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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Evangelho domingo 22 dezembro - 4º DOMINGO DO ADVENTO

Evangelho:
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 1,18-24

 "A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo. Enquanto assim decidia, eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho, dizendo: ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados’. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa: ‘Deus está conosco’. José, ao despertar do sono." 

 Meditação: 
 A perícope evangélica da concepção virginal de Jesus tem sido objeto de controvérsia. As interpretações são desencontradas tanto por desconhecermos elementos fundamentais para compreendê-la, o que não acontecia com as comunidades primitivas, quanto por projetarmos nossos preconceitos sobre o texto bíblico.

O Evangelho detém-se na soleira do mistério insondável de Deus, numa atitude de respeito e reverência, sem se importar com especulações de caráter anatômico ou fisiológico. Só lhe interessam os elementos teológico-espirituais deste dado da fé da Igreja.

O “noivado” nos tempos de Cristo – De modo geral, não eram os jovens que escolhiam com quem iam casar. Eram os pais deles que se encarregavam disso. O noivo ou a noiva era escolhido entre os membros da mesma parentela, mas não podiam ser escolhidos parentes muito próximos deles. O Levítico (18,6-18) não permitia: “Nenhum de vós se aproximará de sua parenta próxima para descobrir a sua nudez.” (...)

O noivado durava cerca de 12 meses, durante os quais a casa era preparada pelo noivo e o enxoval era preparado pela noiva. No ato do noivado, o pai do noivo ou o próprio rapaz tinha que pagar um dote ao pai da noiva. O valor do dote dependia do lugar, do tempo, da posição social dos pretendentes, mas correspondia, em média, a uns cinco ciclos de prata.
“Um homem ficava oficialmente noivo quando, entregando o presente à moça, dizia: com isso você é separada para mim, segundo as leis de Moisés e Israel.” (Vide Ralph Gower in “Usos e Costumes dos tempos bíblicos”, pag 65).

O noivado era muito mais sério do que os noivados de hoje. Tornando-se noivo, o jovem passava a ser dispensado do serviço militar. Se alguém estuprasse uma noiva, não podia casar-se com ela, pois era tida como pertencente ao jovem compromissado.

De modo geral, pouco se fala na parte que cabe a José no episódio da encarnação. Mas também ele teve a sua grande e importante participação.
 Ora, aconteceu que Maria, estando noiva com ele, apareceu grávida antes de coabitarem. Considerando-se as implicâncias do noivado no tempo de Cristo, como narramos acima, podemos avaliar o grande constrangimento que teve José.
 Uma das presunções que passou pela cabeça dele é que Maria tivesse sido seduzida ou violentada. José preparava-se para tomar a providência mais delicada e suave que a Lei permitia, quando recebeu a mensagem de Deus em sonho comunicando-lhe a ação do Espírito Santo.
 Então, sem hesitar, recebeu Maria como sua esposa, dando a Jesus um nome, uma descendência e uma casa. José mostrou muita serenidade e caráter nesses momentos críticos e foi bem o que Deus queria para o homem que devia criar o seu filho. Sobretudo, foi decisiva nele a fé, que pode ser comparada à de Abraão.

“Do ponto da vista da Lei, José não estava fazendo nada de errado se repudiasse Maria. ... Mas o Evangelho nos apresenta algo inusitado: José não abandona Maria...por ter ouvido a voz de Deus.” (Pe. Claudiano A. dos Santos)

No momento atual, a cada dia se nos deparam casos mais freqüentes de separação matrimonial. Alguns casais antigos, unidos há tantos anos, nos deixam sem fôlego ao nos pararem para contar com a maior naturalidade a inacreditável aventura.
 As razões apresentadas quase sempre são inspiradas na voz do egoísmo. As partes beligerantes nunca fazem calar as vozes dos próprios ressentimentos. Essas vozes não deixam ouvir, por exemplo, as vozes dos filhos deles que os rodeiam e, principalmente, a voz de Deus.

 Reflexão Apostólica:
 O Evangelho de hoje fala de um dos homens que eu mais admiro na Bíblia: José. Não só pelo importantíssimo papel de pai terreno de Jesus, mas principalmente por aceitar casar-se com Maria, estando ela grávida antes de deitar-se com ele, confiando apenas em um sonho que ele teve. Admito que não sei se teria a mesma atitude dele... Talvez me falte essa fé... E talvez por isso eu o admire tanto...

Maria poderia ter dito ao anjo: "Posso conversar com meu noivo antes de aceitar essa proposta de Deus?" Mas ela deu a sua resposta independente da resposta de José. E isso deixa clara uma característica de Maria: a sua impulsividade.
 A mesma impulsividade que fez com que ela antecipasse a vida pública de Jesus nas Bodas de Caná. Fico imaginando... e se José não tivesse aceito casar com Maria? Ele estaria sendo justo, e ninguém iria poder condená-lo, pois ele não foi consultado para concordar ou discordar da concepção de Jesus por Maria, sob a ação do Espírito Santo, sem a sua participação.

Há muito tempo eu me pergunto se Deus foi justo com José... Só um homem que se guarda para o casamento poderia entender o que eu estou falando.
 A única resposta que me vem é que Deus não tiraria algo tão importante de José, se não lhe concedesse uma boa compensação... Ser o pai terreno do Filho de Deus. Nenhum outro homem na história teve esse papel de ser o formador, o educador, a referência de pai para Jesus.
 Quando Jesus pensava em Deus e o chamava de Pai, não tinha como não associar a José, seu pai de criação. Da mesma forma que nós, quando pensamos em Deus, associamos com o nosso pai terreno... e é isso que muitas vezes explica a nossa afinidade ou falta de afinidade com Deus.
 É por isso que muitas pessoas só conseguem rezar por intercessão de Maria... porque só conseguia falar com seu pai por intercessão da sua mãe.
 Da mesma forma, muitas pessoas não conseguem se identificar com Maria, Mãe de Jesus, porque não se dão bem com sua mãe terrena...

Vou dizer algo bastante óbvio, mas que muitas vezes não nos damos conta: Jesus não nasceu adulto! Ele foi criança, e precisou aprender a andar, falar, ler, escrever, pensar, tratar, observar e tocar as pessoas... Isso não se nasce sabendo: se aprende. E o papel de José foi fundamental para o crescimento físico, social e espiritual de Jesus.

Observe que em Mateus 12,50 Jesus diz que quem faz a vontade de seu Pai que está nos Céus é seu irmão, sua irmã e sua mãe, mas não diz que pode ser seu pai.
 O único que pôde desempenhar o papel de pai terreno de Jesus foi José. E eu acredito que tão difícil quanto encontrar a mãe ideal para Jesus, foi encontrar esse pai ideal.

 Feliz da mulher que encontra um marido como José, e feliz do(s) filho(s) que tem(têm) um pai como José. Uma boa mulher edifica a casa, mas um bom homem é salvação para toda a família.

Evangelho sábado 21 dezembro - S. Pedro Canisio

Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 1,39-45
 "Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto:
- Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse.
Meditação
 O  evangelho de Lucas, acompanhando o evangelho de Mateus, narrará o nascimento do menino Jesus em Belém de Judá, como sendo o cumprimento da profecia de Miqueias (Mq 5,1-4a). Por aquela que aceita conceber o Filho de Deus, nascerá aquele que traz a paz.
 Atualmente, continua sendo de vital importância que nossa preparação para o nascimento de Jesus seja também uma ação missionária. O mundo de hoje clama pela paz, solidariedade e fraternidade. No evangelho lido, encontramos Maria em atitude missionária.

A visita a Isabel se caracteriza por uma série de ações que revelam o anúncio da Boa Nova. Maria viaja desde o Norte, até a região da Judeia, para visitar Isabel; esse ato de desprendimento é um gesto que mostra o poder de envio de Deus.

É a materialização de sua generosidade. A saudação de Maria a Isabel é uma festa da maternidade de Deus. O menino João, dando saltos de alegria no ventre em reação às palavras de Maria, é um símbolo do poder da Palavra divina que vai semeando alegria e gozo por todas as partes.

No evangelho de hoje, Lucas relata o encontro de Isabel e Maria. As duas mulheres: uma, idosa, esposa de um sacerdote, que encarna as tradições da Judeia e outra, jovem, do campo, que reflete as tradições da Galileia.
 Ambas confiaram plenamente nele e assumiram conscientemente a novidade de sua vontade. Nelas, Deus convoca Israel a inaugurar um novo tempo onde toda diferença ou exclusão fiquem superadas pela fraternidade.

Encontram-se no meio de júbilo intenso. O filho de Isabel salta de alegria, sinal do reconhecimento da presença de Deus em Maria. Sem dúvida, o projeto de Jesus é diferente do de João, mas são convergentes na busca de uma conversão real na solidariedade e na justiça.

Em nossas igrejas, existem muitos grupos que, de diferentes maneiras, colaboram no plano de Deus. Este encontro é um convite para superar as tentações de exclusividade, ao acreditarmos que somos os únicos a ter compreensão sobre Deus ou sobre seu projeto.

Como Maria, é preciso ir ao encontro do outro, e como Isabel, recebê-lo em casa, reconhecendo o dom de Deus que se expressa de maneira plural nos diferentes apostolados, trabalhos ou teologias que testemunham a fé no serviço e cuidado da Vida.
 Reflexão Apostólica:
 Hoje, como cristãos, somos chamados a participar do plano de Deus, vivendo com generosidade o serviço dos irmãos mais necessitados. A fé não se cultiva somente no culto, mas na prática da solidariedade.
 O evangelho nos coloca em contato com o relato que evidencia a presença da maternidade de Deus. A visita de Maria a Isabel é uma grande lição de solidariedade, de fé e de alegria pelas coisas que Deus fez e como as fez. A generosidade de Maria com Isabel mostra a maneira como ela entendeu a missão que Deus lhe encomendou.

A fé de Maria, exaltada por Isabel, é uma manifestação do amor e da responsabilidade com a qual Maria assume seu papel na obra da salvação. Ela é destinatária da felicidade, da alegria de Deus.
 Maria e Isabel viveram grandes milagres da concepção em situações difíceis. Maria, nós já conhecemos bem suas dificuldades: muito jovem, sonhando com o próximo casamento com José, tem o encontro especial com Deus que transformaria sua vida.
 Isabel, já idosa, não podia mais ter filhos, mas é informada, a partir do encontro de Zacarias com um anjo, que será mãe de um garoto que se chamará João. Ambas sempre contaram com a força de Deus, e sempre aparecem desempenhando missões comprometidas com a fé.

Há milagres cotidianos que nem percebemos. A nossa vida é cheia deles. Não vemos, nem sempre sentimos, mas eles estão ai, perto de nós.

 Não pensemos em coisas grandiosas, vindas em formas de tempestades e anjos voando ao nosso redor. Pensemos nas coisas práticas, como no sorriso de alguém, na esperança por um dia melhor, no perdão que conseguimos dar, no emprego que chega, no nascimento de alguém. Existir nos faz próximos da Graça de Deus, e esse é o maior milagre que podemos viver.

Que bela lição este encontro entre estas duas grandes mulheres pode nos trazer! E como podemos aprender com isto: a solidariedade, o carinho, a preocupação com o outro e o acolhimento da vontade de Deus. Isabel e Maria são símbolos do quanto Deus pode fazer Sua graça frutificar em nós.

Que Deus
nos abençoe e guarde. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Evangelho 20 dezembro

Lucas 1,26-38
 "Quando Isabel estava no sexto mês de gravidez, Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. O anjo levava uma mensagem para uma virgem que tinha casamento contratado com um homem chamado José, descendente do rei Davi. Ela se chamava Maria. O anjo veio e disse:
- Que a paz esteja com você, Maria! Você é muito abençoada. O Senhor está com você.
Porém Maria, quando ouviu o que o anjo disse, ficou sem saber o que pensar. E, admirada, ficou pensando no que ele queria dizer. Então o anjo continuou:
- Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará à luz um filho e porá nele o nome de Jesus. Ele será um grande homem e será chamado de Filho do Deus Altíssimo. Deus, o Senhor, vai fazê-lo rei, como foi o antepassado dele, o rei Davi. Ele será para sempre rei dos descendentes de Jacó, e o Reino dele nunca se acabará.
Então Maria disse para o anjo:
- Isso não é possível, pois eu sou virgem!
O anjo respondeu:
- O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Deus Altíssimo a envolverá com a sua sombra. Por isso o menino será chamado de santo e Filho de Deus. Fique sabendo que a sua parenta Isabel está grávida, mesmo sendo tão idosa. Diziam que ela não podia ter filhos, no entanto agora ela já está no sexto mês de gravidez. Porque para Deus nada é impossível.
Maria respondeu:
- Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer!
E o anjo foi embora.
 Meditação: 
 Deus elege uma mulher simples de Nazaré para abrigar, em seu ventre, o seu Filho Jesus. Essa mulher se vincula, de maneira especial, à história da salvação. Esta manifestação de Deus surpreende Maria. No início, não entende o pedido de Deus; mas que acolhe sem reservas a vontade divina.
 Maria é uma mulher que crê e assume a responsabilidade de ser a mãe do Salvador e de dar à luz o Filho de Deus. Ao celebrar a festa da Anunciação é importante recordar os aspectos vitais na experiência de fé cristã: primeiro a manifestação de Deus à humanidade por meio de pessoas muito simples, mas com uma fé profunda; segundo, o conteúdo do anúncio que é sua presença salvadora no meio do povo.
 Hoje, diante de tantas tragédias como a guerra, a droga e a violência, diante das diferenças sociais e econômicas que geram tanta injustiça e exclusão, necessitamos de anúncios de salvação e testemunhos como o de Maria, para recuperar a dignidade perdida dos pobres da terra.
 Começa, exatamente aqui, um novo período da história. Deus está conosco! Anjo havia dito a Maria: “Terás um filho. Ele chamar-se-á Jesus, o libertador”.

Ora, no diálogo do Anjo, ele não fala somente das grandezas pessoais de Jesus; é o Salvador, é o Messias esperado, é o Rei eterno da humanidade regenerada, cuja maternidade se propõe ali a Maria.

Toda a obra redentora esta ali dependendo do faça-se de Maria. E disto tem a Virgem plena consciência. Sabe o que Deus lhe propõe; consente no que Deus lhe pede, sem restrição, nem condição; o seu Fiat responde à amplidão das proposições divinas, estende-se a toda a obra redentora!

Foi fundamental a resposta de Maria. Pois, aquele diálogo de Maria com o Anjo, certificada da sua virgindade, Ela ousa responder: “Eis A escrava do Senhor; faça-se em mim, segundo a vossa palavra!
Trata-se de uma resposta admirável de bondade, mas também de humildade e de prudência! Aqui Maria manifesta mais ainda do que a sua incomparável humildade e obediência, a grandeza da sua fé, fazendo-a entregar-se inteiramente à ação divina, sem questionar nem pretender penetrar o profundo mistério, ou pensar sequer nas conseqüências a que se arriscava. E tu como tens respondido ao Senhor? Em que se tem baseado a tua?

Por um faça-se apenas o Verbo divino, se encarnou no seu seio puríssimo e virginal! É portanto, pelo seu sim que Deus se fez homem. E deste modo, formou-se no seio puríssimo da Virgem Maria, por força do Espírito Santo, o Corpo de Cristo, unindo-se ao corpo a sua alma humana criada do nada, e, consequentemente a Divindade unindo-se ao Corpo e à alma de Deus humanado – Jesus Cristo – passa a receber de Maria sangue do seu sangue, carne da sua carne! Assim, a partir daí, Aquele que é Deus verdadeiro, tornou-se também verdadeiro Homem, num mistério chamado hispostático, e a bem-aventurada Virgem Maria, tornou-se na realidade a Mãe verdadeira de Deus!

Se observarmos na história do mundo e na história dos homens encontraremos dois faça-se ou sim. O primeiro, no ato da criação, o próprio Deus pronunciando, faça-se – e todas as coisas aparecerem do nada! E no final a Bíblia afirmar que Deus viu que todas as coisas eram boas!

O segundo faça-se, é o de Maria: uma resposta obediente, belíssimo o segundo! Com o primeiro, Deus tirou do nada o Universo com a sua perfeição e ordem: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento a obra das suas mãos” (Sl 18,1).

Com o segundo – o de Maria – “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), num mistério de duas naturezas em uma e mesma pessoa!

Lembremo-nos que o nosso sim ou faça-se, pode transformar vidas, libertar as pessoas dos vícios, das drogas, da prostituição, do alcool, do adultério, da ganância, do roubos; pode curar os doentes e ressuscitar os mortos. Pode introduzir os teus na nova terra e céu.

Assim como nossa Mãe, Maria, nós somos chamados para levar a Boa Nova a todas as pessoas do mundo, para irradiar neles o amor que Jesus nos proporciona junto com nossa Mãe. Neste mistério aprendamos com Ela, o espírito de serviço para com o próximo.

O exemplo dela e reconhecendo a humildade de Maria no Magnificat, prometamos que seremos humildes e caridosos para com o nosso próximo. Ainda mais quando demos nosso faça-se, nosso sim, ao chamado especial de Cristo (João Paulo II).

Maria e Jesus, esposa e filho do carpinteiro José, continuam presentes entre nós em toda sua simplicidade e com todo seu amor.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a sermos caridosos e solidários para com o próximo, principalmente com os mais necessitados.

Aprendamos com Maria a virtude da humildade, e que Ela nos ajude a sermos simples, humildes e generosos de coração como Ela o foi, para transmitir sempre com alegria a palavra de Deus. Maria nos ensina também a nos colocarmos sempre a serviço do Senhor.

Peçamos ao Senhor que nos ajude a reconhecer a tua presença no meio de nós e que saibamos dizer “Sim”, como o fez Maria, à tua vontade.
 Reflexão Apostólica:
 O Evanlho de hoje nos mostra o amor de Deus por sua criatura e a coragem de Maria. Olhemos então a segunda propositura: a coragem!

De que temos medo? Que batalhas precisam ser vencidas?

Fisiologicamente nosso corpo responde aos medos com uma descarga de adrenalina na corrente sanguínea. Ela ( a adrenalina) gera em nós respostas físicas como o “suor frio”, a dilatação das pupilas e principalmente a resposta de fuga. Essa resposta é diferente em cada um de nós. Em alguns, a adrenalina gera a idéia convicta de correr ou fugir do agressor a outros a resposta é a posição estática, ou seja, nada consegue fazer.

Um exemplo: Ao vermos nosso filho quase caindo do berço, da cama ou do sofá, alguns ainda conseguem ter a reação de correr e alcançar antes que o fato que se consuma, porém outros não conseguem nada fazer a não ser gritar e por as mãos a cabeça…

Esse exemplo é muito comum em casa, mas existem outros exemplos que poderiam se simplificar num questionamento: Como é que eu respondo aos medos e as tempestades? CORRO OU ENFRENTO?

Problemas não devem ser encarados como uma disputa de carros num racha – onde o que chegar à frente ganha –  NÃO É BEM ASSIM. Quando encaro meus medos e problemas como racha não observo as pessoas, tão pouco ligo para elas, pois o único foco é sair vencedor. Essa é a forma mais comum de vermos as pessoas responder: resolvo meu problema e bananas para os outros; saio de “fininho” deixando a culpa para outro…

Antes de encarar o medo (ou problema) devo mudar a forma como respondo a ele. A resposta ao meu problema não pode ferir quem esta ao meu redor, mas também não pode limitar na vontade do outro. Como assim? A mulher que apanha em casa covardemente não pode ficar com “dó” de denunciar seu agressor. Por mais que queira bem ao seu amado, cessando as alternativas de dialogo, querer bem é preservar-se da agressão. A fisiologia humana revela essa nossa vontade de não se defrontar com o agressor, que denota que precisamos treinar mais para termos a melhor resposta ao estimulo.

Treinar mais não é viver agora a procurar encrenca, ok? Alguém fala, já retruco! Brigam, imediatamente respondo! Isso não é treino, é intempestividade.

Maria, hoje, é relembrada pela forma que respondeu aos seus medos. Ela bem sabia que ter um filho sem um marido poderia lhe ocorrer. Engraçado, ela nem correu e tão pouco ficou estática como a pessoa que levou um grande susto, Maria respondeu e melhor que isso, deu a melhor resposta. “(…) Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer“!

Realmente, Maria deu a melhor resposta, pois treinava muito o “sim” a Deus, sendo assim, não teve medo. Maria era como o jovem que estuda e enfrenta o vestibular com naturalidade; ou como um cirurgião diante às dificuldades e complicações de uma cirurgia delicada; ou como uma mãe ou pai que pula na frente de um carro pra salvar a vida do filho (…); ela responde como muitos de nós responderíamos ao vermos algo que queremos muito. Ela sonhava com o reino de Deus e tinha um propósito em toda sua criação

Ela amava a Deus de toda sua alma.

Precisamos aprender com o exemplo de Maria a não temer os desafios, a dar a melhor resposta às dificuldades e veremos o quanto Deus pode fazer e operar neles. Precisamos também nos perguntar: O que quero e tenho hoje vale à pena a luta? De um passo na fé hoje e de a melhor resposta!

Que Nossa Senhora nos ajude e interceda por nós!

 Oração: Pai, plenifica-me com tua graça, como fizeste com Maria, de forma que eu possa ser fiel como ela ao teu desígnio de salvação para a humanidade. Ave Maria! Cheia de graça. O Senhor é convosco. Bentida sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre: Jesus! Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Evangelho quinta feira 19 dezembro

Lucas 1,5-25

"Quando Herodes era o rei da terra de Israel, havia um sacerdote chamado Zacarias, que era do grupo dos sacerdotes de Abias. A esposa dele se chamava Isabel e também era de uma família de sacerdotes. Esse casal vivia a vida que para Deus é correta, obedecendo fielmente a todas as leis e mandamentos do Senhor. Mas não tinham filhos porque Isabel não podia ter filhos e porque os dois já eram muito velhos.
Certo dia no Templo de Jerusalém, Zacarias estava fazendo o seu trabalho de sacerdote, pois era a sua vez de fazer aquele trabalho diário. Conforme o costume dos sacerdotes, ele havia sido escolhido por sorteio para queimar o incenso no altar e por isso entrou no Templo do Senhor. Durante o tempo em que o incenso queimava, o povo lá fora fazia orações. Então um anjo do Senhor apareceu em frente de Zacarias, de pé, do lado direito do altar. Quando Zacarias o viu, ficou com medo e não sabia o que fazer. Mas o anjo lhe disse:
- Não tenha medo, Zacarias, pois Deus ouviu a sua oração! A sua esposa vai ter um filho, e você porá nele o nome de João. O nascimento dele vai trazer alegria e felicidade para você e para muita gente, pois para o Senhor Deus ele será um grande homem. Ele não deverá beber vinho nem cerveja. Ele será cheio do Espírito Santo desde o nascimento e levará muitos israelitas ao Senhor, o Deus de Israel. Ele será mandado por Deus como mensageiro e será forte e poderoso como o profeta Elias. Ele fará com que pais e filhos façam as pazes e que os desobedientes voltem a andar no caminho direito. E conseguirá preparar o povo de Israel para a vinda do Senhor.
Então Zacarias perguntou ao anjo:
- Como é que eu vou saber que isso é verdade? Estou muito velho, e a minha mulher também.
O anjo respondeu:
- Eu sou Gabriel, servo de Deus, e ele me mandou falar com você para lhe dar essa boa notícia. Você não está acreditando no que eu disse, mas isso acontecerá no tempo certo. E, porque você não acreditou, você ficará mudo e não poderá falar até o dia em que o seu filho nascer.
Enquanto isso, o povo estava esperando Zacarias, e todos estavam admirados com a demora dele no Templo. Quando saiu, Zacarias não podia falar. Então perceberam que ele havia tido uma visão no Templo. Sem poder falar, ele fazia sinais com as mãos para o povo.
Quando terminaram os seus dias de serviço no Templo, Zacarias voltou para casa. Pouco tempo depois Isabel, a sua esposa, ficou grávida e durante cinco meses não saiu de casa. E ela disse:
- Agora que o Senhor me ajudou, ninguém mais vai me desprezar por eu não ter filhos.
"
Meditação:
Lucas descrever os fatos evoca as circunstâncias do nascimento de pessoas que no AT tiveram um papel importante na realização do projeto de Deus e cuja infância já parecia marcada pelo destino privilegiado que iam ter: Moisés (Ex 2,1-10), Sansão (Jz 13,1-4 e 13,24-25), Samuel (1Sam 1,13-28 e 2,11).

Quanto mais conhecimento você conseguir acumular do Antigo Testamento, mais evocações vai descobrir nos escritos de Lucas.

Os dois primeiros capítulos do seu Evangelho não são histórias no sentido em que nós hoje entendemos a história.

Funcionam mais como espelho para ajudar os leitores e leitoras a descobrir que João e Jesus tinham vindo realizar as profecias do Antigo Testamento.

Lucas quer mostrar como Deus, através dos dois meninos, veio atender às mais profundas aspirações do coração humano.

De um lado, Lucas mostra que o Novo realiza o que o Antigo prefigurava. De outro lado, ele mostra que o novo ultrapassa o antigo e não corresponde em tudo ao que o povo do Antigo Testamento imaginava e esperava.

Na atitude de Isabel e Zacarias, de Maria e José, Lucas apresenta um modelo de como se converter e acreditar no Novo que está chegando.

Lucas interpretou a tradição do nascimento de João apresentando Zacarias e Isabel com a tonalidade dos matrimônios sem filhos do Antigo Testamento.

Deus, uma vez mais, faz o impossível para cumprir suas promessas. O importante do anúncio é a inteligência e a capacidade com que Deus se mostra a Zacarias, em contraposição à resposta insegura e questionadora deste.

Zacarias age como um incrédulo frente ao prometido por Deus. Zacarias e Isabel, duas pessoas anciãs que respeitam a Deus, apegadas à Lei do Senhor, são os destinatários de onde sairá uma nova oportunidade para que o povo de Israel se disponha a receber o precursor do Messias, João Batista.

Começou a era messiânica para o perdão, a esperança e a salvação. A boa notícia de hoje nos leva ao compromisso que é reconhecer a ação de Deus em nossas vidas.

O Deus em quem cremos pode realizar o impossível aos olhos humanos para cumprir o prometido, contanto que confiemos plenamente nele

Lucas, após um breve prólogo onde justifica seu trabalho redacional do evangelho, narra o anúncio do nascimento de João (Batista) e de Jesus, feito pelo anjo Gabriel, sucessivamente a Zacarias e a Maria. João e Jesus estão associados entre si desde suas concepções milagrosas.

Marcos começa o seu evangelho, o primeiro dos canônicos a ser escrito, com o batismo de João como momento inaugural do ministério de Jesus.

Mateus e Lucas, por sua vez fazem a introdução a este batismo inaugural de Jesus com suas narrativas de infância, cada um com um sentido teológico próprio. Mateus apresenta Jesus inserido na genealogia davídica, como aquele que vem cumprir as escrituras.

Lucas apresenta Jesus como sinal de contradição, o que já vem acontecendo com seu precursor, João Batista

O evangelho de hoje apresenta o anúncio do nascimento de João a Zacarias, um sacerdote ancião, servo do templo de Jerusalém.


O término do anúncio é semelhante ao anúncio a Maria, porém, Zacarias não acredita que o desígnio de Deus possa ser possível, dada a idade avançada dele e de sua esposa Isabel.

As palavras do anjo esclarecem Zacarias a respeito do projeto de Deus, confrontando a fé do sacerdote.

Aqui não há uma resposta de disposição total, ao contrário, Zacarias duvida do querer de Deus, o que gera sua mudez.

A mudez de Zacarias é uma mostra do silencio sacerdotal e religioso ante a vinda do Filho de Deus.

Nessa lógica cultural, não é fácil celebrar o anúncio de um filho, ainda que este lhe devolva o reconhecimento social e religioso.

Hoje, também os cristãos são chamados a reafirmar a fé em Deus e reconhecer sua voz nos sinais dos tempos, que exigem uma resposta.

Historicamente, têm sido muitos os silêncios que silenciam também a Deus. Não podemos nos calar e não podemos desconfiar da grandeza do poder de Deus, que mantém sua promessa de libertação, ainda que se valendo de meios inesperados.

Reflexão Apostólica: 
O Evangelho de hoje narra os acontecimentos que antecederam o nascimento de João Batista. São Lucas nos dá a oportunidade de conhecer os pais de João. É sobre este casal que nós vamos refletir hoje e tentar aprender um pouco, partindo da sua história.

Primeiro ponto importante: era um casal idoso, e ainda por cima, ela era estéril. Na palestina daquela época era costume se ter muitos filhos. Isso era um sinal de fertilidade e era considerada uma bênção de Deus.

Quando um casal não tinha filhos, era como se Deus não tivesse abençoado o casal. E isso era motivo de vergonha e humilhação, principalmente para a mulher.

Deus poderia ter escolhido um casal jovem para ser a família de João Batista, mas preferiu um casal de idosos. Não foi o primeiro casal de idosos que Deus confiou tão grande missão...
O Antigo Testamento está cheio de casos assim. Daí, podemos tirar a primeira lição de hoje: para servir a Deus, idade não é desculpa!

Zacarias ainda tentou se esquivar dizendo: "Mas como isso pode acontecer? Eu sou um velho, e minha mulher também..."

Do mesmo jeito que muitos velhos de hoje preferem ficar no seu cantinho, com a boca aberta, cheia de dentes (ou não), olhando o tempo passar, e esperando a morte chegar...

A propósito, é de se salientar qie "velho", não se refere aos que têm idade avançada não, mas, principalmente, àqueles que acham que já passou o seu tempo, que já deu o que tinha que dar...

O segundo ponto importante de se frisar, hoje, é a superação de João Batista frente aos problemas que ele teve que superar desde antes do seu nascimento, tais como: Ser criado por pais idosos... a mãe que foi se esconder nas montanhas quando engravidou... a provável morte dos pais ainda durante a sua infância ou adolescência (já que eram idosos)... ter que aprender a se virar sozinho (por isso foi morar no deserto, e aprendeu a comer gafanhotos, mel do campo, e se vestir com a pele de animais)...

João Batista tinha tudo pra ser um coitadinho, mas aprendeu a superar as dificuldades desde pequeno.

Provavelmente, pelos pais serem idosos, ele passou a ajudá-los nos afazeres da casa desde que aprendeu a andar...

Isso, para uma criança, poderia ser traumatizante, mas João não se deixou abater por nada.

Como já dizia Padre Léo, "
João Batista foi um trator de esteira: veio aplainar o terreno pra Jesus!".
O que mais me cativou na maneira de Lucas descrever os fatos da vida? Como leio os fatos da minha vida? Como fotografia ou como raio-X?

A mensagem de hoje é de incentivo, de ânimo! Não se deixar abater pelas dificuldades, e enfrentar os obstáculos!

ÂNIMO!!!
Propósito:

Pai, atendendo à oração de Zacarias, manifestaste tua misericórdia para com o justo sofredor. Sê também benévolo diante das nossas angústias.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Evangelho quarta feira 18 dezembro

Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 1,18-24
 "A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo. Enquanto assim decidia, eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho, dizendo: ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados’. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa: ‘Deus está conosco’. José, ao despertar do sono." 

 Meditação: 
 A perícope evangélica da concepção virginal de Jesus tem sido objeto de controvérsia. As interpretações são desencontradas tanto por desconhecermos elementos fundamentais para compreendê-la, o que não acontecia com as comunidades primitivas, quanto por projetarmos nossos preconceitos sobre o texto bíblico.

O Evangelho detém-se na soleira do mistério insondável de Deus, numa atitude de respeito e reverência, sem se importar com especulações de caráter anatômico ou fisiológico. Só lhe interessam os elementos teológico-espirituais deste dado da fé da Igreja.

O “noivado” nos tempos de Cristo – De modo geral, não eram os jovens que escolhiam com quem iam casar. Eram os pais deles que se encarregavam disso. O noivo ou a noiva era escolhido entre os membros da mesma parentela, mas não podiam ser escolhidos parentes muito próximos deles. O Levítico (18,6-18) não permitia: “Nenhum de vós se aproximará de sua parenta próxima para descobrir a sua nudez.” (...)

O noivado durava cerca de 12 meses, durante os quais a casa era preparada pelo noivo e o enxoval era preparado pela noiva. No ato do noivado, o pai do noivo ou o próprio rapaz tinha que pagar um dote ao pai da noiva. O valor do dote dependia do lugar, do tempo, da posição social dos pretendentes, mas correspondia, em média, a uns cinco ciclos de prata.
“Um homem ficava oficialmente noivo quando, entregando o presente à moça, dizia: com isso você é separada para mim, segundo as leis de Moisés e Israel.” (Vide Ralph Gower in “Usos e Costumes dos tempos bíblicos”, pag 65).

O noivado era muito mais sério do que os noivados de hoje. Tornando-se noivo, o jovem passava a ser dispensado do serviço militar. Se alguém estuprasse uma noiva, não podia casar-se com ela, pois era tida como pertencente ao jovem compromissado.

De modo geral, pouco se fala na parte que cabe a José no episódio da encarnação. Mas também ele teve a sua grande e importante participação.
 Ora, aconteceu que Maria, estando noiva com ele, apareceu grávida antes de coabitarem. Considerando-se as implicâncias do noivado no tempo de Cristo, como narramos acima, podemos avaliar o grande constrangimento que teve José.
 Uma das presunções que passou pela cabeça dele é que Maria tivesse sido seduzida ou violentada. José preparava-se para tomar a providência mais delicada e suave que a Lei permitia, quando recebeu a mensagem de Deus em sonho comunicando-lhe a ação do Espírito Santo.
 Então, sem hesitar, recebeu Maria como sua esposa, dando a Jesus um nome, uma descendência e uma casa. José mostrou muita serenidade e caráter nesses momentos críticos e foi bem o que Deus queria para o homem que devia criar o seu filho. Sobretudo, foi decisiva nele a fé, que pode ser comparada à de Abraão.

“Do ponto da vista da Lei, José não estava fazendo nada de errado se repudiasse Maria. ... Mas o Evangelho nos apresenta algo inusitado: José não abandona Maria...por ter ouvido a voz de Deus.” (Pe. Claudiano A. dos Santos)

No momento atual, a cada dia se nos deparam casos mais freqüentes de separação matrimonial. Alguns casais antigos, unidos há tantos anos, nos deixam sem fôlego ao nos pararem para contar com a maior naturalidade a inacreditável aventura.
 As razões apresentadas quase sempre são inspiradas na voz do egoísmo. As partes beligerantes nunca fazem calar as vozes dos próprios ressentimentos. Essas vozes não deixam ouvir, por exemplo, as vozes dos filhos deles que os rodeiam e, principalmente, a voz de Deus.

 Reflexão Apostólica:
 O Evangelho de hoje fala de um dos homens que eu mais admiro na Bíblia: José. Não só pelo importantíssimo papel de pai terreno de Jesus, mas principalmente por aceitar casar-se com Maria, estando ela grávida antes de deitar-se com ele, confiando apenas em um sonho que ele teve. Admito que não sei se teria a mesma atitude dele... Talvez me falte essa fé... E talvez por isso eu o admire tanto...

Maria poderia ter dito ao anjo: "Posso conversar com meu noivo antes de aceitar essa proposta de Deus?" Mas ela deu a sua resposta independente da resposta de José. E isso deixa clara uma característica de Maria: a sua impulsividade.
 A mesma impulsividade que fez com que ela antecipasse a vida pública de Jesus nas Bodas de Caná. Fico imaginando... e se José não tivesse aceito casar com Maria? Ele estaria sendo justo, e ninguém iria poder condená-lo, pois ele não foi consultado para concordar ou discordar da concepção de Jesus por Maria, sob a ação do Espírito Santo, sem a sua participação.

Há muito tempo eu me pergunto se Deus foi justo com José... Só um homem que se guarda para o casamento poderia entender o que eu estou falando.
 A única resposta que me vem é que Deus não tiraria algo tão importante de José, se não lhe concedesse uma boa compensação... Ser o pai terreno do Filho de Deus. Nenhum outro homem na história teve esse papel de ser o formador, o educador, a referência de pai para Jesus.
 Quando Jesus pensava em Deus e o chamava de Pai, não tinha como não associar a José, seu pai de criação. Da mesma forma que nós, quando pensamos em Deus, associamos com o nosso pai terreno... e é isso que muitas vezes explica a nossa afinidade ou falta de afinidade com Deus.
 É por isso que muitas pessoas só conseguem rezar por intercessão de Maria... porque só conseguia falar com seu pai por intercessão da sua mãe.
 Da mesma forma, muitas pessoas não conseguem se identificar com Maria, Mãe de Jesus, porque não se dão bem com sua mãe terrena...

Vou dizer algo bastante óbvio, mas que muitas vezes não nos damos conta: Jesus não nasceu adulto! Ele foi criança, e precisou aprender a andar, falar, ler, escrever, pensar, tratar, observar e tocar as pessoas... Isso não se nasce sabendo: se aprende. E o papel de José foi fundamental para o crescimento físico, social e espiritual de Jesus.

Observe que em Mateus 12,50 Jesus diz que quem faz a vontade de seu Pai que está nos Céus é seu irmão, sua irmã e sua mãe, mas não diz que pode ser seu pai.
 O único que pôde desempenhar o papel de pai terreno de Jesus foi José. E eu acredito que tão difícil quanto encontrar a mãe ideal para Jesus, foi encontrar esse pai ideal.

 Feliz da mulher que encontra um marido como José, e feliz do(s) filho(s) que tem(têm) um pai como José. Uma boa mulher edifica a casa, mas um bom homem é salvação para toda a família.
   

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Evangelho terça feira 17 dezembro

Mateus 1,1-17

"Esta é a lista dos antepassados de Jesus Cristo, descendente de Davi, que era descendente de Abraão.
Abraão foi pai de Isaque, Isaque foi pai de Jacó, e Jacó foi pai de Judá e dos seus irmãos. Judá foi pai de Peres e de Zera, e a mãe deles foi Tamar. Peres foi pai de Esrom, que foi pai de Arão. Arão foi pai de Aminadabe, que foi pai de Nasom, que foi pai de Salmom. Salmom foi pai de Boaz, e a mãe de Boaz foi Raabe. Boaz foi pai de Obede, e a mãe de Obede foi Rute. Obede foi pai de Jessé, que foi pai do rei Davi.
Davi e a mulher que tinha sido esposa de Urias foram os pais de Salomão. Salomão foi pai de Roboão, que foi pai de Abias, que foi pai de Asa. Asa foi pai de Josafá, que foi pai de Jorão, que foi pai de Uzias. Uzias foi pai de Jotão, que foi pai de Acaz, que foi pai de Ezequias. Ezequias foi pai de Manassés, que foi pai de Amom, que foi pai de Josias. Josias foi pai de Jeconias e dos seus irmãos, no tempo em que os israelitas foram levados como prisioneiros para a Babilônia.
Depois que o povo foi levado para a Babilônia, Jeconias foi pai de Salatiel, que foi pai de Zorobabel. Zorobabel foi pai de Abiúde, que foi pai de Eliaquim, que foi pai de Azor. Azor foi pai de Sadoque, que foi pai de Aquim, que foi pai de Eliúde. Eliúde foi pai de Eleazar, que foi pai de Matã, que foi pai de Jacó. Jacó foi pai de José, marido de Maria, e ela foi a mãe de Jesus, chamado Messias.
Assim, houve catorze gerações desde Abraão até Davi, e catorze, desde Davi até que os israelitas foram levados para a Babilônia. Daí até o nascimento do Messias, também houve catorze gerações.
"
 


Meditação:

A vinda de Jesus ao mundo foi precedida de uma história: a história do povo de Israel, que tem o seu início com Abraão, desenvolve-se até atingir o seu apogeu com o Rei Davi, depois entra em declínio até atingir o seu ponto mais baixo com Josias e o exílio da Babilônia, para depois evoluir até chegar à plenitude dos tempos com Jesus, Deus presente e atuante na história dos homens, que vai ser a realização da promessa a Abraão que nele serão abençoadas todas as nações da terra e a salvação chega para todos os povos com a libertação do pecado e da morte e a presença do próprio Deus na vida de todos nós. Ufa! Que parágrafo comprido...

A narrativa bíblica, no Antigo Testamento, é pontuada com personagens que são elos para as cadeias de genealogias que foram instrumento de afirmação da pureza racial no judaísmo que surgiu após o exílio. Serviam também para reivindicar estirpes sacerdotais e identificar vocações messiânicas. Elas foram elaboradas em uma seqüência ordenada em blocos de sucessão.

Neste sentido, Mateus apresenta uma genealogia em três blocos: de Abraão a Davi, de Davi ao Exílio, do Exílio a José. Nelas destacam-se dois personagens maiores: Abraão e Davi.

No período entre Davi e o Exílio, Mateus coloca a sucessão da realeza davídica, enquanto que Lucas segue outra ordem arbitrária. Lucas tem uma visão universalista da encarnação, menos atrelada à ideologia nacionalista davídica do judaísmo.

Mateus inicia seu evangelho com esta genealogia no sentido de vincular Jesus à descendência davídica a partir da paternidade de José.

O Evangelho de hoje lembra a genealogia de Jesus. O Antigo Testamento diz que o Salvador do mundo virá da descendência de Davi, por isso que Jesus também é chamado, em algumas passagens dos Evangelhos, de Filho de Davi.
       
Dois pontos são interessantes observar nesta meditação:

Primeiro: de Davi até José, a descendência passou apenas entre os homens. É claro que a nossa tradição católica diz que José não teve nenhuma participação na concepção de Jesus, mas apenas na sua criação.

Segundo: são observadas algumas contradições entre a genealogia apresentada nesta passagem de Mateus, e na genealogia apresentada em Lucas 3,23-38.

Enquanto que, em Mateus, a genealogia descendente vai de Abraão a José, em Lucas a genealogia ascendente vai de José a Adão. Uma das contradições diz respeito ao pai de José que, aqui em Mateus, é Jacó e, em Lucas, é Heli.

A explicação para isso pode ser uma tradição antiga entre os judeus, que dizia que o genro também era considerado filho. Portanto, ou Heli ou Jacó seria o pai de Maria.

Em Lucas 3,4-5, quando é falado do recenseamento de toda a terra, é reafirmado que José era "da casa e da família de Davi". Tudo isso para afirmar e confirmar que Jesus era da linhagem real, profetizada no Antigo Testamento.

Essa árvore genealógica vincula Jesus com aqueles que configuraram a história de seu povo, patriarcas, reis, sacerdotes, profetas; também mulheres estrangeiras e profetas populares. É uma releitura da história do povo de Israel, que desemboca em Jesus, o Messias.
É importante observar que, entre os antepassados de Jesus, há pessoas que foram instrumentos para realizar a vontade de Deus; esse é o caráter teológico deste relato.

Se não o vemos assim, facilmente podemos pensar que se trata de uma cadeia histórica de muitos homens poderosos, com pouca participação da mulher. Entretanto, é uma mulher, Maria, para qual a história converge e se desemboca.

Hoje somos convidados pela Palavra de Deus a recuperar a memória. Certamente em nossa comunidade, quem sabe, em nossa família, existiram homens e mulheres valiosos que foram testemunhas de autêntico compromisso cristão.

Reflexão Apostólica: 

O evangelista Mateus apresenta hoje uma esplêndida lista dos antepassados de Jesus. Trata-se de um exercício no qual confluem teologia e história.

Esta é a forma como as primeiras comunidades cristãs compreendiam a ação de Deus na historia: se Jesus é tão importante, é mais do que justo vincular suas origens a uma cadeia de pessoas muito importantes para o povo.

Também é muito importante, para a nossa reflexão de hoje, o valor dado aos nossos antepassados.

Dificilmente encontraremos alguém que saiba os nomes dos seus bisavós, muito menos dos seus tataravós, que representam apenas a 3ª e 4ª geração antes de nós.

Na época de Jesus, conhecer a genealogia era fundamental, principalmente quando a descendência era composta de pessoas importantes.

Qual a importância de se valorizar os antepassados? Conhecer a nossa origem. De onde viemos.

Também tem outro fator importante: conhecer a origem das nossas qualidades e defeitos mais profundos.

Dos nossos pais, não herdamos apenas a carga genética, mas muitos traços de personalidade, seja por imitação ou por "contra-imitação" consciente do que consideramos errado.

Por exemplo: quem cresceu recebendo atenção dos pais, vai considerar isso importante e vai ser assim com os filhos, e vai repassar isso de geração para geração.

Da mesma forma, quem cresceu sendo espancado pelos pais, pode considerar que essa é uma forma errada de educar os filhos, e nunca repetir essa atitude com seus filhos.

Você pode estar pensando: por que isso é importante? A resposta é fácil: Você ou seu (sua) filho (a) está pensando em casar?

Quando nos casamos com alguém, não casamos somente com uma pessoa, mas com toda a família dela. É claro, que de uma família ajustada, a probabilidade de sair uma pessoa ajustada é bem maior, em comparação com uma família desajustada.

Por isso, vai o conselho: conheça a família do(a) seu(sua) namorado(a); observe a forma como se tratam os pais dele(a); observe a forma como os pais dele(a) o(a) tratam; observe a forma como ele(a) trata os pais e os irmãos dele(a). E, o mais importante: converse sobre isso com ele(a).

Pode até ser difícil para ele(a), no início... mas se você deixa passar, todos os maus tratos que aconteciam na casa dele(a) vão repassar para a sua futura casa.

Lembremo-nos: traços de personalidade hereditários sempre têm uma grande influência (positiva ou negativa) na nossa personalidade.

Aproveitemos e observemos, também, as nossas próprias falhas hereditárias, e acreditemos: nós podemos ser melhores, basta querer, e nós queremos...

Propósito:
Pai, que a presença de teu Filho Jesus, na História, leve à plenitude a obra de tua criação, fazendo desabrochar, em cada coração humano, o amor para o qual foi criado.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Evangelho segunda feira 16 dezembro

Evangelho (Mateus 21,23-27)



Naquele tempo, 23Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se dele e perguntaram: “Com que autoridade fazes estas coisas? Quem te deu tal autoridade?”
24Jesus respondeu-lhes: “Também eu vos farei uma pergunta. Se vós me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. 25Donde vinha o batismo de João? Do céu ou dos homens?”
Eles refletiam entre si: “Se dissermos: ‘Do céu’, ele nos dirá: ‘Por que não acreditastes nele?’ 26Se dissermos: ‘Dos homens’, temos medo do povo, pois todos têm João Batista na conta de profeta”.
27Eles então responderam a Jesus: “Não sabemos”. Ao que Jesus também respondeu: “Eu também não vos direi com que autoridade faço estas coisas”.






autoridade de Jesus-MT-21,23-27


A cada dia que passa só aumenta o meu amor e a minha admiração por este homem chamado Jesus. Nossa, como é bom saber que temos Jesus em nosso coração, e que Ele está sempre conosco! No Evangelho de hoje, os Sumos Sacerdotes e anciãos desafiam a autoridade de Jesus, e perguntam: “Com que autoridade fazes estas coisas?” Jesus, como já era esperado, responde com outra pergunta: “Também eu vos pergunto uma coisa. Se me disserdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas: O batismo de João, donde se originou? Do céu ou dos homens?”.

Jesus confunde os chefes, pois era grande a aceitação de João Batista entre o povo, que tinha reconhecido em João Batista um homem de Deus. Reconhecer o caráter divino do batismo de João implica em reconhecer o caráter divino de Jesus, anunciado por João. No templo, aqueles homens achegam-se a ele e lhe fazem a mais torpe pergunta quando Ele estava ensinando o povo: “Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu esta autoridade?” Negaram-se a tirar a conclusão a que chegou o judeu Nicodemos, quando disse a Jesus: “Rabi, sabemos que tu, como instrutor, tens vindo de Deus; pois, ninguém pode realizar esses sinais que tu realizas, a menos que Deus esteja com ele”. ( João 3,2)

Jesus podia ter dito aos seus desafiadores: “Deixem que as minhas obras falem por si!” Depois de mais de três anos na sua carreira pública, os principais sacerdotes e os anciãos tinham muitos sinais em que se basear para chegar a uma conclusão correta sobre a identidade de Jesus e seu direito de realizar milagres e ensinar a verdade a respeito do Reino de Deus. Eles simplesmente eram orgulhosos demais para aceitar toda a evidência que Deus fornecia para provar que Jesus era o prometido Messias.

Quando os principais sacerdotes e os anciãos perguntaram a Jesus: “Quem te deu esta autoridade?” Ele não fez uma pergunta abstrata, mas disse: “Também eu vos pergunto uma coisa. Se me disserdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas: O batismo de João, donde se originou? Do céu ou dos homens?” O relato acrescenta: “Mas eles começaram a raciocinar entre si mesmos, dizendo: ‘Se dissermos: “Do céu”, ele nos dirá: “Então, por que não acreditastes nele?” Se, porém, dissermos: “Dos homens”, temos a multidão para temer, porque todos eles consideram João como profeta.’ De modo que disseram a Jesus, em resposta: ‘Não sabemos.’ Ele, por sua vez, disse-lhes: ‘Tampouco eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.”

Uma pergunta que fez com que os Sacerdotes e anciãos do povo, ficassem extremamente confusos, e não soubessem o que responder a Jesus. Quanta ousadia, duvidar da autoridade divina de Jesus! Pode parecer absurdo, mas muitos de nós às vezes nos perguntamos sobre a real existência de Deus, sobre o Poder de Jesus, sobre coisas que não somos dignos de pensar. Deus nos fez sua imagem e semelhança para que nós O honremos e amemos acima de todas as coisas.

Não nos cabe saber tudo sobre Deus, pois somente nos foi revelado o suficiente para nossa Salvação, por isso, antes de duvidarmos de Deus, devemos procurar conhecer aquilo que Ele nos deixou, e nos ajoelhar diante Dele, implorando seu Perdão por estar duvidando de Sua autoridade. Quem tem Deus no coração não duvida de Sua existência e de Seu Poder, pois inúmeras são as provas de que Ele realmente existe, e que Ele é vivo. “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.” (Dt 6,5)

A lição que podemos tirar deste texto é não deixar que o poder no mundo nos ponha a prova e então façamos mil e uma perguntas sobre o “por quê” desta ou daquela terrível situação que acontece conosco. Mas sim tendo fé, esperança e confiança em Cristo que está por vir, tenhamos vida plena.

Senhor, fazei de nós uma comunidade vigilante e orante, fortalece a nossa fé a cada dia, Senhor, fazei com que o Corpo e o Sangue do Teu Filho Jesus nos purifique e nos afaste de todos os pecados, nos conduzindo à Vida Eterna.

sábado, 14 de dezembro de 2013

TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO Evangelho de Mateus 11, 2-11


 


TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO 
Evangelho de Mateus 11, 2-11
João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras do Messias, enviou a ele alguns discípulos, para lhe perguntarem: «És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu: «Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Notícia. E feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!»
Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões a respeito de João: «O que é que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas aqueles que vestem roupas finas moram em palácios de reis.  Então, o que é que vocês foram ver? Um profeta? Eu lhes afirmo que sim: alguém que é mais do que um profeta.  É de João que a Escritura diz: "Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’.  Eu garanto a vocês: de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino do Céu é maior do que ele.

 

Saíamos ao Seu encontro

Novamente, neste domingo, é João Batista quem nos ajudará na caminhada do advento.
A pergunta que ele faz a Jesus de sua prisão perpassa o coração da humanidade de todos os tempos: "És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?".
João Batista se encontra na prisão depois de viver no deserto, pregando radicalmente a conversão das pessoas. Ele está injustamente na prisão, por ter denunciado diferentes situações de corrupção, relações desonestas...
João Batista preferiu perder sua liberdade a ter que se amoldar a uma cultura que era contrária aos seus princípios e à sua missão.
Assim disse o Papa Francisco, quando pede aos cristãos para “não usar uma linguagem ‘socialmente educada’, propensa à ‘hipocrisia’”, mas ser portadores da “verdade do Evangelho com a mesma transparência das crianças”. “A hipocrisia”, disse, “é a linguagem própria da corrupção”.
Imaginemos, assim, a situação de João Batista. Quais seriam seus sentimentos? Sem dúvida estamos diante de um justo inocente a quem estão maltratando.
Talvez João se sente cansando de tanta luta e sofrimento. A dúvida e a fé se misturam em seu coração, pode ser que esta seja sua dor mais profunda, a dor do espírito, a noite da dúvida.
Olhando para nós mesmos/as, para nossa história, reconhecemos esse conflito da dúvida em nós? E como o temos resolvido?
João Batista, desde sua experiência, pode nos ajudar e mostrar o caminho.
No meio da noite, deixou-se guiar por uma faísca de esperança que ainda queimava em seu coração e mandou seus discípulos perguntarem a Jesus: "És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?".
É importante perceber que a saída do conflito interior, existencial, não está no isolamento ou na permanência na dor ou na revolta, senão indo, da maneira que seja possível, ao encontro do Outro.
Dessa maneira, João Batista nos ensina uma atitude cristã fundamental para cultivar, neste advento, a saída de si. A primeira saída de si mesmo é comunicando àqueles que lhe estão próximos suas perguntas, suas dúvidas.
E são eles, aqueles que o acompanham neste momento de dor e sofrimento, que vão ao encontro do Outro. Jesus responde-lhes: "Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Notícia. E feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!".
Para um judeu como João essa resposta significa o cumprimento das promessas. O Messias esperado, apresentado pelo profeta Isaías (61,1-3) como libertador dos cativos, médico dos doentes, proclamador da Boa Notícia, chegou. É Jesus de Nazaré!
A pessoa de Jesus e seu obrar no Espírito Santo constituem o Reino de Deus. Ele nos revela um Deus que se faz próximo e presente na história humana. Nele Deus se manifesta como um Deus que age amando, libertando, curando, perdoando, comunicando Vida em abundância.
Cabe perguntar-nos se O vemos, se somos, como João, capazes de reconhecer sua Presença às vezes escondida na simplicidade do dia a dia.
Em Jesus, Deus vem ao nosso encontro, procura-nos amorosamente. Por isso advento é tempo de alegria, de júbilo. É um convite a nos reconhecer queridos terna e pessoalmente por esse Deus que vem nos visitar!
Ao mesmo tempo, não podemos esquecer que Deus também se faz procurar, para provocar nossa liberdade a sair alegre ao seu encontro e assim fazer nosso próprio êxodo para Ele.
Neste caminhar, vêm em nosso auxílio as palavras da esposa do Cântico dos Cânticos: “No meu leito, durante a noite, procurei o amado do meu coração, eu o procurei, mas não o encontrei. Levantar-me-ei e farei a volta da cidade, pelas ruas e pelas praças quero procurar o amado do meu coração” (Ct 3, 1-2).