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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Evangelho do dia 05 janeiro sexta feira 2024

 

05 de janeiro - Enquanto não atingirmos o vértice da perfeição, estaremos sempre naquele círculo (aliás, fonte de muitos merecimentos) de soerguimentos e de quedas, de orações para obter a graça do bom propósito e do bom propósito para obter a graça da oração. (L 52). São Jose Marello


Leitura do santo Evangelho segundo São João 1,43-51 

"No dia seguinte, ele decidiu partir para a Galileia e encontrou Filipe. Jesus disse a este: "Segue-me"! (Filipe era de Betsaida, a cidade de André e de Pedro.) Filipe encontrou-se com Natanael e disse-lhe: "Encontramos Jesus, o filho de José, de Nazaré, aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, bem como os Profetas". Natanael perguntou: "De Nazaré pode sair algo de bom?" Filipe respondeu: "Vem e vê!" Jesus viu Natanael que vinha ao seu encontro e declarou a respeito dele: "Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade!" Natanael disse-lhe: "De onde me conheces?" Jesus respondeu: "Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi". Natanael exclamou: "Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!" Jesus lhe respondeu: "Estás crendo só porque falei que te vi debaixo da figueira? Verás coisas maiores que estas". E disse-lhe ainda: "Em verdade, em verdade, vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem!""

 Meditação:

  Jesus continuou a caminhar procurando os Seus seguidores. Ele sabia a quem deveria chamar. Encontrou Filipe e disse apenas uma palavra: “Segue-me”. O chamado de Jesus é muito forte e objetivo, Ele não se explica muito.

Apenas uma palavra de Jesus fez com que Filipe O seguisse e mais do que isso, saísse anunciando o Seu Nome. Ao contrário dele, Natanael, desconfiado, não quis acreditar que de uma cidade tão pequena viesse alguém tão importante.

Na maioria das vezes, somos assim também como Natanael: desconfiamos, queremos ver grandes feitos, não nos contentamos com coisas simples e pequenas e só estamos satisfeitos quando os sinais são mais do que evidentes.

No entanto, Jesus mostrou que aquele que não procurou grandes provas encontrou a Deus como mais facilidade. Filipe não perdeu tempo, Natanael precisou que Jesus lhe desse um sinal concreto para acreditar no Seu chamado.

 Jesus veio revelar ao mundo o amor do Pai e a sua presença no meio de nós. A cada um que Ele chama dá provas do Seu poder e da Sua sabedoria, pelo Espírito do Amor de Deus que se manifesta em todos os momentos.

A nós também Ele promete coisas maiores do que as que Ele fazia naquele tempo. Portanto, as Suas promessas hoje também se renovam para nós.

Ele nos convoca para vivermos o reino dos céus, aqui, agora e promete a manifestação da Sua glória em cada momento de acordo com a Fé que tenhamos na Sua palavra.

Se confiarmos em Jesus e no seu chamado para segui-Lo, muitas maravilhas também haveremos de presenciar: o céu aberto e os anjos subindo e descendo.

 Você é como Filipe ou como Natanael? Qual a força do chamado de Jesus para você? Você precisa de grandes provas para seguir Jesus? A Sua Palavra é atuante na sua vida?

Reflexão Apostólica:

 No evangelho de hoje Jesus quer convidar cada um de nós a segui-lo. Você está disposto a tornar-se um discípulo de Jesus e um evangelizador nesse novo ano que se inicia?

 Se a sua resposta foi sim, então você deve pedir a Deus que envie ao seu coração uma porção dobrada do Espírito Santo, todos os dias, para que você tenha a força e a perseverança necessária para evangelizar e amar.

Se a sua resposta foi não ou se você está em dúvida sobre seguir Jesus e ser um discípulo da Sua palavra é porque você ainda não teve um encontro pessoal e verdadeiro com o Senhor.

 Peça a graça de poder viver essa experiência de amor profundo com Jesus a ponto de querer segui-Lo e não mais abandonar os seus caminhos.

Assim como aconteceu com os primeiros discípulos também está acontecendo com você hoje através desse evangelho que o chama a fazer parte da tropa de elite do Senhor e a acompanha-Lo no caminho da salvação.

 Quando Jesus encontra com Filipe diz apenas: "Segue-me!". Quando Filipe encontra com Natanael e fala sobre Jesus ele questiona: "De Nazaré pode sair coisa boa?" Filipe respondeu: "Vem ver!" 

É exatamente esse gesto que precisamos fazer com aqueles que não conhecem o Senhor. Precisamos convidar os nossos amigos, familiares, colegas de trabalho, enfim, todas as pessoas que convivem com você e que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer verdadeiramente a Deus para estar perto de Dele, para conhecê-Lo no Santíssimo Sacramento do altar, para recebê-Lo na Eucaristia, para ser batizado pelo Espírito Santo, ou seja, para ver o Senhor e segui-Lo.

 Precisamos imitar o gesto de Filipe e conduzir as pessoas a Deus, pois essa é a verdadeira função de um discípulo.

Jesus está querendo dizer para nós que na verdade quem nos chama em primeiro lugar é o próprio Senhor, mas que às vezes Ele precisa se utilizar de meios para poder ter um encontro pessoal com seus filhos e hoje você está sendo convocado a ser esse instrumento da evangelização, a ser esse discípulo que ajuda o Senhor a se encontrar com seu povo.

 É preciso seguir a Deus, beber do Seu amor e conduzir o seu povo para um encontro pessoal com Jesus. É exatamente isso que Deus quer de você através desse evangelho tão simples, porém tão profundo.

Não deixe para seguir Jesus amanhã ou não adie seu encontro pessoal com o Senhor, pois Ele está repleto de amor para banhar o seu coração e mudar a sua vida.

  Propósito: Estar atento para perceber onde e a quem posso falar de Jesus.

 

O melhor dia da nossa vida é sempre aquele que estamos vivendo, pois só no presente temos a possibilidade de consertar erros do passado e a oportunidade de preparar um futuro melhor.

Evangelho do dia 04 janeiro quinta feira 2024

 

04 janeiro – Recomecemos, recomecemos) de verdade. Invoquemos o Espírito Santo para que nos ilumine e caminhemos na presença de Deus com a simplicidade da criancinha que se diverte sob os olhos da mãe. (L 23). São Jose Marello

 


João 1,35-42

 " No dia seguinte, João estava lá, de novo, com dois dos seus discípulos. Vendo Jesus caminhando, disse: "Eis o Cordeiro de Deus!" Os dois discípulos ouviram esta declaração de João e passaram a seguir Jesus. Jesus voltou-se para trás e, vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: "Que procurais?" Eles responderam: "Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?" Ele respondeu: "Vinde e vede!" Foram, viram onde morava e permaneceram com ele aquele dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido a declaração de João e seguido Jesus. Ele encontrou primeiro o próprio irmão, Simão, e lhe falou: "Encontramos o Cristo!" (que quer dizer Messias). Então, conduziu-o até Jesus, que lhe disse, olhando para ele: "Tu és Simão, filho de

João. Tu te chamarás Cefas!" (que quer dizer Pedro)"

  Meditação:

  Encontramos neste texto três mensagens importantes para nós:

 1 – João Batista – Cumpria a sua missão de profeta apontando aos seus discípulos, Jesus Cristo, o verdadeiro Caminho para que eles O ouvissem, acreditassem e buscassem-no. Ele não procurou reter os seus discípulos, muito pelo contrário, mostrava-lhes que Jesus era o único que podia salvá-los. João aponta o Caminho da Verdade para os discípulos que desejavam ter uma experiência com Jesus e queriam saber onde Ele morava. Nós também precisamos ter consciência do que buscamos, a quem buscamos e do que desejamos.

 2 – Os discípulos – Não duvidaram, mas escutaram a mensagem e reconheceram a verdade. Saíram em busca de Jesus. Não ficaram presos a João Batista. Jesus os acolheu, porém primeiro perguntou-lhes o que eles procuravam. Não os prendeu, não os forçou apenas fez com que eles tivessem consciência do que desejavam os seus corações. “Que estais procurando? Somente depois foi que Jesus os chamou: “vinde ver.” Eles foram por livre e espontânea vontade. Nós não podemos forçar ninguém a nos seguir e simplesmente fazer o que nós queremos.

 3- No nome, a missão – Assim como Jesus mudou o nome de Pedro para Cefas, também poderá mudar o nosso nome, nos redimensionar, nos reestruturar, transformar o nosso corpo, a nossa mentalidade e o nosso espírito a fim de que estejamos ajustados (as) ao Plano de Deus na edificação do Reino dos céus.

Jesus sabe quem nós somos, sabe para o que nós viemos ao mundo e é o Espírito Santo quem nos revela tudo isso. Só Ele conhece qual o propósito do Pai ao nos criar e tem poder para em qualquer momento da nossa vida fazer as mudanças e transformações de que nós precisamos.

 Qual das três mensagens é hoje importante para você seguir como exemplo?

Reflexão Apostólica:

  Continuando…

Ao refletir o evangelho de hoje voltamos a insistir nesse parágrafo:

“(…) Investir, com afinco, na animação bíblica da pastoral e em agentes e equipes leva à instituição e à formação continuada dos ministros e ministras da Palavra [...]; com capacitação não apenas bíblica e litúrgica, mas também técnica. Especial atenção merece a homilia que precisa ATUALIZAR A MENSAGEM DA BÍBLIA DE TAL MODO QUE OS FIÉIS SEJAM LEVADOS A DESCOBRIR A PRESENÇA E A EFICÁCIA DA PALAVRA DE DEUS, NO MOMENTO ATUAL DE SUA VIDA”. (§97 Doc 94 CNBB – Diretrizes Gerais 2011-2015)

Para convencer André e João, Jesus usou muito mais que apenas palavras. Além de serem indicados por João Batista, algo mais os encantou a segui-lo. O que seria? “(…) Venham ver! – disse Jesus”

A pergunta para essa resposta foi: Mestre aonde moras? Parece simples a resposta, mas vai muito mais além disso.

 Muita gente ainda hoje busca a Deus na hora das dificuldades e aflições e muitos mais que uma simples resposta de qual é o problema, pois muitas vezes já sabemos qual é, Jesus oferece o conforto e a solução para o problema. Muito mais que o “sermão”, Deus oferece algo que se sintetiza no “venham ver” de Jesus.

Aquele que está triste, abatido, dezesperançoso talvez não se convença com “momentos” ou pregações cheias de sentimentalismos, no entanto vazias.

 O que talvez mude sua vida é de fato sentir o conforto que vem do alto, que de fato a farão se sentir acolhida como canta Walmir Alencar naquela canção que narra o filho pródigo. Talvez seja isso que a CNBB chame de eficiência e eficácia da Palavra de Deus.

Dias desses, duas mulheres testemunhas de Jeová passaram aqui em casa e ao fim da conversa ficaram meio que assombradas pelo fato de eu ter dado atenção para elas mesmo eu dizendo ter uma outra religião.

 Deram-me aquela revista que carregam consigo, a paz e partiram recebendo de mim um “vão em paz e que Deus as acompanhe”. Sorridentes acenaram e partiram. Pergunta: Como é que normalmente elas são recebidas?

Não! Elas não conseguiram mudar minha religião, mas creio que semeei a esperança em suas vidas. A mensagem que traziam era de preocupações com o mundo e que deveríamos nos preparar para os sinais dos tempos. Falavam de terremotos, desastres naturais, o desamor entre as pessoas, mas saíram da minha casa acreditando que ainda vale à pena acreditar no mundo.

 Méritos pra mim? Claro que não! Como diria João Batista ao falar de Jesus: “(…) Aí está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Eu estava falando a respeito dele quando disse: Depois de mim vem um homem que é mais importante do que eu, pois antes de eu o nascer já existia”.

 Aquele que vem a missa aos domingos merece ser tratado como ser único para Deus e não confundamos isso com “paparicos”, mas com a qualidade de nosso serviço, pois como vimos hoje, quem convenceu Pedro foi André, e só seremos igreja de verdade se meu jeito de ser conseguir convencer aos que me cercam que de fato conheci Jesus. “(…) Achamos o Messias. (“Messias” quer dizer “Cristo”.)”

 O Tempo passa tão rápido, pessoas entram e saem da sua vida. Você nunca deve perder a oportunidade de dizer a essas pessoas o quanto eles significam para você.

Evangelho do dia 03 jaeiro quarta feira 2024

 

03 jan – “Nunc coepi!” Agora começo, diziam os nossos grandes mestres que viveram antes de nós. Repitamo-lo também nós diante de Deus, com sinceridade e firmeza. (L 36). 03 – “Nunc coepi!” Agora começo, diziam os nossos grandes mestres que viveram antes de nós. Repitamo-lo também nós diante de Deus, com sinceridade e firmeza. (L 36). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São João 1,-29-34

"No dia seguinte, João viu que Jesus vinha a seu encontro e disse: "Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo. É dele que eu falei:
'Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia'! Eu também não o conhecia, mas vim batizar com água para que ele fosse manifestado a Israel". João ainda testemunhou: "Eu vi o Espírito descer do céu, como pomba, e permanecer sobre ele. Pois eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água disse-me: 'Aquele sobre quem
vires o Espírito descer e permanecer, é ele quem batiza com o Espírito Santo'. Eu vi, e por isso dou testemunho: ele é o Filho de Deus!""


Meditação: 

João Batista estava atento a todos os sinais do Espírito Santo, por isso,

ele pôde dar testemunho de que Cristo é verdadeiramente o Filho de Deus.

Nós também, se estivermos atentos ao Espírito Santo perceberemos os sinais de Deus para a nossa vida e, com certeza, teremos mais fé e seremos convencidos do grande amor de Deus para conosco.

João era um homem como nós, todavia soube alcançar qual era a sua missão e cumpri-la sem titubear. O Espírito Santo também repousa sobre nós e nos motiva a desempenhar a nossa missão aqui na terra e dar testemunho de que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o Cordeiro que nos tirou do pecado do mundo.

O nosso testemunhar deve estar baseado na nossa vivência diária e na nossa intimidade com o Espírito Santo, pois é Ele quem nos revela Cristo e confirma para nós as obras que em nós serão realizadas.

O que você tem percebido na sua vida como sinal de Deus através do Espírito Santo? Você é uma pessoa convicta em relação à presença de Deus no seu caminho ou você tem duvidado da ação do Espírito Santo na sua vida?

Reflexão Apostólica:

Ontem falávamos de João Batista e sua fidelidade. Questionávamos também o que virou a nossa própria fé. Dizíamos ontem: "(.) rezamos terços e rosários, mas acreditamos em espelhos quebrados. Vamos à missa, grupos de oração, mas ainda não nos livramos de ler horóscopos, elefantes nas portas, figas, pés de coelhos. Colocamos terços nos retrovisores, terço esse que nunca rezei ou aprendi a rezar".
Se me declaro católico, cristãos, crentes em Deus, então deveríamos rogar e apresentar as pessoas a quem cremos e só assim poderemos fazer, e
convencê-las, como João Batista ao dizer: "é esse aí que é O CARA". "(.) Aí
está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"!

 Certa vez pensei que eu exagerava no teor do comentário até que descobri que algumas pessoas falavam bem parecido comigo.

"(.) Investir, com afinco, na animação bíblica da pastoral e em agentes e
equipes leva à instituição e à formação continuada dos ministros e ministras da Palavra [...]; com capacitação não apenas bíblica e litúrgica, mas também técnica. Especial atenção merece a homilia que precisa

ATUALIZAR A MENSAGEM DA BÍBLIA DE TAL MODO QUE OS FIÉIS SEJAM LEVADOS A DESCOBRIR A PRESENÇA E A EFICÁCIA DA PALAVRA DE DEUS, NO MOMENTO ATUAL DE SUA VIDA". (§97 Doc 94 CNBB - Diretrizes Gerais 2011-2015)

Apesar de nossos defeitos e fraquezas somos, e temos mostrado ao longo de tantos anos, que somos capazes de evangelizar e a ajudar a manter a fé das pessoas vivas. Assim foi comigo e com você e será com nossos filhos se fizermos nosso trabalho direito e não pense que será fácil.

Não! Não será fácil, pois o mundo de hoje cada vez mais se apega em "deuses" que prometem prazer e realização imediata, sem necessidade de fé ou esperar pelo tempo ou esforço pessoal. Uma fé sem igrejas ou templos.

Um tempo onde despersonificam a Deus e agora o chamam de "ser"; Hollywood o tornou perverso e vingativo em diversos de seus filmes e quem pensa que isso é coincidência se engana, pois, esse mundo tem feito de tudo para abandonarmos a fé, visto que ela incomoda.

Esse mundo que vivemos aos poucos passa a ser descrente e faz campanha que nossos valores religiosos são "quadrados e ultrapassados".

Fico a imaginar se não houvesse religião a quantidade de abortos,
assassinatos e roubos, pois pode parecer que não, mas a crença que as
pessoas tem embutem valores morais importantes em nossa sociedade. Mas se é verdade por que querem acabar com a fé? A resposta é simples: o poder do dinheiro e o do TER.

Vai começar mais uma edição daquele reality show que nos oferece valores "bem interessantes". Nunca vi tanta mulher se beijando na boca em festas e eventos, e se declarar de orientação hetero, como depois de uma edição desse programa. Culpa do programa? Não! Nós é que andamos procurando mais os lobos ao invés do pastor. Lembre-se: "(.) Aí está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"!
E como disse ontem: "Deus espera".

O que fazer em 2024? Parar de prometer dia 31 e passar a cumprir a partir do primeiro raiar de janeiro.

Com todo respeito: ESSE CARA É JESUS! Creia nele!

 Até pelo que é ruim eu agradeço, e de coração cheio vou sorrindo e recebendo todos os ensinamentos da vida.

Evangelho do dia 02 de janeiro terça feira 2024

 

02 Janeiro - Quando, meu caro amigo, quando é que vamos começar de verdade? “In nomine Domini Nostri Jesu Christi”, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, agora mesmo. (L 24). São josé Marello


João 1,19-28

19Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?” 20João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”. 21Eles perguntaram: “Quem és, então? És Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu: “Não”. 22Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos de levar uma resposta àqueles que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?”

23João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías. 24Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?”

26João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, 27e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. 28Isso aconteceu em Betânia além do Jordão, onde João estava batizando.

MEDITAÇÃO

No meio de vocês, está alguém que vocês não conhecem (Jo 1, 26)

E já estamos no ano novo. Tudo bem com você? Passou bem o final de ano? Como disse o apóstolo: “Por tudo, daí graças ao Senhor”. Pois é, o ano começou. Vamos à luta! A roda já está girando. Depois da celebração do natal, agora já está no nosso horizonte a festa da epifania, popularmente chamada festa de reis. Esta é mais uma celebração a nos falar da pessoa de Jesus. Pela encarnação, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho, nasceu humano, do ventre de Maria Virgem. O verbo se fez carne. Esse é o grande mistério do natal. Ele veio para estar conosco. É o Emanuel.

O evangelho de hoje nos ajuda a continuar meditando este mistério da presença de Jesus entre nós. João Batista está pregando no deserto e atrai a atenção de muita gente. De Jerusalém, a capital, chega uma comissão. Quer saber se ele, João, é o Messias. É o tipo da comissão que vem só para incriminar. Não havia boa vontade em que os enviou. No fim, querem saber com qual autoridade o profeta está batizando o povo. João aproveita para anunciar que ele é pequeno e está preparando o caminho de alguém muito maior. Esse, sim, renovará o povo. João se declara menos que um servo, nem merece descalçar suas sandálias. E mais: o enviado já está no meio do povo, “já está entre vocês”.

Quando falamos de João Batista, todos nos lembramos, ele preparou os caminhos de Jesus, preparou o povo para sua chegada. E sabemos: nessa preparação ele chamava o povo à conversão e o batizava nas águas do rio Jordão, em sinal de penitência. Mas, precisamos integrar mais alguma coisa nessa compreensão. Quando um catequista prepara um grupo de crianças para a primeira comunhão, qual é o momento mais importante? Depois de ter percorrido um caminho de encontros e atividades de preparação, durante um bom tempo, finalmente chega o dia da primeira eucaristia. O catequista prepara as crianças para o encontro com Jesus na Eucaristia e a sua tarefa se conclui bem quando as crianças encontram Jesus neste sacramento. Voltemos a João Batista. O mais importante de sua missão foi o momento em que o povo se encontrou com Jesus. Todo o seu trabalho de preparação chegou ao ponto mais alto no dia em que ele pode revelar Jesus ali presente.

Jesus já estava presente, seja porque já tinha nascido, seja porque estava entre os peregrinos que vinham a João. Graças ao trabalho evangelizador do profeta, muita gente pode entender quando ele apontou Jesus como o ‘cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’. Tanto isto é verdade que dois dos seus discípulos começaram a seguir Jesus, a partir dali.

A verdade do natal não é apenas que Jesus nasceu. A grande verdade do natal é que Deus se tornou humano, fez-se Emanuel, caminha conosco. Viveu sua vida humana cheia de sabedoria e caridade e morreu condenado numa cruz. Venceu a morte, ressuscitando ao terceiro dia. Por sua morte e ressurreição, alcançou a nossa reconciliação com Deus, o Pai. Voltando ao seio da Trindade, agora com o seu corpo humano, como Deus permanece conosco. Sua presença entre nós é real, em expressões diversas, na sua Palavra, no Sacramento da Ceia, no seu povo reunido em assembleia, no pobre e no sofredor e de tantas maneiras mais. Ele está presente. Ele está conosco. Foi esta a grande tarefa de João Batista: revelar Jesus que já estava presente.

No meio de vocês, está alguém que vocês não conhecem (Jo 1, 26)

Senhor Jesus,

começou o novo ano. A certeza que enche o nosso coração de esperança é a tua presença entre nós. Pela tua encarnação, caminhaste conosco fisicamente, vivendo a nossa vida humana. E mesmo agora, na glória divina, assentado à direita do Pai, estás conosco. Tu és o Emanuel, estás conosco como prometeste: “Eis que estarei com vocês todos os dias, até a consumação dos séculos”. Assim, começamos a caminhada deste ano novo que acabou de começar com esperança, certos de que contigo enfrentaremos e venceremos tudo o que se opuser à nossa dignidade de filhos de Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

A tarefa de João Batista pode ser a nossa também. Podemos ajudar outras pessoas a descobrir a presença de Jesus em suas vidas. Se você ainda não o faz, hoje, compartilhe a Meditação com outras pessoas.

Nada na vida é definitivo a não ser a constância do momento presente. Viva o hoje, mas lembre-se que o hoje é ontem e é amanhã também.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

EVANGELHO DO DIA 01 JANEIRO SEGUNDA FEIRA 2024

 

01 Jan - SOLENIDADE DE MARIA, SANTA MÃE DE DEUS.

Com grande sabedoria, São Gregório de Nazianzo afirmou que, quem não reconhece Maria como verdadeira Mãe de Deus, não crê na Divindade, é ateu. Prostrados aos vossos pés santíssimos, ó Maria, vos proclamamos como verdadeira Mãe de Deus e, de hoje em diante, vos escolhemos como nossa Mãe celestial! (S 32). São Jose Marello


Lucas 2,16-21

"Eles foram depressa, e encontraram Maria e José, e viram o menino deitado na manjedoura. Então contaram o que os anjos tinham dito a respeito dele. Todos os que ouviram o que os pastores disseram ficaram muito admirados. Maria guardava todas essas coisas no seu coração e pensava muito nelas. Então os pastores voltaram para os campos, cantando hinos de louvor a Deus pelo que tinham ouvido e visto.
E tudo tinha acontecido como o anjo havia falado.
Uma semana depois, quando chegou o dia de circuncidar o menino, puseram nele o nome de Jesus. Pois o anjo tinha dado esse nome ao menino antes de ele nascer."

 Para marcar a conclusão da oitava de natal e o início do novo ano civil, a Igreja celebra a solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria, recordando a afirmação do Concílio de Éfeso (ano 431) que a definiu como “Theotókos”, cujo significado literal é “aquela que gerou Deus”. O objetivo da Igreja com esta festa e com a definição conciliar, no entanto, é afirmar a identidade de Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e não necessariamente promover o culto e a devoção a Maria. Inclusive, até o ano de 1970, esta festa se chamava “festa da circuncisão de Jesus”, fundamentada na tradição judaica de circuncidar as crianças do sexo masculino no oitavo dia após o nascimento, como aconteceu, sem dúvidas, com Jesus. O título atual da festa já é, portanto, fruto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

 No ano de 1968, o então papa Paulo VI proclamou este dia – primeiro de janeiro – também como o Dia Mundial da Paz, convidando a inteira humanidade a empenhar-se na construção da paz e da fraternidade universal. Isso torna esta celebração ainda mais significativa.

 O evangelho lido na liturgia deste dia é a continuação quase exata daquele da noite de Natal, sendo separado por apenas um versículo: Lc 2,15. Enquanto na noite de Natal o evangelho foi Lc 2,1-14, na solenidade de hoje o texto proposto é Lc 2,16-21. Por isso, consideramos que o primeiro passo para uma boa compreensão do evangelho de hoje é recordar o versículo que o antecede: «Quando os anjos os deixaram e foram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: ‘Vamos já a Belém para ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer’» (Lc 1,15). Ora, os pastores ficaram maravilhados com a Boa Notícia que o anjo lhes tinha anunciado: um Salvador nasceu para eles, naquela noite (cf. Lc 2,10). E, ao anúncio do anjo, seguiu-se o canto da multidão da corte celeste que desceu à terra, para junto dos pastores, proclamando a glória de Deus nos céus e a correspondente paz na terra entre a humanidade (cf. 2,13-14). Portanto, era inevitável a surpresa e a perplexidade nos pobres pastores, assim como a dúvida, afinal, conforme os parâmetros religiosos da época, eles seriam os últimos a receber uma mensagem do céu, pois pertenciam à categoria das pessoas mais simples e marginalizadas, e eram considerados impuros, compondo o último estrato social e religioso da época.

 Uma das grandes novidades de Jesus, desde o nascimento, foi contradizer o que a sua religião tinha afirmado sobre o Messias e sobre Deus. Ora, a religião oficial tinha classificado as pessoas como puras e impuras, justas e pecadoras, imaginando que a vinda do Messias seria marcada pelo extermínio das classificadas como impuras e pecadoras, como eram considerados os pastores na época. Ao invés de seguir as determinações da religião, Jesus preferiu, desde o início, exatamente as categorias excluídas, contradizendo e frustrando muitas expectativas. É nessa perspectiva que podemos e devemos compreender a reação dos pastores ao anúncio do nascimento de Jesus. A eles, a religião tinha ensinado que estava fora de cogitação a salvação, pois eram gente da pior qualidade e que não observava a Lei. De repente, eles recebem um anúncio de salvação e sentem-se amados por Deus. Além, disso, a religião de Israel tinha alimentado as expectativas pela vinda de um messias poderoso, guerreiro e glorioso, e o que veio foi uma criança pobre, nascida em condições sub-humanas. Perplexos diante de tudo isso, eles decidiram ir a Belém para conferir e tirar todas as dúvidas (cf. Lc 2,15).

 Diante de uma novidade sem precedentes, é impossível esperar, por isso diz o texto que «Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria, José, e o recém-nascido deitado na manjedoura» (v. 16). Merece destaque a expressão adverbial “às pressas” (em grego: σπεύσαντες – speussantes), a qual possui grande relevância no vocabulário da teologia lucana: encontra-se logo após o anúncio do anjo a Maria, introduzindo a visita a Isabel (cf. Lc 1,39), e na ordem de Jesus a Zaqueu, para que desça da árvore, para acolher a salvação em sua casa (cf. Lc 19,5-6). Isso quer dizer que, para Lucas, a salvação é uma Boa Notícia que não pode ser adiada, mas deve ser experimentada sem demora, com urgência. Tanto quem recebe quanto quem proclama o anúncio da salvação devem ter pressa. No caso dos pastores, mais ainda: como passaram a vida inteira às margens, sofrendo o desprezo e a exclusão, não poderiam mais perder tempo. Para eles e todas as categorias de pessoas marginalizadas, a inclusão tem de ser agora, hoje. Por isso, foram às pressas a Belém.

 Se os pastores ficaram surpresos com o anúncio do anjo, talvez tenham ficado mais ainda com o que viram em Belém: «encontraram Maria, José, e o recém-nascido deitado na manjedoura» (v. 16b). Na verdade, encontraram tudo conforme lhes tinha sido anunciado (cf. Lc 2,12), mas é impossível que não tenham se surpreendido, tamanha a reviravolta na história. Ouviram que tinha nascido para eles um Salvador, e encontram na manjedoura, junto aos pais, uma pequena criança, provavelmente em meio às moscas e esterco de gado, sem nenhum sinal distintivo que revelasse glória ou poder, atributos próprios de um salvador. Porém, o que encontraram confirmava o que lhes tinha sido anunciado (cf. Lc 2,12). Apesar da inevitável surpresa, veio a consciência da novidade e da nova história que estava começando. Ora, se tivesse nascido um Salvador conforme as expectativas da religião oficial, os pastores não conseguiriam sequer chegar perto, e seriam os últimos a saber. Aos poucos, foram compreendendo que um novo tempo com uma nova ordem estava surgindo, quem estava às margens estava passando para o centro, como eles. E essa mudança só se tornava possível porque o Salvador veio identificado com eles. Nesta cena, Lucas delineia o primeiro grande esboço de uma Igreja pobre e para os pobres!

 Na sequência, o evangelista diz que os pastores «tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino» (v. 17), tornando-se assim, também eles, mensageiros de salvação, portadores de Boa Notícia. Contaram que o anjo lhes aparecera anunciando o nascimento do Salvador, e que depois “uma multidão da corte celeste” baixou perto deles glorificando a Deus e anunciando a paz em toda a humanidade (cf. Lc 2,10-14). Contaram coisas maravilhosas, de modo que quem os escutava também se maravilhava, ou seja, ficavam perplexos, admirados, pois, até então, não se tinha notícia de um Deus que fizesse conta de gente pouco importante e sem currículo, como eram eles, conforme os padrões da sociedade e da religião da época. Com isso, o evangelista ensina que os pastores foram os primeiros evangelizados com o nascimento de Jesus e se tornaram os primeiros evangelizadores de tão grande acontecimento. Assim, Lucas faz deles modelos de anunciadores, prefigurando neles a missão dos apóstolos e dos discípulos e discípulas de todos os tempos. De fato, mais adiante, no auge da missão e sofrendo as primeiras perseguições, os apóstolos vão confirmar a fidelidade seguindo o exemplo dos pastores: «não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos» (At 4,20). Não calar diante do que se vê e se ouve é exigência básica da evangelização. E os pastores foram os primeiros a fazer isso.

 De todas as pessoas que ouviram o relato dos pastores e ficaram maravilhadas, o texto destaca a reação de Maria como mais profunda, com menos surpresa e mais reflexão. Afinal de contas, ela já estava habituada às maravilhas de Deus, pois foi a primeira destinatária do anúncio salvífico através do anjo Gabriel (cf. Lc 1,26-38) e tinha assistido à exaltação de Isabel quando a visitou (cf. Lc 1,39-52). No entanto, ela não deixará de maravilhar-se, pois a trajetória de Jesus lhe trará outras surpresas, como no episódio da apresentação no templo, quando ela e José ficarão admirados com o que se dizia do menino (cf. Lc 2,33). A reação de Maria é diferenciada, pois nela o evangelista está construindo a imagem da discípula modelo: «guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração» (v. 19). Se na atitude dos pastores já havia esboço do modelo de discípulo e discípula, esse modelo se aperfeiçoa em Maria: não basta contar o que se vê e se escuta, mas é necessário também meditar, assimilar bem, interiorizar. O verbo grego empregado pelo evangelista, traduzido pelo lecionário como “meditar” (συμβαλλω – symbálô), possui um significado ainda muito mais profundo: quer dizer “colocar junto”, “unir”, “reunir”. E era isso que Maria fazia: percebia os diversos sinais e acontecimentos do agir de Deus e juntava-os, fazendo sua própria síntese, cuja melhor demonstração está no canto do Magnificat: uma síntese da história da salvação, com ênfase na opção de Deus pelos pobres e humildes de sempre.

 Certamente, a meditação de Maria consistia em relacionar os acontecimentos do presente com as ações libertadoras de Deus ao longo da história, como ela mesma já expressara no Magnificat (cf. Lc 1,46-55) e experimentara em sua vida. É exatamente aqui que ela se sobressai sobre os demais ouvintes, porque ela guardava, ou seja, escutava com atenção tudo o que os pastores tinham dito, e juntava com o que já sabia: as palavras do anjo Gabriel e as declarações de Isabel, e o histórico de Deus em favor dos pobres e humildes. Aquela que já era mãe, inicia agora uma nova etapa, o discipulado, e isso ela vai fazer ao longo de toda a sua vida e a de Jesus. Ao invés de ver os fatos isoladamente, ela vai juntando cada um, unindo as peças e percebendo, no seu coração, que a história da salvação está sendo reescrita com novos parâmetros, uma inversão de ordem: os últimos, como ela e os pastores, passaram a ser os primeiros. E é essa a prova de que o Reino de Deus, de fato, irrompeu na história. Nesse sentido, Maria se torna autêntica intérprete da nova história da salvação, sendo, por isso, modelo ideal de discípula e discípula.

 Tendo comprovado e visto que tudo o que lhes tinha sido anunciado era verdade, «os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus» (v. 20). Realmente, não faltavam motivos para os pobrezinhos dos pastores glorificarem a Deus! É importante lembrar que a alegria e o louvor também são traços bem característicos de Lucas; quem faz a experiência do amor misericordioso de Deus reage louvando e glorificando. O louvor dos pastores mostra que, em Jesus, o abismo entre o humano e o divino foi eliminado; céus e terra foram unidos definitivamente. Cantar glória a Deus era função dos anjos no céu que, excepcionalmente desceram à terra e louvaram a Deus diante dos pastores (cf. Lc 1,13-14), mas logo retornaram para o céu. Agora, também aos pastores, os últimos da terra, tem esse direito. Temos aqui uma mudança completa de paradigma: o que era privilégio dos primeiros do céu, se torna acessível aos últimos da terra. O louvor continuado dos pastores mostra que a experiência vivenciada por eles foi verdadeira. O mistério contemplado deixou marcas permanentes. Eles não assistiram apenas a um evento, mas se tornaram participantes e construtores de uma etapa nova da história. Regressaram transformados, renovados, animados, se sentindo gente de verdade. Por isso, daquele momento em diante, dificilmente eles deixaram de anunciar tudo o que tinham visto, escutado e vivido.

 No final, vem evidenciado o papel importante de José e Maria na educação de Jesus, levando para a circuncisão conforme previa a lei e, ao mesmo tempo, a liberdade que tinham para seguir mais a Deus do que a Lei: «Quando se completaram os oitos dias para a circuncisão do menino, deram-lhes o nome de Jesus como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido» (v. 21). A circuncisão não era exclusividade de Israel. Era um costume comum a vários povos do antigo Oriente, sendo que a motivação era por questão de higiene e saúde. Em Israel se transformou em preceito religioso, passando a ser o principal sinal de pertença de um homem ao povo eleito. Com esse dado, Lucas reforça a concretude da encarnação. O que está sendo evidenciado mesmo é o nome dado à criança: Jesus, cujo significado é o “Senhor salva”. A Lei determinava que se desse o nome de um parente próximo. Contudo, o nome Jesus fora indicado pelo anjo, no momento do anúncio (cf. Lc 1,31). Com isso, Lucas mostra que, entre a Lei e o Espírito Santo, Maria e José preferiram se orientar pelo Espírito Santo, prefigurando, assim, mais uma característica da comunidade cristã. E Lucas faz essa referência à circuncisão mais como dado cronológico do que mesmo identitário. O importante aqui é o nome que sintetiza a missão de Jesus. E o conjunto dos eventos, do anúncio do nascimento até aqui, mostra a atualidade desse nome.

 O significado do nome Jesus é “Deus salva”, porque agora a salvação entrou definitivamente na história, como o anjo tinha anunciado aos pastores: «Hoje, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor» (cf. 2,11). Portanto, hoje, especialmente, é mais do que justo recordarmos a Mãe desse Salvador, e seguir seu exemplo de discípula fiel.

 Já que os bons momentos da vida sempre passam rápido, faço o possível para que sejam inesquecíveis e acompanhados de muitos sorrisos.



terça-feira, 19 de dezembro de 2023

EVANGELHO DO DIA 31 DEZEMBRO 2023 - SAGRADA FAMILIA

 

31 dezembro - Desejo a todos vocês uma coroa resplandecente de pérolas preciosas, trabalhadas aqui na terra no crisol do sofrimento e da provação. E faço votos que ninguém falte ao encontro feliz onde todos nos encontraremos aos pés do Altíssimo para cantar o hino de louvor eterno e de eterna gratidão. (S 359). São Jose Marello

 

Mateus 2,13-15.19-23

13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”.
14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito.
15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu Filho”.
19Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, 20e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel; pois aqueles que procuravam matar o menino já estão mortos”.
21José levantou-se, pegou o menino e sua mãe, e entrou na terra de Israel. 22Mas, quando soube que Arquelau reinava na Judeia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Por isso, depois de receber um aviso em sonho, José retirou-se para a região da Galileia, 23e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: “Ele será chamado Nazareno”.

 MEDITAÇÃO

José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito (Mt 2, 14)

 Dentro da oitava do natal, celebramos, hoje, a Festa da Sagrada Família, a família de Jesus, Maria e José. Celebrando a família de Nazaré, celebramos a nossa própria família, que é também sagrada, berço da fé, igreja doméstica.

Abramos o coração para acolher as lições da Palavra de Deus para nossa vida em família e para iniciarmos bem o ano novo de 2022 que se aproxima. Ao menos três lições, podemos recolher da Palavra de Deus no dia de hoje. 

Vamos à primeira lição. Colhamos o primeiro ensinamento no Evangelho de São Mateus. Na história do nascimento de Jesus, houve este fato triste: Herodes mandou matar as criancinhas de Belém e arredores de até dois anos de vida. Muitos pais se sentem como José e Maria, nos dias de hoje, porque parece pesar uma ameaça de morte contra sua criança. São muitas as ameaças contra a vida da criança e o seu crescimento sadio: a tentação do aborto, o alcoolismo, o desemprego, o ambiente insalubre de moradia, as brigas dentro de casa, a falta de atendimento médico adequado... Mas, os pais não estão sozinhos. No evangelho de hoje, o anjo do Senhor orienta José a fugir com a família. Avisa do mal que está para acontecer. E dirá a hora certa de voltar. É uma grande lição. Os pais não estão sozinhos na luta pelo bem dos seus filhos. Deus está com eles. Deus é o nosso protetor.

 Com a orientação de Deus, é preciso “fugir”, isto é, não se acomodar à situação, mas buscar uma saída, "ir para o Egito". Para o Egito, migraram Jacó e seus filhos, no início do povo de Deus, durante uma grande fome em Canaã. ... “Fugir” pode ser mudar de profissão, mudar de endereço, buscar melhorias em outra região. Primeira lição: Nas dificuldades, não se acomodar... e fugir do mal, sob a orientação de Deus.

Vamos à segunda lição. Ela vem do Livro do Eclesiástico e fala da atenção dos filhos aos seus pais. Os filhos devem amor, respeito, obediência aos seus pais. Honrar pai e mãe é o quarto mandamento da Lei de Deus. Particularmente, essa santa obrigação continua quando os pais envelhecem. É preciso cuidar deles, com todo o carinho e paciência. Vivemos numa sociedade que valoriza quem é jovem e produtivo, descartando os idosos.

 Olha a palavra de hoje, no livro do Eclesiástico (Eclo 3): “Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo com ele. Não o humilhes em nenhum dos seus dias. A caridade feita a teu pai não será esquecida”. Segunda lição: Os filhos devem amor e respeito aos seus pais, sempre, e devem cuidar deles, com o mesmo carinho, quando eles envelhecerem.

Vamos à terceira lição. Ela vem da Carta aos Colossenses e diz respeito à nossa convivência em família. Diz o apóstolo (Cl 3) “Revistam-se de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-se uns aos outros e perdoando-se mutuamente se um tiver queixa contra o outro”. Olha que belo programa de convivência em família! Somos responsáveis uns pelos outros. São sete atitudes que o apóstolo está recomendando: misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência, tolerância e perdão. Terceira lição: Começar a caridade cristã em casa.

O Senhor, hoje, nos brinda com muitos conselhos e recomendações sobre a nossa vida em família. Com a fuga para o Egito, aprendemos que Deus está ao lado da família, sempre e particularmente nas horas difíceis. Nestas horas, ele nos indica que não nos acomodemos. Ele nos assiste na busca de novas soluções, novas possibilidades, novas saídas para superar o mal. Com a tradição da fé, recordamos que os filhos devem amar e respeitar os seus pais, sempre, e cuidar deles com paciência e respeito na sua velhice. E o apóstolo nos recomendou que a caridade cristã comece em casa: misericórdia, humildade, paciência, perdão. Nesse finalzinho de ano, em família e no encontro com os parentes, temos muito a exercitar.

José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito (Mt 2, 14)

Senhor Jesus,
tu que quiseste habitar numa família humana, abençoa os pais, na sua busca de proteção dos seus filhos. Abençoa os filhos, no aprendizado do teu mandamento de honrar pai e mãe com seu amor, seu respeito e sua obediência. Afasta de nossas famílias a desunião, a discórdia, a descrença. Continua, Senhor, nos ensinando a enfrentar o mal com sabedoria e destemor. Que em nossas famílias, brilhe a tua Palavra como luz e o teu evangelho como caminho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

 Sagrada Família de Nazaré, modelo de família unida diante das dificuldades

 A Sagrada família de Nazaré leva-nos a meditar a família de Jesus e, nela a nossa família e todas as famílias cristãs.

No tempo do Natal, vivemos onde o Verbo que se fez carne e veio morar entre nós (Jo 1,14) manifesta de que jeito Deus é e nos mostra a sua vontade para nós, que é o amor sem medida, a misericórdia, a justiça e a paz (Jo 14,9).

Deus quis manifestar-se aos homens numa família humana. Ele quis nascer numa família para mostrar a importância de um lar cristão na formação do ser humano, em todas as suas potencialidades e dimensões.

O Messias quis começar a sua missão salvífica no seio de uma família simples, onde o lar foi a primeira realidade humana que Jesus santifica com a sua presença.

A Sagrada Família é proposta pela Igreja como modelo de todas as famílias cristãs, pois nela Deus está sempre no centro de suas decisões e ocupa sempre o primeiro lugar de tudo. A família é, antes de qualquer realidade, uma grande escola de virtudes humanas e teologais e o primeiro lugar de encontro com Deus.

Por isso, a família é chamada de Igreja doméstica, onde as crianças devem aprender os princípios básicos da fé na experiência concreta do dia a dia e lugar onde os esposos buscam a sua santificação e a realização plena de sua vocação matrimonial.

A família como célula-mãe da sociedade, é a principal escola de todas as virtudes sociais, pois é nela que se aprende e vive a obediência, a fraternidade e o sentido de responsabilidade. Quando a família vai bem, toda a sociedade prospera.

O Evangelho de Mateus 2,13-15.19-23, relata a condição de refugiados vivida pela Sagrada Família, e como nos dias atuais, muitas famílias sofrem ainda com esta realidade. São muitas as famílias que ainda hoje deixam sua casa, sua terra, sua gente e fogem da fome, da guerra, de outros perigos graves, em busca de segurança e de uma vida digna para si e para as próprias famílias.

Tornando-se homem, Jesus com a sua família, experimenta em seu próprio ser, todas as dores e os sofrimentos, os dramas e as esperanças que acompanham a vida de uma família.

A Sagrada família nos mostra a importância da família unida nos tempos difíceis de crise e instabilidades, aprofundando e apoiando-se no amor familiar, examinando a situação do próprio lar e buscando soluções que ajudem o pai, a mãe e os filhos a serem cada vez mais unidos, dialogando mais, colaborando uns com os outros na resolução dos problemas.

Tornando-se homem, Jesus com a sua família, experimenta em seu próprio ser todas as dores e os sofrimentos, os dramas e as esperanças que acompanham a vida de uma família, buscando cada vez mais a vivência da fé em família por meio da oração e da escuta atenta e amorosa da Palavra de Deus.

 

Uma leitura bíblica muito conhecida nessa solenidade é a de Colossenses 3,12-21, onde Paulo nos convida a nos vestir das seguintes virtudes: misericórdia, bondade, mansidão, paciência, tolerância e perdão recíproco, tudo muito bem alinhado com a caridade.

Essas são as virtudes que sempre encontramos na Sagrada Família e que são necessárias para se viver em comunidade e na vida conjugal. Paulo ainda insiste na necessidade de se viver a oração em comum, o diálogo e o aconselhamento recíproco e que ambos, marido e mulher estejam prontos para estar a serviço um do outro.

As últimas recomendações desse texto para nós é que os filhos obedeçam a seus pais, e que, pais não irritem seus filhos com atitudes egoístas e mesquinhas.

A leitura do Eclesiástico 3,3-7.14-17a é um convite a honrar os nossos pais principalmente na velhice, procurando ampará-los e dando todo suporte necessário nesse período. Honrar alguém significa dizer que essa pessoa tem um peso muito grande na minha vida, um valor incalculável.

Além do mais, essa atitude agrada a Deus. O amor dos filhos para com os pais vai transparecer nas numerosas promessas de bênçãos feitas a aqueles que cuidam de seus pais: acumularão tesouros diante de Deus, quando rezarem seus pedidos serão atendidos, terão vida longa e seus filhos serão exemplares e se tiverem cometido alguma falta receberão o perdão de seus pecados.

A Solenidade da Sagrada família de Nazaré é um convite para olharmos as nossas atitudes quanto à nossa família e nos perguntarmos se estamos vivendo de forma virtuosa dentro do nosso lar.

Convido você, amigo e irmão leitor, a se questionar comigo:

- Nas horas difíceis em minha casa, eu sou uma pessoa presente, atuante, procuro promover a unidade, sou aquele que motiva e dá suporte ao outro que caiu ou que está passando necessidade?

- Eu como pai ou mãe procuro promover em meu lar um espaço para em família escutar a Palavra de Deus, orar juntos e fortalecer os vínculos familiares em oração?

- Exercito o diálogo e mais ainda a escuta, com meu cônjuge e meus filhos?

- Procuro viver a minha maternidade ou paternidade de forma responsável, sendo presença na vida dos meus filhos e construindo um laço forte de amizade, de confiança e de uma autoridade que não precisa usar de autoritarismo ou opressão?

- Como filho, estou presente na vida dos meus pais idosos, procurando ampará-los em todas as suas necessidades seja afetivo ou material ou infelizmente ando ausente?

Termino aqui com o Salmo 127 e convido você a rezar comigo:       

"1 Cântico das peregrinações. Felizes os que temem o Senhor, os que andam em seus caminhos.

2 Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás de bem-estar.

3 Tua mulher será em teu lar como uma vinha fecunda. Teus filhos em torno à tua mesa serão como brotos de oliveira.

4 Assim será abençoado aquele que teme o Senhor.

5 De Sião te abençoe o Senhor para que em todos os dias de tua vida gozes da prosperidade de Jerusalém,

6 E para que possas ver os filhos dos teus filhos. Reine a paz em Israel!"

 

 

Evangelho do dia 30 dezembro sábado 2023

 

30 dezembro - Associemos ao abundante, precioso e real derramamento de sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo o pobre derramamento místico do nosso sangue que jorra do coração nas horas de sofrimento; e este, que é pobre, insignificante e miserável, se tornará rico, abundante e precioso aos olhos de Deus. (S 230). São Jose Marello

 


Evangelho: Lucas 2, 36-40

36Quando os pais de Jesus levaram o Menino a Jerusalém, a fim de o apresentarem ao Senhor, estava no templo uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, a qual era de idade muito avançada. Depois de ter vivido casada sete anos, após o seu tempo de donzela, 37*ficou viúva até aos oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, participando no culto noite e dia, com jejuns e orações. 38*Aparecendo nessa mesma ocasião, pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém. 39Depois de terem cumprido tudo o que a Lei do Senhor determinava, regressaram à Galileia, à sua cidade de Nazaré. 40*Entretanto, o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.

 O texto do evangelho que lemos hoje é a conclusão do episódio da apresentação de Jesus ao templo. Consta de duas partes: o testemunho da profetiza Ana (vv. 36-38) e o regresso da Sagrada Família a Nazaré (vv. 39-40).

De acordo com a lei dos hebreus, para garantir a verdade de um facto, exigia-se a deposição de duas testemunhas. Depois do testemunho de Simeão, vem o de Ana. É outra "pobre de Deus", típica representante daqueles que aguardavam a redenção de Israel. Louva o Senhor porque reconheceu no Menino Jesus, apresentado ao templo, o Messias esperado, e espalhou a notícia entre aqueles que viviam disponíveis para o evento da salvação (v. 38).

 A cena conclui-se com a observação de Lucas sobre o crescimento de Jesus, em Nazaré: «o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele» (v. 40). Diz-se muito pouco sobre a vida oculta de Jesus. Mas, o pouco que se diz, é suficiente para captarmos o espírito e apreciarmos o ambiente onde viveu o Salvador: os seus pais eram obedientes e fiéis à Lei, Jesus crescia em sabedoria, cheio como estava dos dons da graça de que o Pai o cumulava (cf. v. 52; 1 Sam 2, 26). Estamos perante uma comunidade que se abre ao reino de Deus, no respeito pela vontade do Pai.

Meditação

A profetiza Ana, uma anciã com 84 anos, número bíblico que simboliza a perfeição (resulta de 12×7), pois está no fim dos seus dias, sugere uma comparação com o ano civil que também está a terminar. Ana, depois de 7 anos de casamento, permaneceu no templo, servindo a Deus dia e noite com jejuns e orações. Por isso mereceu a graça do encontro com o Salvador. O nosso ano civil também está muito velho, e termina com o encontro do Senhor no Natal. Esse encontro é tanto mais belo e frutuoso quanto tiver sido cuidada a preparação. Mas, apesar de toda a nossa infidelidade, o Senhor, na sua infinita bondade e misericórdia, vem até nós, e dá-se a conhecer como nosso Salvador. Por isso, também nós, como Ana e, afinal, como Maria e todos os que esperavam a salvação de Israel, podemos entoar hinos de louvor e gratidão ao Senhor.

 Este encontro com o Senhor traz-nos a salvação, insere-nos numa nova forma de vida, com a qual havemos de ser coerentes, para manifestarmos o nosso amor a Deus. A vocação cristã a que fomos chamados, compromete-nos a viver no mundo a serviço do homem, para testemunhar a Cristo e levar a todos a sua mensagem de salvação. Vivemos no mundo, mas sem nos confundirmos com ele, nem cedermos a compromissos

com ele. Caso contrário, negamos o espírito de humildade, de pobreza, de caridade que deve animar a nossa vida de crentes. Só o coração que se esvaziar do mundo, das suas propostas de vida transitórias e da avidez pelos seus bens efémeros, podem ser cumulados do amor do Pai (cf. 1 Jo 2, 15).

 O discípulo de Jesus jamais será aceite pelo mundo, por causa da sua opção de vida, contrária às propostas e interesses mundanos. Os crentes, por causa da sua eleição e da sua opção de vida por Cristo, são considerados estranhos e inimigos do mundo. Por isso é que o homem de fé é odiado e recusado. O mundo recusa os discípulos porque não são seus. Perturbam a sua paz, desmascaram o seu orgulho, acusam o seu conformismo. Mas, se Cristo permanece sinal de contradição para quem segue a lógica do amor, também é certo que tanta oposição se torna critério de autenticidade e de solidez para os discípulos de Cristo.

 Como cristãos e, mais ainda, como religiosos, estamos "no mundo", mas não somos "do mundo" (cf. Jo 17, 11-14). As nossas Constituições dizem-nos que estamos inseridos no mundo, "segundo a nossa vocação específica" (n. 61), isto é, que devemos conservar e viver a nossa identidade de oblatos, servindo o Senhor noite e dia, e servindo os homens, segundo o nosso carisma específico e a missão a que somos chamados. Se assim não for, condenamos à esterilidade em relação a nós mesmos, à Igreja, ao mundo, e esvaziamos de significado a nossa missão (cf. ET 52).

Reflexão:

Ana, filha de Fanuel, mulher venerável, cheia de anos e de graças, também estava lá. Tinha o costume de rezar longamente todos os dias no Templo, e esperava como Simeão a vinda do Messias.

Como Simeão, ela reconheceu o menino divino e sua mãe, e isto foi para ela a mesma alegria e a mesma acção de graças. Exultava e anunciava a boa nova a todas as pessoas piedosas que esperavam a redenção de Israel.

E eu, eu recebo Nosso Senhor na sagrada comunhão. Recebo-o mesmo mais intimamente que Simeão. Vem dar-me a sua graça. Qual é o meu fervor para o receber? Como é que lhe testemunhei até aqui a minha alegria, o meu respeito, o meu reconhecimento?

 Ana, toda entusiasmada, falava de Jesus a todas as pessoas: loquebatur de illo omnibus. Quais são as minhas conversas depois das minhas comunhões? São edificantes, caridosas, sobrenaturais?

Transportado de amor depois das minhas comunhões, devia estar resolvido a viver glorificando Jesus e a morrer amando-o.

Simeão repete a Maria a profecia de Isaías: «O Cristo será para a santificação de muitos em Israel, mas será para outros uma pedra de escândalo» (Is 8,14). É manifesto. Cristo é causa de salvação e de ressurreição para aqueles que o reconhecem, que o amam e que o servem. É causa de ruína para aqueles que o rejeitam.

 A indiferença não é colocada aqui. Jesus é a vida. Todas as bênçãos são prometidas àqueles que o seguem e que o amam. É preciso estar com ele ou com o mundo. Os povos e as famílias, como os particulares, encontrarão o caminho da paz e dos favores divinos no seguimento de Jesus e no seu serviço.

 Estas palavras do profeta são graves. Há dois caminhos oferecidos à nossa escolha: de um lado o caminho das bênçãos, com o seu traçado marcado no Evangelho: «Bem- aventurados os pobres, bem-aventurados os puros, bem-aventurados os que choram, os que perdoam, os que sofrem perseguição». Do outro lado, o caminho que afasta de Cristo. Tem este traçado: amor pelo ouro, pelo luxo, pelo prazer e pelo mundo. - Sois vós quem eu escolhi, meu Salvador, é o vosso caminho, é o vosso amor, é o vosso Coração, mesmo que deva encontrar as contradições e as perseguições.

Simeão predisse a Maria a dor e a espada. Ela terá uma grande parte na paixão de Jesus. Sofrerá, ela também, por nós e pela nossa salvação. Ó Maria, como queria consolar-vos e partilhar das vossas mágoas para as aliviar! Até aqui, aumentei-as com as minhas faltas, perdoai-me. Vou-me esforçar por vos consolar com a minha paciência, com os meus sacrifícios e com as minhas mortificações.