder de Deus. Parece difícil colar uma etiqueta a Jesus.
 Os historiadores privilegiam, segundo as suas próprias tendências, ora um ora outro dos papéis que os Evangelhos lhe atribuem, às vezes com a exclusão dos restantes.
 Tal exclusão não se impõe, podendo um homem de Deus desempenhar ao mesmo tempo mais do que uma função. Tudo indica que os contemporâneos de Jesus viram nele um profeta. Há duas séries de textos evangélicos particularmente significativas a esse respeito.
 A primeira, que se lê em Mc 6,15 e em Lc 9,8, conta a reação de Herodes perante a fama de Jesus. A segunda, presente nos três Evangelhos sinópticos, relata a chamada confissão de Pedro.
 As duas séries de textos informam sobre o que a opinião pública pensava de Jesus. Para uns, Jesus era João Batista ressuscitado; para outros, Elias; para outros, enfim, um dos profetas de outrora que ressuscitou. Jesus é ainda chamado profeta pela multidão ou por um ouvinte individual em vários outros textos próprios a um ou a outro evangelho.

Ao falar na Sinagoga, Jesus assumia as palavras de Is 61, 1-2 as quais anunciavam a todas as nações a Sua missão de ungido do Senhor.
 Este trecho nos relata o ministério de Jesus aqui na terra que se constitui também na nossa missão, pelo poder do Espírito Santo: anunciar a boa nova, proclamar a libertação dos cativos, recuperar a vista aos cegos, livrar os oprimidos e proclamar o perdão do Senhor! Todos nós que somos batizados em Cristo temos também esta vocação.
 Pela palavra que anunciamos, pela oração que fazemos ou pelo nosso testemunho, todas estas coisas acontecem àqueles a quem nós nos dirigimos.

Naquele tempo o povo de Nazaré não acreditou em Jesus porque Ele era de casa, mas mesmo assim Ele não desistia dos seus. É difícil para nós também anunciarmos Jesus na nossa casa ou evangelizar as pessoas no lugar onde todos nos conhecem. Nem sempre somos acolhidos e admirados porque seguimos os ensinamentos de Deus. Assim foi também no tempo de Jesus. Por isso é que Ele nos recorda as figuras de Elias que fez prodígios na vida de uma viúva que não pertencia ao povo de Israel e Naamã, o sírio, que procurou Eliseu longe da sua terra para ser curado da lepra. Às vezes não fazemos sucesso onde queríamos, mas o Senhor nos envia a alguém a quem nem imaginamos, para que por nosso meio ela possa obter cura e libertação.
 A quem você se sente chamado(a) a evangelizar? Para você o que é evangelizar? O que você tem feito para atrair os seus para uma vida melhor? Você tem visto algum progresso na sua família por causa do seu testemunho de vida? Você continua insistindo? Você sente o poder do Espírito Santo quando fala no nome de Jesus Cristo? Como você acolhe aqueles que lhe anunciam a Palavra da Verdade? Diante dos seus erros e falhas, você aceita de bom coração as correções? Os conterrâneos de Jesus não o acolheram. E você?
 Reflexão Apostólica:
 Existem coisas em nosso dia-a-dia que realmente não temos nada por fazer ao não ser rezar, acompanhar, estar ao lado, aconselhar, sugerir, (…), pois cabe a uma única decisão pessoal a direção que meus pés tomarão: Direita ou esquerda? Continuo ou desisto? Entretanto existem sim fatos e principalmente ações nossas sobre alguns assuntos que só persistem por algo que chamo de DESCRÉDITO, mas alguns chamam de RESIGNAÇÃO.
 Quando adolescentes, ouvíamos os conselhos, orientações e pedidos de nossos pais quanto a como se comportar, proceder e agir. Lembro de minha avó recitando o que eu chamava de “sermão da montanha” antes de eu ou minha tia sairmos de casa para alguma festa ou show. E como eu, outros tantos, ouviam esse “sermão” durante anos. Pessoas que nos querem bem incondicionalmente, que nos criaram, que nos geraram, que nos educaram e que são de nossa extrema confiança, (…); mas quantas vezes fomos pelo que foi ouvido de uma amigo ou amiga ao invés deles? Quantos adolescentes “matam” aulas por causa daqueles que andam conosco; quantas decisões equivocadas que surgiram de “conselheiros duvidosos”?

Por que aquela irmã ou irmão de comunidade, ou aquele colega de serviço ou de faculdade é tão feliz? Por que é que eu não consigo uma promoção, passar num concurso, na OAB, no vestibular? Quantos se perguntam isso todos os dias? Muitas vezes as respostas são intrigantes. “Vou fazer o cursinho tal que é o melhor”; ou “Eu estou assim porque me faltam chances”; ou “minha vida é muito sofrida”, (…).
 Chega então a pessoa que esta ao seu lado e lhe diz: “estude em casa”, “seja mais tranqüilo (a)”, “desencane dessa idéia”, “sorria mais”, “sofra menos”, “tome posse pra si”, (…). Em tréplica (risos) não quero ouvir, me recuso a escutar ou compreender, reluto, me defendo, me escondo, ignoro e por fim meRESIGNO. Sem querer, passo a acreditar que aquele conselho, de alguém tão próximo, não possa me ajudar, me curar, me libertar…
Alguém que conheço, certa vez pagou quase 1500 Reais para aprender a reconhecer que muitos dos males que lhe afligiam eram gerados por ele mesmo. Engraçado! Se paga tão caro para alguém que não conheço, entrar na minha vida e dizer o que Deus já havia me dito de graça através daquele que esta ao meu lado (irmãos, pais, mães, colegas, esposa, esposo, filhos). Não estou desmerecendo o trabalho dos profissionais, mas no descrédito que damos a quem realmente se importa conosco. Damos crédito aos outros e pouco aos nossos
 “(…) Acreditar em Deus, isto é, acolher o dom da fé, que Ele mesmo nos oferece gratuitamente, é assunto de coração, que não pode ficar pela fachada,ou limitar-se a determinados momentos. Deus ama-nos por primeiro e a tempo inteiro”. (Pe. Bantu – Canção Nova)
 Creio eu que o pior é ainda a CONFORMAÇÃO. Não querendo ou não conseguindo mudar a direção “soltamos” os famosos: “não tem jeito”, “somos assim mesmo”, “até Jesus sofreu disso”, (…), mas dificilmente conseguimos notar que o próprio Jesus e seus apóstolos exortaram contra essa atitude. Portanto, não nos conformemos
 Se Jesus nascesse nos dias de hoje, e fosse um desses garotos que brinca na sua rua, que você praticamente viu nascer, e está acompanhando o crescimento dele... e daqui a uns 20 anos ele voltasse adulto, qual seria a sua reação? "Esse garoto? Filho de seu Zé, o marceneiro? Que brincava com os meninos na rua? Só se for pra rir!!! Impossível!!! Nunca que ele teria essa capacidade! Eu vi onde ele estudou, as travessuras que aprontou, conheço os pais dele..." E Ele iria dizer: "De fato, um profeta não é bem recebido em sua terra. Então os prodígios não acontecerão aqui, mas nos lugares onde as pessoas acreditem em mim."
 A lição prática do Evangelho de hoje é para que não subestimemos a capacidade das pessoas que são próximas a nós. Muitas vezes elas realizam prodígios para os outros, mas não conseguem fazer nada "em casa" por não terem abertura...
 Aprendamos dia-a-dia a valorizar quem esta perto.

22º DOMINGO DO TEMPO COMUM 1 DE SETEMBRO




 Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,1.7-11

"Num sábado, Jesus entrou na casa de certo líder fariseu para tomar uma refeição. E as pessoas que estavam ali olhavam para Jesus com muita atenção.
Certa vez Jesus estava reparando como os convidados escolhiam os melhores lugares à mesa. Então fez esta comparação:
- Quando alguém convidá-lo para uma festa de casamento, não sente no melhor lugar. Porque pode ser que alguém mais importante tenha sido convidado. Então quem convidou você e o outro poderá dizer a você: "Dê esse lugar para este aqui." Aí você ficará envergonhado e terá de sentar-se no último lugar. Pelo contrário, quando você for convidado, sente-se no último lugar. Assim quem o convidou vai dizer a você: "Meu amigo, venha sentar-se aqui num lugar melhor." E isso será uma grande honra para você diante de todos os convidados. Porque quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido.
"
 

Meditação:

Dentre os quatro evangelistas, Lucas é o único que, por três vezes (Lc 7,36; 11,37; 14,1) menciona refeições de Jesus em casa de fariseus. Esta refeição é ocasião de ensinamentos de Jesus.

Na parábola dirigida aos demais convidados, aquele que ocupou o primeiro lugar teve que cedê-lo a um amigo mais importante do dono da casa e aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor.

Este Evangelho nos ajuda a corrigir um preconceito sumamente difundido. «Num sábado, Jesus entrou para comer na casa de um dos principais fariseus.

Eles o observavam atentamente». Ao ler o Evangelho a partir de um certo ponto de vista, acabou-se fazendo dos fariseus o modelo de todos os vícios: hipocrisia, falsidade; os inimigos por antonomásia de Jesus.

Com estes significados negativos, o termo «fariseu» passou a fazer parte do dicionário de nossa língua e de outras muitas.

Semelhante idéia dos fariseus não é correta. Entre eles havia certamente muitos elementos que respondiam a esta imagem e Cristo os enfrenta. Mas nem todos eram assim.

Nicodemos, que vai ver Jesus de noite e que depois o defende ante o Sinédrio, era um fariseu (Jo 3,1; 7, 50ss).

Também Saulo era fariseu antes da conversão, e era certamente uma pessoa sincera e zelosa, ainda que não estivesse bem iluminado. Outro fariseu era Gamaliel, que defendeu os apóstolos ante o Sinédrio (At 5,34 e seguintes).

As relações de Jesus com os fariseus não foram só de conflito. Compartilhavam muitas vezes as mesmas convicções, como a fé na ressurreição dos mortos, no amor de Deus e no compromisso como primeiro e mais importante mandamento da lei.

Alguns, como neste caso, inclusive o convidam para uma refeição em sua casa. Hoje se considera que mais que os fariseus, quem queria a condenação de Jesus eram os saduceus, a quem pertencia a casta sacerdotal de Jerusalém.

Por todos estes motivos, seria sumamente desejável deixar de utilizar o termo «fariseu» em sentido depreciativo. Ajudaria ao diálogo com os judeus, que recordam com grande honra o papel desempenhado pela corrente dos fariseus em sua história, especialmente após a destruição de Jerusalém.

Durante a refeição, naquele sábado, Jesus ofereceu dois ensinamentos importantes: um dirigido aos «convidados» e outro para o «anfitrião».

Ao dono da casa, Jesus disse (talvez diante dele ou só em presença de seus discípulos): «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides seus amigos, nem seus irmãos, nem seus parentes, nem os vizinhos ricos…». É o que o próprio Jesus fez, quando convidou ao grande banquete do Reino os pobres, os aflitos, os humildes, os famintos, os perseguidos.

Vamos centrar nossa meditar no que Jesus diz aos «convidados»: «Se te convidam a um banquete de bodas, não te coloques no primeiro lugar…».

Jesus não quer dar conselhos de boa educação. Nem sequer pretende alentar o sutil cálculo de quem se põe em uma fila, com a escondida esperança de que o dono lhe peça que se aproxime.

A parábola nisso pode dar pé ao equívoco, se não se levar em consideração o banquete e o dono dos quais Jesus está falando. O banquete é o universal do Reino e o dono é Deus.

Na vida, quer dizer Jesus, escolhe o último lugar, procura contentar os demais mais que a ti mesmo; sê modesto na hora de avaliar seus méritos, deixa que sejam os demais quem os reconheçam e não tu («ninguém é bom juiz em causa própria»), e já desde esta vida Deus te exaltará.

Ele te exaltará com sua graça, te fará subir na hierarquia de seus amigos e dos verdadeiros discípulos de seu Filho, que é o que realmente importa.

Ele te exaltará também na estima dos demais. É um fato surpreendente, mas verdadeiro. Não só Deus «se inclina ante o humilde e rejeita o soberbo» (Sl 107, 6); também o homem faz o mesmo, independentemente do fato de ser crente ou não.

A modéstia, quando é sincera, não artificial, conquista, faz que a pessoa seja amada, que sua companhia seja desejada, que sua opinião seja desejada.
Vivemos em uma sociedade que tem suma necessidade de voltar a escutar esta mensagem evangélica sobre a humildade.

Correr para ocupar os primeiros lugares, talvez pisoteando, sem escrúpulos, a cabeça dos demais, são características desprezadas por todos e, infelizmente, seguidas por todos. O Evangelho tem um impacto social, inclusive quando fala de humildade e hospitalidade.

A parábola exprime a prática do Reino: a renúncia ao sucesso na injusta sociedade competitiva pelo status e poder, e a adesão à nova sociedade do Reino, fundada na humildade, na fraternidade e no serviço.


Em conclusão a sentença chave: quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado. É um tema precioso para Lucas, já presente no Cântico de Nossa Senhora (Lc 1,51-52).

O não precipitar-se em ocupar os primeiros lugares em momentos solenes era regra comum de boas maneiras nas várias culturas contemporâneas do primeiro século.

Reflexão Apostólica:

No evangelho de hoje Jesus vem nos dar um conselho bem prático para o nosso dia-a-dia e se utiliza de uma simples parábola para nos revelar a importância de sermos humildes e de reconhecermos a nossa pequenez diante dos homens.

Ele está querendo revelar para cada um de nós que em nenhum momento devemos nos valer da expectativa que temos em nós mesmos ou da autoconfiança, pois podemos ser humilhados e colocados para sentar no último lugar.

Como é desagradável ser chamado a sair de um lugar para que outro possa ocupá-lo; e ao mesmo tempo como é bom ser reconhecido na multidão pelo dono da festa e ser conduzido para um lugar especial, escolhido e reservado para você.

Todos nós preferimos passar pela segunda experiência, não é mesmo??? Então, esse é o grande sentido dessa parábola, não se vangloriar de si mesmo e a partir da humildade que Deus coloca em seu coração considerar os outros superiores a vós mesmos para que a partir dessa atitude a própria graça de Deus possa te elevar. Isto não  quer dizer que devamos nos sentir uns coitadinhos, não.

São Paulo escreve ao Filipenses no capítulo 2 quando diz: "Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses e sim os dos outros. Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo Ele de condição divina não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes".

Nem Jesus que era o próprio Deus se valeu dessa condição para estar no mundo e desempenhar sua missão, então quem somos nós para nos valermos dos poucos talentos que temos para tentar sermos melhor que os outros???

Precisamos valorizar o que temos de melhor em nós sim, mas tudo isso devemos fazer pela graça de Deus. É Deus quem deve te elevar e não você mesmo.

Então, que através desse Evangelho possamos pedir a graça da humildade verdadeira para nossos corações acreditando que Deus age na simplicidade e que não é preciso estar sempre na primeira fila para ser reconhecido por Deus e pelos nossos irmãos.

Tenhamos um dia abençoado por Deus e pratiquemos a virtude da humildade, pois quando nos humilhamos diante dos homens, somos exaltados diante do Pai.


Propósito:
Pai, faze-me humilde e discreto no trato humano. E que eu não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti.

Sábado 31 agosto



Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 25,14-30

"O Reino dos Céus é também como um homem que ia viajar... Chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens: a um, cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um... O servo que havia recebido cinco talentos... lucrou outros cinco... o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só... escondeu o dinheiro do seu senhor. ... o senhor voltou e foi ajustar contas com os servos. Aquele que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: 'Senhor... Aqui estão mais cinco que lucrei'. O senhor lhe disse: 'Parabéns, servo bom e fiel!..'.. o que havia recebido dois talentos disse: 'Senhor... Aqui estão mais dois que lucrei'. O senhor lhe disse: 'Parabéns...'; aquele que havia recebido um só talento disse: 'Senhor... fiquei com medo e escondi o teu talento no chão...'. O senhor lhe respondeu: 'Servo mau e preguiçoso!... Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros... Em seguida, o senhor ordenou: '...quanto a este servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!'." 

Meditação:

Esta longa parábola de Mateus tem um enredo que causa estranheza. Nela encontramos alguma semelhança com fatos da vida real, característicos de uma sociedade oportunista de mercado e lucro. Por sua complexidade pode-se perceber que, a partir de um dito de Jesus, sofreu acréscimos ao ser transmitida.

Mateus a insere no discurso escatológico de Jesus para estimular à operosidade as suas comunidades vacilantes e inertes, à espera da uma parusia que tardava.

Não basta estar preparado, esperando passivamente a manifestação de Jesus. É preciso arriscar e lançar-se à ação, para que os dons recebidos frutifiquem e cresçam. Jesus confiou à comunidade cristã a revelação da vontade de Deus e a chave do Reino. No julgamento, ele pedirá contas por esse dom. A comunidade o repartiu e o fez crescer, ou o escondeu dos homens?

Tudo o que nós recebemos de Deus vem na medida certa, de acordo com a nossa capacidade, nem mais nem menos do que poderíamos receber. Portanto, cabe a cada um de nós assumirmos os talentos que Dele recebemos com humildade e perseverança, pois seremos cobrados pelo que auferimos.

Às vezes nos subestimamos e entendemos que não possuímos dons como as outras pessoas e nos negamos a perceber qual a aptidão que nos foi presenteada por Deus. Neste caso estamos enterrando o talento, pois não queremos assumi-lo por falsa modéstia, por preguiça, por comodismo e até por orgulho.

Aquele (a) que se acha muito pequeno (a) e, por isso, se encosta e se acomoda está cometendo um erro incorrigível. Será tirado dele (a) até o dom que ele (a) tinha inclinação para fazer prosperar e não o fez porque não o colocou em prática.
Achar-se muito sem capacidade e não confiar na capacidade de Deus é o grande pecado de muitos de nós.

Não se pode esquecer o principio de proporcionalidade ao interpretar a parábola de hoje. O viajante dá a cada um "segundo sua capacidade", segundo a medida de suas possibilidades e não segundo sua ambição ou sua incapacidade de assumir as responsabilidades. Ao ler esta parábola nos damos conta de que nossa atitude não é a de dar mais, mas de pedir mais.
Não temos uma oração de ofertas, mas sim de petições. Queremos mais, mas fazemos muito pouco com aquilo que já temos. Deixamos-nos arrastar pela lógica do consumo, do acúmulo, do ter. A parábola nos propõe um desafio ao nos perguntar o que fazemos com o que recebemos e que podemos dar.
A parábola não diz que quem já dá tem que dar mais, mas que cada um tem que compartilhar de acordo com suas possibilidades. Alguns darão mais porque receberam mais; outros darão menos porque produziram menos, mas todos os que dão devem oferecer cem por cento de suas possibilidades. Dar é questão de atitude generosa e não de posse egoísta.

O que você tem feito com os seus dons? Você se acha muito sem expressão, incapaz de realizar alguma coisa? Não será porque você está confiando somente em você mesmo (a) e esquecendo-se Daquele que lhe deu a vida? Você não acha que a sua vida já é um dom muito precioso? O que você tem feito dela?

Reflexão Apostólica: 
Infelizmente, no passado, o significado desta parábola foi habitualmente confundido, ou pelo menos muito reduzido. Quando escutamos falar dos talentos, pensamos imediatamente nos dons naturais de inteligência, beleza, força, capacidades artísticas. A metáfora é usada para falar de atores, cantores, comediantes...

O uso não é totalmente equivocado, mas sim secundário. Jesus não pretendia falar da obrigação de desenvolver os dons naturais de cada um, mas de fazer frutificar os dons espirituais recebidos dele. A desenvolver os dotes naturais já nos impulsiona a natureza, a ambição, a sede de lucro. Às vezes, ao contrário, é necessário frear esta tendência de fazer valer os próprios talentos, porque pode converter-se facilmente em afã por fazer carreira e por impor-se sobre os demais.

Os talentos dos quais Jesus fala são a Palavra de Deus, a fé, ou seja, o Reino que Ele anunciou. Neste sentido, a parábola dos talentos se conecta com a do semeador. À sorte diferente da semente que ele lançou – que em alguns casos produz sessenta por cento; em outras, ao contrário, fica entre os espinhos, ou são comidas pelos pássaros do céu –, corresponde aqui o diferente lucro realizado com os talentos.

Os talentos são, para nós, cristãos de hoje, a fé e os sacramentos que recebemos. A palavra nos obriga a fazer um exame de consciência: que uso estamos fazendo destes talentos? Nós nos parecemos com o servo que os faz frutificar ou com o que os enterra? Para muitos, o próprio batismo é verdadeiramente um talento enterrado. Podemos compará-lo a um presente que se recebeu de Natal e que foi esquecido num lugar, sem nunca tê-lo aberto ou jogado fora.

Os frutos dos talentos naturais acabam conosco ou, quando muito, passam aos herdeiros; os frutos dos talentos espirituais nos seguem à vida eterna e um dia nos valerão a aprovação do Juiz divino: «Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, e por isso eu te darei autoridade sobre o muito: toma parte no gozo de teu senhor».

Nosso dever humano e cristão não é só desenvolver nossos talentos naturais e espirituais, mas também de ajudar os demais a desenvolverem os seus.

No mundo moderno existe uma profissão que se chama, em inglês, talent-scout, descobridor de talentos. São pessoas que sabem encontrar talentos ocultos – de pintor, cantor, ator, jogador de futebol – e os ajudam a cultivar seu talento e a encontrar um patrocinador.
Não o fazem de graça, naturalmente, nem por hobby, mas para ter uma porcentagem em seus lucros, uma vez que se afirmaram.

O Evangelho nos convida a ser talent-scout, «descobridores de talentos», mas não por amor ao lucro, e sim para ajudar quem não tem a possibilidade de afirmar-se sozinho.

Propósito:
Pai, transforma-me em discípulo responsável que sabe aproveitar cada circunstância para fazer frutificar os dons que me concedes, colocando-os a serviço do meu próximo.

Sexta feira 30 agosto



 
Leituras do dia:

1Cor 1,17-25
Sl 33(32) 

ESCUTA DA PALAVRA - VER
Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 25,1-13

"Jesus disse:
- Naquele dia o Reino do Céu será como dez moças que pegaram as suas lamparinas e saíram para se encontrar com o noivo. Cinco eram sem juízo, e cinco eram ajuizadas. As moças sem juízo pegaram as suas lamparinas, mas não levaram óleo de reserva. As ajuizadas levaram vasilhas com óleo para as suas lamparinas. Como o noivo estava demorando, as dez moças começaram a cochilar e pegaram no sono.
- À meia-noite se ouviu este grito: "O noivo está chegando! Venham se encontrar com ele!"
- Então as dez moças acordaram e acenderam as suas lamparinas. Aí as moças sem juízo disseram às outras: "Dêem um pouco de óleo para nós, pois as nossas lamparinas estão se apagando."
- "De jeito nenhum", responderam as moças ajuizadas. "O óleo que nós temos não dá para nós e para vocês. Se vocês querem óleo, vão comprar!"
- Então as moças sem juízo saíram para comprar óleo, e, enquanto estavam fora, o noivo chegou. As cinco moças que estavam com as lamparinas prontas entraram com ele para a festa do casamento, e a porta foi trancada.
- Mais tarde as outras chegaram e começaram a gritar: "Senhor, senhor, nos deixe entrar!"
- O noivo respondeu: "Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eu não sei quem são vocês!"
E Jesus terminou, dizendo:
- Portanto, fiquem vigiando porque vocês não sabem qual será o dia e a hora.
MEDITAÇÃO - JULGAR
(O que diz o texto para mim?)

Meditação
 Os discípulos do Reino devem sempre se lembrar de que estão a caminho do encontro com o Senhor. O desconhecimento desta hora exige que o discípulo esteja sempre preparado, pois a falta de cautela, por menor que seja, poderá causar-lhe danos irreparáveis.

As moças sensatas da parábola simbolizam os discípulos que, com fidelidade, sempre traduziram em projeto de vida os ensinamentos de Jesus. Já as moças imprudentes correspondem aos discípulos que, apesar de terem escutado as palavras do Mestre, não fizeram delas seu projeto de vida.

O encontro com o Senhor não pode ser improvisado. Cada discípulo tem a vida inteira para prepará-lo. Afinal, este pode acontecer a qualquer momento. A ninguém é dado conhecer de antemão quando o Senhor virá pedir-lhe contas. É insensato perder as chances de preparação que lhe são oferecidas.

Por outro lado, esta preparação deve ser feita, individualmente, sem que haja a possibilidade de alguém transferir seus méritos para outrem. É a advertência contida nas palavras do Mestre: as moças prudentes, que trouxeram azeite de reserva, não podem partilhar de seu azeite com as insensatas que não tiverem o bom senso de ficar preparadas.

A comunhão definitiva com Jesus exige do discípulo do Reino um esforço contínuo para deixar-se guiar por seus ensinamentos. Os descuidados que se cuidem!

Mateus, com esta sua exclusiva parábola das dez moças, dá continuidade ao tema da vigilância, dentro da perspectiva escatológica. No seu todo a parábola deixa a desejar, sob o ponto de vista da falta de solidariedade das cinco virgens "previdentes".
 Mais uma vez Jesus nos convida à vigilância e nos dá como exemplo a parábola das virgens previdentes e imprevidentes. Adaptando a história à nossa existência nós podemos refletir acerca da nossa trajetória aqui na terra enquanto estamos nos preparando para um dia ir ao encontro do “noivo”.

Todos nós sabemos que a nossa vida é breve e que um dia nós faremos a viagem em busca do reino que nos foi prometido por Deus. O noivo é Jesus e a noiva é a nossa alma que tem sede de encontrá-Lo.

O tempo em que vivemos aqui na terra é a oportunidade que nós temos para, também como as jovens previdentes, providenciarmos o “óleo” que mantém a lâmpada da nossa alma acesa.

O óleo que conserva acesa a chama do amor de Deus no nosso coração, nós o encontramos quando buscamos viver a fé que provêm da oração, o consolo que nos dá o Espírito Santo, é a alegria de uma vida voltada para Deus.

Quando nós vivemos somente entregues às coisas que o mundo nos acena e temos o coração ligado às coisas passageiras nós esquecemos de alimentar a nossa alma e, com certeza, nos faltará luz para atravessar o vale escuro no caminho que nos levará para outro estágio da nossa vida.

As jovens imprudentes, talvez vivessem uma vida despreocupada de Deus, achando que buscando somente as coisas do mundo, na hora da necessidade, Deus traria o óleo para suas lâmpadas.

Muitas vezes nós também ficamos como que meio adormecidos (as), anestesiados (as) pelas preocupações com trabalho, com sobrevivência, amealhando dinheiro, confiantes de que ainda temos muito tempo de vida para só depois pensarmos nas coisas de Deus. Jesus, porém nos diz: “ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia nem a hora”.

O caminho que nós precisamos atravessar é escuro e haverá um momento em que a porta se fechará. Por isso, precisamos nos preparar! Enquanto é tempo toda hora é hora para adquirirmos o que manterá a nossa lâmpada acesa.

É na intimidade com a Palavra de Deus que nós vigiamos à espera do noivo que virá um dia nos levar para a morada que Ele mesmo nos preparou.
 A vigilância a que Jesus nos convida não se restringe a devoções religiosas voltadas sobre si mesmas, freqüentemente individualistas e excludentes, mas nos leva ao empenho missionário, na prática da misericórdia, na solidariedade e na partilha. Assim nos unimos a Jesus e ao Pai, no Espírito, em comunhão de vida eterna.
Onde você está buscando o óleo para conservar a sua lâmpada acesa? Qual será o óleo que está faltando para que você esteja com a sua lâmpada acesa? Você vive fraternalmente com as pessoas? Como você tem tratado as pessoas na sua casa? O que você faz quando não simpatiza com alguém?
 Reflexão Apostólica:
 Ao se encerrar o mês de agosto, já comecei a buscar as referencias de reflexão para setembro, o tradicional mês dedicado a Bíblia.

Esse ano de 2012, será estudado o evangelho de Marcos a partir do tema “Discípulos Missionários a partir do evangelho de Marcos” e do Lema “Coragem! Levanta-te, ele te chama!”  (Mc 10,49).

O estudo tem a finalidade de nos ajudar a entender a proposta de Marcos para o nosso discipulado missionário de Jesus Cristo.

Precisamos amar a Palavra de Deus. Precisamos valorizá-la e vivê-la. Não basta divulgá-la. Precisamos cada vez mais nos familiarizar com a Palavra de Deus. E isso só pode acontecer através de um processo de leitura, reflexão, e compromisso com a Palavra. E pra isso é necessário o esforço pessoal em nos deixar orientar e questionar a Palavra de Deus.

Que o Espírito Santo continue iluminando e orientando a nossa Igreja e que Ela aprenda a ter ouvidos atentos para ouvir as orientações do Senhor para o exercício de sua missão.
 Passemos agora a refletir o evangelho de hoje.
 Notamos  nesta parábola das moças com as lamparinas, que aparece  o espírito da concorrência entre as moças. Também nós concorremos: no esporte e no nosso dia a dia na procura de um emprego, para manter-se no emprego, para conquistar a pessoa amada etc. Só que precisamos tomar cuidado com a concorrência, pois até certo ponto ela é natural do convívio humano, principalmente nos esportes. Mais depois desse certo ponto, a concorrência poderá ser excludente, e intolerante.
 A moça imprevisível que não levou óleo suficiente par sua lamparina, não conseguiu que ninguém lhe emprestasse o referido combustível.  Até que ponto isso foi normal?  Faz parte da concorrência, ou foi falta de caridade?  Imagine você participando de uma competição cross  num Rally do Sertão  e você passa por um dos seus concorrentes que acabou de bater o carro e está preso nas ferragens.
O que você faria? Continuaria sua corrida normalmente, pois afinal competição é competição, salve-se  quem puder! Pois agora é você o "cara" que está na frente. Ou você pararia seu carro, perderia a corrida, para socorrer o seu adversário que no fundo é seu irmão? Essa eu deixo para você decidir. O importante na nossa vida é discernir quando é apenas competição, ou quando a situação é egoísmo ou falta de caridade de nossa parte.  Competir, sim. Prejudicar, puxar o tapete do concorrente, não.
Aquela garota que se  arruma para conseguir a atenção do "carinha" que ela estava de olho, é uma atitude normal. Mais deixa de ser normal quando ela percebe que aquela "fulaninha" que chegou primeiro, está agora com ele. Então ela começou a jogar sujo. Mandou uma amiga falar para o garoto uma porção de mentiras  inventando um monte de defeitos da sua concorrente.
Esta é uma situação típica do nosso dia a dia, é uma  atitude excludente na concorrência da vida, que nada mais é do que egoísmo, desamor em fim, pecado contra a caridade.  
A vigilância recomendada por Jesus no texto não significa esperarmos preparados  a vinda futura de Jesus, mas sim percebê-lo já,aqui e agora  presente no meio de nós, no evangelho, nos acontecimentos, nos chamando para evangelizar, para perdoar, para assumir a nossa  religiosidade de um modo autêntico, dando preferência aos pobres e excluídos, e  acolher  de verdade o seu plano de amor e de salvação.
 ORAÇÃO
(O que o Evangelho de hoje me leva a dizer a Deus?)
 Oração: Pai, mantenha acesa em mim a chama do zelo pelas coisas do Reino, de modo que eu esteja sempre preparado para o encontro com o teu Filho Jesus.
REGRA VIDA e MISSÃO (AGIR)
(Qual meu novo olhar a partir da Palavra? Como vou vivê-lo na missão?)

Propósito: Amadurecer a vocação cristã para descobrir a riqueza e a graça de ser missionário e anunciar a palavra com alegria.        
 RETIRO - CONTEMPLAÇÃO
(Para onde Deus quer me conduzir?)
 - Mergulhar no mistério de Deus.
- Passar da cabeça para o coração (Silêncio).
- Saborear Deus. Repousar em Deus.
- Ver a realidade com os olhos de Deus.

Quinta feira 29 agosto Martirio de S. João Batista



Leituras do dia:

Jr 1,17-19
Sl 71(70) 

ESCUTA DA PALAVRA - VER
Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 6,17-29

"Pois tinha sido Herodes mesmo quem havia mandado prender João, amarrar as suas mãos e jogá-lo na cadeia. Ele havia feito isso por causa de Herodias, com quem havia casado, embora ela fosse esposa do seu irmão Filipe. Por isso João tinha dito muitas vezes a Herodes: "Pela nossa Lei você é proibido de casar com a esposa do seu irmão!"
Herodias estava furiosa com João e queria matá-lo. Mas não podia porque Herodes tinha medo dele, pois sabia que ele era um homem bom e dedicado a Deus. Por isso Herodes protegia João. E, quando o ouvia falar, ficava sem saber o que fazer, mas mesmo assim gostava de escutá-lo.
Porém no dia do aniversário de Herodes apareceu a ocasião que Herodias estava esperando. Nesse dia Herodes deu um banquete para as pessoas importantes do seu governo: altos funcionários, chefes militares e autoridades da Galiléia. Durante o banquete a filha de Herodias entrou no salão e dançou. Herodes e os seus convidados gostaram muito da dança. Então o rei disse à moça:
- Peça o que quiser, e eu lhe darei.
E jurou:
- Prometo que darei o que você pedir, mesmo que seja a metade do meu reino!
Ela foi perguntar à sua mãe o que devia pedir. E a mãe respondeu:
- Peça a cabeça de João Batista.
No mesmo instante a moça voltou depressa aonde estava o rei e pediu:
- Quero a cabeça de João Batista num prato, agora mesmo!
Herodes ficou muito triste, mas, por causa do juramento que havia feito na frente dos convidados, não pôde deixar de atender o pedido da moça. Mandou imediatamente um soldado da guarda trazer a cabeça de João. O soldado foi à cadeia, cortou a cabeça de João, pôs num prato e deu à moça. E ela a entregou à sua mãe. Quando os discípulos de João souberam disso, vieram, levaram o corpo dele e o sepultaram.
MEDITAÇÃO - JULGAR
(O que diz o texto para mim?)
 Meditação
 Os detalhes desta narrativa sobre a execução de João têm dois efeitos: ironizam um rei fraco e sensual e advertem os discípulos de Jesus nas comunidades que se inclinam a interpretar Jesus como messias poderoso.
  De Jesus, assim como de João, não se deve esperar a glória e o poder, mas, sim, o serviço humilde e divino, porém frágil diante dos poderosos deste mundo. O dom da vida eterna não pertence aos poderosos, mas a Deus.
 Hoje comemoramos o martírio de São João Batista. O evangelho traz a descrição de como João Batista foi morto, sem processo, durante um banquete, vítima da corrupção e da prepotência de Herodes e de sua corte.

Herodes era um funcionário do Império Romano. Quem mandava na Palestina, desde o ano 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Insistia sobretudo numa administração eficiente que garantisse renda ao Império e a ele.

A preocupação de Herodes era sua própria promoção e sua segurança. Por isso reprimia todo tipo de corrupção. Ele gostava de ser chamado “benfeitor do povo”, mas na realidade era um tirado (Lc 22,25).

Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da detenção se João Batista, era o medo que Herodes tinha de um levante popular. A denúncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18) foi a gota d’água que transbordar o copo, e João foi preso.

Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias. Era um ambiente em que os poderosos do reino se reuniam e costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia”. É este o ambiente em que se trama o assassinato de João Batista.

João, o profeta, era uma denúncia viva deste sistema corrupto. Por isso, ele foi eliminado com o pretexto de uma vingança pessoa. Tudo isto revela a baixeza moral de Herodes.

Tanto pode nas mãos de um homem incapaz de se controlar! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes jura levianamente diante de uma jovem bailarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter o juramento.

Para Herodes, a vida dos súbditos não valia nada. Marcos narra o fato do assassinato de João assim como aconteceu, e deixa às comunidades a tarefa de tirar as conclusões.

Nas entrelinhas, o evangelho de hoje dá muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre como era exercito o poder por parte dos poderosos da época. A Galiléia, a terra de Jesus, foi governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde o ano 4 a.C. até o ano 39 d.C. No total, 43 anos!

Durante todo o tempo em Jesus viveu, não houve mudanças de governo na Galiléia! Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava contas a ninguém, fazia o que bem achava. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo!

Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. Segure, a antiga capital, tinha sido destruída pelos romanos como retaliação contra um levante popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha uns sete anos.

Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada treze anos depois, quando Jesus tinha uns 20 anos. Era chamada assim para agradar a Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um lugar estranho na Galiléia. Era aí onde viviam os reis, “os grandes de sua corte, os oficiais e os notáveis da Galiléia” (Mc 6,21).

Era aí que viviam os latifundiários, os soldados, a polícia, os juízes, muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá iam os impostos e o produto do trabalho das pessoas. Era aí que Herodes praticava suas orgias de morte (Mc 6,21-29).

Não consta nos evangelhos que Jesus tinha entrada na cidade. Durante aqueles 43 anos de governo de Herodes, surgiu uma classe de funcionários fiéis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, latifundiários, fiscais, publicanos, e agentes aduaneiros.

A maioria destas pessoas vivia na capital gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo a isenção de impostos. Em cada aldeia ou cidade havia pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus eram declarados defensores do sistema e da política do governo.

Nos evangelhos, os fariseus aparecem ao lado dos herodianos (Mc 3,6; 8,15; 12,13), e isto espelha a aliança existente entre o poder religioso e o poder civil.
 A vida das pessoas nas aldeias era muitos controlada seja pelo governo seja pela religião. Era necessária muita coragem para iniciar algo novo, como fizeram João e Jesus! Era o mesmo que atrair sobre si a ira dos privilegiados, seja do poder religioso seja do poder civil, seja em nível local, seja estatal. 
Falando da morte de João Batista, o papa João Paulo II diz na Carta Encíclica Veritatis splendor (n. 91) que o martírio constitui um sinal preclaro da santidade da Igreja.
 Efetivamente, ele “representa o ponto mais alto do testemunho a favor da verdade moral. Se são relativamente poucas as pessoas chamadas ao sacrifício supremo, há porém um testemunho coerente que todos os cristãos devem estar prontos a dar em cada dia, mesmo à custa de sofrimentos e de graves sacrifícios. Assim, não podemos e nem devemos fugir.
 Saibam que desde o início do cristianismo percebemos que três elementos estão quase sempre unidos: testemunho, profecia e doação da própria vida.
 É verdadeiramente necessário um compromisso, com estas três vias, por vezes heróicas, para não ceder, até mesmo na vida quotidiana: em casa com o marido, com os filhos, colegas do trabalho, com os familiares de perto ou de longe. É necessário saber que às dificuldades nos levam ao compromisso para viver na totalidade o Evangelho.

O exemplo heróico de João Batista deve fazer-nos pensar nos mártires da fé que, ao longo dos séculos, seguiram corajosamente as suas pegadas. De modo especial, voltemos à mente aos numerosos cristãos que, no mundo inteiro, foram vítimas do ódio, e da perseguição religioso. Mesmo hoje, em algumas partes do mundo, os fiéis continuam a ser submetidos a duras provações, em virtude da sua adesão a Cristo e à sua Igreja.

Os impérios opressores que existiram na história continuaram deixando seus mártires. Seus projetos elitistas e imperialistas fizeram com que seus chefes continuassem a embriagar-se com o sangue dos mártires.

O martírio não deve ser buscado por ninguém. Em última palavra, o martírio é uma graça de Deus. Mas, dele não se deve fugir, se é necessário dar o testemunho e para defender a vida do povo. Jesus também nos ensina que não devemos ter medo daqueles que matam o corpo. Por isso, dar a vida é a melhor forma de amor, a exemplo de Jesus que nos amou até o extremo. O máximo do amor é dar a vida pelos seus. Deste modo, a vida não é tirada, mas é dada livremente.

Foi isso que fez São João Batista em meio à crueldade que ameaçava a fidelidade conjugal, lutou e sendo testemunha e testemunho fiel derramou o seu sangue, pagando com a própria vida.

Ontem como hoje, o banquete dos criminosos continua sendo regado a sangue, como foi o de Herodes como nós ouvimos no Evangelho de hoje.
 Por isso, lembrar o morte de João Batista é não deixar morrer sua história, é recordar o seu testemunho, sua profecia e sua coragem; é lembrar que, se preciso for, todos devemos estar dispostos a lavar as nossas vestes e as branquear no sangue do Cordeiro (Ap 7,14),
 Você conhece pessoas que morreram vítimas da corrupção e da força dos poderosos? E aqui entre nós, na nossa comunidade e na Igreja, existem vítimas de autoritarismo e de abuso de poder? Superstição, corrupção, vileza marcam o exercício do poder de Herodes. Compara-o com o exercício do poder religioso e civil hoje, seja nos vários níveis seja na sociedade como na Igreja.
 Reflexão Apostólica:
 O desfecho da vida de João Batista é apresentado em paralelo, como prefiguração do desfecho da vida de Jesus: anúncio do Reino, perseguição, articulação dos poderosos e morte. E para ambos se tem a percepção de sua permanência nas comunidades, após a morte.
 Herodes gostava muito de João Batista e suas pregações no deserto, achava as palavras bonitas e a mensagem chegava a tocar o seu coração. Era um ouvinte entusiasta da Palavra de Deus, poderia tornar-se um discípulo, sua alta posição não o impedia de viver a sua Fé.
 Entretanto, parece que a semente da Palavra caiu em uma terra sufocada pelos espinhos, Herodes estava amasiado com sua cunhada Herodíades e quando João Batista acusou o seu pecado de adultério, Herodes não gostou muito da idéia, começou a pensar que João Batista ainda era um bom pregador, mas que de vez em quando se equivocava, quando queria interferir na vida dos outros, pois cada um deve viver do jeito que quiser e fazer também o que quiser, sem que a Religião interfira em suas decisões, dizendo o que é certo ou o que é errado.
É o cristianismo do oba-oba, sem nenhum compromisso com as virtudes do evangelho, e com as verdades ensinadas por Jesus. Herodes se sairia muito bem neste mundo da pós modernidade onde as pessoas, em sua grande maioria também são assim, até mesmo aquelas ligadas a alguma pastoral ou movimento, elas pensam assim “Está tudo lindo e maravilhoso, mas que a Igreja não me venha dizer o que devo fazer em certas questões da minha vida”
 A Igreja como portadora e anunciadora da Palavra de Deus, jamais deve deixar de lado a sua missão profética, aonde o verdade do evangelho for violada ou ignorada, devem os pastores da Igreja, de maneira prudente e corajosa, anunciar a verdade denunciando a ação pecaminosa de quem a comete. Herodes colocou o prazer da sua relação com Herodíades acima de qualquer princípio, e na sua Festa de aniversário, achando-se um deus, que tudo pode, decidiu fazer o gosto da dançarina, poderia ela pedir qualquer coisa que ele a daria.
 Hoje em dia, na busca do prazer e da satisfação dos desejos, vale tudo e pode de tudo. Qualquer profeta intrometido que quiser ser um estraga-prazer deverá ser tirado do caminho, e Herodíades, a amasiada de Herodes, nem pensou duas vezes para pedir a cabeça de João Batista em uma bandeja.
Fazemos parte de uma sociedade onde a Vida Humana nada vale, na busca do prazer e do poder estamos diante de um “Vale Tudo”, haja visto os mártires da igreja, que aqui e ali, continuam incomodando e por isso, como João Batista acabam sendo eliminados, por causa do evangelho.
 A Igreja precisa cada vez mais de cristãos iguais a João Batista, que sejam capazes de dar a vida pela Verdade, pois de cristãos do tipo Herodes, que praticam a religião do descompromisso, muitos templos andam sempre lotados…
 Sim, João Batista morreu por denunciar a verdade. Apresentava a todos que deveriam mudar ou pelo menos refletir profundamente seu comportamento. Poderosos o temiam, os simples o admiravam. Era um homem santo e muito focado na sua missão. Hoje, recordamos o seu martírio!

Recentemente vi uma matéria enfocando o decréscimo do catolicismo no Brasil e diferentemente do que se esperava, não foi o crescimento evangélico que era evidenciado, a pesquisa aborda o crescimento contínuo daqueles que não tem religião. Por que?
Vivemos num tempo em que as pessoas querem respostas rápidas para suas perguntas. Colocam no Twitter uma pergunta e rapidamente um dos seus “seguidores” lhe oferecerá uma possível resposta. Muitos querem que suas preces assim também sejam atendidas, rápidas. “(…) Pede-me o que quiseres, e eu te darei”

Nem sempre as respostas que queremos ouvir são as que Deus nos sugere. É duro ter que admitir que boa parte das burradas que cometemos foram motivadas por essa surdez de consciência.

É difícil competir com uma mídia que prega 24h por dia o consumismo. “Compre agora”, “sem juros, 60 meses”, a roupa que fulana usa em MALHAÇÃO, os beijos e abraços liberados nos reality shows; brothers e sisters, “fazendeiros”, (…) na verdade quem tem ido pra “roça” são os nossos valores.

É uma mídia sem valores, não falo aqui de cristãos ou não, somos bombardeados para abandonar o que é moral. Canais de televisão que denunciam as mazelas sociais são os mesmos que apóiam a eleição de deputados e senadores que defenderam seus interesses quanto às fatias de concessão de recursos federais para comunicação.

João Batista foi morto porque um homem se encantou com um rebolado. Quantas pessoas hoje morrem de fome, tem uma educação medíocre, uma saúde pública vergonhosa, pois os seus governantes tomam decisões mediantes os rebolados dos seus interesses?
 Notem uma coisa no evangelho de hoje “(…) Herodes ofereceu uma festa para os proeminentes da corte, os chefes militares e os grandes da Galiléia”. Ele não estava só, por que tantas pessoas influentes que ali estavam não levantaram a voz para defender o inocente?

Ter ou não ter essa ou aquela religião não é o problema. Tão pouco a quantidade de católicos não quer dizer que temos qualidade neles.
 A minha maior preocupação esta no fato dos valores de amor ao próximo aos poucos virar uma relação comercial em que uma amizade será consolidada na medida em que posso ter algo em troca do outro, que Deus possa falar o que quero e não o que deveria ouvir.

Que adianta a paz se pago a milícia do morro, que adianta se dizer religioso se me importo apenas comigo, que adianta dizer ter uma religião se a que eu procura é a que mais me convém? Sim! Justifica-se então o fato de muitos preferirem não ter religião, pois serei adepto do deus que me conceder mais coisas e não me cobrar uma mudança de vida.

João Batista perderia ainda hoje a cabeça, mas eu ainda tenho fé nas pessoas.

Quarta feira 28 agosto Sto Agostinho



Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 23,27-32

"- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês são como túmulos pintados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão. Por fora vocês parecem boas pessoas, mas por dentro estão cheios de mentiras e pecados.
- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês fazem túmulos bonitos para os profetas e enfeitam os monumentos das pessoas que viveram de modo correto. E dizem: "Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos feito o que eles fizeram, não teríamos matado os profetas." Assim vocês confirmam que são descendentes daqueles que mataram os profetas. Portanto, vão e terminem o que eles começaram!
"
Meditação: 
Mateus recolhe em sete a expressão: "Ai de vós", usada por Jesus, para introduzir as acusações dirigidas contra os escribas e fariseus. No Evangelho de hoje, temos os dois últimos “ai de vós” da seqüência. A repetição explícita, “ai de vós, escribas e fariseus hipócritas…”, mostra-nos a contundência da censura. Na ocasião das grandes festas, os sepulcros eram caiados para evitar algum contato involuntário de alguém que, assim, se tornaria impuro.
A indignação de Jesus contra os mestres da Lei e fariseus é tão grande, que Ele os compara a “sepulcros caiados”, pois têm a aparência exterior de um túmulo recém pintado de branco que tenta esconder uma realidade interior cheia de podridão. São eles aqueles que aparentando ser boas pessoas, escondem uma realidade de mentiras, pecados e nada comprometida com os preceitos morais.
Depois Jesus fala das edificações (sepulcros e sacrários), que ficam ao redor de Jerusalém, para os profetas martirizados. Ele acusa escribas e fariseus de serem descendentes (física e espiritualmente) dos responsáveis por esses martírios.
É desta forma, expressando seus “ais”, que Jesus mostra sua mágoa pela forma como escribas e fariseus fazem mau uso de sua liderança religiosa que deveria estar a serviço da comunidade e não servindo para exaltação e interesse próprio.
Este são os mesmos perigos que permeiam nossas comunidades, ainda hoje, e que prejudicam a vida espiritual de muitos. Certamente Jesus diria novamente um “ai”, se participasse das comunidades de agora.
Jesus continua a nos interpelar assim como fez com os mestres da Lei e os fariseus a respeito da sinceridade nas nossas “boas ações”.
A franqueza e a transparência devem ser um princípio básico nas nossas atitudes. O nosso coração deve dar o ritmo para as nossas realizações, do contrário, por mais esforço exterior que façamos as nossas obras denotarão sinal de morte e não de vida.
Seremos como sepulcros caiados, por fora, impecáveis, por dentro cheios de imundície. Assim também, em relação às palavras que pronunciamos, aos elogios fáceis e cheios de hipocrisia que emitimos com o intuito de agradar a alguém, enquanto o nosso coração, muitas vezes, até critica e reprova.
A verdade e a justiça devem permear as nossas atitudes, nem que doa. Jesus foi transparente e sincero quando disse: “Ai de vós, hipócritas”!
Será que somos nós, hoje, os mestres da Lei e os fariseus, falsos e cínicos? Como está a sua justiça? Ela é verdadeira? O que será que você poderá estar vivendo, só de fachada? Você gosta de criticar as falhas dos outros achando que não cairia no mesmo erro? Você costuma fazer alguma coisa somente para parecer “bonzinho - boazinha”? Você costuma refletir sobre as conseqüências das suas ações? Você tem costume de elogiar as pessoas somente para agradá-las?
Se a sua conduta não for diferente da dos mestres e doutores da Lei saiba que Jesus está dirigindo para você estas palavras: Ai de você fariseu, hipócrita e doutor ou doutora da Lei!

Reflexão Apostólica:
Uma nova manifestação do conflito entre fariseus e Jesus é apresentada no evangelho de hoje. Volta a crítica de fundo dos fanáticos proclamadores do cumprimento da lei; eles, como sepulcros caiados, estão cheios de corrupção e podridão.

Por outro lado, as comunidades cristãs daquele tempo sofriam uma dura perseguição por parte das instituições judaicas, que viam no cristianismo uma ameaça para a legitimidade de seus aparatos de domínio.

O fato de proclamar Jesus como Messias, o enviado, relativizava o absolutismo das grandes instituições, como o Templo, a Lei, o Culto e o Sinédrio. O projeto de Jesus constituía uma novidade alternativa, que colocava a dignidade da pessoa no centro das atenções, por ser amada e preferida por Deus.

Essa vida estava acima de toda lei, o que quer dizer que o confronto entre Jesus e a lei vai muito além de um assunto de obediência; trata-se de um assunto ético, em que a discussão central está no lugar que ocupa a vida humana. Hoje enfrentamos múltiplas instituições que, em nome dos interesses do povo, tiram-lhe a própria vida.

Hoje, mais que nunca, estamos precisando de vozes proféticas que se levantem e clamem pela paz, pela justiça e pela solidariedade, em um mundo que paradoxalmente se afoga, entre a complexidade das leis criadas para simplificar a vida.

A atitude do cristão diante da vida há de fundamentar-se no mandamento  do amor, que se realiza plenamente baseado na justiça, na liberdade e na verdade, e se manifesta na compaixão, eixos principais na construção do reino de Deus no mundo. O cristão não pode desdobrar-se para viver em duas dimensões divergentes ou desintegradas entre seus princípios e sua conduta.
Há de ser uma só pessoa em suas palavras e suas ações; porque o termo “hipócritas” que Jesus lança sobre os fariseus e escribas significa que eram uma coisa por fora e outra muito diferente em seu interior. Jesus exige que sejamos coerentes e sinceros como Deus o é; do contrário seremos vítimas de nós mesmos, por não sermos conseqüentes entre o que pensamos e o que fazemos.
Devemos sempre estar alertas em relação à nossa vivência da fé porque, se não nos cuidarmos, podemos criar um abismo muito grande entre o que falamos e o que vivemos ou, pior ainda, podemos viver uma religiosidade de aparências, uma religiosidade ritual em detrimento de uma real vivência de fé, de uma resposta pessoal aos apelos que nos são feitos para que assumamos os compromissos do nosso batismo a partir de uma vida verdadeiramente profética que denuncie os contravalores do mundo e anuncie a verdade dos valores que foram pregados por Jesus Cristo. Deste modo, a nossa vida religiosa não será simplesmente ritual, mas também compromisso.

Propósito:

Senhor, arranca o meu coração de pedra, este coração duro e incircunciso. Dá-me um coração novo, um coração de carne, um coração puro (Ez 36, 26). Tu, que purificas os corações, que amas os corações puros, toma posse do meu coração e vem fazer nele a tua morada. Pai, torna-me de tal modo transparente que meu íntimo possa ser revelado por meus gestos e atitudes. Livra-me de ser como um sepulcro caiado!