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sexta-feira, 31 de março de 2023

EVANGELHO DO DIA 07 DE ABRIL SEXTA FEIRA SANTA 2023

 


07 ABRIL - São muitos os tipos de pregação: em nossa casa às visitas; na casa dos doentes às pessoas sadias; pelas ruas às crianças; aos adultos onde possível; a todos em toda parte, com os olhos, com a boca, com a pessoa toda, com o infalível "imitatores mei estote” sede meus imitadores e "luceat lux vestra” resplandeça a luz de vossas boas obras. (L 23). SÃO JOSE MARELLO

PAIXÃO DO SENHOR


João 18,1-19,42


"Depois de fazer essa oração, Jesus saiu com os discípulos e foi para o outro lado do riacho de Cedrom. Havia ali um jardim, onde Jesus entrou com eles. Judas, o traidor, conhecia aquele lugar porque Jesus tinha se reunido muitas vezes ali com os discípulos. Então Judas foi ao jardim com um grupo de soldados e alguns guardas do Templo mandados pelos chefes dos sacerdotes e pelos fariseus. Eles estavam armados e levavam lanternas e tochas. Jesus sabia de tudo o que lhe ia acontecer. Por isso caminhou na direção deles e perguntou: - Quem é que vocês estão procurando? - Jesus de Nazaré! - responderam.
- Sou eu! - disse Jesus.
Judas, o traidor, estava com eles. Quando Jesus disse: "Sou eu", eles recuaram e caíram no chão. Jesus perguntou outra vez: - Quem é que vocês estão procurando?
- Jesus de Nazaré! - tornaram a responder.
Jesus disse:
- Já afirmei que sou eu. Se é a mim que vocês procuram, então deixem que estes outros vão embora!
Jesus disse isso para que se cumprisse o que ele tinha dito antes: "Pai, de todos aqueles que me deste, nenhum se perdeu." Aí Simão Pedro tirou a espada, atacou um empregado do Grande Sacerdote e cortou a orelha direita dele. O nome do empregado era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: - Guarde a sua espada! Por acaso você pensa que eu não vou beber o cálice de sofrimento que o Pai me deu?
Em seguida os soldados, o comandante e os guardas do Templo prenderam Jesus e o amarraram. Então o levaram primeiro até a casa de Anás. Anás era o sogro de Caifás, que naquele ano era o Grande Sacerdote. Caifás era quem tinha dito aos líderes judeus que era melhor para eles que morresse apenas um homem pelo povo.
Simão Pedro foi seguindo Jesus, junto com outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do Grande Sacerdote e por isso conseguiu entrar no pátio da casa dele junto com Jesus. Mas Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era conhecido do Grande Sacerdote, saiu e falou com a empregada que tomava conta da porta. Então ela deixou Pedro entrar e lhe perguntou: - Você não é um dos seguidores daquele homem?
- Eu, não! - respondeu ele.
Por causa do frio, os empregados e os guardas tinham feito uma fogueira e estavam se aquecendo de pé, em volta dela. Pedro estava de pé, no meio deles, aquecendo-se também.
"

Meditação

 Jesus foi injustamente condenado a morte humilhante de Cruz, tendo que carregar esta mesma cruz como um criminoso qualquer.

 Com extremo esforço ele subiu a encosta do Calvário, carregando aquela pesada cruz. Estava todo ferido e desfigurado, mas permanecia manso como um cordeiro levado ao matadouro.

 Foi uma entrega amorosa e cheia de compaixão, foi morrer por nós, tomou sobre si todas as nossas enfermidades. Deu tudo o que tinha que dar para nos salvar a todos.

 Hoje, Sexta-Feira Santa, lembramos o sofrimento de Nosso Senhor Jesus Cristo o qual ficou conhecido como Paixão do Senhor.

A celebração da Paixão do Senhor consta de três partes. A Liturgia da Palavra, a Adoração da Cruz e a Sagrada Comunhão.

 A Paixão do Senhor, que não pode tomar-se isoladamente como um fato encerrado em si mesmo, visto ser apenas um dos momentos constitutivos da Páscoa, só pode compreender-se à luz da Palavra divina.

Por isso, a Liturgia da Palavra, bastante desenvolvida, começa por nos introduzir, por meio de Isaías (Is 52,13-53.12), de São Paulo (Hb 4,14-16.5,7-9) e de São João (Jo 18,1-19,42), no mistério do sofrimento e Morte de Jesus.

A narrativa da Paixão, no Evangelho de João, apresenta-nos a imagem de Jesus que o evangelista quis forjar através de todo seu evangelho: um Jesus que é a revelação do Pai, ao mesmo tempo que nele se revela a plenitude do amor. Ainda que pendente na cruz, sua vida e sua morte é uma vitória, porque "tudo está consumado" como era da vontade do Pai.

A morte tem sido o grande mistério que preocupa o homem através de toda sua história. Porque ainda que este pretenda negar todas as verdades, entretanto, há uma que sempre o persegue e nunca pode rechaçar: a realidade da morte. Nem sequer os ateus mais convictos se atreveram a negar que eles também vão morrer.

Para o pagão, a morte era uma tragédia; não se tinha idéias claras sobre o além, por isso que se admitia uma existência "além da tumba", dita existência estava rodeada de escuridão e enigmas. Ademais, nem todos admitiam uma vida depois da morte, porque esta era um desaparecer total, o fim de todas as esperanças, a frustração de todos os anseios. Os próprios judeus aceitavam a ressurreição, mas a projetam para o fim da história.

Para os discípulos, a situação era desoladora. Eles esperavam um Messias terreno que revivesse as glórias do reinado de Davi e Salomão e é aqui que suas ilusões se desvaneceram como espuma.

  Essa sensação de desalento está claramente expressada em um dos discípulos de Emaús: "Nós esperávamos que ele resgataria Israel; mas já fazem três dias que tudo isso ocorreu".

A morte de Jesus foi um acontecimento trágico; seus inimigos conseguiram o que queriam: tirá-lo do meio; os fariseus, porque Jesus desmascarou sua hipocrisia, os sacerdotes porque denunciaram a vício de um culto formalista; os saduceus porque refutou a negação da ressurreição; os ricos porque havia jogado na cara a injustiça de suas atuações; os romanos porque pensavam que era um sedicioso.

Jesus morreu abandonado por todos; seus discípulos fugiram, os judeus o desprezavam; o Pai se fez surdo ao seu clamor; essa tarde, na cruz estava o corpo de um justiçado, condenado pela justiça humana e rechaçado pelo seu povo. Parecia que o ódio tinha vencido o amor; o poder sobre a debilidade de um homem, as trevas sobre a luz; a morte sobre a vida.

Aquela tarde, quando as trevas caíram sobre o monte Calvário, parecia que tudo estava terminado e os inimigos de Jesus poderiam descansar tranqüilos.

Porém, era aqui, no mais profundo dos acontecimentos, que a realidade era distinta. Jesus não era um vencido, mas um triunfador; a morte não o aprisionava, mas o havia libertado de seu abraço mortal.

 O que parecia o fim se transformou em glória; o que muitos consideravam como o término era o começo de uma nova etapa de salvação.

 A cruz deixou de ser um instrumento de tortura para se converter em um trono de glória de um novo reino e a coroa de espinhos posta sobre sua cabeça é agora um diadema de honra.

Ao morrer, Jesus deu um novo sentido à morte, à vida, à dor. A pergunta desesperada do homem sobre a morte encontrou uma resposta. Mas isto não significa que possamos cruzar os braços e nos contentar com o ensinamento de que a morte de Jesus significou uma mudança na vida da humanidade.

Essa mudança deve manifestar-se em nossa experiência porque ele não aceitou sua morte como a resignação de quem se submete a um destino iniludível, mas como quem aceita uma missão de Deus.

Por isso, sua morte condena a injustiça dos crimes e assassinatos, mas nos pede para fazer algo contra a injustiça porque não somente condena a exploração dos oprimidos, mas nos pede para melhorar sua situação; a morte de Jesus não somente é a rejeição do abandono das multidões, mas exige que nos aproximemos do desvalido.

Sua morte não é somente uma recordação que revivemos a cada ano, mas um chamado para melhorar o mundo, destruir as estruturas do pecado e restabelecer as condições de paz, construir uma sociedade baseada na concórdia, na colaboração e na justiça.

Jesus continua morrendo nos nossos bairros marginalizados, nos soldados e guerrilheiros que jazem nas selvas, nos seqüestrados e prisioneiros, nos enfermos e nos ignorantes.

A nós cabe fazer com que o grito de desespero de Jesus quando diz: "Pai, por que me abandonastes" se converta no grito de esperança: "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito".

Reflexão Apostólica: 

Jesus era Deus e homem.  O Jesus-homem sentia dor, fome, frio como qualquer pessoa.  Jesus-Deus sabia tudo o que iria lhe acontecer nos mínimos detalhes. 

Foi por isso que Jesus-Homem ficou muito tenso e suou sangue no Horto das Oliveiras.  Na verdade, o nome exato é TRANSPIRAR SANGUE.

Você sabe o dia da sua morte? Nem eu. Isso é bom, ou ruim? É claro que é bom. Imagine que hoje seria o seu último dia de vida e você ficou sabendo disso ao se levantar. 

Será que você estaria sentado aí, lendo esta reflexão, com toda esta calma? Não! Você estaria em PÂNICO! Pânico total e pleno.

Já teria telefonado para todos os amigos e parentes, já teria corrido atrás do sacerdote para fazer uma boa confissão ou a extrema unção...  e   provavelmente, teria também transpirado sangue. 

Conclusão: Não saber o dia da nossa morte é uma coisa muito boa, uma dádiva de Deus para que não soframos por antecipação.

Como aconteceu com Jesus enquanto homem na noite antes de sua morte. Jesus estava profundamente abalado em sentido psicológico, moral e físico, e foi por isso que o Evangelho diz que Jesus suou sangue.

Muita gente já deve ter dito ou pensado. Suar sangue? Isso não existe! Que coisa mais ingênua!  Vamos entender o que realmente aconteceu com Jesus naquele momento de grande aflição no Horto das Oliveiras momentos antes da sua Paixão propriamente dita.

O fenômeno é cientificamente conhecido pelo nome de hematidrose. Hêmato+hidrose hêmato = a palavra é composta pelos radicais gregos: haima (de haimatos), que significa "sangue". Hidrose = suor, transpiração.

A pessoa quando submetida sob tensão ou ansiedade extrema, as artérias se rompem e o sangue penetra nas glândulas sudoríparas.

A hematidrose é um fenômeno raríssimo apenas uma fraqueza física excepcional onde o corpo inteiro dói, acompanhada de um abatimento moral violento causada por uma profunda emoção, por um grande medo.

Apenas um ato destes pode causar o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas onde o suor anexa-se ao sangue formando a hematidrose.  A hematidrose pode ser mais entendida como uma transpiração de sangue acompanhada de suor.

Portanto, ler no evangelho que Jesus suou sangue, não se trata de uma coisa ingênua, como alguns pensam.

Nos Estados Unidos foram registrados mais de 100 casos.  Por exemplo. Pessoas que antes de irem para a cadeira elétrica, sob  forte tensão por saber que iam morrer, transpiraram sangue.

Pessoas com medo minutos antes da morte, em caso de naufrágios, tempestades destruidoras, etc. Também transpiraram sangue.
 
Em seu caminho para o Calvário Jesus-Homem sofreu muita humilhação e muita dor física e mental, dos quais Ele, enquanto Deus, poderia ter se livrado num piscar de olhos com mais um milagre daqueles muitos que fez.

Se você reparou, de todos os milagres que Jesus realizou, ele não operou nenhum milagre em benefício próprio. Todos foram para acabar com o sofrimento daqueles que eram excluídos da sociedade injusta.

Jesus-Deus podia simplesmente através de um gesto ou pensamento, destruir o chicote que o flagelava, derreter os cravos que penetraram em seus pulsos, em fim transformar em estátuas todos os soldados e os demais homens que o maltratavam.

Jesus precisava passar por todo aquele sofrimento. E, em vez de castigar seus agressores, Jesus rezou e pediu ao Pai para perdoá-los, pois se soubessem que Ele era o próprio Deus, não estariam fazendo tudo aquilo. 

Essa atitude de Jesus é uma demonstração da imensa e infinita misericórdia e bondade de Deus. Nós também precisamos perdoar as pessoas que são injustas conosco. Pois se elas conhecessem e seguissem os ensinamentos de Jesus, não agiriam dessa forma.

O Jesus-Homem no momento de desespero sentindo-se abandonado pelo Pai, gritou: "Pai! Por que me abandonastes?  Não, Deus Pai não o abandonou! Foi só uma impressão do Jesus-Homem naquele momento de desespero. Ele tinha de passar por tudo aquilo, mais o melhor estava por vir no sábado. A RESSURREIÇÃO!

Quantas vezes em nossas vidas nos sentimos abandonados! Na hora que perdemos o emprego, no momento em que desmanchamos o namoro com aquela pessoa que amamos tanto, no momento em estamos envolvidos em um acidente terrível etc.

Não! Deus nunca nos abandona! Nós é que nos afastamos de Deus, e depois colocamos a culpa nele pelas conseqüências dos nossos atos impensados ou irresponsáveis.

Além disso, às vezes não entendemos os desígnios ou a vontade de Deus.  Exemplo. Desmanchar com aquela namorada que lhe fez sofrer tanto, foi bom para você.

Hoje você está bem casado e feliz da vida, enquanto aquela sua ex-namorada seguiu outro caminho que nem vamos comentar...

 Oração: Ó Deus, que nos renovastes pela santa morte e ressurreição do vosso Cristo, conversai em nós a obra de vossa misericórdia, para que, pela participação deste mistério, vos consagremos sempre a nossa vida. Que a Paixão de Cristo perdoe os nossos pecados, e também ressuscitemos e voltemos à vida da graça como um homem novo, uma mulher nova.

Propósito: Ter um olhar de compaixão para com as pessoas que sofrem e ajudar, como Cireneu, os que caem. 

EVANGELHO DO DIA 06 DE ABRIL QUINTA FEIRA 2023

 


06 ABRIL - Uma boa palavra vale um tesouro e o Senhor jamais deixa sem recompensa a mais insignificante ação feita para a sua glória em favor do próximo. (L 28). SÃO JOSE MARELLO

 

João 13,1-15

"Faltava somente um dia para a Festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a hora de deixar este mundo e ir para o Pai. Ele sempre havia amado os seus que estavam neste mundo e os amou até o fim. Jesus e os seus discípulos estavam jantando. O Diabo já havia posto na cabeça de Judas, filho de Simão Iscariotes, a idéia de trair Jesus. Jesus sabia que o Pai lhe tinha dado todo o poder. E sabia também que tinha vindo de Deus e ia para Deus. Então se levantou, tirou a sua capa, pegou uma toalha e amarrou na cintura. Em seguida pôs água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha. Quando chegou perto de Simão Pedro, este lhe perguntou: - Vai lavar os meus pés, Senhor? Jesus respondeu: - Agora você não entende o que estou fazendo, porém mais tarde vai entender! - O senhor nunca lavará os meus pés! - disse Pedro.- Se eu não lavar, você não será mais meu discípulo! - respondeu Jesus. - Então, Senhor, não lave somente os meus pés; lave também as minhas mãos e a minha cabeça! - pediu Simão Pedro. Aí Jesus disse: - Quem já tomou banho está completamente limpo e precisa lavar somente os pés. Vocês todos estão limpos, isto é, todos menos um. Jesus sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: "Todos menos um." Depois de lavar os pés dos seus discípulos, Jesus vestiu de novo a capa, sentou-se outra vez à mesa e perguntou: - Vocês entenderam o que eu fiz? Vocês me chamam de "Mestre" e de "Senhor" e têm razão, pois eu sou mesmo. Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês, então vocês devem lavar os pés uns dos outros. Pois eu dei o exemplo para que vocês façam o que eu fiz.."

Meditação:

Esse evangelho de João é uma das peças mais bonitas de nossa tradição cristã. Nessa página, ele quis nos ensinar talvez a coisa mais difícil: não simplesmente amar, que quase todos nos acreditamos capazes. Mas reparem que ele diz que Jesus amou os seus discípulos até o fim.

A força está nesta última expressão: até o fim. Os nossos amores acabam, são frágeis, são como o amor de Judas, que começou entusiasmado por Jesus, era talvez um dos mais inteligentes, sendo-lhe até confiada a administração dos poucos recursos que tinham.

Aquele homem, que começou amando Jesus, terminou traindo-o. Portanto, amar até o fim não é fácil. De doze escolhidos, um deles não conseguiu. É uma proporção grande.

João continua querendo nos dizer o que nos faz amar até o fim e coloca quatro coisas bonitas. Começa dizendo que é uma coisa solene, importante, um ensinamento que Jesus queria deixar marcado no nosso coração ao tomar consciência de que era a grande hora, de sua passagem para o Pai.

No evangelho de João, Jesus come a sua ceia com os discípulos um dia antes da Páscoa dos judeus. A ceia é um momento de alegria e Jesus procura animar os discípulos, diante do pressentimento da repressão que se aproxima.

Cinco dias antes desta ceia, em uma outra, em Betânia, Maria, amorosamente, ungiu com perfume os pés de Jesus. Agora é Jesus que lava os pés dos discípulos. A vida e o ministério de Jesus resumem-se no ato de servir. É o serviço que liberta, gera e faz florescer a vida.

Não era um dia qualquer, um dia anódino, perdido na história, mas um dia único, solene. É como um pai que, no seu leito de morte, reúne os filhos para lhes dar uma última lição de alguém que parte desta vida. 

Para que amemos até o fim é preciso que o Pai nos dê tudo. É dele que recebemos essa força, essa graça. Jesus sabia que vinha do Pai e para Ele voltava.

Nós não amamos porque esquecemos que viemos de Deus e para Ele voltamos. Só a consciência de nossa origem divina, de que Deus está na origem de nossa existência, de que somos criados e amados por Ele é que nos possibilita amar. Quem nunca descobriu que Deus está na sua própria origem não será capaz de amar até o fim, porque lhe faltará força.

Jesus se reconhece como Senhor e Mestre para ensinar os discípulos o caminho do desapego, da simplicidade e do serviço à comunidade. É este o caminho que leva à glória do Pai.

Todo discípulo deve imitar o Mestre e mesmo que não compreenda bem o porque dos seus ensinamentos, precisa obedecê-lo.

Somos discípulos de Jesus e sabemos que só Ele tem as palavras de vida eterna para nós. Jesus aproveitou os últimos momentos antes de ser levado para o Calvário para nos ensinar a vivenciar o verdadeiro amor. Ao pegar uma toalha e aplicar-se a lavar e enxugar os pés dos seus discípulos

Ele nos mostrou que lavar os pés significa servir, estar à disposição, solidarizar-se fraternalmente com as pessoas. Jesus despojou-se de si mesmo quando tirou o manto da realeza, da autoridade e da dignidade de ser Filho de Deus e abaixou-se para servir aos seus amigos.

Pedro, que não compreendeu o sentido da ação do Mestre tentou dissuadi-Lo do Seu propósito de lavar os pés dos discípulos, porém, Jesus replicou com uma afirmação que é muito importante para todos nós, hoje: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo.”

Os pés significam o nosso caminhar, nossas ações, nossas escolhas, nossas preferências. Jesus deseja nos purificar e usa os nossos irmãos como Seus instrumentos.

Portanto, nós também, quando acolhemos com humildade o auxílio de alguém que em Nome de Jesus se oferece para nos ajudar nós estamos nos deixando lavar por Jesus.

Quando nós não admitimos ser lavados é porque entendemos que somos muito perfeitos e, por isso, não carecemos da ajuda de ninguém.

Da mesma forma, seguindo o exemplo do Mestre nós necessitamos lavar os pés das pessoas que surgem no nosso caminho e precisam do nosso amor e da nossa atenção.

Por meio do nosso próximo mais próximo Jesus nos ampara, nos lava e nos purifica para que possamos também fazer o mesmo com outros.

Só quando nós nos deixarmos lavar nós iremos compreender a profundidade do gesto de Jesus. Por isso, Ele nos deu a seguinte explicação: “compreendeis o que acabo de fazer?… Se eu, o Senhor e mestre vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros”.

O que você acha deste gesto de Jesus? Você tem deixado que as pessoas lavem os seus pés? O que significa para você lavar os pés do irmão? O que para você é melhor: “lavar os pés” de alguém ou deixar que alguém “lave os seus? ”

Reflexão Apostólica:

Para ser o maior é preciso ser pequeno de vaidades, sem orgulhos e ambições desmedidas, é estar inserido numa caminhada que leva ao encontro d'Aquele de onde viemos.

Que tipo de servo você é? Ou você pensa ser o mestre? Mestre só tem um, e Ele é o Senhor da vida!

Num jardim, caminhavam tranquilamente vários insetos e cada um vivia sua vida de acordo com suas funções e atribuições. Muitos olhavam na vida dos outros, coisas que mereciam ser copiadas.

A minhoca queria ter as pernas do Sr. Gafanhoto, pois era tão difícil se locomover apenas perfurando buracos; a D. Aranha gostaria de ter menos pernas como a Srta. Pulga (que só tem uma), pois era muito caro comprar tantos tênis e sandálias (…). Como nós, nunca estão satisfeitos com aquilo que tem.

(…) O olhar do invejoso é mau; ele desvia o rosto e despreza sua alma. O olhar do avarento é insaciável a respeito da iniqüidade, só ficará satisfeito quando tiver ressecado e consumido a sua alma. O olhar maldoso só leva ao mal; não será saciado com pão, mas será pobre e triste em sua própria mesa “. (Eclo 14,8-10)

Nós caminhamos para Deus, estamos na história, num percurso, num itinerário que nos conduz ao Pai. Se soubermos que viemos de Deus e caminhamos para Ele, saberemos amar.

 Se caminhamos para Deus, nenhum obstáculo poderá nos deter. Paulo mesmo é quem nos disse que nada poderá nos afastar do amor de Deus. Essa foi a experiência de Paulo, que já caminhava para o Pai.

Jesus é realista e tem medo das palavras bonitas, mas vazias, numa sociedade de tanta exterioridade, de tanta propaganda, como a que vivemos.

Vestido como mestre, se levanta em meio aos apóstolos, que se espantam imaginando o que Ele poderia fazer naquele momento. Ele tira o manto da sua dignidade divina, de sua superioridade, do poder que tantas vezes assustara os seus discípulos.

Troca o manto do mestre pela toalha do escravo e ainda vai mais longe ao debruçar-se sobre os pés de cada um dos apóstolos, inclusive de Judas. Lava-lhes os pés como o escravo lava os pés do seu senhor. Ele, o Senhor, se fez pequeno, e depois nos dirá que é isso que também nós devemos fazer para mostrar o nosso amor.

Se Jesus lavou os pés dos discípulos, porque nós não podemos fazer o mesmo? Lavar os pés do outro é perdoar, é acolher, é alimentar, é dar de si para que o outro viva melhor, na certeza de que nada vai lhe faltar.

Há ainda um pormenor lindo de João, quando Pedro diz que Jesus não poderia lavar-lhe os pés, e Ele retruca que Pedro só poderia ter parte com Ele se se deixasse lavar. Pedro precisava entender que Ele se fizera servo para que o imitasse.

Mantendo-se orgulhoso, não permitindo que Jesus se fizesse servo, Pedro não poderia fazer parte do Cristo, pois também não aceitaria fazer-se servo.

Só aceitando que o Senhor se fez servo, Pedro, assim como nós, poderá se fazer servo dos servos. E até os dias de hoje, ao assinar qualquer documento, o papa assinala: servo dos servos de Deus. Quando assume o poder maior na Igreja, de ser sumo pontífice, nos seus olhos reflete-se o exemplo de Pedro. Se valeu para Pedro, vale para cada um de nós.

Nunca jogue a sua toalha, ao contrário, amarre-a junto à sua cintura como exemplo de esforço por querer ser melhor e fazer a diferença neste mundo.

Que aprendamos estas quatro lições: Deus é a nossa força, dele viemos e para Ele voltamos, renunciemos aos mantos do poder e vistamos a toalha do servo para servir aos irmãos e só assim amaremos.

 Propósito: Vestir a toalha do servo para servir aos irmãos.



Evangelho do dia 05 de abril quarta feira 2023 - SEMANA SANTA

 

05 ABRIL - Não há tempo nem lugar onde não seja possível fazer alguma coisa. Cada palavra, cada passo, cada desejo, pode ser a matéria prima dos interesses de Jesus. (L 76). SÃO JOSE MARELLO

 
Mateus 26,14-25


"Então um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi falar com os chefes dos sacerdotes. Ele disse: - Quanto vocês me pagam para eu lhes entregar Jesus? E eles lhe pagaram trinta moedas de prata. E daí em diante Judas ficou procurando uma oportunidade para entregar Jesus. No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, os discípulos chegaram perto de Jesus e perguntaram: - Onde é que o senhor quer que a gente prepare o jantar da Páscoa para o senhor? Ele respondeu:- Vão até a cidade, procurem certo homem e digam: "O Mestre manda dizer: A minha hora chegou. Os meus discípulos e eu vamos comemorar a Páscoa na sua casa." Os discípulos fizeram como Jesus havia mandado e prepararam o jantar da Páscoa. Quando anoiteceu, Jesus e os doze discípulos sentaram para comer. Durante o jantar Jesus disse: - Eu afirmo a vocês que isto é verdade: um de vocês vai me trair. Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a perguntar: - O senhor não está achando que sou eu; está?Jesus respondeu:
- Quem vai me trair é aquele que come no mesmo prato que eu. Pois o Filho do Homem vai morrer da maneira como dizem as Escrituras Sagradas; mas ai daquele que está traindo o Filho do Homem! Seria melhor para ele nunca ter nascido! Então Judas, o traidor, perguntou:- Mestre, o senhor não está achando que sou eu; está? Jesus respondeu: - Quem está dizendo isso é você mesmo.
"

 Meditação:

 O tom dramático e doloroso das narrativas dos últimos dias de Jesus, em Jerusalém, marca as celebrações da Semana Santa.

A tradição da Paixão, elaborada na ótica da religião sacrifical do AT, apresenta o sofrimento como caminho necessário para a salvação.

Contudo, atentos à prática de Jesus, vemos que sua vida foi a plena manifestação do amor que liberta, removendo o sofrimento e promovendo a vida.

Em conseqüência foi perseguido até a morte. Tanto o sofrimento das multidões de excluídos como de Jesus resultam do sistema opressor sob controle de minorias que cooptam pessoas como Judas.

Ontem o evangelho falava da traição de Jesus e da negação de Pedro. Hoje temos o tema da traição de Judas na versão de Mateus.

A Palavra de Deus nos convida hoje a aprofundar a temática da traição de Judas. Os Doze estão à mesa, simbolismo de um novo projeto de humanidade a partir da comunhão do pão e do vinho. Quando Jesus anuncia que um vai traí-lo, todos dizem: “Serei eu, Senhor?”, reconhecendo Jesus como Senhor de suas vidas. 

  Judas, ao contrário, pergunta: “Mestre, o senhor não está achando que sou eu; está?” Judas segue a mesma mentalidade dos que não entenderam o projeto messiânico de Jesus, que não é do poder, mas sim do Servo Sofredor que o torna Senhor, Filho de Deus. Em todo grupo humano sempre há alguém que tem preço; alguém que se vende e trai.

Na narração da paixão de Jesus, o evangelho de Mateus acentua muito o fracasso dos discípulos. Apesar de terem convivido três anos com Jesus, nenhum deles defende Jesus. Judas o trai, Pedro o nega, os outros fogem.

Mateus narra tudo isto não para criticar ou para condenar, nem para desanimar os leitores, mas para destacar que a acolhida e o amor de Jesus superam a derrota e o fracasso dos discípulos!

Esta maneira de descrever a atitude de Jesus era uma ajuda para a Comunidade do tempo de Mateus. Por causa das freqüentes perseguições, muitos desanimaram e tinham abandonado a comunidade e se perguntavam: "Será possível voltar?

Deus nos acolherá e perdoará?" Mateus responde sugerindo que nós podemos quebrar a relação dom Jesus, mas Jesus nunca rompe seu amor para conosco.

Seu amor é maior da nossa infidelidade. Esta é a mensagem importante que captamos no evangelho durante a Semana Santa.

Judas tomou a decisão após Jesus não ter aceito a crítica dos discípulos contra a mulher que desperdiçou um perfume muito caso só para ungir Jesus (Mt 26,6-13).

Foi procurar os sacerdotes e perguntou: "O que me dareis se vos entregar Jesus?" Combinaram, então, trinta moedas de prata. Mateus cita as palavras do profeta Zacarias para descrever o preço combinado (Zc 11,12).

Ao mesmo tempo, a traição de Jesus por trinta moedas faz lembrar a venda de José por parte dos irmãos, decidia com os compradores por vinte moedas (Gn 37,28). Lembra também o preço de trinta moedas a ser pagas pelo ferimento de um escravo (Ex 21,32).

Jesus chegava da Galileia. Não tinha casa em Jerusalém. Passava as noites no Jardim das Oliveiras (Jo 8,1). Nos dias de festa da páscoa a população de Jerusalém triplicava por causa do grande número de peregrinos que chegavam de todas as partes.

Para Jesus não era fácil encontrar uma grande sala onde celebrar a páscoa junto com peregrinos vindos da Galileia, como ele.

Manda seus discípulos encontrar uma pessoa em cuja casa decidiu celebrar a Páscoa. O evangelho não oferece mais informações e deixa que a imaginação complete o que falta nas informações.

Era uma pessoa conhecida de Jesus? Um parente? Um discípulo? Ao longo dos séculos, a imaginação dos apócrifos soube completar esta informação, com pouca credibilidade.

Jesus sabe que será traído. Apesar de Judas fizesse tudo às escondidas, Jesus sabia. Mas, apesar disso, quer confraternizar com o grupo dos amigos a que Judas pertence.

Quando estavam reunidos pela última vez, Jesus anuncia quem é o traidor "aquele que comigo põe a mão no prato". Esta maneira de anunciar a traição torna ainda mais claro o contraste.

Para os judeus, comunhão ao redor da mesa, molhar junto o pão no mesmo prato, era a maior expressão de intimidade e confiança. Mateus sugere que, apesar da traição, realiza por alguém muito íntimo, Jesus é maior da traição!

O que impressiona em Mateus é maneira como descreve os fatos. Entre a traição e a negação insere a instituição da Eucaristia (Mt 26,26-29): a traição de Judas, antes (Mt 25,20-25); a negação de Pedro e a fuga dos discípulos, depois (Mt 25,30-35).

Assim, ele destaca para todos nós a incrível gratuidade de Jesus, que supera a traição, a negação e a fuga dos amigos. O amor dele não depende daquilo que os outros fazem a ele.

Até entre os eleitos por Jesus isso aconteceu. Ai Judas, “seria melhor que não tivesse nascido”! Teria sido mais útil não ter feito o caminho de Jesus se fosse terminar dessa maneira tão dolorosa e vergonhosamente triste.

 Quanto nós temos de Judas em nossas vidas? Quantas vezes traímos o Senhor pela nossa falta de amor radical e de serviço generoso?

 Nesta Semana Santa é importante que tenhamos algum tempo para tomar consciência da incrível gratuidade do amor de Deus por nós.

 Reflexão Apostólica: 

Acredito muito na simbologia e na magia de fé que existe nessa semana, por isso, nesses anos que faço a reflexão diária do Evangelho, não me atrevo, por respeito, a acrescentar qualquer tipo de interpretação, pois a mensagem por si se explica.

Certa vez ouvi uma fábula, que pode ser contada a adultos e crianças:

“(…) Deus havia encarregado um dos seus anjos mais próximos de cuidar do seu rebanho de estrelas. Cada uma da sua cor e cada cor representava um dom de Deus.

Certa vez as estrelas pediram para o anjo que as deixasse vir a Terra e conhecer as maravilhas do criador. O anjo não vendo problema as autorizou sob a condição que após uma hora estivesse de volta. E assim aconteceu.

Uma hora mais tarde uma a uma voltavam ao céu. O anjo foi conferi-las. Não podia faltar nenhuma. Notou que uma delas não voltou – a estrela verde.

Procurando no glossário celeste, descobriu que a ESPERANÇA não voltou para o céu e, desde aquele dia, no rebanho dos dons de Deus, faltaria a Esperança, pois como Deus tudo sabe, não tem esperança.

Deus preocupado com o destino da humanidade enviou o anjo para trazer de volta a esperança que insistia em ficar na terra.

Ao descer a terra o anjo encontrou a esperança sentada numa pedra a chorar. Dizia que estava inconsolável, pois viu o AMOR morrer numa CRUZ traído pela AMIZADE e pela falta de FÉ. O Anjo olhou nos olhos daquela pequena estrela e disse: Não se preocupe! O AMOR nunca morrerá.

Sem perceber, as lágrimas da ESPERANÇA caíram na terra. O anjo a pegou pela mão e disse: Vamos! Não tenha medo!

Do céu o anjo via admirado que pontos verdes apareciam na terra. A suprema entrega do AMOR na cruz fez brotar a ESPERANÇA."

O AMOR sempre teve ESPERANÇA na AMIZADE se convertesse e não o levasse para Cruz.

Não creio que Judas era “predestinado” a ser o traidor de Cristo. Creio que Deus revelava dia-a-dia o que Jesus deveria saber, prova é que Ele em certo momento diz não saber o dia da sua volta Gloriosa. Não é difícil de acreditar que isso só foi revelado pelo Pai a Jesus apenas na Santa Ceia.

O anjo levou a ESPERANÇA de volta para Deus. O AMOR devolveu a DEUS a esperança na conversão da criatura.

É um fato: A AMIZADE selou com um beijo a traição ao AMOR. Durante três dias a ESPERANÇA permaneceu inconsolável e escondida por uma pedra, mas ao raiar do dia, um anjo revelou que o AMOR NUNCA MORRERIA.

(…) Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo. E eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela. Resplandecia como relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve. Vendo isto, os guardas pensaram que morreriam de pavor. Mas o anjo disse às mulheres: NÃO TEMAIS! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. NÃO ESTÁ AQUI: RESSUSCITOU COMO DISSE. Vinde e vede o lugar em que ele repousou”. (Mt 28,1-6)

 Propósito: Pedir perdão a Jesus, por todas as traições que hoje Ele sofre no mundo, quando as pessoas se deixam vender



 

Evangelho do dia 04 de abril terça feira 2023 - SEMANA SANTA

 

04 ABRIL - Situação diferente, possibilidade diferente de fazer o bem, maneira diferente de acumular merecimentos. (L 22). São Jose Marello

 

João 13,21-33.36-38

"Depois de dizer isso, Jesus ficou muito aflito e declarou abertamente aos discípulos: - Eu afirmo a vocês que isto é verdade: um de vocês vai me trair. Então eles olharam uns para os outros, sem saber de quem ele estava falando. Ao lado de Jesus estava sentado um deles, a quem Jesus amava. Simão Pedro fez um sinal para ele e disse: - Pergunte de quem o Mestre está falando. Então aquele discípulo chegou mais perto de Jesus e perguntou:- Senhor, quem é ele? - É aquele a quem vou dar um pedaço de pão passado no molho! - respondeu Jesus. Em seguida pegou um pedaço de pão, passou no molho e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. E assim que Judas recebeu o pão, Satanás entrou nele. Então Jesus disse a Judas: - O que você vai fazer faça logo! Nenhum dos que estavam à mesa entendeu por que Jesus disse isso. Como era Judas que tomava conta da bolsa do dinheiro, alguns pensaram que Jesus tinha mandado que ele comprasse alguma coisa para a festa ou dessa alguma ajuda aos pobres. Judas recebeu o pão e saiu logo. E era noite. Quando Judas saiu, Jesus disse: - Agora a natureza divina do Filho do Homem é revelada, e por meio dele é revelada também a natureza gloriosa de Deus.E, se por meio dele a natureza gloriosa de Deus for revelada, então Deus revelará em si mesmo a natureza divina do Filho do Homem. E Deus fará isso agora mesmo. Meus filhos, não vou ficar com vocês por muito tempo. Vocês vão me procurar, mas eu digo agora o que já disse aos líderes judeus: vocês não podem ir para onde eu vou. Eu lhes dou este novo mandamento: amem uns aos outros. Assim como eu os amei, amem também uns aos outros. Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos. Simão Pedro perguntou a Jesus: - Senhor, para onde é que o senhor vai? Jesus respondeu: - Você não pode ir agora para onde eu vou. Um dia você poderá me seguir! Pedro tornou a perguntar: - Senhor, por que eu não posso segui-lo agora? Eu estou pronto para morrer pelo senhor!
- Está mesmo? - perguntou Jesus. - Pois eu afirmo a você que isto é verdade: antes que o galo cante, você dirá três vezes que não me conhece.
"

Meditação:

Estamos no terceiro dia da Semana Santa. Os textos do Evangelho destes dias nos colocam diante de fatos terríveis que levarão à captura e à condenação de Jesus.

Os textos não nos apresentam só as decisões das autoridades religiosas e civis contra Jesus, mas também as traições e as negações dos discípulos que possibilitaram a prisão de Jesus por parte das autoridades e contribuíram a aumentar mais ainda o sofrimento de Jesus.

Na última Ceia, com seus apóstolos, logo antes de ser entregue aos inimigos, Jesus senta-se à mesa lado a lado com o traidor.

Ao contrário do que pintaram muitos artistas, ao longo da História, inclusive na célebre tela de Leonardo da Vinci, não é Pedro que está junto a Jesus. É Judas Iscariotes.

O Evangelho de João apresenta um longo discurso de Jesus, após ter lavado os pés dos discípulos  (Jo 13,2-11) e ter falado da obrigação que temos de nos lavar os pés uns dos outros (Jo 13,12-16), Jesus se comove profundamente. E não deve causar maravilha.

Ele estava realizando aquele gesto de serviço e de dom total de si, enquanto a seu lado um dos discípulos estava tramando como traí-lo naquela mesma noite.

É um do círculo íntimo de Jesus que fará a traição fatal. Uma cena chocante e tão real, que não poderia ser fruto da imaginação.

Jesus expressa sua emoção dizendo: "Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará!" Não diz: "Judas me trairá", mas "um de vós". É algum de seu grupo de amizade que o trairá.

O anúncio de Jesus sobre a traição iminente desconcerta seus discípulos. Eles ficam assustados. Não esperavam esta declaração, isto é que um deles teria sido o traidor.

Pedro faz um sinal a João, o discípulo a quem Jesus ama, para pedir a Jesus quem dos doze teria cometido a traição. Sinal este que não se conheciam bem, não conseguiam entender quem pudesse ser o traidor. Sinal que a amizade entre eles não tinha chegado à mesma transparência de Jesus em relação a eles ( Jo 15,15). João inclina-se perto de Jesus e lhe pergunta: "Quem é?"

Jesus diz: é aquele para quem vou molhar um pedaço de pão e vou lhe dar. Em sinal de amizade, acena com um gesto acolhedor, pega um pedaço de pão, o molha e o dá a Judas. 

Era um gesto comum e normal que os participantes numa refeição costumavam fazer. E Jesus disse a Judas: "O que tens a fazer, executa-o depressa!"

Judas guardava a bolsa comum. Era o responsável para comprar as coisas e dar a esmola aos pobres. Por isso, ninguém intuiu nada de especial no gesto e nas palavras de Jesus.

O amor de Jesus é um amor que não julga, que não conhece limites, que se estende ao inimigo mortal, que não força ninguém, que desiste da possibilidade de rechaço.

Para quem está com Ele não há inimigos a serem delatados. O Seu propósito não é denunciar o traidor nem o delatar diante de seus companheiros, mas oferecer a última oportunidade de se arrepender. É em vão. A tentativa de Jesus fracassa.  

Nesta descrição do anúncio da traição encontra-se o eco do salmo em que o salmista se lamenta do amigo que o traiu: "Até mesmo o meu amigo, em que confiava e que comia do meu pão, é o primeiro a me trair" (Sl 41,10; Sl 55,13-15).

Judas toma consciência que Jesus estava a par de tudo ( Jo 13,18). Mas, apesar de sabê-lo, não volta atrás e mantém sua decisão de trair o Mestre.

É este o momento em que se dá a separação entre Judas e Jesus. Jesus manifesta seu total respeito pela liberdade humana, ao preço de sua própria vida. João afirma que satanás entrou nele. Judas se levanta e sai. Posiciona-se do lado do adversário (satanás). João comenta: "Era noite". Era escuridão.

É como se a história tivesse esperado este momento de separação entre luz e trevas. Satanás (o adversário) e as trevas entram em Judas quando ele decide de executar o que estava tramando.

Naquele momento se fez luz em Jesus que declara: "Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado nele".

Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará logo!" Tudo o que acontecer por diante é por contagem regressiva.

As grandes decisões já foram tomadas seja por parte de Jesus (Jo 12,27-28) e agora por parte de Jesus. Os eventos se precipitam.

Jesus o anuncia: "Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo como eu disse também aos judeus: 'Para onde eu vou, vós não podeis ir'". Falta pouco para a passagem, para a Páscoa.

Junto com a traição de Judas, o evangelho fala também da negação de Pedro. São os dois fatos que mais contribuem para a dor de Jesus. Pedro afirma que está disposto a dar a vida por Jesus. Jesus o chama à realidade: "Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo, o galo não cantará ante que me tenhas negado três vezes".

Marcos escreveu: "Antes que o galo cante duas vezes, tu me terás negado três vezes" (Mc 14,30). Todos sabem que o galo canta rapidamente. Quando pela manhã o primeiro galo começa a cantar, quase ao mesmo tempo todos os galos cantam juntos. Pedro é mais rápido em sua negação que o galo a cantar!

Judas, o amigo, se torna traidor. Pedro, o amigo, nega Jesus. E eu? Fico no lugar de Jesus e penso: como enfrentar a negação e a traição, o desprezo e a exclusão?

Reflexão Apostólica: 

No Evangelho de hoje, não necessitamos de muitos esclarecimentos. A própria leitura já nos apresenta a VERDADE.

A traição anunciada nas Palavras do próprio Jesus e também através dos Profetas para a nossa glória. O Pai tudo faz com perfeição, embora não saibamos como Ele decide. Ele é Deus!

Pelas palavras do evangelista nós percebemos que Jesus “ficou profundamente comovido” quando testemunhou que um deles O trairia.

Mesmo sabendo que iria ser traído por Judas e que Pedro o negaria Jesus prosseguia na sua missão e não desanimava diante da perspectiva de que seria abandonado pelos Seus servos. Afinal, fora para aquele momento que Ele viera ao mundo e Nele o Pai seria glorificado.

Trazendo esta reflexão para a nossa vida pessoal, nos parece, que dentro do contexto das ações humanas sempre haverá alguém que terá a função de trair e, por isso, nós precisamos nos manter atentos (as), até quando servimos a Deus, para que a nossa fraqueza não nos imponha o papel de traidores (as).

Nós também temos dificuldades de entender os sinais de Deus e, por isso mesmo, muitas vezes, nós olhamos para as “evidências” e julgamos os outros, sem nos apercebermos de que também nós somos capazes de trair a Deus.

Nunca achamos que podemos ser nós, os responsáveis pelas coisas que não dão certo, todavia, o Senhor que conhece os nossos corações, sabe, de antemão, quando o havemos de trair, de negar, mas também tem ciência de quanto nós O podemos glorificar quando cumprimos com a nossa missão.

Está nas Palavras que também seremos provados, assim como Pedro foi. Hora nós agimos como Pedro, hora nós somos como Judas.

Sigamos Jesus até o fim e seremos salvos, mesmo nas maiores provações, pois assim diz o Filho de Deus. Os JUDAS de hoje, continuam matando a Jesus, trocando a Ele pelo dinheiro, pela ciência e pelo reconhecimento dos homens.

Há vidas entregues livremente para que seja possível o Reino. Fruto desta entrega é o dom do Espírito de Deus que dá ao ser humano a capacidade de amar sem limites, fazendo-o plenamente humano, ao estilo de Jesus.

Você sabia que trai a Deus quando não está vivendo segundo a Sua vontade? Você sabe que negar a Deus é não dar testemunho dos dons e das graças de Deus na sua vida? Você acha que o Senhor conhece o seu coração? Nós nos abrimos incondicionalmente ao amor sem limites?

Peçamos ao Senhor a graça de sermos como João, o discípulo amado, que se recostava no peito de Jesus e a quem o Mestre confidenciava os Seus segredos a fim de que não estejamos entre os infiéis.

Propósito: Acolher Jesus na pessoa dos irmãos. Deixar de ser como Pedro: distante e sem compromisso

 


Evangelho do dia 03 de abril segunda feira 2023 - Semana Santa

 

03 ABRIL - Ah! pobre juventude, tão abandonada e descuidada; pobre geração em crescimento, deixada por demais à própria sorte e ainda muito caluniada ou, pelo menos, duramente julgada em tuas leviandades e em tua generosidade desregrada, naquela necessidade de ação mal desenvolvida, com afetos mal orientados, razão pela qual, sem culpa totalmente tua, te afastas do caminho reto! Pobre juventude! Rezemos mui particularmente por ela.  (L 29). São Jose Marello

 

João 12,1-11

"
Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi ao povoado de Betânia, onde morava Lázaro, a quem ele tinha ressuscitado. Prepararam ali um jantar para Jesus. Marta ajudava a servir, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Então Maria pegou um frasco cheio de um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela derramou o perfume nos pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e toda a casa ficou perfumada. Mas Judas Iscariotes, o discípulo que ia trair Jesus, disse: - Este perfume vale mais de trezentas moedas de prata. Por que não foi vendido, e o dinheiro, dado aos pobres? Judas disse isso, não porque tivesse pena dos pobres, mas porque era ladrão. Ele tomava conta da bolsa de dinheiro e costumava tirar do que punham nela. Então Jesus respondeu: - Deixe Maria em paz! Que ela guarde isso para o dia do meu sepultamento. Os pobres estarão sempre com vocês, mas eu não estarei sempre com vocês. Muitas pessoas ficaram sabendo que Jesus estava em Betânia. Então foram até lá não só por causa dele, mas também para ver Lázaro, o homem que Jesus tinha ressuscitado. Então os chefes dos sacerdotes resolveram matar Lázaro também; pois, por causa dele, muitos judeus estavam abandonando os seus líderes e crendo em Jesus."

 Meditação

Na iminência de sua morte em Jerusalém, seis dias depois, também com a ceia da vida, Jesus celebra com os discípulos o cumprimento fiel de seu ministério.

Betânia quer dizer “casa do oprimido”. Trata-se da comunidade de Jesus reunida depois da ressurreição de Lázaro. A comunidade celebra no serviço (Marta), mostrando o amor a Jesus (Maria) e compartilhando a mesa (Lázaro), a vida que Jesus lhes comunicou.

Os membros da comunidade demonstram sua identificação com Ele, o que os leva a se entregarem, também eles, para dar vida aos demais.

Judas não compreende nem o serviço, nem o amor, nem o compartilhar. Há dois projetos opostos: o de Judas que com seu afã de apropriação, cria pobreza e sob o pretexto da solidariedade, utiliza os pobres em proveito próprio. E há o projeto de Jesus, para quem a solução para a pobreza está na doação total de si aos demais.

Não é a fria beneficência que liberta, mas a calorosa reação pessoal, que dá aos oprimidos dignidade e igualdade integrando-os à comunidade fraterna.

 Entramos na Semana Santa, a semana da páscoa de Jesus, de sua passagem deste mundo ao Pai (Jo 13,1). A liturgia de hoje coloca diante de nós o início do capítulo 12 do evangelho de João, que tem a tarefa de fazer a ligação entre o Livro dos Sinais (cc 1-11) e o Livro da Glorificação (cc.13-21).

No final do "Livro dos Sinais" aparecem com clareza a tensão entre Jesus e as autoridades religiosas da época (Jo 10,19-21.39) e o perigo que corria Jesus.

Várias vezes tinham tentado matá-lo (Jo 10,31; 11,8.53; 12,10). Tanto é verdade que Jesus viu-se obrigado a levar uma vida clandestina, porque podia ser preso a qualquer momento (Jo 10,40; 11,54).

Estamos na Semana Santa. Oportunidade única para perguntarmos sinceramente: como eu pessoalmente vivo e como vive em nossa comunidade o serviço, o amor e a caridade?

Ontem, Domingo de Ramos, demos início, como Igreja, à Semana Santa. Esta é a semana mais importante de todo o ano litúrgico.

Dia-a-dia a liturgia nos convidará a viver com mais intensidade os últimos momentos da vida de nosso mestre Jesus, antes de sua gloriosa ressurreição, através da qual Ele inaugura um novo modo de presença entre nós, seus súditos.

Ontem, Jesus entrou em Jerusalém, aclamado pelo mesmo povo que irá gritar o "crucifica-o!" na sexta-feira próxima! Ao longo desta semana as leituras nos conduzirão a entender melhor porque Jesus foi tão firme e fiel até o fim.

A primeira leitura, do livro do profeta Isaías, trará o que chamam os estudiosos bíblicos de CÂNTICOS DO SERVO. São 4 cânticos que, se atualizados em Jesus, nos fazem compreender com mais profundidade sua missão.

Os salmos serão sempre de apelo ao PAI, como que buscando forças para não fraquejar diante dos eminentes desafios do sofrimento e da morte.

E as leituras do Evangelho, traçarão os últimos momentos de Jesus.

Portanto, com a liturgia, somos convidados pela Igreja a estarmos mais próximos de Jesus, a não o abandonarmos como farão quase todos os seus queridos, a mostrarmos a Ele que pode contar conosco.

A presença d'Ele é muito mais importante que qualquer bem, dinheiro ou posição social que este possa nos dar.

Por isso, a começar de hoje, possamos gastar todo o "perfume" do nosso tempo para aproveitarmos a presença do Mestre!

Meditemos: Maria foi mal interpretada por Judas. Você já foi mal interpretado (a) alguma vez? O que nos ensina o gesto de Maria? O que nos diz a reação de Judas?

 Reflexão Apostólica: 


Antes de tudo reflita essa frase. Pode até parecer um grande jargão, mas O MUNDO AO NOSSO REDOR MUDA QUANDO RESOLVEMOS, DE FATO, MUDAR TAMBÉM.

Voltando… Esse evangelho nos apresenta diversas possibilidades de reflexão entre elas: ATITUDE, DEDICAÇÃO e o VALOR REAL e APARENTE das coisas.

 ATITUDE: “Então Maria pegou um frasco cheio de um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela derramou o perfume nos pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos

 Quando realizamos ou desempenhamos uma função seja ela no trabalho, em casa, na igreja, (…) temos que ter a idéia se isso vale a pena, pois se tivermos a convicção que isso tem um grande valor teremos mais motivação para dar o máximo para que este se concretize.

Ninguém joga um jogo (nem palitinho) pensando e perder. Quem entra num jogo sem vontade de dar o seu máximo, não conseguirá motivar ninguém a jogar com você novamente. Nossas pastorais carecem de gente de atitude e motivada.

Note que a vontade de Maria era agradar seu ilustre hóspede, por isso não mediu esforços para que isso acontecesse. Não estou falando do valor do frasco de perfume, mas na atitude de ter oferecido o seu melhor para agradar. E nós? Ofertamos o nosso melhor no que fazemos?

DEDICAÇÃO: “E toda a casa ficou perfumada”.

Quando de fato nos entregamos a algo de todo coração, não há como, o que está a nosso redor também não se “contaminar”.

 Fazer algo com prazer e focado nas pessoas nos gratifica ao ponto de vermos a graça de Deus pairando sobre o que estamos fazendo.

 Isso não se estende somente à Igreja, a um Grupo, a uma Equipe, a uma Comunidade. Esse gesto intenso de amor tem grandes frutos nos ambientes de trabalho e de convívio social.

VALOR REAL e VALOR APARENTE: “Este perfume vale mais de trezentas moedas de prata. Por que não foi vendido, e o dinheiro, dado aos pobres?

Boa parte das grandes idéias e ações não sai do papel ou no primeiro ano de aplicação por falta de convencimento pessoal ou de fé em si mesmo.

 Pergunte-se: O que faz ou está fazendo atualmente lhe agrada? Consegue ver os frutos do seu trabalho nascer? Está convencido que não está sozinho ou que o pensamento ou idéia não é só seu? Consegue manter um projeto, ideal ou sonho sozinho? Todo esforço já empenhado valeu a pena?

Conheço pessoas que tem a sensação que carregam seus Grupos, suas Equipes, suas Comunidades nas costas. E assim também são no trabalho, em casa, na rua, (…). O que procuram? Refletem sobre isso?

O zelo pode também esconder a necessidade que temos de valorização. Ninguém conseguirá, sem conhecer bem sobre o assunto, apresentar o devido valor a algo ou a alguém.

Para um simples leigo, um quadro de Van Gogh não deixará de ser uma tela qualquer ou um emaranhado de tintas, mas aos olhos de que de fato nos conhece, sabe o que fazemos e como estamos fazendo.

Maria, do evangelho de hoje, soube, através da simplicidade, a quem deveria agradar. Não podemos esperar de quem não conhece ou ama, o devido valor pelas coisas que fazemos.

 Não fazemos e nem podemos fazer algo apenas por A ou B, pois a essência do nosso trabalho deve perfumar a casa toda onde todos habitam.

Um canto, o arranjo de uma música, como o Magnificat, não pode agradar apenas a mim, "meu" Movimento, "minha" Pastoral.

 Minhas decisões não podem ser tão individualistas que neguem a entrada dos irmãos. A idéia pode ser minha, mas a obra é de Deus e por Ele que nos empenhamos: “(…) Pois toda casa tem seu construtor, mas o construtor de todas as coisas é Deus. Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo e testemunha das palavras de Deus. Cristo, porém, o foi como Filho à frente de sua própria casa. E sua casa somos nós, contanto que permaneçamos firmes, até o fim, professando intrepidamente a nossa fé e ufanos da esperança que nos pertence”. (Hb 3,3-6)

O que faço vale muito! Derrame-se por completo!

 Propósito: Ter o comportamento de Maria, de humilhação, obediência e sujeição a Cristo.

 


terça-feira, 28 de março de 2023

EVANGELHO DO DIA 02 DE ABRIL 2023 - DOMINGO RAMOS DA PAIXÃO

 

02 DE ABRIL - Trabalha, trabalha para o melhoramento da juventude: também o pouco é alguma coisa e, em nossos dias, barrar o mal já é um grande bem. (L 28). São Jose Marello

 


"Este era verdadeiramente Filho de Deus!” - Mt 26,14–27,66

 [...]. Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da condenação: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”. Com ele também crucificaram dois ladrões, um à sua direita e outro, à esquerda. Os que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: “Tu que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” Do mesmo modo zombavam de Jesus os sumos sacerdotes, junto com os escribas e os anciãos, dizendo: “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel: desça agora da cruz, e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que o ama! Pois ele disse: ‘Eu sou Filho de Deus’”. Do mesmo modo, também o insultavam os dois ladrões que foram crucificados com ele. Desde o meio-dia, uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde. Pelas três da tarde, Jesus deu um forte grito: “Eli, Eli, lamá sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o disseram: “Ele está chamando por Elias!” E logo um deles correndo, pegou uma esponja, ensopou-a com vinagre, colocou-a numa vara e lhe deu de beber. Outros, porém, disseram: “Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!” Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito. Nisso, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa e apareceram a muitas pessoas. O centurião e os que com ele montavam a guarda junto de Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: “Este era verdadeiramente Filho de Deus!” [...].

 MEDITAÇÃO

A liturgia deste último domingo da Quaresma convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se Servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos.

 

Como antecipação à Semana Santa que começamos, lemos hoje o relato completo da Paixão e Morte de Jesus segundo o evangelista Mateus (26,14–27,66). Na Sexta-Feira Santa leremos o relato segundo são João. É sabido que os quatro evangelistas nos contam este mesmo fato embora não da mesma forma. Cada um busca dar-lhe sua própria orientação teológica e pastoral, uma vez que cada evangelho é uma forma de responder às inquietações diferentes de cada comunidade. Na Semana Santa se faz a memória dos últimos dias do ministério de Jesus.

 

O Domingo de Ramos nos introduz na Semana da Paixão do Senhor. A Liturgia de hoje nos oferece dois evangelhos de Mateus; um para a bênção dos ramos e outro para a Liturgia da Palavra. A paixão de Jesus é paradoxalmente – na narração de Mateus – a paixão do Filho do homem, do Senhor da glória, do Juiz universal. Ele é o Deus-conosco que nos salva pelo caminho do Servo sofredor, sendo crucificado “como cordeiro conduzido ao matadouro”.

 

O Evangelho central da celebração convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus que, sendo fiel até o fim, ao projeto do Pai, detona o "dia do julgamento" e começa a era da ressurreição: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total. Aparentemente morto, algumas pessoas esperam para ver o que vai acontecer...  a morte que deveria trazer tranqüilidade aos poderosos, na verdade provoca um grande desconforto.

 

O imenso e impressionante texto da Paixão, mediante a qual o Rei manso e obediente purifica, santifica e apresenta a Si mesmo a sua Igreja, tornando-a santa e irrepreensível, sem mancha nem ruga, a Esposa bela. Nestes momentos decisivos, a Esposa fiel deve seguir o Esposo passo a passo: a unção para a sepultura em Betânia, a Ceia Primeira (e não última!), o abismo do Getsémani, onde Cristo, sendo embora o Filho de Deus, Deus Ele mesmo, treme perante a morte, mas aceita-a, submetendo a sua vontade humana à Vontade divina, à Vontade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, a prisão "segundo as Escrituras", em que todos o abandonam e fogem (Mt 26, 56) - Jesus fica sozinho: verdadeiro "Resto de Israel" -, os processos e a condenação (Jesus afirma-se como "o Cristo", "o Filho de Deus", "o Filho do Homem-que-Vem-na-sua-Glória", "o Rei"), a entrega à morte de cruz por Pilatos e por Judas, mas na verdade por Deus: paredídeto: passivo divino!), a coroa de espinhos, Pedro disposto a morrer com Jesus, mas negando-O, a Cruz Santa e Gloriosa, as três tentações por parte dos transeuntes, dos chefes dos sacerdotes juntamente com os escribas e os anciãos, dos ladrões: "salva-te a ti mesmo", "desce da cruz" (Mt 27, 39-44), a oração do Salmo 21 (todo): começa "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?", e termina "esta é a obra do Senhor"!, a agonia e a Morte precedida do "grande grito" (Mt 27, 46.49) que indica a Vitória de Deus, a sepultura... Proclamação da máxima Obra de Deus no mundo, a indizível Economia divina na vida terrena do Filho de Deus! A proclamação deve seguir-se com a conversão do coração, e, sobretudo, com o louvor no coração.

 

A Semana Santa que hoje nós, cristãos, iniciamos com a comemoração da entrada “triunfal” de Jesus em Jerusalém e sua aclamação como Messias e rei por parte do povo humilde e simples deveria ser a ocasião mais propícia para realizar durante toda a semana um ciclo de revisão dos fundamentos de nossa fé. É ocasião de pensar sobre a maneira pela qual temos entendido e vivido nosso cristianismo e da renovação de nosso compromisso que, como fiéis, somos convidados a vivenciar num mundo realmente ávido de um testemunho e de uma mensagem como a de Jesus.

 

Isto significa aderir ao Cristo, ou seja, mudar e cuidar para não assumirmos a mesma postura daqueles a quem criticamos, e chamamos de assassinos. É bom lembrar que os mesmos que exaltaram Jesus, também o condenaram. Mudar significa gritar a Boa Nova da presença de Deus entre nós. É recusar ou aceitá-lo. Quem não muda e não assume o compromisso batismal é como aquele que hoje estende o seu manto e grita “Hosana! Hosana!” e que alguns dias depois, lá está, no meio da multidão e gritando: “Crucifica-o! Crucifica-o!” O absurdo da humanidade, encarnada no povo eleito, é que toda a vida se espera a salvação e na hora em que ela aparece, mata-a: Vós acusastes o Santo e o Justo e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o príncipe da vida.

 

Os valores que marcaram a existência de Cristo continuam a não ser demasiado apreciados no séc. XXI. De acordo com os critérios que presidem à construção do nosso mundo, os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com agressividade, com auto-suficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros.

 

Como nos assusta verificar que em nosso mundo neo-liberal não existam mais líderes capazes de entusiasmar as pessoas.  A mídia se arroga o poder de criar ilusões que entorpecem e somos "obrigados" a passar parte do nosso tempo de lazer, observando, como que anestesiados, a vida de pessoas que se submetem, pela fama meteórica, a se expor ao extremo nos programas chamados "reality shows", além de nos apresentar seus amigos e familiares que sem qualquer qualificação declarada passam a tarde ocupando os programas de variedades, discorrendo sobre nada, como doutores de coisa alguma. Como pode um cristão (obrigado a viver inserido neste mundo e a ser competitivo) conviver com estes valores?

 

"Vigiem e rezem, para não caírem em tentação". A perseverança na oração, pedindo a Jesus a graça de permanecermos fiéis, é aquilo que nos dará a força de segui-Lo, antes, com alegria em Jerusalém, em seguida, com decisão e amor até ao Calvário. Lá, então, saberemos entregar, até o fim, junto com Ele, toda a nossa vida nas mãos do Pai. Em seguida experimentaremos também a sua Ressurreição!

 

Os acontecimentos que, nesta semana, vamos celebrar, garantem-nos que o caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena.

 

Estamos dispostos, nessa Semana Santa, abrir o coração para acolher o mistério do infinito amor de Deus, que doa sua vida por amor a nós? Ele quer um espaço em nosso coração...

 

Oração: Ó Pai, Deus de misericórdia e de perdão, olha com piedade os teus filhos culpados de terem pregado numa cruz o teu amado Filho. Ajuda-nos a descobrir, na morte de Jesus, um testemunho consumado de sua liberdade, e de fidelidade a ti e ao teu Reino. Pelo seu sangue derramado na solidão do abandono, lava todas as nossas culpas e rompe a dureza dos nossos corações, para que, purificados pelas lágrimas do arrependimento, acolhamos o dom da tua infinita compaixão, que é o único que nos pode tornar de novo inocentes. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com Ele em sua glória. Amém!