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sábado, 31 de julho de 2021

EVANGELHO DO DIA 06 DE AGOSTO 2021 - TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

 


06 agosto - TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR JESUS CRISTO.
Abracemo-nos em Cristo e, no momento de nos juntar a Ele na união mística da
Eucaristia, transfiguremo-nos. (L 11).

 


Marcos 9,2-13

Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observavam esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”. 11Os três discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que antes deve vir Elias?” 12Jesus respondeu: “De fato, antes vem Elias, para pôr tudo em ordem. Mas, como dizem as Escrituras, que o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado? 13Eu, porém, vos digo: Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como as Escrituras falaram a respeito dele”. 
   

Meditação:

A vida e ação de Jesus não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal de ressureição: a sociedade não conseguirá deter a pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem a Jesus até o fim, começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele.

Marcos situa a Transfiguração num contexto em que Jesus preanuncia sua morte e sua glória. Ele acaba de anunciar sua Páscoa próxima; mas Pedro se opôs tenazmente; não pode aceitar que o reino da glória, anunciado pelos profetas passe pelo sofrimento e pela morte.

A Transfiguração é, portanto, uma exortação de urgência especialmente para Pedro, para que concorde a ouvir Jesus (v. 7), quando fala de seus sofrimentos e de sua morte, sem deixar por isso de reconhecê-lo como Messias definitivo.

À maneira de Servo (Is 50,4-11), aquele que sendo Filho de Deus tomou nossa condição humana, assumiu a fraqueza e a fragilidade para se tornar um de nós; é o Servo que vai preferir a morte a deixar de libertar toda a humanidade que estava submetida ao pecado.

A fé exigida dos espectadores da Transfiguração anima os discípulos de hoje a não fugir das necessárias encarnações e do desprendimento que elas exigem, para assim não buscar um reino que prescinda da morte; mas que os impulsione também a não querer uma encarnação sem transfigurações. Os discípulos são chamados a ‘levedar’ as estruturas do mundo para transformá-las, morrendo para toda a classe de seguranças.

A transfiguração de Jesus é um texto que nos põe frente aquilo que Jesus deseja de seus seguidores. O Reinado de Deus requer seguidores convencidos de que o final de sua vida não é a morte, mas também a transfiguração de seu ser, ou seja, a Ressurreição.

Jesus, enquanto ora, transforma seu rosto e suas vestes, tem uma missão e partilha toda a experiência de sua transfiguração e o que ele assimilou de Deus, seu Pai, o revela a três de seus discípulos. Jesus, na transfiguração, compreende e revela o sentido profundo de sua vida: Uma atitude de filho que entende que para cumprir sua missão – que é a vontade de seu Pai - deve passar pela morte, na dinâmica de Marcos, pela morte na Cruz.

Os discípulos não conseguem assimilar a mensagem de derrota e de morte que seu Mestre lhes expressa; por isso recebem a mensagem: por trás da derrota e da morte, está seu triunfo.

O Pai assegura que a vida e a obra de Jesus não terminam com a morte, que a transfiguração, ou seja, a Ressurreição, será o definitivo para ele, que os animou na vocação do Reino.

Deve-se declarar que esta visão não levou o grupo dos discípulos ao perfeito conhecimento e a perfeita confissão de Jesus; entretanto, essa experiência permaneceu em seu interior como uma realidade indelével que os levaria a compreender melhor sua ressurreição e a partir daqui, chegar a entender a fundo o sentido aparentemente contraditório de sua vida: renunciar a todo poder e terminar condenado a morte, sem que ninguém até então compreendesse a fundo sua causa.

A presença de Moisés e de Elias, genuínos representantes da Lei e dos profetas, manifesta que, para o escritor do Evangelho, em Jesus se cumpre totalmente a lei e a profecia.

Assim como Moisés foi o libertador do povo da escravidão do poder do Faraó e como Elias foi o libertador do povo do poder despótico da Babilônia, Jesus é, para Marcos, o definitivo libertador de todo homem e mulher que assimilando sua causa se deixa conduzir por ele para viver a plena liberdade dos Filhos de Deus.

Um tema fundamental que toma novo rumo no relato da transfiguração é o tema da morte. A morte deixa de ser o fim irremediável e a sombra do horror, e começa a ser entendida como o translado para onde Deus está. Por isso, desde agora, a morte está intimamente ligada ao triunfo, e não pode ser entendida, senão a luz da Ressurreição.

Reflexão Apostólica:

 Jesus levou os três discípulos à uma alta montanha e se transfigurou diante deles, mostrando-lhes a Sua glória. Isto também Ele quer fazer com cada um de nós que se dispõe a segui-Lo aonde Ele for.

Muitas vezes o subir a uma alta montanha requer um esforço pessoal e nos leva a nos desinstalarmos, a abrir os horizontes, a ir mais além da nossa vidinha medíocre. Aquele que sobe à montanha com Jesus consegue enxergar a Sua glória e também será contagiado com a sua beleza.

 A manifestação do poder de Deus em nós muda as nossas estruturas e o nosso modo de ser. A transfiguração de Jesus nos revela a glória e o poder de Deus que também age em nós de uma maneira concreta nos fazendo sair da nossa humanidade que é terra para conviver com a realidade do céu que está dentro de nós, no nosso espírito.

 Quando também, espiritualmente, nos deixamos conviver com Jesus na oração, na adoração, na meditação da Sua Palavra, nós também ouvimos a voz do Pai que nos diz: “Este é o meu Filho amado.

Escutai o que ele diz!” Aí então, com certeza, nós não teremos mais dúvidas de que o espiritual se revela a partir do que os nossos olhos vêem, do que os nossos ouvidos ouvem, independentemente do que as nossas mãos possam tocar.

 O poder da palavra é tal que assim como cria, destrói. No caso de Deus, a Palavra criou tudo quanto existe, e ela fez tudo bem. No caso do ser humano, há a possibilidade de criar por meio dela realidades que levem os outros a encontrar algo de paz e de misericórdia, mas também é capaz de levar ao conflito e à morte.

 Hoje em dia continuamos sofrendo da crise mencionada por Tiago em sua carta e que tem sua raiz no uso da língua. Somos chamados como cristãos a saber utilizar nossa língua, a pensar bem antes de falar.

O evangelho de Marcos que nos narra o acontecimento da transfiguração, convida-nos a um momento mais pleno de revelação de Deus ao gênero humano, representado ali em Pedro, Tiago e João; revelação que acontece ao se ouvir a seu Filho, que tem palavras de vida eterna e nos conduz a pastagens verdes onde nossas mais nobres esperanças verão sua realização.

Em nossas mãos está fazer um bom uso da Palavra não só falada, mas também daquela que cheguemos a transmitir com nossas obras cada dia de nossa vida.

 O Evangelho de hoje nos traz a reflexão sobre o episódio da transfiguração de Jesus. E a pergunta que poderíamos pensar hoje é: o que há de tão importante na transfiguração de Jesus?

A primeira e maior lição que devemos tirar dessa passagem é a divindade e a intimidade de Jesus com o Pai e os profetas do Antigo Testamento. Só um Homem-Deus poderia fazer o que Ele fez, e aquilo serviu para os 3 discípulos deixarem para trás qualquer dúvida que ainda pudesse haver quanto a divindade de Jesus. E mesmo assim, Jesus ainda pediu que eles guardassem segredo sobre o que eles viram, até que acontecesse a ressurreição.

 Quando perguntado sobre Elias, o que deveria vir antes do Filho do Homem, Jesus afirmou que o Elias prometido já havia vindo, e que os homens fizeram dele o que quiseram... mataram. Esse Elias era o próprio João Batista, que veio para endireitar os caminhos, para a chegada de Jesus... Ele fez o que pôde para cumprir sua missão, e foi isso que garantiu seguidores fiéis a Jesus desde os primeiros dias de sua missão.

E eu? Será que Jesus precisa se transfigurar na minha frente para que eu acredite nEle? Será que eu estou esperando algo extraordinário acontecer, para me decidir a seguir Jesus incondicionalmente? Ele mesmo não nos engana dizendo que vai ser fácil... "Quem quiser me seguir, tome a sua cruz e me acompanhe." Não é fácil... Mas o fardo se torna leve, porque Ele nos ajuda a levar... assim como o cirineu o ajudou.

 Que saibamos reconhecer as transfigurações de Jesus nas pessoas que nos rodeiam, e que também deixemos Jesus se transfigurar em nós para as pessoas, para que Ele alcance cada vez mais pessoas através de nós...

 Propósito:

Pai, faze-me contemplar o brilho de tua glória em cada discípulo de teu Filho que se entrega ao serviço do Reino, com total generosidade, mesmo devendo enfrentar a morte.

 

Evangelho do dia 05 de agosto quinta feira 2021

 


05 agosto – Acima de tudo considera sempre que tu estás fazendo a vontade de Deus, alinhando a proa da tua embarcação para onde aponta o capitão do leme. (L 83). São Jose Marello



Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 16,13-23

 "Jesus... perguntou aos discípulos: "Quem dizem as pessoas ser o Filho do Homem?" Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias...". "E vós... quem dizeis que eu sou?" Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus então declarou: "Feliz és tu, Simão... porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". Em seguida, recomendou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo. A partir de então, Jesus começou a mostrar aos discípulos que era necessário ele ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar. Então Pedro... começou a censurá-lo: "Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!" Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: "Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!" "  

Meditação: 

 Neste Evangelho Pedro foi interpelado por Jesus em duas ocasiões. Na primeira, ele inspirado pelo Espírito Santo fez a proclamação de que Jesus é o Messias o Filho do Deus vivo. Por isso, foi considerado “feliz” e recebeu de Jesus as chaves do reino dos céus e o poder para tudo que ligasse na terra fosse também ligado no céu.

Na segunda ocasião, raciocinando conforme a sua humanidade, Pedro demonstrou a sua fraqueza quando não quis admitir o sofrimento que Jesus teria de passar. Então, o mesmo Pedro a quem Jesus entregou as chaves do reino dos céus e a quem constituiu como fundamento da Sua Igreja foi mandado para longe Dele, como satanás. Assim nós percebemos que dentro de cada um de nós há o divino e há o humano.

Temos aqui dois textos articulados, com uma certa contradição, que permitem compreender a redação do evangelho de Mateus.

A profissão de fé de Pedro, exaltada no texto, é seguida do anúncio da paixão, rejeitada por Pedro, o qual é severamente censurado.

O elogio de Pedro não é mencionado nos evangelhos de Marcos e Lucas, e a contradição sugere que tenha uma origem tardia, com a Igreja institucional em embrião.

Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela.

Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás.

Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo.

  Aqui vemos a preocupação de Jesus em ter que partir de volta  ao Pai  e, nos deixar a mercê da nossa fraqueza espiritual, que nos trazem as limitações, as tentações e de tudo o que Ele sabia que nos afastaria da vida eterna.

Nesse dia,  reunido com os discípulos, Ele lhes pergunta :-“Quem dizem os homens que eu sou”?  eles ficaram embasbacados, sem saber o que responder mas... Pedro, sempre muito afoito respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivi.” E, Jesus continua: “Feliz de ti, Simão, filho de Jonas. Tu és Pedro e sobre esta pedra erguerei a minha igreja e, as portas do inferno nunca prevalecerão contra  Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus; tudo o que ligares na terra será ligado no céu; tudo o que desligares na terra, será desligado no Céu.”.

 Nesse exato momento, Jesus delega à Igreja, na pessoa de Pedro, que foi o nosso primeiro Papa, ordenado por Ele, a graça do Sacramento da Reconciliação, a "Confissão".

Jesus sabia que a humanidade  inteira era fraca, por  isso  veio para morrer por ela e o seu sacrifício seria em vão, se não deixasse um meio de podermos continuar a tê-Lo em nossa vida, para que não a perdêssemos. Hoje, o Sacerdote, nos ouve em confissão, porque  Jesus assim deixou determinado.

Quando nos sentimos fracos materialmente, tomamos remédio, nos alimentamos. Quando  estamos abatidos e enfraquecidos espiritualmente,  também e, principalmente, devemos revigorar o nosso espírito, alimentando-o com às coisas de Deus, deixando Ele agir na nossa vida; guiando-nos. 

Não podemos ter vergonha  de sermos bons, de sermos honestos, de sermos responsáveis, de dizermos que  amamos a Deus sobre todas às coisas; de segurarmos a nossa língua, que tanto nos prejudica, quando a usamos para destruir e não para construir, como nos pede Jesus. Se queremos a Sua companhia, temos que seguir o que nos ensina através dos

O Pai ouviu Jesus e, o ato de nos dirigirmos , particularmente, ao Sacerdote, ao Pastor, ao Ancião, àquele que é o conselheiro das várias Igrejas do Cristo Jesus, nos desabafando arrependidos e, com o propósito firme de não mais errar, ouvimos do nosso confessor as palavras que Jesus mesmo os autorizou a dizer :- “Eu te perdôo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Vai e faça muita força para não pecar mais”. 

Como Jesus disse muitas vezes  àqueles que lhe pediram o perdão dos pecados cometidos. Deus seja louvado; lutemos para evitar o pecado em nossa vida. 

Reflexão Apostólica:

 No evangelho de hoje Jesus nos revela que de fato é Filho de Deus, o Ungido, o Cristo. Ele coloca, de forma clara, que é o FILHO QUE DEUS ESCOLHEU para ser a sua PALAVRA.

Quando Pedro respondeu a VERDADE, Jesus reconheceu que havia sido o PAI, O DEUS ÚNICO, e PAI de todos nós, que havia colocado na boca de Pedro, através do Espírito Santo, as suas PALAVRAS.

 Jesus veio quebrar o paradigma de que o líder é eleito para ser servido e, pela vontade do Pai, Ele mostra que o líder é eleito para servir.

Jesus também colocou, de forma clara, a responsabilidade nas mãos de Pedro de guiar suas ovelhas, apascentá-las através de um caminho, que se colocou como CRISTIANISMO. O Senhor deixou claro, que os que seguem Pedro, estão a caminho do CÉU PROMETIDO.

O que vale a reflexão de todos, com relação a este momento em que passamos de vários caminhos que não foram deixados pelos apóstolos. Existem hoje, por obra do INIMIGO, várias Igrejas, seitas, religiões, doutrinas, que não provém dos Apóstolos.

Se o Senhor se pronunciou desta forma, quem somos nós para dizermos o contrário? Observemos bem que caminho escolhemos e vejamos como estamos corretos.

Somos da Igreja dos Apóstolos e buscamos, através da ajuda de Deu, mostrar a VERDADE e honrar ao PAI e ao seu ensinamento. Não discutamos, e nem julguemos. Apresentemos a VERDADE de forma simples.

Se estamos ligados a Pedro, na Igreja fundada por Deus, que enviou o Espírito Santo para os Apóstolos, temos a certeza de que estamos no caminho deixado por Deus.

Pedro, influenciado pela pureza de espírito, se deixou falar como homem, e não como Deus pois Jesus sabe que nós somos influenciados pelos espíritos impuros, até nas palavras. O Senhor é quem pensa como Deus e nós somos simples humanos.

Também, está claro, que o Senhor rebate qualquer outro tipo de ensinamento ESPIRITUAL, promovido pela imaginação humana, na busca da santidade, e pela influência do INIMIGO.

Só existe uma vida para se provar o AMOR a DEUS! Esta vida é a que vivemos, a outra é para reconhecimento do que fizemos.

Não existe outra vida humana, ou nascer de novo na forma humana, como muitos colocam por ai. Só há esta para se provar no AMOR ao DEUS VIVO.

O Senhor conhece o material de que nós somos feitos e, mesmo diante das nossas fraquezas e imperfeições Ele continua a nos confiar a missão de construir o Seu reino aqui na terra.

As nossas atitudes às vezes são motivadas pelo Espírito Santo, em outras vezes nos baseamos na nossa própria natureza humana e saímos da sintonia com Deus e o Seu Espírito.

 Caminhemos sempre com Jesus, na Igreja de Pedro, buscando a prática dos ensinamentos e seremos salvos. Ou vamos contrariar a Jesus?

 Propósito:

Senhor Jesus, cria no meu coração o mesmo amor por ti e por tua Igreja, que puseste no coração de Pedro e de Paulo. Senhor Jesus, hoje te peço que nos dê a vontade de querer ser como TU ÉS. Simples para viver, Obediente para fazer a vontade do Pai, Humilde para sempre querer aprender mais de TI através dos irmãos, Ungido para praticar teus prodígios no meio dos homens, Sábio para sempre parar e ouvir a Tua Santa Vontade para nossas vidas e finalmente plenamente feliz viver ao teu lado.

 

 

EVANGELHO DO DIA 04 DE AGOSTO QUARTA FEIRA 2021 - SÃO JOÃO MARIA VIANEY

 


04 agosto – Concedamos sempre a vitória a Deus, mesmo quando isso repugna ao nosso amor próprio. E, se nem sempre podemos sentir nisso aquela doçura e aquela paz que o sacrifício cumprido traz consigo, supra a isto a fé e, voltando o nosso olhar para o Céu, exclamemos: Paraíso! Paraíso! (S 234).  São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 15,21-28

 "Partindo dali, Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. Uma mulher cananéia, vinda daquela região, pôs-se a gritar: "Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim: minha filha é cruelmente atormentada por um demônio!" Ele não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: "Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós". Ele tomou a palavra: "Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel". Mas a mulher veio prostrar-se diante de Jesus e começou a implorar: "Senhor, socorre-me!" Ele lhe disse: "Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos". Ela insistiu: "É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!" Diante disso, Jesus respondeu: "Mulher, grande é tua fé! Como queres, te seja feito!" E a partir daquela hora, sua filha ficou curada. "  

Meditação:

 Qual não seria a surpresa de Jesus ao encontrar nessa mulher, sozinha e com uma filha enferma, uma fé que contrastava com a incredulidade de seus conterrâneos. Como Elias no inicio de usa missão, Jesus compreende que ainda que a missão comece em casa, não pode excluir aqueles autênticos crentes no Deus da Solidariedade, da Justiça e do Direito.

 Por esta razão, sua palavra abandona o pedantismo do discurso nacionalista e acolhe a universal comunhão dos seguidores do Deus da Vida. Paulo, na mesma linha, abandona os esforços inúteis por abrir Israel à esperança profética, aceita a proposta dos crentes de outras nações que estão dispostos a formar novas comunidades abertas, ecumênicas e solidarias.

Depois de Jesus ter andado a espalhar pela Galiléia junto dos seus a chegada do Reino dos Céus, ele decide-se a ir para terra estrangeira, para a região de Tiro e Sidon que fica ao norte da Galiléia, no atual Líbano, uma terra estrangeira onde a maior parte das pessoas eram não-judias, ao contrário da Galiléia, onde quase todos eram judeus. Uma delas era esta mulher que foi ter com Jesus.

 Esta mulher, sem nome, o evangelista Marcos chama-a de Síro - Fenícia, Mateus diz que ela é cananéia. Os dois títulos têm o mesmo significado: é uma mulher estrangeira. Ela tinha uma filha endemoniada.

  A mãe não sabia mais o que fazer para livrar a pobre coitada daquele sofrimento. O demônio não deixava a menina em paz em nenhum momento.

 A mãe da menina aproveitou que Jesus estava por ali, chegou e gritou: “Jesus tenha pena de mim! Minha filha está horrivelmente dominada por um demônio!” Ela conhecia Jesus de nome e sabia que Ele era muito bom e tinha poder para mandar embora os demônios.

 A princípio, Jesus não falou nada nem fez nada. Também não parou de andar para dar atenção à mulher. Mas ela foi atrás dele gritando: “Jesus, tenha pena de mim!”

 Os amigos de Jesus entenderam o sofrimento daquela mãe e pediram para que o Senhor a mandasse embora. Jesus não mandou a mulher embora, mas fingiu que não iria atender o seu pedido. Para provar a fé daquela mulher, Ele disse que curava gente de seu país, e não gente de outro país.

 A mulher movida de uma fé que ultrapassa a dos discípulos grita a Jesus: “Tem compaixão de mim, Senhor, filho de Davi! Minha filha tem uma doença maligna”. Jesus não responde. Os discípulos, incomodados, dizem-lhe: “Manda-a embora, pois vem gritando atrás de nós”.

 A mulher, porém, jogou-se aos pés de Jesus: “Senhor, ajuda-me!”. Jesus insiste em não querer envolver-se no caso de uma estrangeira: “Não está certo tirar o pão dos filhos, para jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela, porém, apesar de reconhecer que não tem esse direito insiste na sua humilde “súplica”: “É verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”. Então, Jesus respondeu: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres”. E, a partir daquela hora, a filha da cananéia ficou curada.

A mulher cananéia é um modelo de súplica humilde, como o centurião de Cafarnaum (Mt 8,5-13), e perseverante, como o cego Bartimeu (Mc 10,46-52).

 O centro do episódio é Jesus. Ele aparece livre, sereno, firme. No mesmo capítulo 15 de Mateus, Jesus se distancia das tradições dos escribas e fariseus.

 No episódio da cananéia, ele é pressionado pelos próprios discípulos para que despeça a mulher importuna. Mas Jesus se deixa vencer pela súplica de uma mãe angustiada.

 Não são os gritos da cananéia que o comovem, mas a perseverança da sua fé. Por ser pagã, ela não teria direito, mas a sua filha foi curada por pura graça. Jesus realiza um gesto soberano e profético, que anuncia o acesso dos pagãos (chamados de “cães”, pelos judeus) à salvação.

 A insistência e ousadia da mulher cananéia, fez com que Jesus atendesse seu pedido e com isso provou para todos que em Deus não há diferença entre cultura, cor, raça, credo ou região.

 Uma grande lição para levarmos para nossas vidas é que precisamos ter uma fé teimosa, insistente, chata, daquelas que chega a incomodar, que não desanima nunca, que não se frustra. Pois assim, quando Deus provar a nossa fé, conseguiremos manter-nos firmes e fiéis.

 A perseverança da fé dessa mulher deve nortear também a nossa. Insistamos que Jesus vai atender. A promessa é mesmo dele: Batei, e a porta se vos abrirá, buscai e achareis. Exercitemos nossa fé na oração, na reflexão da palavra e no testemunho de nossa vida.

 Reflexão Apostólica:

 Jesus, escreve Mateus, da região da Galiléia “retirou-se” para a região de Tiro e Sidônia (atual Líbano), antigas cidades fenícias, com importantes portos comerciais, ricas e pujantes, mas também marcadas por egoísmos e injustiças sobretudo contra os pobres.

Por causa disso os profetas do Antigo Testamento pronunciaram vários oráculos de condenação contra essas cidades. Jesus vai para esta região e logo aparece uma mulher “Cananéia”. É uma pagã. Certamente ouviu falar bem de Jesus e não quer perder a ocasião para conseguir um sinal prodigioso em favor de sua filha. Chegando diante dele, pede ajuda para a filha “atormentada por um demônio”.

Apesar da atitude de indisponibilidade de Jesus, ela não desiste em gritar por ajuda. Sua insistência provoca a intervenção dos discípulos. Analogamente ao episódio da multiplicação dos pães, eles queriam que Jesus a mandasse embora: “Atende-a e manda-a embora”, lhe sugerem. Mas Jesus responde afirmando que sua missão se limita a Israel.

 Aquela mulher não se dá por vencida, e pede pela segunda vez com palavras essenciais, mas fortes côo o drama da filia: “Senhor, socorre-me!”. E Jesus responde com uma inusitada dureza: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos!”. Com o apelido “cachorrinhos”, na tradição bíblica, retomada pelos textos judaicos, se aludia aos adversários, aos pecadores e aos povos pagãos idólatras.

 Mas a mulher aproveita a deixa que Jesus lhe dá e diz (assim poderíamos traduzir a frase): “Mas é lógico, Senhor! De fato até os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” Também os cachorros, os excluídos, ficam satisfeitos com as migalhas que lhe são jogadas.

 Esta mulher pagã enfrenta Jesus de igual para igual. Poderíamos dizer que sua confiança naquele profeta é maior que a própria resistência do mesmo profeta. E por isso Jesus responde, por fim, com uma expressão inusitada nos evangelhos: esta é “grande fé”, não “pouca fé”. O mesmo elogio Jesus o fez ao centurião, e ambos eram pagãos.

Mais uma vez o Evangelho nos propõe a essencialidade da confiança em Deus que liberta da angústia de confiar só em si mesmos e nos homens.

 A fé desta mulher convence Jesus a realizar a cura. Escreve o evangelista: «Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada». Diante de uma fé como esta nem Deus pode resistir!

Diante das dificuldades, muitas vezes ouvimos dos outros para termos fé! Sou alguém de “pouca” ou de “grande fé”? Por causa de nossa proximidade com Deus podemos cair na ilusão de que Deus só ao nosso pedido vai nos atender. A mulher fenícia, não desanima, enfrenta Jesus. Tenho esta mesma persistência em confiar sem desanimar em Deus?

Em nosso tempo continuamos sem romper com tantos mecanismos que marginalizam e excluem a tantos e autênticos crentes no Deus da Vida, unicamente porque são diferentes de nós por sua nacionalidade, classe social, estado civil ou preferência afetiva.

 Esperamos que alguma boa mulher nos dê a catequese da misericórdia e da solidariedade.

Pelo que se refere à ação "missionária" dos cristãos, bem sabemos que a letra do texto do evangelho de hoje bem poderia induzir-nos a erro, pois a missão não pode estar centrada em nenhuma classe restritiva de ovelhas, nem as de Israel, nem as do cristianismo, nem muito menos as "católicas".

A missão rompeu as fronteiras e somente reconhece como objetivo o reinado do Deus da vida e da Justiça. A missão já não pode ser chauvinista.

 Só se pode entender a missão senão como "Missão para o Reino", pela Utopia do Reinado do Deus da Vida, que é sempre um Deus inapagavelmente plural em suas manifestações, em suas revelações, em seus caminhos.

 Propósito:

Senhor, que eu seja mais sensível ao sofrimento dos pobres desta terra, do que aos “direitos adquiridos” dos sábios e entendidos! Que nas horas em que tu pareces não responder à minha súplica, eu persevere, confiando na tua misericórdia. Pai, purifica meu coração de toda discriminação e de todo preconceito, de modo que eu possa levar os benefícios do Reino a todos os que de mim precisarem.

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 Em seus ensinamentos, Jesus disse que todos devem se amar e “amar ao próximo como a eles mesmos” (cf Mt 22,39).
Com essas palavras, ele transmitiu o princípio fundamental: antes de amar alguém, é importante amar a si mesmo.
Se houver dúvidas sobre esse aspecto, significa falta de valorização pessoal.
É preciso trabalhar a auto - aceitação; somente assim será possível investir em algo construtivo.

 

Evangelho do dia 03 de agosto terça feira 2021

 03 agosto - Conformidade total com a vontade de Deus: eis o grande meio para progredir no caminho da perfeição; mas, por sua vez, esse meio torna-se o fim (em) com relação aos meios que devemos utilizar para obtê-la. (L 52). São Jose Marello



Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 14,22-36

 "Logo em seguida, Jesus mandou que os discípulos entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado do mar... O barco, entretanto, já longe da terra, era atormentado pelas ondas, pois o vento era contrário. Nas últimas horas da noite, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: "É um fantasma". E gritaram de medo. Mas Jesus logo lhes falou: "Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!". Então Pedro lhe disse: "Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água". Ele respondeu: "Vem!". Pedro desceu do barco e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, sentindo o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me!". Jesus logo estendeu a mão, segurou-o e lhe disse: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?". Assim que subiram no barco, o vento cessou. Os que estavam no barco ajoelharam-se diante dele, dizendo: "Verdadeiramente tu és o Filho de Deus!"..."  

Meditação:

Jesus manda os discípulos para o outro lado do mar, enquanto ele próprio despediria as multidões. O destaque no evangelho de hoje vai para o barco agitado pelas ondas e pelo vento.

Numa primeira fase, o “barco” simboliza a Igreja, já em processo de institucionalização na década de 80 do primeiro século do Cristianismo, quando Mateus escreve seu evangelho. Em segundo lugar simboliza a sua vida quando chega o momento das tentações e problemas de vários tipos.

Este episódio da travessia do mar agitado, com Jesus caminhando sobre as águas, é narrado por Marcos e por João. Mateus acrescenta-lhe o episódio de Pedro que ousa ir ao encontro de Jesus sobre as águas, estabelecendo-se um diálogo entre ambos.

Quando Jesus se aproxima, caminhando sobre as águas, Mateus narra também a caminhada de Pedro, que a tradição passou a cultuar como figura proeminente na Igreja.

Pedro pede a Jesus para ir ao seu encontro. Tem o consentimento e se põe a andar sobre as águas agitadas. Vacilando, sente medo e começa a "afundar".

A vacilação de Pedro ao andar sobre as águas, entre a fé e a dúvida, induz as comunidades a compreenderem a importância de uma fé firme e decidida em Cristo como o tudo em todas as circunstâncias.

Quem nos faz saber isso é Mateus que termina com a proclamação messiânica dos discípulos: “Verdadeiramente, tu és Filho de Deus”. A afirmação do messianismo de Jesus é uma forte característica de Mateus.

As comunidades de discípulos, ao longo da história, passam por tribulações sofrendo repressões. Pode-se chegar ao desânimo, com o sentimento de abandono por parte de Deus. Se assim acontecer, submerge-se no oceano do mundo dominado pelos poderes fundados sobre as riquezas acumuladas, que desprezam a vida dos pobres e pequeninos.

Contudo Jesus está presente. Não há o que temer, pois Jesus é a fonte da vida e a luz para o nosso caminho, e é a força propulsora da nova criação, do mundo novo possível.

Nem sempre Deus se manifesta da forma que tradicionalmente nos acostumamos a buscá-lo; e, na segunda, pode-se ver o apóstolo Paulo preocupado com a situação da comunidade.

Preocupações dissipadas quando identificamos no evangelho, que as dificuldades da vida não podem afogar uma comunidade fundamentada na palavra de Deus e na fé no Cristo Ressuscitado.

Por que tanto medo? Jesus está conosco! Enquanto Jesus reza no monte, a barca dos discípulos está velejando no lago de Genesaré (Mt 14,22-23).

Jesus os tinha obrigado a ir para o “outro lado”, isto é, para a terra dos pagãos. Para quê? Certamente para ensinar aos outros povos que a partilha é que constrói uma sociedade nova. Mas sair de casa para ir até os outros não é coisa fácil.

O mar agitado, cheio de ventos fortes e ondas. O que significa isso? Significa a resistência dos discípulos, e a resistência de todos nós em compreender que o projeto de Deus é para todos, e não apenas para nós.

Jesus, em alta madrugada, vai até os discípulos, andando sobre a água. Ora, isso era prerrogativa de Deus (veja o livro de Jó 9,8).

Os discípulos pensam que Jesus é um fantasma, e gritam de medo. Jesus, porém, os tranqüiliza, dizendo: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo”.

Este é o modo como Deus sempre tranqüiliza os homens. E o “sou eu” lembra imediatamente o Deus do êxodo, que se revelou a Moisés como sendo o “Eu Sou”. Tudo isso mostra que os discípulos ainda não cresceram na fé.

Pedro, o líder dos discípulos e futuro chefe de todas as comunidades, faz um desafio: ir até Jesus, andando como ele sobre as águas, isto é, participando da sua divindade. Perigo. Para isso é preciso fé grande, entrega total. O que não acontece, pois Pedro teme, duvida, e começa a afundar.

O que Jesus diz vale para todos nós: “Homem fraco na fé, por que você duvidou?” Também nós duvidamos quando as coisas ficam difíceis e os ventos se tornam contrários, prova de que ainda não confiamos em Deus e no seu projeto. O vento cessa logo que Jesus entra na barca. Por quê?

Dizem que no olho do furacão reina completa paz. Com Jesus em nosso meio estamos no olho do furacão: ao redor tudo gira e ameaça, mas nós permanecemos calmos, certos de que o projeto de Deus, realizado por Jesus, é e sempre será vitorioso. Reconhecendo isso, vem a grande confissão dos discípulos e da comunidade cristã: “De fato, tu és o Filho de Deus”.

Uma confissão de fé que nos faz acreditar em nós mesmos: em nossa vocação e nossa capacidade de amar, servir e partilhar, pois também nós, pelo Batismo, fomos feitos filhos de Deus.

 Não temamos. Também podemos andar pelas águas agitadas do mundo, sem medo de afundar porque Jesus está por perto. Basta na hora mais difícil gritarmos como Pedro: SOCORRO, SENHOR!

Na nossa missão evangelizadora, ao atravessarmos um "mar" de adversidades sentimos o medo que nos inclina a recuar. Mas Jesus está presente, segura-nos com a mão e estimula nossa fé: "Coragem, sou eu... Por que duvidastes?".

Reflexão Apostólica:

Os discípulos ficaram sós no mar. Jesus deixou que eles seguissem sozinhos mar aberto, mas de longe os avistava. Quando já era noite e o vento era contrário, Jesus se aproximou dos discípulos andando sobre as águas.

Ele atravessou o mar caminhando sobre as águas para salvá-los, porém eles ainda não estavam acostumados com as manifestações de Jesus e tiveram medo.

Assim também Ele faz conosco. Por isso é que Ele nos dá liberdade de ir em frente nos nossos propósitos e seguir adiante para enfrentar as intempéries da nossa vida.

Porém, como aconteceu com os discípulos, o Seu socorro sempre nos chega a tempo. Todavia, nós precisamos estar confiantes de que a Sua ajuda é certa e não devemos temer quando Ele se aproximar de nós.

A qualquer investida de Jesus nós podemos já pedir o Seu amparo e não esperar que Ele precise chegar ao nosso barco quando tudo já tiver sido resolvido.

Sobressai aqui a figura de Pedro, protótipo da comunidade que, nas grandes crises, duvida da presença de Jesus em seu meio e, por isso, pede um sinal.

Contudo, mesmo vendo sinais, ele continua com medo das ambigüidades da situação e, por isso, a sua fé fica paralisada.  Então, ele faz o seu pedido de socorro.

Quantas vezes nós agimos assim como Pedro?  A nossa fé só  pode aumentar e nos dar  a segurança que precisamos, crescendo, ficando adulta.

Só mesmo quando passamos por momentos como  esse que Pedro experimentou. Acreditamos nas palavras de Jesus e resistimos ao medo, mas, quando o medo fica maior que a nossa fé, gritamos por socorro e, muitos até, se esquecem de Deus, de Jesus e de Maria, aos quais dão  tanto trabalho, quando das muitas preocupações. Ficamos presos às limitações que o mundo nos apresenta, como o mar agitado assustou Pedro.

O único meio de amadurecermos a nossa fé, é só mesmo quando passamos por momentos difíceis, duros, que se agigantam na nossa vida, parecendo nos querer engolir, derrubar.

Dos apóstolos,  Pedro foi o mais agitado. Foi o que mais Jesus experimentou. Chegou até a negar que o conhecia. Por três vezes, quando lhe perguntaram se conhecia  Jesus o  “Galileu “, ele disse: - Eu? Nunca vi aquele homem, nem sei quem é. “ Conta a história, que por causa disso, Pedro chorou tanto, que às lágrimas lhe abriram grandes sulcos em seu rosto.

A sua fé cresceu tanto que Jesus o deixou responsável para continuar a sua Igreja, dizendo-lhe : - “ Tu és Pedro e sobre essa pedra erguerei a minha Igreja. Tudo o que ligares na terra, será ligado no céu. Tudo o desligares na terra, será desligado no céu. As forças do mal nunca prevalecerão contra Ela “. 

Pedro, cumprindo a missão que Jesus lhe deixou, acabou sendo preso e, ao lhe dizerem que ele  iria morrer crucificado como Jesus, ele disse que não merecia isso e pediu que o crucificassem de cabeça para baixo.  E, assim foi feito.

A nossa confiança em Jesus deve ser  ilimitada, mesmo que às vezes  nos custem algum sacrifício, porque o que nos importa é retornarmos um dia à casa do Pai; não nascemos para ficarmos eternamente neste mundo.

Por isso somos limitados, por isso, um dia, todos morremos, E,  Jesus, é tão bom que não exige de nós uma coragem como a de Pedro, basta, somente que nos amemos uns aos outros como Ele nos ama.  

Nossa fé é medida pela sua durabilidade, pela sua perseverança diante das tempestades.

Exatamente o que não aconteceu com Pedro neste episódio. Sua fé é medida pela perseverança, com milagre ou sem milagre, com resposta ou sem resposta, e aí Jesus lhe dirá... Grande fé a sua!

Esta reflexão de hoje pode ser resumida em uma frase: "Não desistamos de Jesus!". Daí, enquanto perseverarmos com Ele, estaremos salvos.

Jesus atende ao pedido da comunidade mas deixa bem claro que ela precisa crescer na fé e não temer os passos dados dentro das águas agitadas do mundo.

Jesus exerce sua missão em benefício de todo o povo, e não de acordo com os critérios e interesses de privilegiados ou especialistas da religião. Estes consideram um escândalo deixar-se tocar pela multidão doente. 

Corramos ao Seu encontro por sobre as dificuldades e Ele nos ajudará a vencê-las e participaremos com Ele da vitória final!

Como você tem atravessado o mar da sua vida? Você está sozinho (a) ou Jesus já veio ao seu encontro? Você tem tido medo de Deus? Por que? Pedro fez a experiência de ir ao encontro de Jesus sobre as águas Como isto poderia acontecer com você?

Propósito:

Pai, aproxima-me de Jesus de quem brota a salvação e a vida, para que eu possa ser curado do egoísmo que me impede de fazer o bem ao próximo.

 

++++ 
Por mais inteligente sábio e importante que seja, ninguém é tão livre para fazer o que bem entender, sem se importar com os semelhantes.
Cada pessoa tem uma missão a cumprir.
Ao término da jornada, todos serão chamados para a casa do Pai.
De certo modo, estão definitivamente comprometidos com a vida eterna.

Evangelho do dia 02 de agosto segunda feira 2021

 02 agosto Tu deverás ficar contente com o papel que o Senhor te conceder aqui na terra, com a confiança de que, graças à ajuda divina, te será fácil desempenhá-lo de maneira que possas merecer uma grande recompensa no Céu. (248). São Jose Marello



Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 14,13-21

 "Ao ser informado da morte de João, Jesus partiu dali e foi, de barco, para um lugar deserto, a sós. Quando as multidões o souberam, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!" Jesus porém lhes disse: "Eles não precisam ir embora. Vós mesmos dai-lhes de comer!" Os discípulos responderam: "Só temos aqui cinco pães e dois peixes". Ele disse: "Trazei-os aqui". E mandou que as multidões se sentassem na relva. Então, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios. Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças."  


Meditação: 

 Esta narrativa da partilha dos pães entre Jesus, seus discípulos, e a multidão, é encontrada nos quatro evangelistas.

Contudo Marcos e Mateus apresentam a narrativa de uma segunda partilha, bastante semelhante, como que em reprise desta primeira, porém diferenciando-se na medida em que a primeira acontece na Galiléia e a segunda em território exclusivo de gentios, fora da Galiléia.

 O trecho do Evangelho de hoje vem logo após a história da morte de João Batista, ligada à festa de aniversário do Tetrarca Herodes Antipas. Ou seja, Mateus contrasta o “Banquete da Morte” promovido por Herodes, com “O Banquete da Vida”, protagonizado por Jesus!

Mateus salienta o comportamento de Jesus: ele não é fanático, querendo enfrentar imediatamente Herodes; mas também não é fatalista, deixando as coisas correr como estão. Ele continua fiel à missão de servir ao seu povo. Reúne e alimenta as multidões sofredoras, realizando os sinais de um novo modo de vida e de anúncio do Reino. A Eucaristia é o sacramento memória dessa presença de Jesus, lembrando continuamente qual é a missão a que nós, cristãos, fomos chamados. 

 Devemos saber discernir o que é milagre e a forma pela qual Deus operou. Para que professemos uma fé consciente e não desvairada, inconseqüente, e fanática.

 Temos que ter consciência de que o sobrenatural de Deus, quase sempre é operante de acordo com o natural humano.

 Na maioria das vezes falta a visão correta, o verdadeiro discernimento das Escrituras sobre questionamentos que como disse o Espírito Santo através do apóstolo são Paulo (2Pe 3,16) há pontos difíceis de serem entendidos: “Falando disto como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de se entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para a sua própria perdição”.

Costumamos ver o sobrenatural de Deus em coisas e em fatos, que em verdade, estão relatados de forma metafórica, em parábolas, e ainda: em um “linguajar peculiar da época, localidade e cultura de um povo”.

 Isto, porque, servimos ao Deus único e verdadeiro, que ressuscita mortos, abre os olhos aos cegos, cura enfermidades, que ao homem é impossível fazê-lo, dá voz ao mudo e faz o coxo andar.

 Muda completamente a natureza humana, pois, diz as Escrituras Sagradas, que Ele tem o coração do rei nas mãos e o inclina para o lado que Ele quer. Há isto podemos dizer: sobrenatural divino. Ele faz! No Evangelho de hoje, temos um exemplo grandioso do sobrenatural de Deus operando no natural humano.

 A multidão estava cansada e faminta. Faminta de Deus – O Pão Da Vida – alimento sobrenatural, espiritual; tanto quanto do pão substancial “alimento para o corpo”.

Sabemos que por mais que o homem seja desprovido, jamais faz uma longa jornada sem que traga consigo, o mínimo de alimentos segundo às suas possibilidades momentâneas.

 Sem dúvida alguma, cada um dos que ali estavam ansiando ouvir o Mestre, depois de uma longa jornada, sol à pino, trazia em sua mochila, alguma provisão em víveres. Mesmo que um pedaço de pão seco ou peixe.

 Porém, a natureza do homem mesquinho e falho – pois, é através da Palavra, que mudanças acontecem, e eles estavam ansiosos por conhecê-la –, não estavam segundo a visão cristocêntrica: o partilhar em comunhão uns com os outros, temiam colocar à mostra os seus alimentos...

 A multidão era grande! Acaso, não é assim, ainda hoje, entre os que têm a natureza mesquinha?

O Senhor Jesus na sua onisciência, discernindo o que se passava nos corações, nas mentes de tantos quantos ali estavam, sabiamente para não os constranger, levantou as mãos ao céu e orou apresentando à Deus Pai os “cinco pães e os dois peixinhos” (para alimentar toda a multidão), os vemos ( pela fé) envergonhados a retirar de suas mochilas, pães, peixes e muito mais, segundo às suas próprias possibilidades!... “O POUCO COM DEUS, É MUITO”.

Quando nas nossas Paróquias há alguma festividade e cada um se encarrega de levar algo, ficamos admirados com o que se pode fazer através da comunhão, do espírito doador, do compartilhar.

Na partilha se dá a abolição de uma sociedade escrava do mercado pela implantação da nova sociedade livre, justa e fraterna. A partilha é o gesto concreto do amor.

O amor é contagioso e transforma a comunidade. A visão messiânica, a partir do Primeiro Testamento, deu origem à interpretação desta passagem como um espantoso milagre pelo qual os pães são multiplicados.

Se o objetivo de Jesus fosse o de praticar gestos espantosos, então maior efeito teria se transformasse as pedras em pães, o que ele rejeitou na tentação que lhe foi feita em seguida ao recebimento do batismo por João Batista.

A benção de Jesus sobre os pães e peixes que os discípulos lhe trouxeram significa redirecionar a Deus aquilo que é de Deus.

Significa desvincular os bens da posse excludente para libertar o dom de Deus em sua criação colocando-o ao alcance de todos.

 A benção liberta também o coração e a generosidade leva à partilha e à saciedade de todos. A sobra indica a eficiência da generosidade. A partilha é a expressão do amor de Jesus.

Nada nos separa deste amor que se manifesta, hoje, nas pessoas e comunidades que buscam a justiça e constroem a fraternidade.

 Reflexão Apostólica:

 Neste Evangelho Jesus nos dá uma grande lição de solidariedade humana, quando rejeitou a idéia dos Seus discípulos para que “despedisse as multidões”.

Quantas vezes nós queremos nos ver livres dos problemas e também “despedimos” as pessoas porque elas são empecilhos à nossa missão, à nossa caminhada.

As pessoas vêm famintas, precisando da nossa ajuda e nós fazemos vista grossa às suas dificuldades, achando que não somos capazes de ajudá-las porque temos muito pouco tempo ou mesmo porque nos achamos pequenos e limitados. Jesus diz hoje á nós também: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer! ”

O Senhor nos manda sentar para que possamos parar e refletir sobre a nossa vida, partilhando e dividindo com as outras pessoas os nossos planos e sonhos.

Tudo isso, dentro da perspectiva de Deus e à luz da Sua Palavra e dos Seus ensinamentos. Hoje também, como ontem, há muita relva, isto é, espaço, ocasião, oportunidade para que, reunidos, nós possamos descobrir os nossos dons, talentos, aptidões, riquezas e bens espirituais, que são os nossos cinco pães e dois peixes.

Ao tomar os pães e os peixes nas mãos e dar graças ao Pai, Jesus nos deu o exemplo de como poderemos fazer aumentar os nossos talentos. Trazemos primeiramente, a vida para agradecer a Deus e a Ele oferecer em favor do irmão.

Além disso, temos a doar saúde, paz, alegria, juventude e a nossa capacidade de olhar, de sorrir, de cantar, de amar, de sonhar e de desejar.

Você também tem propensão a eliminar da sua frente aquelas pessoas que lhe “dão trabalho”? Do que você dispõe para alimentar a multidão que procura pão? A quem Jesus manda hoje você oferecer o pão da Palavra? Você tem sentado com as pessoas para partilhar a sua vida? Você tem colocado nas mãos do Senhor os seus talentos e os seus dons?

Na realidade, os Evangelhos transmitem-nos muitas vezes os sentimentos de Jesus para com as pessoas, especialmente doentes e pecadores.

Ele exprime, através dum sentimento profundamente humano, a intenção salvífica de Deus que deseja que todo o homem alcance a verdadeira vida.

Cada celebração eucarística atualiza sacramentalmente a doação que Jesus fez da sua própria vida na cruz por nós e pelo mundo inteiro.

Ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus faz de nós testemunhas da compaixão de Deus por cada irmão e irmã; nasce assim, à volta do mistério eucarístico, o serviço da caridade para com o próximo, que “consiste precisamente no fato de eu amar, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou que nem conheço sequer.

Isto só é possível realizar-se a partir do encontro íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de vontade, chegando mesmo a tocar o sentimento.

Então, aprendemos a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo”.

Desta forma, nas pessoas que contactamos, reconhecemos irmãs e irmãos, pelos quais o Senhor deu a sua vida amando-os “até ao fim”.

Mateus nos lembra que a participação eucarística exige compromisso com uma visão social baseada na partilha dos bens necessários para a vida, e não na acumulação da parte de alguns junto com a falta do básico para muitos.

É claro que diante do enorme sofrimento da maioria da população do mundo, a gente pode sentir-se tão impotente como se sentiram os discípulos no Evangelho de hoje. 

O texto nos ensina que não devemos cair na cilada de aceitar as saídas falsas propostas pela sociedade vigente e hegemônica – de “lavar as mãos” ou de cair somente num simples assistencialismo.

O cristão, sustentado pela eucaristia, a Mesa da Palavra e a Mesa do Pão, deve se comprometer com uma visão cristã da sociedade, que exige que a gente faça o que é possível para a construção de um mundo de justiça e fraternidade.

Propósito:

 Pai, abre meu coração para a solidariedade, a fim de que, diante de meu semelhante necessitado eu sinta a alegria de partilhar com ele o que me deste.

++++
Que na paz de Deus você possa encontrar seu caminho, a ser trilhado com fé, para que, cada vez mais, acredite nesse Deus maravilhoso!
Que você possa seguir em frente, sem desanimar, sempre em busca de novo horizonte.
A cada novo dia, tenha fé, acredite no amor e sinta a proteção de Deus em sua vida!

Meditação:
Seja perseverante! Não desanime nem desista dos sonhos.

Confirmação:
“Não cometem iniqüidade, andam por seus caminhos.
Promulgaste teus preceitos para serem observados fielmente”. (Sl 119[118],3-4)

 

domingo, 25 de julho de 2021

EVANGELHO DO DIA 01 DE AGOSTO 2021 - 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 18º Domingo do Tempo Comum - Ano B

1 Agosto 2021

Tema do 18º Domingo do Tempo Comum

A liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum repete, no essencial, a mensagem das leituras do passado domingo. Assegura-nos que Deus está empenhado em oferecer ao seu Povo o alimento que dá a vida eterna e definitiva.
A primeira leitura dá-nos conta da preocupação de Deus em oferecer ao seu Povo, com solicitude e amor, o alimento que dá vida. A acção de Deus não vai, apenas, no sentido de satisfazer a fome física do seu Povo; mas pretende também (e principalmente) ajudar o Povo a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades estreitas e egoístas, a sair do seu fechamento e a tomar consciência de outros valores.
No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o "pão" da vida que desceu do céu para dar vida ao mundo. Aos que O seguem, Jesus pede que aceitem esse "pão" - isto é, que escutem as palavras que Ele diz, que as acolham no seu coração, que aceitem os seus valores, que adiram à sua proposta.
A segunda leitura diz-nos que a adesão a Jesus implica o deixar de ser homem velho e o passar a ser homem novo. Aquele que aceita Jesus como o "pão" que dá vida e adere a Ele, passa a ser uma outra pessoa. O encontro com Cristo deve significar, para qualquer homem, uma mudança radical, um jeito completamente diferente de se situar face a Deus, face aos irmãos, face a si próprio e face ao mundo.

LEITURA I - Ex 16,2-4.12-15

Leitura do Livro do Êxodo

Naqueles dias,
toda a comunidade dos filhos de Israel
começou a murmurar no deserto contra Moisés e Aarão.
Disseram-lhes os filhos de Israel:
«Antes tivéssemos morrido às mãos do Senhor na terra do Egipto,
quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne
e comíamos pão até nos saciarmos.
Trouxestes-nos a este deserto,
para deixar morrer à fome toda esta multidão».
Então o Senhor disse a Moisés:
«Vou fazer que chova para vós pão do céu.
O povo sairá para apanhar a quantidade necessária para cada dia.
Vou assim pô-lo à prova,
para ver se segue ou não a minha lei.
Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel.
Vai dizer-lhes:
'Ao cair da noite comereis carne
e de manhã saciar-vos-eis de pão.
Então reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus'».
Nessa tarde apareceram codornizes,
que cobriram o acampamento,
e na manhã seguinte havia uma camada de orvalho
em volta do acampamento.
Quando essa camada de orvalho se evaporou,
apareceu à superfície do deserto uma substância granulosa,
fina como a geada sobre a terra.
Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros:
«Man-hu?», quer dizer: «Que é isto?»,
pois não sabiam o que era.
Disse-lhes então Moisés:
«É o pão que o Senhor vos dá em alimento».

AMBIENTE

A seção de Ex 15,22-18,27 desenvolve um dos grandes temas do Pentateuco: a marcha pelo deserto. Aqui estamos, ainda, na primeira etapa dessa marcha - a que vai desde a passagem do mar, até ao Sinai.
Três dos episódios apresentados nesta secção tratam o tema da murmuração do Povo (cf. Ex 15,22-27; 16,1-21; 17,1-7). O esquema é simples e é sempre o mesmo: o Povo desconfia e murmura diante das dificuldades, subleva-se contra Moisés e chega a acusar Deus pelos desconfortos da caminhada; quando estão prestes a sofrer o castigo pela sua revolta, Moisés intercede diante do Jahwéh e o Senhor perdoa o pecado do Povo; finalmente, apesar do pecado, Jahwéh concede ao Povo os bens de que este sente necessidade. Os relatos apresentam-se sempre de uma forma dramática, com um crescendo de intensidade até ao desfecho final, que se apresenta sempre na forma de uma intervenção prodigiosa de Deus, em benefício do seu Povo.
Provavelmente, estes relatos têm por base elementos de carácter histórico (dificuldades reais sentidas pelos hebreus que saíram do Egito com Moisés, no seu caminho para a Terra Prometida, através do deserto do Sinai) e que ficaram na memória coletiva; no entanto, os catequistas bíblicos estão mais interessados em fazer catequese, do que em apresentar uma reportagem jornalística da viagem (o episódio mistura uma catequese "jahwista", do séc. X a.C. com uma catequese "sacerdotal", do séc. VI a.C). A catequese apresentada pretende sempre avisar o Povo contra a tentação de procurar refúgio e segurança fora de Jahwéh... Aqui, Israel fala em regressar ao Egito, onde eram escravos, mas tinham pão e carne em abundância: o Egito representa a tentação que o Povo sentiu, em tantas situações da sua história, de voltar atrás, de abandonar os valores e a vida de Deus, de se instalar comodamente em esquemas à margem de Deus. O catequista jahwista garante ao seu Povo que Deus o acompanha sempre ao longo da sua caminhada e que só ele oferece a Israel vida em abundância.
O episódio que hoje nos é proposto - o episódio das codornizes e do maná - é situado no deserto de Sin, "que está entre Elim e o Sinai, no décimo quinto dia do segundo mês após a saída da terra do Egito" (Ex 16,1). O deserto de Sin estende-se de Kadesh-Barnea para ocidente.
A história das codornizes tem por base um fenómeno que se observa, por vezes, na Península do Sinai: a migração em massa de codornizes que, depois de atravessar o mar, chegam ao Sinai muito cansadas da viagem, pousam junto das tendas dos beduínos e deixam-se apanhar com facilidade. A história do maná deve ter por base uma pequena árvore ("tamarix mannifera") existente em certas zonas do Sinai que, após ser picada por um inseto, segrega uma substância resinosa e espessa que logo se coagula; os beduínos recolhem, ainda hoje, essa substância (que chamam "man"), derretem-na ao calor do sol e passam-na sobre o pão.
Vai ser com estes elementos - elementos que o Povo conheceu e que o impressionaram, ao longo da marcha pelo deserto - que os catequistas bíblicos vão "amassar" a catequese que nos transmitem no texto que nos é proposto.

MENSAGEM

1. O episódio começa com a murmuração do Povo "contra Moisés e contra Aarão" (vers. 2). Por estranho que pareça, Israel sente saudades do tempo em que passou no Egito pois, apesar da escravidão, estava sentado "ao pé de panelas de carne" e comia "pão com fartura" (vers. 3). Ao longo da caminhada, vêm ao de cima as limitações e as deficiências de um grupo humano ainda com mentalidade de escravo, demasiado "verde" e sem maturidade, agarrado à mesquinhez, ao egoísmo, ao comodismo, que prefere a escravidão à liberdade. Por outro lado, é um Povo que ainda não aprendeu a confiar no seu Deus, a segui-lo de olhos fechados, a responder sem hesitações às suas propostas, a segui-lo incondicionalmente no caminho da fé.
2. A resposta de Deus é "fazer chover pão do céu" (vers. 4) e dar ao Povo carne em abundância (vers. 12). O objetivo de Deus é, não só satisfazer as necessidades materiais do Povo, mas também revelar-Se como o Deus da bondade e do amor, que cuida do seu Povo, que está sempre ao seu lado ao longo da caminhada, que milagrosamente entrega de bandeja a Israel a possibilidade de satisfazer as suas necessidades mais básicas e de vencer as forças da morte que se ocultam nas areias do deserto. Dessa forma, o Povo pode fazer uma experiência de encontro e de comunhão com Deus, que se traduzirá em confiança, em amor, em entrega. O cuidado, a solicitude e o amor de Deus experimentados nesta "crise", não só ajudarão o Povo a sobreviver, mas irão permitir-lhe, também, superar mentalidades estreitas e egoístas, fazendo-o ver mais além, alargar os horizontes, tornar-se mais adulto, mais consciente, mais responsável e mais santo. Israel aprende, assim, a confiar em Deus, a entregar-se nas suas mãos, a não duvidar do seu amor e fidelidade... Israel aprende, neste percurso, que Jahwéh é a rocha segura em quem se pode confiar nas crises e dramas da vida.
3. O facto de se dizer que Deus apenas dava ao Povo a quantidade de maná necessária "para cada dia" (vers. vers. 4) é uma bonita lição sobre desprendimento e confiança em Deus. Ensina o Povo a não acumular bens, a não viver para o "ter", a libertar o coração da ganância e do desejo de possuir sempre mais, a não viver angustiado com o futuro e com o dia de amanhã; ensina, também, a confiar em Deus, a entregar-se serenamente nas suas mãos, a vê-lO como verdadeira fonte de vida.

ATUALIZAÇÃO

• Mais uma vez, a Palavra de Deus que nos é proposta dá-nos conta da preocupação de Deus em oferecer ao seu Povo, com solicitude e amor, o alimento que dá vida. A ação de Deus não vai, apenas, no sentido de satisfazer a fome física do seu Povo; mas pretende também (e principalmente) ajudar o Povo a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades estreitas e egoístas, a sair do seu fechamento e a tomar consciência de outros valores. Para Deus, "alimentar" o Povo é ajudá-lo a descobrir os caminhos que conduzem à felicidade e à vida verdadeira. O Deus em quem nós acreditamos é o mesmo Deus que, no deserto, ofereceu a Israel a possibilidade de libertar-se de uma mentalidade de escravo e de descobrir o caminho para a vida nova da liberdade e da felicidade... Ele vai conosco ao longo da nossa caminhada pelo deserto da vida, vê as nossas necessidades, conhece os nossos limites, percebe a nossa tendência para o egoísmo e o comodismo e, em cada dia, aponta-nos caminhos novos, convida-nos a ir mais além, mostra-nos como podemos chegar à terra da liberdade e da vida verdadeira. Este texto fala-nos da solicitude e do amor com que Deus acompanha a nossa caminhada de todos os dias; convida-nos, também, a escutar esse Deus, a aceitar as propostas de vida que Ele faz e a confiar incondicionalmente n'Ele.

• As "saudades" que os israelitas sentem do Egito, onde estavam "sentados junto de panelas de carne" e tinham "pão com fartura", revelam a realidade de um Povo acomodado à escravidão, instalado tranquilamente numa vida sem perspectivas e sem saída, incapaz de arriscar, de enfrentar a novidade, de querer mais, de aceitar a liberdade que se constrói na luta e no risco. Esta mentalidade de escravidão continua, bem viva, no nosso mundo... É a mentalidade daqueles que vivem obcecados pelo "ter" e que são capazes de renunciar à sua dignidade para acumular bens materiais; é a mentalidade daqueles que trocam valores importantes pelos "cinco minutos de fama" e de exposição mediática; é a mentalidade daqueles que têm como único objetivo na vida a satisfação das suas necessidades mais básicas; é a mentalidade daqueles que se instalam comodamente nos seus esquemas cómodos, nos seus preconceitos e se recusam a ir mais além, a deixarem-se interpelar pela novidade e pelos desafios de Deus; é a mentalidade daqueles que vivem voltados para o passado, que idealizam o passado, recusando-se a enfrentar os desafios da história e a descobrir o que há de positivo e de desafiante nos novos tempos; é a mentalidade daqueles que se resignam à mediocridade e que não fazem nenhum esforço para que a sua vida faça sentido... A Palavra de Deus que nos é proposta diz-nos: o nosso Deus não Se conforma com a resignação, o comodismo, a instalação, a mediocridade que fazem de nós escravos e que nos impedem de chegar à vida verdadeira, plenamente vivida e assumida; Ele vem ao nosso encontro, desafia-nos a ir mais além, aponta-nos caminhos, convida-nos a crescer e a dar passos firmes e seguros em direção à liberdade e à vida nova... E, durante o caminho, nunca estaremos sozinhos, pois Ele vai ao nosso lado.

• A ideia de que Deus dá ao seu Povo, dia a dia, o pão necessário para a subsistência (proibindo "juntar" mais do que o necessário para cada dia) pretende ajudar o Povo a libertar-se da tentação do "ter", da ganância, da ambição desmedida. É um convite, também a nós, a não nos deixarmos dominar pelo desejo descontrolado de posse dos bens, a libertarmos o nosso coração da ganância que nos torna escravos das coisas materiais, a não vivermos obcecados e angustiados com o futuro, a não colocarmos na conta bancária a nossa segurança e a nossa esperança. Só Deus é a nossa segurança, só nele devemos confiar, pois só Ele (e não os bens materiais) nos liberta e nos leva ao encontro da vida definitiva.

SALMO RESPONSORIAL - Salmo 77 (78)

Refrão: O Senhor deu-lhes o pão do céu.

Nós ouvimos e aprendemos,
os nossos pais nos contaram
os louvores do Senhor e o seu poder
e as maravilhas que Ele realizou.

Deus ordens às nuvens do alto
e abriu as portas do céu;
para alimento fez chover o maná,
deu-lhes o pão do céu.

O homem comeu o pão dos fortes!
Mandou-lhes comida com abundância
e introduziu-os na sua terra santa,
na montanha que a sua direita conquistou.

LEITURA II - Ef 4,17.20-24

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos:
Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor:
Não torneis a proceder como os pagãos,
que vivem na futilidade dos seus pensamentos.
Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo,
se é que d'Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos,
conforme a verdade que está em Jesus.
É necessário abandonar a vida de outrora
e pôr de parte o homem velho,
corrompido por desejos enganadores.
Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência
e revesti-vos do homem novo, criado á imagem de Deus
na justiça e santidade verdadeiras.

AMBIENTE

Continuamos a ler a Carta aos Efésios, essa "carta circular" que Paulo escreve enquanto está na prisão (em Roma, durante os anos 61-63?) e que envia a várias comunidades cristãs da parte ocidental da Ásia Menor. É uma carta (já o dissemos atrás) onde Paulo apresenta, de forma extremamente serena e refletida, uma teologia amadurecida, completa, bem elaborada, sobre as exigências da vida nova em Cristo.
A secção da Carta aos Efésios que vai de 4,1 a 6,20 (já o dissemos também no passado domingo) é um texto parenética, que tem por objetivo principal exortar os cristãos a viverem de forma coerente com o seu Baptismo e com o seu compromisso com Cristo. Depois de convidar os crentes a viverem na unidade do amor (cf. Ef 4,1-6) e de lhes apresentar uma reflexão sobre a comunidade, Corpo de Cristo formado por muitos membros (cf. Ef 4,7-13), Paulo exorta os cristãos a viverem de acordo com a sua condição de Homens Novos em Cristo (cf. 4,14-5,14). O texto que nos é hoje proposto como segunda leitura é parte dessa exortação.

MENSAGEM

O nosso texto é, fundamentalmente, um convite - feito com a veemência que Paulo usava sempre nas suas exortações - a deixar a vida antiga e os esquemas do passado, para abraçar definitivamente a vida nova que Cristo veio propor.
Paulo usa duas expressões opostas para definir a realidade do homem antes do encontro com Cristo e depois do encontro com Cristo. O homem que ainda não aderiu a Cristo é, para Paulo, o homem velho, cuja vida é marcada pela mediocridade, pela futilidade (vers. 17), pela corrupção, pela escravidão aos "desejos enganadores" (vers. 22). O homem que já encontrou Cristo e que aderiu à sua proposta é o homem novo, que vive na verdade (vers. 21), na justiça e na santidade verdadeiras (vers. 24).
O Baptismo - o momento da adesão a Cristo - é o momento decisivo da transformação do homem velho em homem novo. O próprio rito do Baptismo (o imergir na água significa o morrer para a vida antiga de pecado; o emergir da água significa o nascimento de um outro homem, purificado do egoísmo, do orgulho, da auto - suficiência, do pecado) sugere a transformação e a ressurreição do homem para uma vida nova - a vida em Cristo. A partir daí, o homem devia adoptar uma nova maneira de pensar e de agir, consequência do seu compromisso com Cristo e com a proposta de vida que Cristo veio apresentar.
Contudo, mesmo depois de ter optado por Cristo, o homem continua marcado pela sua condição de debilidade e de fragilidade... Essa condição faz com que, por vezes, sinta a tentação de regressar ao homem velho do egoísmo, do orgulho, do pecado... O crente, animado pelo Espírito é, portanto, chamado a renovar cada dia a sua adesão a Cristo e a construir a sua existência de forma coerente com os compromissos que assumiu no dia do seu Baptismo. O homem novo não é uma realidade adquirida de uma vez por todas, no dia em que se optou por Cristo; mas é uma realidade continuamente a fazer-se, que exige um trabalho contínuo e uma constante renovação.

ATUALIZAÇÃO

• O cristão é, antes de mais, alguém que encontrou Cristo, que escutou o seu chamamento, que aderiu à sua proposta. A consequência dessa adesão é passar a viver de uma forma diferente, de acordo com valores diferentes, e com uma outra mentalidade. O encontro com Cristo deve significar, para qualquer homem, uma mudança radical, um jeito completamente diferente de se situar face a Deus, face aos irmãos, face a si próprio e face ao mundo. Antes de mais devemos tomar consciência de que também nós encontrámos Cristo, fomos chamados por Ele, aderimos à sua proposta e assumimos com Ele um compromisso. O momento do nosso Baptismo não foi um momento de folclore religioso ou uma ocasião para cumprir um rito cultural qualquer; mas foi um verdadeiro momento de encontro com Cristo, de compromisso com Ele e o início de uma caminhada que Deus nos chama a percorrer, com coerência, pela vida fora, até chegarmos ao homem novo.

• Paulo convida insistentemente os crentes a deixar a vida do homem velho... O homem velho é o homem dominado pelo egoísmo, pelo orgulho, que vive de coração fechado a Deus e aos irmãos, que vive instalado em esquemas de opressão e de injustiça, que gasta a vida a correr atrás dos deuses errados (o dinheiro, o poder, o êxito, a moda...), que se deixa dominar pela cobiça, pela corrupção, pela concupiscência, pela ira, pela maldade e se recusa a escutar a proposta libertadora que Deus lhe apresenta. Provavelmente, não nos revemos na totalidade deste quadro; mas não teremos momentos em que construímos a nossa vida à margem das propostas de Deus e em que negligenciamos os valores de Deus para abraçar outros valores que nos escravizam?

• Paulo apela a que os crentes vivam a vida do homem novo. O homem novo é o homem continuamente atento às propostas de Deus, que aceita integrar a família de Deus, que não se conforma com a maldade, a injustiça, a exploração, a opressão, que procura viver na verdade, no amor, na justiça, na partilha, no serviço, que pratica obras de bondade, de misericórdia, de humildade, que dia a dia dá testemunho, com alegria e simplicidade, dos valores de Deus. É este o meu "projeto" de vida? Os meus gestos e atitudes de cada dia manifestam a realidade de um homem novo, que vive em comunhão com Deus e no amor aos irmãos?

• Todos nós, no dia do nosso Baptismo, optámos pelo homem novo... É preciso, no entanto, termos consciência que a construção do homem novo nunca é um processo acabado... A monotonia, o cansaço, os problemas da vida, as influências do mundo, a nossa preguiça e o nosso comodismo levam-nos, muitas vezes, a instalarmo-nos na mediocridade, nas "meias tintas", na não exigência, na acomodação; então, o homem velho espreita-nos a cada esquina e toma conta de nós... Precisamos de ter consciência de que em cada minuto que passa tudo começa outra vez; precisamos de renovar continuamente as nossas opções e o nosso compromisso, numa atenção constante ao chamamento de Deus. O cristão não cruza os braços considerando que já atingiu um nível satisfatório de perfeição; mas está sempre numa atitude de vigilância e de conversão, para poder responder adequadamente, em cada instante, aos desafios sempre novos de Deus.

ALELUIA - Mt 4,4b

Aleluia. Aleluia.

Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
EVANGELHO - Jo 6,24-35

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo,
quando a multidão viu
que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago,
subiram todos para as barcas
e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus.
Ao encontra- lo no outro lado do mar, disseram-Lhe:
«Mestre, quando chegaste aqui?»
Jesus respondeu-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
vós procurais-Me, não porque vistes milagres,
mas porque comestes dos pães e ficastes saciados.
Trabalhai, não tanto pela comida que se perde,
mas pelo alimento que dura até à vida eterna
e que o Filho do homem vos dará.
A Ele é que o Pai, o próprio Deus,
marcou com o seu selo».
Disseram-Lhe então:
«Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?»
Respondeu-lhes Jesus:
«A obra de Deus
consiste em acreditar n'Aquele que Ele enviou».
Disseram-Lhe eles:
«Que milagres fazes Tu,
para que nós vejamos e acreditemos em Ti?
Que obra realizas?
No deserto os nossos pais comeram o maná,
conforme está escrito:
'Deu-lhes a comer um pão que veio do céu'».
Jesus respondeu-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu;
meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu.
O pão de Deus é o que desce do Céu
para dar a vida ao mundo».
Disseram-Lhe eles:
«Senhor, dá-nos sempre desse pão».
Jesus respondeu-lhes:
«Eu sou o pão da vida:
quem vem a Mim nunca mais terá fome,
quem acredita em Mim nunca mais terá sede».

AMBIENTE

No passado domingo, João contou-nos como Jesus alimentou a multidão com cinco pães e dois peixes, na "outra" margem do Lago de Tiberíades (cf. Jo 6,1-15). Ao "cair da tarde" desse dia, Jesus e os discípulos voltaram a Cafarnaum (cf. Jo 6,16-21).
O episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta situa-nos em Cafarnaum, no "dia seguinte" ao episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. Nessa manhã, a multidão que tinha sido alimentada pelos pães e pelos peixes multiplicados e que ainda estava do "outro lado" do lago apercebeu-se de que Jesus tinha regressado a Cafarnaum e dirigiu-se ao seu encontro.
A multidão encontra Jesus na sinagoga de Cafarnaum - uma cidade situada na margem ocidental do Lago e à volta da qual se desenrola uma parte significativa da atividade de Jesus na Galileia. Confrontado com a multidão, Jesus profere um discurso (cf. Jo 6,22-59) que explica o sentido do gesto precedente (a multiplicação dos pães e dos peixes).

MENSAGEM

A cena inicial (vers. 24) parece sugerir, à primeira vista, que a pregação de Jesus alcançou um êxito total: a multidão está entusiasmada, procura Jesus com afã e segue-O para todo o lado. Aparentemente, a missão de Jesus não podia correr melhor.
Contudo, Jesus percebe facilmente que a multidão está equivocada e que O procura pelas razões erradas. Na verdade, a multiplicação dos pães e dos peixes pretendeu ser, por parte de Jesus, uma lição sobre amor, partilha e serviço; mas a multidão não foi sensível ao significado profundo do gesto, ficou-se pelas aparências e só percebeu que Jesus podia oferecer-lhe, de forma gratuita, pão em abundância. Assim, o facto de a multidão procurar Jesus e Se dirigir ao seu encontro não significa que tenha aderido à sua proposta; significa, apenas, que viu em Jesus um modo fácil e barato de resolver os seus problemas materiais.
Na verdade, o gesto de repartir pela multidão os pães e os peixes gerou um perigoso equívoco. Jesus está consciente de que é preciso desfazer, quanto antes, esse mal-entendido. Por isso, nem sequer responde à pergunta inicial que Lhe põem ("Mestre, quando chegaste aqui?" - vers. 25); mas, mal se encontra diante da multidão, procura esclarecer coisas bem mais importantes do que a hora da sua chegada a Cafarnaum... As palavras que Jesus dirige àqueles que O rodeiam põem o problema da seguinte forma: eles não procuram Jesus, mas procuram a resolução dos seus problemas materiais (vers. 26). Trata-se de uma procura interesseira e egoísta, que é absolutamente contrária à mensagem que Jesus procurou passar-lhes. Depois de identificar o problema, Jesus deixa-lhes um aviso: é preciso esforçar-se por conseguir, não só o alimento que mata a fome física, mas sobretudo o alimento que sacia a fome de vida que todo o homem tem. A multidão, ao preocupar-se apenas com a procura do alimento material, está a esquecer o essencial - o alimento que dá vida definitiva. Esse alimento que dá a vida eterna é o próprio Jesus que o traz (vers. 27).
O que é preciso fazer para receber esse pão? - pergunta-se a multidão (vers. 28). A resposta de Jesus é clara: é preciso aderir a Jesus e ao seu projeto (vers. 28). Na cena da multiplicação dos pães, a multidão não aderiu ao projeto de Jesus (que falava de amor, de partilha, de serviço); apenas correu atrás do profeta milagreiro que distribuía pão e peixes gratuitamente e em abundância... Mas, para receber o alimento que dá vida eterna e definitiva, é preciso, que a multidão acolha as propostas de Jesus e aceite viver no amor que se faz dom, na partilha daquilo que se tem com os irmãos, no serviço simples e humilde aos outros homens. É acolhendo e interiorizando esse "pão" que se adquire a vida que não acaba.
Os interlocutores de Jesus não estão, no entanto, convencidos de que esse "pão" garanta a vida definitiva. Custa-lhes a aceitar que a vida eterna resulte do amor, do serviço, da partilha. O que é que garante, perguntam eles, que esse seja um caminho verdadeiro para a vida definitiva (vers. 30)? Qual a prova de que a realização plena do homem passe pelo dom da própria vida aos demais? Porque é que Jesus não realiza um gesto espetacular - como Moisés, que fez chover do céu o maná, não apenas para cinco mil pessoas, mas para todo o Povo e de forma continuada - para provar que a proposta que Ele faz é verdadeiramente uma proposta geradora de vida (vers. 31)?
Jesus responde pondo a questão da seguinte forma: o maná foi um dom de Deus para saciar a fome material do seu Povo; mas o maná não é esse "pão" que sacia a fome de vida eterna do homem. Só Deus dá aos homens, de forma contínua, a vida eterna; e esse dom do Pai não veio ao encontro dos homens através de Moisés, mas através de Jesus (vers. 32-33). Portanto, o importante não é testemunhar gestos espetaculares, que deslumbram e impressionam mas não mudam nada; mas é acolher a proposta que Jesus faz e vivê-la nos gestos simples de todos os dias.
A última frase do nosso texto identifica o próprio Jesus, já não com o "portador" do pão, mas como o próprio pão que Deus quer oferecer ao seu Povo para lhe saciar a fome e a sede de vida (vers. 35). "Comê-lo" será escutar a sua Palavra, acolher a sua proposta, assimilar os seus valores, interiorizar o seu jeito de viver, fazer da vida (como Jesus fez) um dom total de amor aos irmãos. Seguindo Jesus, acolhendo a sua proposta no coração e deixando que ela se transforme em gestos concretos de amor, de partilha, de serviço, o homem encontrará essa "qualidade" de vida que o leva à sua realização plena, à vida eterna.

ATUALIZAÇÃO

• O caminho que percorremos nesta terra é sempre um caminho marcado pela procura da nossa realização, da nossa felicidade, da vida plena e verdadeira. Temos fome de vida, de amor, de felicidade, de justiça, de paz, de esperança, de transcendência e procuramos, de mil formas, saciar essa fome; mas continuamos sempre insatisfeitos, tropeçando na nossa finitude, em respostas parciais, em tentativas falhadas de realização, em esquemas equívocos, em falsas miragens de felicidade e de realização, em valores efémeros, em propostas que parecem sedutoras mas que só geram escravidão e dependência... Na verdade, o dinheiro, o poder, a realização profissional, o êxito, o reconhecimento social, os prazeres, os amigos são valores efémeros que não chegam para "encher" totalmente a nossa vida e para lhe dar um sentido pleno. Como podemos "encher" a nossa vida e dar-lhe pleno significado? Onde encontrar o "pão" que mata a nossa fome de vida?

• Jesus de Nazaré é o "pão de Deus que desce do céu para dar a vida ao mundo". É esta a questão central que o Evangelho deste domingo nos propõe. É em Jesus e através de Jesus que Deus sacia a fome e a sede dos homens e lhes oferece a vida em plenitude. Isto leva-nos às seguintes questões: que lugar é que Jesus ocupa na nossa vida? Ele é, verdadeiramente, a coordenada fundamental à volta da qual construímos a nossa existência? Para nós, Jesus é uma figura do passado (embora tenha sido um homem excepcional) que a história absorveu e digeriu, ou é o Deus que continua vivo e a caminhar ao nosso lado, oferecendo-nos vida em plenitude? Ele é "mais uma" das nossas referências (ao lado de tantas outras) ou a nossa referência fundamental? Ele é alguém a quem adoramos, com respeito e à distância, ou o irmão que nos indica o caminho, que nos propõe valores, que condiciona a nossa atitude face a Deus, face aos irmãos e face ao mundo?

• O que é preciso fazer para ter acesso a esse "pão de Deus que desce do céu para dar a vida ao mundo"? De acordo com o Evangelho deste domingo, a resposta é clara: é preciso aderir ("acreditar") a Jesus, o "pão" que o Pai enviou ao mundo para saciar a fome dos homens. Aderir a Jesus é escutar o seu chamamento, acolher a sua Palavra, assumir e interiorizar os seus valores, segui-lo no caminho do amor, da partilha, do serviço, da entrega da vida a Deus e aos irmãos. Trata-se de uma adesão que deve ser consequente e traduzir-se em obras concretas. Não chegam declarações de boas intenções, ou atos institucionais que nos fazem constar dos livros de registo da nossa paróquia; aderir a Jesus é assumir o seu estilo de vida e fazer da própria vida um dom de amor, até à morte.

• No Evangelho deste domingo, Jesus mostra-Se profundamente incomodado quando constata que a multidão o procura pelas razões erradas e, sem preâmbulos, apressa-Se em desfazer os equívocos. Ele não quer, de forma nenhuma, que as pessoas O sigam por engano, ou iludidas. Há, aqui, um convite implícito a repensarmos as razões porque nos envolvemos com Cristo... É um equívoco procurar o Baptismo porque é uma tradição da nossa cultura; é um equívoco celebrar o matrimónio na Igreja porque, assim, a cerimónia é mais espetacular e proporciona fotografias mais bonitas; é um equívoco assumir tarefas na comunidade cristã para nos auto - promovermos ou para resolvermos os nossos problemas materiais; é um equívoco receber o sacramento da Ordem porque o sacerdócio nos proporciona uma vida cómoda e tranquila; é um equívoco praticarmos certos atos de piedade para que Jesus nos recompense, nos livre de desgraças, nos pague resolvendo algumas das nossas necessidades materiais... A nossa adesão a Jesus deve partir de uma profunda convicção de que só Ele é o "pão" que nos dá vida.

• A recusa de Jesus em realizar gestos espetaculares (como fazer o maná cair do céu), mostra que, normalmente, Deus não vem ao encontro do homem para lhe oferecer a sua vida em gestos portentosos, que deixam toda a gente espantada e que testemunham, de forma inequívoca, a sua presença no mundo; mas Deus atua na vida do homem de forma discreta, embora duradoura e permanente. Deus vem, todos os dias, ao encontro do homem e, sem forçar nem se impor, convida-o a escutar a Palavra de Jesus, propõe-lhe a adesão a Jesus e ao seu projeto, ensina-lhe os caminhos do amor, da partilha, do serviço. Convém que nos familiarizemos com os métodos de Deus, para o conseguirmos perceber e encontrar, no caminho da nossa vida.