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sábado, 31 de maio de 2014

Evangelho DOMINGO 01 DE JUNHO - ASCENÇÃO DO SENHOR

01 - Quando sentimos o coração duro e irritável, vamos buscar um pouco de doçura no Coração de Jesus. (S 176).  São Jose Marello

Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 28,16-20
"Os onze discípulos voltaram à Galiléia, à montanha que Jesus lhes tinha indicado. Quando o viram, prostraram-se; mas alguns tiveram dúvida. Jesus se aproximou deles e disse: "Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos"."  

Meditação: 
A  Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar realizando o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
A Ascensão de Jesus Cristo ao Céu não nos afasta d’Ele, pois o Espírito Santo que Ele nos enviou em Pentecostes é a presença salvífica de Jesus na Igreja. 

O Beato João Paulo II disse que Jesus “do ponto de vista físico e terreno já não está presente como antes, na realidade a sua presença invisível intensifica-se, alcançando uma profundidade e uma extensão absolutamente novas.

Graças à ação do Espírito Santo prometido, Jesus estará presente onde ensinou os discípulos a reconhecê-lo: na palavra do Evangelho, nos Sacramentos, na Igreja, Comunidade de todos os que crêem n’Ele, chamada a desempenhar uma incessante missão evangelizadora no decorrer dos séculos”.

Conforme as Escrituras, quarenta dias depois da Ressurreição (Atos 1,3), Jesus subiu aos céus. Se nos ativermos aos evangelistas de forma superficial, há de nos parecer que um fato tão transcendental como este não mexeu muito com as primeiras comunidades cristãs.

O Evangelho apresenta-nos as palavras de despedida de Jesus que definem a missão dos discípulos no mundo. Faz, também, referência à alegria dos discípulos: essa alegria resulta do reconhecimento da presença no mundo do projeto salvador de Deus e resulta do fato da ascensão de Jesus ter acrescentado à vida dos crentes um novo sentido.
Senhor.
 
De fato chama-nos a atenção que, exceto Lucas (Lc 24,50-51; At 1,2-11), nenhum outro evangelista registre o episódio da Ascensão. Marcos (16,19) só registra que “depois de falar com seus discípulos foi elevado ao céu e se sentou à direita de Deus”.

É interessante ter em conta que o número 40 simboliza na Bíblia o tempo que requer o povo para tomar consciência do projeto de Deus.

Uma vez compenetrado dele, vence as tentações que pretenderam desviá-lo de seu cumprimento, afirma-se na vontade de Deus e prepara-se para a missão que tem adiante de si.

Sob esta ótica é realmente esclarecedor considerar os 40 anos do povo eleito no deserto, e os 40 dias que, por sua parte, passou também Jesus no deserto antes de empreender sua transcendental missão.

Para Lucas, o período dos 40 dias após sua ressurreição simboliza o tempo que Jesus teve de passar para convencer os discípulos de que na realidade tinha ressuscitado, e das conseqüências que tal fato teria na vida deles quanto à responsabilidade missionária como testemunhas mais próximas e confiáveis do Ressuscitado.

O problema, entretanto, é que os discípulos confundem a Ressurreição com o fim dos tempos (Atos 1,6-7). Jesus os corrige, afirmando: “não pertence a vocês saber os tempos nem as épocas que o Pai fixou com sua autoridade própria”.

Se algo fica claro ao analisar estes fatos é que já desde os albores do cristianismo se vem propagando a afirmação de que logo o mundo seria destruído como parte da glorificação definitiva de Deus.

Contudo, do fundo de nossa convicção cristã podemos sustentar que o mundo não acaba agora como não acabou antes; pelo contrário, com a ressurreição de Jesus recomeçou. Daí a tarefa transcendental que cabe aos cristãos e a todos os homens de boa vontade no sentido de redimir, humanizar, transformar e “divinizar” o mundo que o Filho de Deus um dia escolheu para ser como sua casa; tarefa que fica bastante clara neste episódio da Ascensão.

Por isso, no momento de Jesus subir para o alto, seus seguidores são intimados a não ficar a olhar para o céu (Atos 1,10-11); então agora é hora de olhar para a terra, onde somos todos convidados a construir o reino de Deus, que é o coroamento e não a destruição do mundo.

Para Mateus (28,16), a Igreja não nasce em Jerusalém, cidade que representa o centro do poder religioso e político que perseguiu e assassinou Jesus, mas na Galiléia, uma região que por sua fama de rebelde e pagã simboliza a periferia e a exclusão. Na Galiléia começou Jesus seu ministério, e lá também a Igreja começará sua missão.

Para Lucas 24,49; Atos 1,2-8), o Espírito Santo é quem assegura a unidade entre a missão de Jesus no evangelho e a missão da Igreja no livro dos Atos.

A missão da Igreja (Mateus 28,19-20) tem dois objetivos: primeiro batizar em nome da Trindade, de maneira que todos fiquemos incluídos e acolhidos dentro da comunidade do reino, e em segundo lugar, ensinar não somente com palavras e boas intenções, mas com obras que sejam notadas na prática da vida cotidiana.

O evangelho, final do relato de Mateus, volta a sublinhar a conexão do senhorio do Messias Jesus à compreensão dos membros da comunidade eclesial sobre a esperança à qual “abre seu chamado”..  Compreende as circunstancias do último encontro entre Jesus e seus discípulos (vv. 16-17) e as palavras finais do Senhor à sua comunidade.

A respeito das circunstancias, o texto situa a cena em uma montanha da Galileia. Produz-se a teofania do ressuscitado que deve colocar-se em relação com a montanha da Tentação e coma montanha da Transfiguração. Antecipa-se, assim, o senhorio de Jesus, tema principal que se depreende das palavras que ele pronuncia.

Longe do centre do poder religioso, Jesus se encontra com os Onze. O número é o resultado da subtração de Judas da cifra original dos Doze discípulos e significa a totalidade dos seguidores de Jesus que não o abandonaram. Todos eles são beneficiários da experiência do Ressuscitado.

Ante essa experiência, sua atitude é uma mescla de adoração e de dúvida. Como Pedro ante o embate das ondas a comunidade leva em seu seio estes dois sentimentos contraditórios. Ambos são os únicos textos de Mateus que combinam verbos que se referem a esses dois sentimentos.

As palavras de Jesus querem fortalecer a fé da comunidade a partir do cargo que exercem as três personagens: Jesus, o círculo dos discípulos e “todos os povos”. A respeito de si  mesmo, Jesus afirma que recebeu “plena autoridade no céu e na terra”(v. 18). Para o evangelista, a autoridade ocupa um posto importante na apresentação de Jesus.

Este, no início de sua atividade, havia rejeitado a última proposta do demônio em vista a receber “todos os reinos do mundo” (Mt 4,8-10), os discípulos havia visto presente e atuante em Jesus o significado do poder divino, porém deviam mantê-lo em segredo Mt 16,28-17,9). Agora é o momento da proclamação deste senhorio, recebido por Jesus, de Deus Pai.

Os elementos que sublinham o universalismo são acumulados nesta breve passagem. Junto com o “céu e terra” e a menção dos “povos”, dá-se uma significativa repetição do termo “todo”, “plena autoridade”(v. 18), “todos os povos” (v. 19), “tudo o que os mandei” (v. 19), “cada dia” (v. 20). A obediência ao querer divino confere a Jesus um senhorio universal que é exercido sobre toda a realidade criada.

Este senhorio universal é o fundamento para a existência da realidade eclesial. O encontro com Jesus ressuscitado estabelece a Igreja no momento da irrupção gratuita e definitiva daquele que foi entronizado à direita do Pai. Desta forma inicia-se uma nova era com a presença definitiva do Emanuel, o Deus conosco.

Este “relato de vocação”da comunidade eclesial descreve a transmissão de “todo o poder” que Jesus faz. Graças a ele, podem convocar novos discípulos mediante o batismo e a catequese. Pelo batismo, Jesus havia iniciado o cumprimento definitivo da justiça do Reino (Mt 3,15), da mesma forma o batismo cristão insere a cada batizado na mesma dinâmica.

Junto com o batismo, a outra característica da existência cristã é o “ensino”. Não se trata de uma teoria que se deve proclamar, e sim a Boa Noticia do Reino frente a qual todo crente é um seguidor, o que existe dele um compromisso coerente. Trata-se de “guardar tudo o que lhes mandei”. Dessa forma, toda obra e palavra de Jesus se convertem em ponto de referencia que se deve ter presente na própria vida.

O mandato de Jesus compromete a toda a comunidade eclesial e a responsabiliza diante de todas as nações. Ainda que já iniciado no círculo dos discípulos, o senhorio de Jesus não pode se esgota no interno da vida das comunidades cristãs.

Para isso conta com a assistência do seu Senhor: “Eu estarei convosco”. Essa assistência oferece a coragem necessária para superar todos os temores e tempestades e confere um âmbito ilimitado para a atuação da salvação.

Porém, para isso exige-se da Igreja a mesma obediência de Jesus. Somente na rejeição do poder de domínio, na obediência filial ao Pai, poderá realizar sua tarefa.

Este “manifesto” final do Senhor ressuscitado liga intimamente a missão da Igreja ao caminho percorrido historicamente por Jesus de Nazaré, homem e Deus.

De forma perfeita e propriamente alentadora, o evangelho de Mateus termina com uma frase muito própria para tempos de medo e desesperança: “Eu estarei com vocês sempre, até o fim do mundo”.

Reflexão Apostólica:
  
Mesmo depois de Jesus ter ressuscitado e de ter se apresentado vivo e glorificado diante dos Seus discípulos, alguns ainda duvidaram. Isto, porém, não abalou a Jesus, pois Ele conhecia a sua fraqueza, mas sabia também que eles tinham um coração adorador e eram confiantes na Sua Palavra.

Por isso, Jesus falou com autoridade para que eles continuassem aqui na terra a missão de formar discípulos dele e batizá-los no Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Este mandato é também para nós, hoje, herdeiros de Deus e discípulos de Jesus Cristo.

O Evangelho de hoje, fala da Ascensão (subida) de Jesus Cristo ao Céu. E nessa passagem do Evangelho, Jesus Cristo dá autoridade aos discípulos e conseqüentemente à sua Igreja para que evangelize todos os povos, batizando-os em nome da Santíssima Trindade.

A Trindade é fonte de vida, de paternidade, de autêntica autoridade, de fraternidade, da comunhão de espíritos que deve fundamentar a construção de toda a sociedade realmente humana. Quer dizer, “a Trindade é a melhor comunidade”.

A família, como núcleo da sociedade, deveria ser imagem da Trindade: lugar de encontro; de mútua dependência, mas com autonomia; de autoridade, mas com responsabilidade; de paternidade-maternidade, mas com plena liberdade.

Jesus envia a seus discípulos que anunciem o Evangelho a todos os povos; para que sejam testemunhas visíveis e confiáveis do Deus Pai, Filho e Espírito Santo. A missão dos seguidores do Mestre é criar no mundo relações inspiradas nas da Santíssima Trindade.

Assim sendo, precisamos também assumir a Palavra do Evangelho com coragem e ousadia quando ele diz: “ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

Esta palavra de Jesus confirma a nossa missão de missionários do reino e também que somos enviados pela Santíssima Trindade, primeira comunidade, modelo de Unidade no Amor. A nossa missão é observar tudo o que Jesus nos ordenou e assim ensinar a todos aqueles (as) a quem nós encontrarmos.

Você tem cumprido com o mandato de Jesus? Para você o que significa ser discípulo de Jesus? Qual o significado para você da oração: Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Você tem consciência do que é dizer ou fazer alguma coisa em Nome da Trindade?

Propósito:

Concedei-nos, Deus onipotente, exultar de alegria e dar-vos graças nesta liturgia de louvor, porque a ascensão de Jesus Cristo, vosso Filho, é nossa vitória, e onde nos Ele,que é nossa cabeça, nos precedeu, esperamos chegar também nós como membros de seu corpo. 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Evangelho sábado 31 de maio - Visitação de N. Senhora

31 – Que a Mãe Santíssima nos guarde sempre debaixo do seu manto! (L 17). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 1,39-56

"Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto:
- Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse.
A Canção de Maria
Então Maria disse:
- A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador.
Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva! De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada,
porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mim. O seu nome é santo, e ele mostra a sua bondade a todos os que o temem em todas as gerações. Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles. Derruba dos seus tronos reis poderosos. Dá fartura aos que têm fome e manda os ricos embora com as mãos vazias. Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo.
Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para sempre.
Maria ficou mais ou menos três meses com Isabel e depois voltou para casa.
"
 
Meditação

Lucas, em seu evangelho, com as narrativas de infância de Jesus, deixa perceber a sua origem simples, em uma casa pobre, na pequena vila de Nazaré, longe de Jerusalém, capital religiosa da Judeia, e de qualquer outra grande cidade onde se concentram as elites privilegiadas.

Os quatro evangelhos apresentam a inauguração do ministério de Jesus a partir do seu encontro com João Batista, do qual recebe o batismo.

Lucas antecipa este encontro já no ventre de suas mães, e evidencia a íntima relação entre João Batista e Jesus com os paralelos entre as anunciações de suas concepções e as narrativas de seus nascimentos.

Maria, em seu cântico, manifesta-se solidária com os pequenos e humildes excluídos. Ela exprime que tem consciência de que a ação de Deus nela, que a engrandece, se dá em benefício de todos os povos. Ela sabe que não pode separar uma graça pessoal de um dom em favor da comunidade e do povo.

Em Maria que visita a sua prima Isabel Deus na pessoa de Jesus, Seu Filho visita o seu povo. Em Maria Deus anuncia a Alegria e serve discretamente a humanidade inteira:Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.
Maria é portadora da fonte da alegria e cada cristão é também convidado a sê-lo. A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Com estas palavras Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons singulares que Lhe foram concedidos e enumera depois os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o género humano.
Não fique ingrata! Glorifica o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e serviço de Deus e, pela observância dos mandamentos, mostra que está a pensar sempre no poder da majestade divina.
Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas em meditar no seu Criador, de quem espera a salvação eterna.
Porque fez em mim grandes coisas o Todo-poderoso, e santo é o seu nome. Maria nada atribui aos seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes.

Logo acrescentou: E santo é o seu nome, para fazer notar aos que a ouviam e mesmo para ensinar a quantos viessem a conhecer as suas palavras, que, pela fé em Deus e pela invocação do seu nome, também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação, segundo a palavra do Profeta: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. É precisamente o nome a que Maria se refere ao dizer: E o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.

Enquanto a Igreja aguarda a jubilosa esperança da vida eterna introduz na sua liturgia o costume, belo e salutar, de cantar todos este hino de Maria na salmodia vespertina, para que o espírito dos fiéis, ao recordar assiduamente o mistério da Encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade.

Como Maria, que da nossa boca brotem apenas as palavras de gratidão que traduzem o sentir mais profundo do nosso coração: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador»


Reflexão Apostólica:

Maria recebe de Deus um grande presente e uma grande responsabilidade – Ser a mãe de Jesus. O que se passou na cabeça daquela jovem, na fração de segundos entre a mensagem do anjo Gabriel e a resposta da mãe escolhida por Deus? Que reação temos ao sermos pegos de surpresa?

Sim! Tremem-se as pernas, pupilas se dilatam, o corpo se arrepia, nosso tempo de reação fica comprometido pela descarga de adrenalina na corrente sanguínea, a freqüência cardíaca dispara, ficamos pálidos e geralmente não conseguimos nem nos mover, outros apenas fogem.

Numa situação fisiológica tão desconfortável e peculiar (ainda parece que é a noite) é que Maria recebe o anúncio. O anjo a acalma, diz que nada há por temer, recebe o SIM da jovem e parte!

Imagino agora a inquietação dessa serva ao saber o que lhe aconteceu por meio do Espírito Santo. Imagine alguém que passou numa prova, num concurso, no vestibular, [...] e que naturalmente quer que apareça, o mais rápido que possível, alguém para que possa contar a novidade e com ela celebrar. Lembrei dos meus familiares quando passei no vestibular… Estavam mais felizes do que eu, mas por que?

Porque olhavam para meu sucesso como se fosse deles. O que eu havia conseguido era uma vitória, mas para eles era o gol do time favorito numa final de campeonato. “(…) Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para sempre”.

Foi assim que Isabel recebeu Maria. Isabel talvez se lembrasse das promessas de Deus para seu povo, lembrava das vezes em que foram infiéis; olhava para Maria, sua prima, e talvez pensasse: Ele nos perdoou! “(…) Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse”.

Isabel via naquele ventre a prova real que Deus não havia abandonado seu povo (para o Judeu, o maior bem que podemos querer, é sentir a presença de Deus).
  
A alegria de sua prima se firmava, pois em meio ao domínio romano, da opressão, dos tantos deuses, da falta de fé, alguém conseguiu tocar a Deus, gesto este que outras santas mulheres, santas, pois tinham fé, conseguiram durante a missão de Jesus.

Do anúncio ao MAGNIFICAT foram poucos dias. Da possível dúvida que brotava de um coração humano, da angústia de ser mãe numa terra onde apedrejavam as adúlteras, de estar noiva de José e de portar em seu ventre a maior declaração de amor de Deus, foram poucos dias. Isso nos chama atenção ao fato de não podermos perder tempo. João Evangelista, mesmo tão querido e próximo a Jesus, levou quase sessenta pra entender do fundo de sua alma que Deus é amor!

Maria com seu “SIM” ensinou ao mundo a perdoar e esquecer o erro de EVA e a fraqueza de ADÃO. Fez acreditarmos novamente que nunca estamos sozinhos.

Maria foi visionária num tempo onde homens eram pequenos; foi destemida, pois não sabia as linhas escritas no seu destino. Amou uma criança, a fez homem, o viu pregar, anunciar, salvar, [...]. Jesus não passou num vestibular, mas creio que Maria, como mãe, ao vê-lo se tornar grande, se realizou em seu filho.

Santa Maria, mãe de Deus, Rogai por nós!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Evangelho 30 de maio sexta feira

30 - São José Marello.
A palma da vitória está no Céu para quem sabe morrer triunfalmente. (L 23). São Jose Marello

João 16,20-23a
"Em verdade, em verdade, vos digo: chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará. Ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. A mulher, quando vai dar à luz, fica angustiada, porque chegou a sua hora. Mas depois que a criança nasceu, já não se lembra mais das dores, na alegria de um ser humano ter vindo ao mundo. Também vós agora sentis tristeza. Mas eu vos verei novamente, e o vosso coração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria. Naquele dia, não me perguntareis mais nada."  
Meditação
Continuamos com o texto de ontem. Jesus hoje insiste dirigindo palavras de consolação a ti e a mim: vocês vão chorar e ficar tristes, mas as pessoas do mundo ficarão alegres. Poderíamos dizer que o tema central que Jesus nos propõe é o da alegria que supera a tristeza.

Na seqüência desta fala de despedida de Jesus, na última ceia, o tema é a alegria duradoura. A tristeza é passageira. Aqui, a comparação com o dar à luz da mulher tem o sentido de mostrar a transitoriedade da angústia. Paulo usará, várias vezes, a imagem do parto para afirmar sua paternidade e maternidade em relação às suas comunidades.

Por ocasião das bodas em Caná da Galiléia, Jesus inicia o Seu ministério. Trata-se de um momento de grande alegria, que já lança a contemplar e saborear já aqui na terra o que haveremos de viver para sempre lá no Céu. Alegria das bodas, com o vinho de Jesus. Agora, com sua partida, não cessará esta alegria, mesmo que passem por momentos de tristeza.
No evangelho de hoje, Jesus se dirigia aos seus discípulos, e lhes confirma: nada pode tirar a alegria daqueles que permanecessem na palavra de Deus, e a diferença dos homens que buscam a Deus para os demais é exatamente essa alegria que não pode ser tirada do coração fiel ao Senhor.

A tristeza que os discípulos sentem no momento da despedida de Jesus é passageira. Ao escrever estas palavras, João tem presente à situação de suas comunidades. Estas, vivendo momentos difíceis de perseguição, sentiam a ausência de Jesus e se angustiavam.

As palavras de Jesus as consolam e alegram. Jesus verá os discípulos novamente. Não por um retorno ao mundo, mas pela permanência dos discípulos nele e ele nos discípulos. Então não será necessário perguntar nada a Jesus, pois o
Espírito Santo enviado conduzirá os discípulos à verdade plena.

Para esta verdade é tão verdade que afirma: Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angustia? A perseguição? A fome? A nudez? O Perigo? A espada? (Rm 8,35).

Nada é capaz de separar do amor de Cristo um coração que se entrega a esse amor, creio que o maior testemunho que podemos dar é exatamente esse de ser forte no Senhor, de ser alegre nas tribulações, de ser feliz nas provações, porque como diz a palavra nada pode nos separar desse amor.

Com todo o teu coração e professe a sua fé nas palavras de Jesus e diga: Eu tenho Jesus na minha vida e nada pode me tirar a alegria de tê-lo como meu Senhor.

Às palavras contrastantes de Jesus, podemos unir um acontecimento da vida: o parto. Nós sabemos que a dor do parto é forte e angustiante, mas que se transforma em alegria quando nasce o bebê, a nova criatura.

Com este exemplo, Jesus nos dá a conhecer que, apesar das dificuldades e contradições que podemos ter na vida, sempre haverá uma luz no final do caminho, que nos faz acreditar que a esperança é a última que morre.

A vida do cristão não acaba com a morte. A vida de Jesus não se acabou com a morte, mas sim, pelo amor do Pai, Jesus ressuscitou e continua vivo hoje em nossas comunidades, em nossa Igreja. Cada um de nós é chamado a ser uma testemunha comprometida dessa vida para os demais, a seguir gerando vida apesar da dor do parto.

Porém, feliz desenlace! A tristeza se converte em alegria. Peçamos ao Espírito do Ressuscitado que continue acompanhando nossa peregrinação e nos dê a capacidade de oferecer alegria ao próximo.

Por isso, nada de tristeza. Deus quer fazer de nós pessoas alegres, Deus quer fazer de nós testemunhos vivos de sua palavra, basta confiar a vida, os nossos problemas ao Senhor, basta deixar Jesus ir à frente, porque como Jesus mesmo disse ninguém poderá tirar essa alegria de você, ninguém, o único capaz de te fazer uma pessoa infeliz é você mesmo.

O pior carrasco do homem é ele mesmo! Seja vencedor com Cristo. Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou. Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 37-39).

Como diz a canção: Ainda se vier NOITE TRAIÇOEIRA, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. O Mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo…”.
Reflexão Apostólica:
  
Nesta passagem se podem assinalar alguns aspectos interessantes no uso do “agora” e do “depois”, típico do estilo joânico.

Jesus se vale da imagem da mulher que está para dar à luz, que passa da tristeza à alegria uma vez que chegou a hora do parto. Jesus aplica esta imagem à experiência dos discípulos, que têm que passar pela tristeza para chegar à alegria; os discípulos passarão do não pedir “agora”, a pedir tudo ao Pai “depois”.

Jesus utiliza a imagem do parto para indicar que os discípulos experimentarão uma nova luz no caminho da fé. Todos fugimos da dor e do sofrimento.

Seria bom que todas as coisas fossem fáceis. Mas não; viver a experiência de Jesus é participar de sua páscoa. E o caminho pascal una a cruz com a ressurreição. Se a ressurreição é uma nova vida, então o discípulo de Jesus deve nascer para essa nova vida, mas passando pela dor do parto.

Assim como as mulheres têm a experiência da dor ao dar à luz uma criança mas que depois esta é superada pela alegria de ter nas mãos a criação, que é fruto do amor com o seu marido, assim também para nós.

Os chefes do poder que matam para se manter, alegrar-se-á com a aparente ausência de Jesus. Porém, os discípulos e todos os que forem libertos deste poder alegrar-se-ão com a nova presença de Jesus entre eles. E ninguém lhes poderá tirar sua alegria.

A tendência para falar dos momentos tristes sobrepõe-se, na maior parte das vezes, aos de alegria; não devia de ser, mas muitas vezes é. Faz parte da vida. E da vida fazem parte alegrias e tristezas… promessas e concretizações… forças e fraquezas… sorrisos e lágrimas.

Diariamente, tentamos driblar os caminhos da tristeza como fazemos com os da morte. É nesse driblar que acabamos por encontrar o caminho e avançar. Avançar porque? Porque o Senhor nos promete: agora estão tristes, mas eu os verei novamente. Aí vocês ficarão cheios de alegria, e ninguém poderá tirar essa alegria de vocês.

Por mais complicada que seja a situação, tudo tem solução. É verdade, não há um único só problema que não tenha solução.

Entretanto, por vezes, essa solução é de mais fácil visualização se for procurada por uma pessoa que esteja fora desse problema, por uma pessoa que queira ajudar. Uma pessoa amiga! Um anjo! E não um lobo com pele de carneiro. E estes são muitos. Passando por amigas afinal só vem para infernizar a nossa vida.

A verdadeira amizade é aquela feita em Deus e o primeiro dos amigos que deves ter é Jesus. Ele é o amigo fiel que não nos abandona em momento algum. Ele nos convida: Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos. Tomai o meu julgo sobre vós e aprendei de mim que só manso e humilde de coração e encontrareis alívio. Com ele a tua tristeza se concerte em alegria.

A partida dele para o Céu não é uma ausência. Mas sim uma presença escondida. Fisicamente. Porque ele quer que O sintamos dentro de nós e não fora.


É fundamental que não tendo encontrado ainda a solução dos nossos problemas, vazio, carência, namorado, namorada, noivo, noiva, esposa, esposo, emprego, reconciliação, perdão enfim qualquer graça que seja, tenhamos força de vontade para procurá-lo e lutar por isso.

Lutemos pelas nossa vida, pelo nosso amor, pelas nossas famílias e pelo nosso bem-estar. Mesmo que estejamos tão tristes, feridos e abatidos que a dor bata bem lá no fundo do nosso coração e nos faça sentir aquele vazio, aquele nada, aquele sintoma de perda…

O nosso coração pode andar meio descompassado, aborrecido e desiludido, mas isso serve para mostrar a nós mesmos o quanto somos fortes, o quanto podemos dar a volta por cima, crescer, vencer! São Paulo diz: Prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas porque quando me sinto fraco então é que sou forte. Forte para tudo recomeçar de novo.

Com Cristo seremos mais do que vencedores! A tristeza se converterá em alegria plena com Cristo e em Cristo pela força e poder do Espírito Santo!

Propósito:

Pai, não permitas que jamais a tristeza e o pranto tomem conta do meu coração. E que a fé na Ressurreição seja, para mim, motivo de perene alegria.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Evangelho quinta feira 29 de maio

29 - A santa pureza é guardada pela virtude da humildade, sua irmã. Ah! Ninguém pode ser puro se não for humilde! E a Virgem Santíssima foi enriquecida por uma pureza tão singular e resplandecente porque foi sumamente humilde. (S 358). São Jose Marello

João 16,16-20
""Um pouco de tempo, e não mais me vereis; e mais um pouco, e me vereis de novo". Alguns dos seus discípulos comentavam: "Que significa isto que ele está dizendo: 'Um pouco de tempo e não mais me vereis, e mais um pouco, e me vereis de novo' e 'Eu vou para junto do Pai'?" Diziam ainda: "O que é esse 'pouco'? Não entendemos o que ele quer dizer". Jesus entendeu que eles queriam fazer perguntas; então falou: "Estais discutindo porque eu disse: 'Um pouco de tempo, e não me vereis, e mais um pouco, e me vereis de novo'? Em verdade, em verdade, vos digo: chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará. Ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria."  

Meditação

Após a ceia, em sua despedida Jesus fala sobre a sua glorificação e partida, a alegoria da videira, e a vinda do Espírito Santo.

Ao contrário dos evangelhos sinóticos, João não fala de uma outra "volta" de Jesus ao mundo no fim dos tempos, a Parusia, mas sim na permanência dos discípulos nele, e dele e do Pai nos discípulos, em comunhão de amor.

Agora, explicando a sua partida, a fala que se inicia é sobre o pouco de tempo que resta para não mais verem Jesus, e mais um pouco em que ele será visto de novo. Esta afirmação é repetida por três vezes neste rápido diálogo.

No evangelho de João o projeto de Deus, revelado, segue a seguinte trajetória: a Palavra, o Filho, que estava em Deus, se faz carne e habita entre nós; convive conosco e é glorificado em sua missão libertadora e vivificante, como enviado pelo Pai; volta ao Pai mas mantém sua comunhão de vida com os discípulos, fazendo sua morada naqueles que o seguem, juntamente com o Pai e o Espírito Santo.

O evangelista João apresenta a confusão dos discípulos de Jesus ante suas palavras conflitivas, como: “pouco tempo ainda e já não me vereis. E outra vez um pouco tempo, e me vereis de novo” ou ainda: “vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria”. O que significaram estas palavras para os apóstolos e o que significam para nós hoje?

Não obstante os discípulos terem convivido com Jesus, mesmo assim eles não entendiam as palavras do Mestre quando falava de seu mistério de entrega total por nós, quando dizia que: "Ainda um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver, porque vou para junto do Pai." 

Os discípulos estão confusos diante da afirmação de Jesus, aparentemente contraditória, de não vê-lo e tornar a ver. Costuma-se interpretar esta afirmação como a manifestação do conhecimento exato, por parte de Jesus, de tudo o que havia de acontecer a respeito de sua morte e ressurreição, e de como os discípulos tornariam a vê-lo ressuscitado.

Os discípulos de Jesus não entendiam o que Ele queria lhes falar. As Suas palavras os deixavam perturbados: “pouco tempo e já não mais me vereis… pouco tempo e me vereis de novo”.

Jesus fazia de tudo para que os Seus discípulos percebessem o grande mistério da Sua missão aqui na terra e os instruía sobre as coisas que iriam acontecer.

As palavras de Jesus antecipam uma união mais permanente que a estabelecida nas aparições depois da ressurreição. “Ver” Jesus é a chave da espiritualidade e a fonte da alegria dos discípulos e discípulos. Refere-se à experiência constante de sua presença neles e nelas, experiência mediada pela presença do Espírito Santo em suas vidas.

Ele lhes dava sempre sinais de esperança a fim de lhes mostrar o sentido para tudo que Ele teria que vivenciar e conseqüentemente, eles teriam que passar.

Jesus adverte que haverá tristeza, prantos e lamentos por parte de seus discípulos, enquanto que o mundo parece estar alegre, mas na realidade essa alegria é falsa e cruel, pois o mundo e seus sequazes provocaram a morte de Jesus. Em contraste, a alegria dos discípulos é duradoura.

Ao compartilhar a dor da morte com Jesus, compartilham também a alegria de sua ressurreição. Então “a tristeza se converterá em alegria”, por tratar-se de uma alegria que surge triunfante da dor.

Ele lhes falava abertamente que iria embora, mas que voltaria em breve e que isto seria necessário que ocorresse. Eles ainda não conseguiam entender o que Jesus lhes anunciava, pois não haviam recebido o Espírito Santo.

Jesus foi para junto do Pai para que o Espírito Santo viesse nos ensinar todas as coisas. Hoje nós percebemos e comprovamos este fato, pois sem a manifestação do Espírito nós permanecemos estáticos, aéreos e confusos.

Nunca poderíamos entender as palavras de Jesus se o Espírito não nos tivesse sido dado. Precisamos também, baseados nos ensinamentos de Jesus, entender que tudo na vida passa e que a esperança e a fé em Jesus devem nos mover e sustentar na hora em que não entendemos o porquê das coisas que nos acontecem.

Nos primeiros momentos, ficamos tristes e acabrunhados, mas se tivermos em sintonia com o Espírito Santo Ele nos dará a luz e logo depois compreenderemos o sentido de todos os acontecimentos.

Existe um infinito de esperança que move o nosso coração quando nós nos apropriamos do poder do Espírito Santo. Só Ele tem a capacidade de nos convencer de que nada do que passamos aqui na terra será em vão para a conquista do reino dos céus.

Não tenhamos medo das coisas que não acontecem de acordo com o nosso planejamento. O Pai não quer que se perca ninguém e tudo faz para a nossa salvação.

Precisamos acolher a Palavra de Jesus com fé e esperança, certos de que a tristeza de hoje, colocada nas Mãos do Pai, transformar-se-á em alegria, amanhã.

Você tem medo do amanhã? De que você gosta mais: alegrar-se ou fazer a alegria de alguém? Você tem o coração aberto para acolher a manifestação do Espírito de Deus? Você consegue ter paciência no meio da tribulação e esperar o bom que virá? 

Reflexão Apostólica:
  
Aparece aqui a oposição entre tristeza – alegria. A presença de Jesus sempre é motivo de alegria. Sua ausência é causa de tristeza e confusão.

O contraste se estabelece entre os discípulos e o mundo (o ambiente contrário a Jesus e a seus seguidores). Enquanto os discípulos estão tristes pela morte de Jesus, o mundo estará alegre. Mas quando eles tiverem a experiência da ressurreição do Senhor, seu coração se encherá de alegria e paz. Então o mundo estará triste, porque não reconheceu em Jesus o Salvador. A garantia da alegria é a presença do Espírito Santo. Ele produz no fiel a alegria, a paz.

O pranto e a lamentação serão a conseqüência do seguimento. Não se pode seguir a Jesus sem assumir a cruz. Mas a cruz somente pode ser suportável com a presença constante do Espírito Santo.

Somente quem sabe interpretar a aflição e a perseguição em chave de esperança poderá vencer os obstáculos que se apresentam à vida de fé. Aí se enraíza a força de tantos homens e mulheres que deram a vida pela causa de Jesus ao longo da história.

A vida do cristão é marcada por uma série de contrastes que, embora desconcertantes, são necessários para entendermos os caminhos de Deus em nossa vida. O que para o ser humano pode ser negro, para Deus é branco.

Para muitos, inclusive para os discípulos, a morte de Jesus foi um momento escuro, mas para Deus foi o momento propício para manifestar a grandeza de seu amor.

“Quanto mais escura a noite, mais próximo o amanhecer”. Muitas vezes não compreendemos os desígnios de Deus, mas devemos estar seguros de que Ele não abandona seu povo. 

Jesus nos convida a NÃO ficarmos tristes ou lamentando, mas sim a viver com alegria característica do cristão; alegria que deve ser nossa razão de viver. É bom lembrar: “Um cristão triste é um triste cristão”

Hoje em dia muitos ainda não entendem ou se recusam a entender o mistério da fé que se concentra na pessoa de Cristo. E o pior é que tem alguns que se dão o luxo de criticar a Igreja.

Não nos acovardemos quando precisar defender a nossa Igreja. Sem ofender a outra pessoa que esteja criticando o Papa, ou os padres, peçamos o Espírito Santo que fale através de nós, e comecemos a responder as acusações. O difícil é começar.

Comecemos a falar e as palavras fluirão  através  de nós. Por outro lado, entrar em bate boca não é uma coisa elegante. Nem fazer como na Irlanda, onde católicos e protestantes vivem se matando.

Com toda firmeza devemos defender nossos padres e irmãos de fé quando forem vítimas de chacotas, acusações injustas bem como corrigi-los quando necessário para que a imagem da Igreja e os seus valores não sejam denegridos por uma minoria de insensatos.

Propósito:

Pai, que o meu testemunho de vida cristã seja tal, que as pessoas possam "ver" Jesus nas minhas palavras e nos meus gestos de amor ao próximo.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Evangelho quarta feira 28 de maio

28 - Há uma virtude que resplandeceu de modo muito particular na Virgem Imaculada, nossa Mãe, uma virtude predileta de Jesus e que também nós devemos possuir, pois ela é o adorno mais lindo da alma: quero dizer a pureza, a virtude com a qual o homem imita os Anjos, aliás, os vence em merecimento, pois eles são puros por natureza, nós por graça: eles, não tendo corpo, são puros por necessidade, nós por vontade, pois nós devemos combater, vigiar, rezar muito e mortificar-nos para obter e conservar essa virtude tão delicada. (S 356). São Jose Marello



Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São João 16,12-15

"Ainda tenho muitas coisas para lhes dizer, mas vocês não poderiam suportar isso agora. Porém, quando o Espírito da verdade vier, ele ensinará toda a verdade a vocês. O Espírito não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que ouviu e anunciará a vocês as coisas que estão para acontecer. Ele vai ficar sabendo o que tenho para dizer, e dirá a vocês, e assim ele trará glória para mim. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso eu disse que o Espírito vai ficar sabendo o que eu lhe disser e vai anunciar a vocês." 

Meditação

 Jesus anuncia que muitas coisas ainda deve ser ditas. Mas os discípulos não estão preparados ainda para compreender tudo o que Jesus deve dizer.
 A solução vem pela vinda do Espírito Santo. Ele dará plena compreensão de tudo o que foi dito e ocorrido durante o ministério de Jesus, que é em si mesmo a revelação do Pai, a Palavra de Deus.
 Esta compreensão profunda da vontade do Pai e do Filho acarreta cargas muito duras, como a perseguição ou a morte, mencionadas alguns versículos antes.

Mas o Espírito irá mostrando aos discípulos o caminho ao longo da história e o estilo de vida que deverão ter, em conformidade com o ensinamento de Jesus.
 O Espírito provém, tanto do Filho como do Pai. Ele continua, através dos discípulos, tornando visível o Reino, na reinterpretação da mensagem de Jesus às gerações vindouras, gerando um conhecimento cada vez mais profundo do que ele significa para cada época.

Ajuda no discernimento e na interpretação dos sinais dos tempos, a fim podermos encontrar o sentido profundo do que vai acontecendo no mundo, bem como a presença dos sinais do Reino

Estamos nos aproximando cada vez mais de um acontecimento fundamental na vida e missão da Igreja: a celebração de “Pentecostes”, o envio do Espírito Santo, que é quem nos impulsiona à missão que temos como seres humanos, como cristãos.

João desvela, nesta seção de seu Evangelho, o importante papel que o Espírito dá à comunidade. Este iluminará aos discípulos no futuro, os conduzirá pelo caminho da verdade plena, já que Jesus não pode comunicar-lhes tudo que necessitam saber, nem tampouco eles tiveram capacidade de compreender a profundidade de suas palavras.

É importante ter claro ao que se refere João quando fala da “verdade plena”, especialmente agora que a Igreja se vê submergida na diversidade, na multiplicidade cultural e religiosa, tal como estava a comunidade de João. A verdade plena é Jesus de Nazaré, é o Deus feito carne na história da humanidade, é o amor absoluto entregue por Deus através de seu único Filho.

Esta Verdade que é universal, para todos aqueles que se sentem chamados a viver e promover, de diversas maneiras, a paz, a justiça, a fraternidade, o respeito pela Vida em todas as suas manifestações. É no diverso, no que “não é igual”, onde realmente se evidencia a ação universal do Espírito de Deus.

Precisamente com a condução do Espírito que acontece na fidelidade, que é amor posto em prática, a comunidade manifesta a presença de Jesus ressuscitado, torna presente a Palavra que lhe foi confiada e é impulsionada a comunicá-la à humanidade para que esta creia.

“O Espírito nos conduzirá à verdade e essa verdade nos fará livres”. Vivemos em um mundo onde “a palavra” já “não vale”; as pessoas se comprometem e não cumprem; a mentira ronda pelas cidades, povos e veredas; a corrupção está acabando com países inteiros. A verdade parece não ter mais espaço na sociedade.

E nós, como cristãos, que estamos fazendo para que essa verdade recupere seu valor de antigamente? Ou será que seguimos os mesmos esquemas que dominam o mundo? Nosso compromisso evangélico é estar e viver sempre na verdade e recordar as palavras do Mestre: “A verdade os fará livres”.

Reflexão Apostólica:  

Jesus descreve a dinâmica da onisciência de Deus quanto a nossa vida. É o próprio Espírito Santo que descreve bem nossas necessidades e as apresenta a Deus, bem como, age como canal sempre aberto de relacionamento do amor Dele com sua criatura humana. “(…) Tudo o que o Pai tem é meu. POR ISSO EU DISSE QUE O ESPÍRITO VAI FICAR SABENDO O QUE EU LHE DISSER E VAI ANUNCIAR A VOCÊS”.

Deus sabe bem o que precisamos e, no momento mais oportuno, através do Espírito Santo, nos revela o que precisamos saber e ver. É nesse momento que entra a fé!

Ele é a voz que insiste em nos orientar a fazer o certo; é a sensação estranha quando algo acontece; é a fortaleza que surge na hora da aflição; a força sobre-humana que levanta o escombro, mas como já mencionamos em outra reflexão, o primeiro contato geralmente passa por despercebido e talvez seja proposital, pois talvez queira apresentar primeiramente a nós a realidade que vivemos, abrindo nossos olhos para o projeto salvifico de Deus.

Se então voltarmos um pouco na leitura buscando subsídios para uma complementação de entendimento do de hoje, teremos uma possível síntese do parágrafo anterior nas palavras:

O Espírito age muito em nosso meio, mas nem sempre o ouvimos sussurrar (talvez, mesmo se gritasse, também não ouviríamos). É uma voz presente em nossa reflexão diária. Uma resposta concreta na nossa oração diária. Um clamor persistente e obediente a bondade, no entanto seus sussurros são abafados pelos gritos dos valores pregados por nossa sociedade. Seus murmúrios são calados pelos gritos ensurdecedores dos falsos profetas

O Espírito Santo não vem falar de tragédias ou do final dos tempos, pois mesmo que um dia isso venha acontecer, hoje não estaríamos ainda preparados para tal.
 Ele não anuncia catástrofes ou calamidades, pois sofreríamos muito por antecipação. O Espírito Santo se apresenta logo após a paz de Jesus. Seu vento impetuoso é repleto de verdade e vida e não de medo.
 Sim! É preciso estar atento aos falsos sopros que mais afastam do que aproximam as pessoas e daqueles que aprisionam as pessoas pelo medo.
 Precisamos também rever nossa sensibilidade quanto aos sussurros do Espírito Santo e também repensar nossa postura cristã missionária.
 Cada vez mais vemos cristãos escondidos em seus cenáculos à espera que algo diferente, impetuoso, que encha novamente aquele lugar de alegria e fogo. Cada vez mais cresce o número de surdos na fé. Cada vez mais vemos falsos pastores, donos de pequenas igrejas e grandes negócios, comercializando “ações do Espírito Santo” pela TV.

Tudo acontece a seu tempo. Fiquemos atentos. Paciência. Até mesmo quando estivermos no olho da tempestade “(…) ele ensinará toda a verdade a vocês”.

 Propósito: 
Seguir Jesus Cristo, caminhando sobre suas pegadas (adesão da vontade); escutando a sua doutrina (adesão da inteligência) e vivendo no seu amor e na sua graça ( adesão do sentimento e do espírito).

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Evangelho terça feira 27 de maio - Sto Agostinho de Cantuária

27 - São João, o Apóstolo predileto, foi o primeiro membro da família de Maria: ele era
virgem, e isso é uma linda prova da predileção de Maria pela virgindade. (S 343). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São João 16,5-11

"E Jesus continuou:
- Eu não disse isso antes, porque ainda estava com vocês. Porém agora eu vou para junto daquele que me enviou. E nenhum de vocês me pergunta: "Aonde é que o senhor vai?" Mas, porque eu disse isso, o coração de vocês ficou cheio de tristeza. Eu falo a verdade quando digo que é melhor para vocês que eu vá. Pois, se não for, o Auxiliador não virá; mas, se eu for, eu o enviarei a vocês. Quando o Auxiliador vier, ele convencerá as pessoas do mundo de que elas têm uma idéia errada a respeito do pecado e do que é 
direito e justo e também do julgamento de Deus. As pessoas do mundo estão erradas a respeito do pecado porque não crêem em mim; estão erradas a respeito do que é direito e justo porque eu vou para o Pai, e vocês não vão me ver mais. E também estão erradas a respeito do julgamento " 

Meditação

A presença de Cristo na Sua Igreja por meio do Espírito adota as características de uma sentença judicial favorável a Ele.

Nela culmina o processo que estava em marcha na vida do Mestre e que continua na existência da Sua comunidade eclesial. Esta encontra-se como que diante um tribunal no foro deste mundo. O Pai revê o processo do qual resultou a condenação de Jesus à morte.

Agora sairá reabilitado graças à intervenção do Espírito da verdade, que “deixará convicto o mundo com a prova de um pecado, de uma justiça, de uma condenação. De um pecado, porque não acreditaram em mim; de uma justiça, porque vou para o Pai e não me vereis; de uma condenação, porque o príncipe deste mundo já está condenado”.

O Espírito evidenciará o pecado do mundo, que consiste na incredulidade; deixará claro, além da justiça, o direito e a razão que tinha Jesus a chamar-se Filho de Deus, pois efetivamente o é, como o demonstra a passagem da Morte à Ressurreição do Crucificado como vencedor da morte eterna e da sua causa, o pecado, que é o único poder que tem satanás.

A convicção de que Jesus ressuscitado está vivo e operante na nossa vida pessoal e no coração da comunidade de fé radica no dom do Espírito, que se manifesta na nossa abertura à vida, ao amor, à paz e ao perdão fraterno, Nunca estamos sós na nossa solidão.

O evangelista João, comentando a metáfora de Jesus no Templo, “torrentes de água viva”, afirma: “Dizia isto referindo-se ao Espírito que havia de receber os que haviam acreditado nele. Pois não havia ainda Espírito, porque Jesus ainda não fora glorificado”. Daqui se conclui não só que Cristo ressuscitado é quem outorga o Espírito, mas também que a incumbência deste último é continuar a presença viva de Jesus entre os que crêem n’Ele.

Pois bem, o julgamento contestatório e testemunhal, o julgamento da apelação do Espírito, não se realiza sem a colaboração dos crentes, sem o nosso compromisso pessoal e comunitário de fé no meio do mundo. O Espírito Consolador é o melhor antídoto contra a tristeza e o medo do coração dos discípulos, isto é, dos crentes de todos os tempos, entre os quais, felizmente, nos contamos também nós.
Tendo já anunciado o envio do Espírito (Jo 15,26), Jesus esclarece seus discípulos com mais detalhes. João é o único evangelista a referir-se ao Espírito com um termo (paráklêtos) que tem um amplo sentido, englobando as várias traduções adotadas (Defensor, Consolador, Advogado etc).

A ação do Espírito é fundamental na vida do ser humano, pois é a força que anima e sustenta sua existência; é o sopro divino que faz que o corpo inerte se converta em um ser operante doador de vida; é a manifestação plena da consciência humana, elemento que diferencia o homem de todo ser vivo.

A ida de Jesus ao Pai é motivo para que os discípulos se deixem habitar pela força do Espírito, convertendo a comunidade na habitação ou morada do Espírito de Deus; unindo-a, desta maneira, a Ele para provocar nela a mesma vida e missão de Cristo.

Com este vento renovador que invade e dinamiza a comunidade, os discípulos terão a capacidade de desmascarar o pecado do mundo, de anunciar a verdadeira justiça de Deus e condenar as obras injustas do mundo, provocadas pelos líderes do mal.

Hoje o Espírito concede aos que crêem em Jesus uma consciência clara frente às propostas do “mundo”, denunciando assim, por meio da vivencia do amor, o grande pecado da sociedade que é centrar os interesses no individual e não no interesse coletivo, no que interessa a todos.

Reflexão Apostólica:  
Reparemos nas reflexões da semana que dia após dia, caminhamos para celebrar Pentecostes novamente.

O Paráclito é anunciado por Jesus como consolo e edificador da fé dos cristãos. É Ele que virá, mas era preciso que Jesus fosse. O projeto de redenção humana inicia com a entrega, morte e ressurreição de Jesus e culmina com o cumprimento da promessa na grande efusão apresentada a Maria e os apóstolos.

É preciso lembrar que numa das aparições de Jesus a seus amigos Ele oferta, em conjunto com a paz, o próprio Espírito Santo. Esse primeiro contato com o Consolador talvez tenha passado despercebido, pois vinha talvez apresentar primeiramente a eles a realidade que viviam, abrindo seus olhos para o projeto salvífico de Deus.

Em um segundo momento, fechados em um cenáculo, temerosos e tristes, acontece a manifestação visível do que parecia improvável. Os sinais relatados no dia de pentecostes assustavam as pessoas, pois conheciam as limitações humanas de cada um que estava ali escondido. Era impossível acreditar que aquilo acontecia com pessoas simples, do povo e não no templo em meio aos doutores da lei.

Talvez seja essa a dinâmica da presença do Espírito Santo em nossas vidas. Talvez Ele, após conhecermos Jesus em seu primeiro contado deseje nos abrir os olhos, nos revelar a verdade, apresentar a realidade do mundo e apresentar uma nova proposta. “(…) Quando o Auxiliador vier, ele convencerá as pessoas do mundo de que elas têm uma idéia errada a respeito do pecado e do que é direito e justo e também do julgamento de Deus“.

É talvez então nessa hora, de olhos abertos, mesmo que ainda descrentes, em meio a tantos críticos, céticos, descrentes, (…) que Ele movido pela misericórdia divina se manifesta e age.

Quem é esse povo que ainda hoje acredita nesse mover do Espírito? Aqueles que já reconhecem e valorizam o primeiro contato com Ele.

São aqueles que movidos por algo surpreendente renovam a esperança de querer continuar; aqueles que conseguem ver sem máscaras o mundo que criamos cheios de quereres, egoísmo, ataques, desamor; aqueles que reprovam o pecado, mas conseguem enxergar com docilidade a figura frágil do pecador; aqueles que insistem em rezar por seus algozes; são aqueles que são felizes.

Hoje, e de forma crescente, as pessoas perdem um pouco a noção do que é errado. Trapacear, levar vantagem, “ser esperto” são ensinados cada vez mais cedo as crianças. “Colar” era uma exceção ao aluno que não estudava ou não entendia, agora é valorizado como regra para poder “sair da escola”.

Precisamos voltar a nos abrir ao primeiro encontro com o Espírito Santo. Talvez ele passe novamente despercebido, mas deixará pelo menos a paz.

Quem sabe nadar pode dizer bem qual é diferença de se nadar de olhos abertos e fechados. Que apesar do local tão agradável e convidativo, só se consegue ir para o outro lado de olhos abertos.

Deixemos o Doce Espírito nos abrir os olhos e nossos corações. Se abra ao encontro!


Propósito: Expressar a alegria de ser discípulo do Senhor e de ter sido agraciado com o tesouro do Evangelho.

domingo, 25 de maio de 2014

Evangelho segunda feira 26 de maio

26 - Paraíso! Ah! que essa palavra nos comunique aquela serenidade de espírito que
transparecia no rosto de São Filipe Néri ao pronunciá-la! (L 52). São Jose Marello

A missão do Espírito Santo. - Jo 15,26–16,4a

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: “Quando, porém, vier o Defensor que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. E vós, também, dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. Eu vos disse estas coisas para que vossa fé não fique abalada. Sereis expulsos das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos matar, julgará estar prestando culto a Deus. Agirão assim por não terem conhecido nem ao Pai, nem a mim. Eu vos falei assim, para que vos recordeis do que eu disse, quando chegar a hora.”

MEDITAÇÃO

Através de nossa reflexão de hoje podemos chegar à conclusão de que a tarefa de evangelizar não está isenta de dificuldades. Consiste em dar testemunho de Jesus no meio do sistema do mundo injusto, ou o que é igual, em aderir-se a seu estilo de vida. O seguidor de Jesus não esta só nesta tarefa, pois conta com o Espírito como protetor, Espírito de Verdade e de Amor.

“Estar com Jesus desde o princípio” significa aceitar como norma toda a vida de Jesus, sem separar o Jesus ressuscitado, do Jesus terrestre. Considerar somente o Jesus glorioso é uma tentação espiritualista que leva a prescindir do compromisso. Jesus os previne para evitar sua deserção no futuro. Poderia parecer-lhes inexplicável e incompreensível ver-se combatidos pelas instituições religiosas. Deste modo, tão duramente reflete o evangelista João a tensão entre a sinagoga e a Igreja, entre o judaísmo e o cristianismo. Sua situação será extremamente dura, pois a instituição religiosa considerará que perseguir ao seguidor de Jesus equivale a prestar culto a Deus; os seguidores de Jesus serão marginalizados pelos que se chamam representantes de Deus e intérpretes de sua vontade, chegando até a dar-lhes a morte, crendo com isso dar culto a Deus.

"O Paráclito (Consolador), que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, dará testemunho de mim. E vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo".

Numa primeira leitura o texto parece conter alguma ambigüidade. Cristo enviará o Consolador, mas o Consolador será enviado “da parte do Pai”, o espírito da verdade “que procede do Pai”, afirma Jesus. Na realidade esta dualidade já estava presente no verso 26 do capítulo anterior. Em João 14:26 quem envia o Consolador é o Pai; em João 15:26 quem envia o Consolador é Jesus. Como explicar esta aparente contradição?

Já vimos que o espírito de Cristo é também o espírito de Deus. Ambos compartilham o mesmo pneuma (espírito). Veja estas afirmações de Cristo: “Tudo quanto o Pai tem é meu...”; “...para que possais saber e compreender que o Pai está em mim e eu nele.”; “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?”. Estes versos nos dizem que tudo o que o Pai tem, também pertence ao Filho. Tudo! Inclusive o seu próprio espírito (pneuma). É por esta razão que Cristo está no Pai e o Pai está no Filho, pois são um em espírito, ou seja, compartilham o mesmo pneuma. Portanto, não há contradição entre João 14:26 e João 15:26. Cristo envia o seu pneuma e o Pai faz o mesmo.

Sem medo de errar, com convicção de que o Pai e o Filho compartilham do mesmo espírito, reafirmamos que: espírito de Deus = espírito de Cristo. Como conseqüência, podemos afirmar que quando Deus envia o seu espírito, Cristo também envia o seu espírito, pois não há diferença entre espírito de Cristo e espírito de Deus.

Os Doze tinham sido escolhidos por Jesus para serem seus representantes e revelarem a mensagem do evangelho. O Espírito Santo iria equipá-los para esta obra. Ele lhes lembraria o que Jesus disse a eles e os guiaria em toda a verdade de modo que eles pudessem testificar de Jesus.

Uma das funções do Espírito da Verdade é a de dar testemunho de Jesus. Sua ação em favor dos discípulos consiste em convencê-los da veracidade da pessoa e dos ensinamentos do Mestre. O conteúdo do seu testemunho será o próprio Jesus.

Tal testemunho faz-se perceptível na própria ação dos discípulos. Pelo fato de o Espírito manter sempre viva no coração deles a imagem de Jesus, estão em condições de mostrar a todos a verdade do Filho de Deus, que veio armar sua tenda no meio da humanidade carente de salvação. A ação do Espírito da Verdade predispõe os discípulos a enfrentar a perversidade do mundo, sem se intimidarem. Afinal, a missão deles consistirá em levar a luz de Cristo para quem caminha nas trevas do erro e da mentira. Move-os a esperança de que a humanidade marcada pelo pecado acolha a palavra de Jesus para ser salva.

Jesus adverte aos seus que as instituições religiosas adoram a um deus que aceita como culto a morte do ser humano (e mais, aproxima-se a hora em que todo aquele que lhes der morte julgue oferecer culto a Deus). Se esse é seu deus, a instituição religiosa é homicida por essência. De fato, seus maiores representantes decretaram a morte de Jesus e a da comunidade, representada por Lázaro.

Jesus liberta os discípulos do respeito às instituições religiosas. Por trás de sua impressionante fachada esconde-se uma falsidade, pois não conhecem o Pai, quer dizer, não conhecem a Deus. O deus a quem oferecem culto não é o verdadeiro, pois não está a favor das pessoas: é a antítese do que se manifesta em Jesus.

Jesus não facilitou, não pintou o quadro cor de rosa para conseguir adeptos. Ele foi realista e objetivo, foi transparente e rigoroso. A verdade em amor acima de tudo. Muitas vezes as multidões e os dignatários da religião ou do poder político econômico não gostaram. Mesmo assim Ele não alterou uma vírgula o seu discurso e o compromisso dos que queriam segui-lo. Falou com propriedade e autoridade porque Ele sabe do que falou.

Sob o impacto do ódio dos poderosos do mundo, os discípulos não estarão sós. Jesus, ausentando-se em sua presença sensível, enviará o Espírito da Verdade. É a continuidade do confronto entre a vida e a morte, já experienciado por Jesus. Nessa dinâmica de vida e morte, estará presente o Defensor.

A luz do Espírito do Senhor está sobre nós, pelo que nos ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-nos para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. Testemunhar a luz do Espírito da Verdade choca aqueles que, nas trevas da mentira, fazem seus injustos projetos de dominação e acumulação de riquezas. Foi o que João ensinou, ao escrever: “Sabemos que permanecemos em Deus e ele permanece em nós, pois nos deu de seu Espírito”. Ora se pela participação do Espírito nós nos tornamos participantes da natureza divina insensato será dizer que o Espírito pertence à natureza criada e não à de Deus.”.

O testemunho do Espírito supõe do discípulo total discernimento e docilidade para acolhê-lo, pois ele o recebe em meio a hostilidades que, muitas vezes, o impedem de captar com clareza a moção do bom Espírito. Por outro lado, o mau espírito, encarnado nos adversários, busca inculcar-lhe dúvidas a respeito da pessoa de Jesus, e da credibilidade de suas palavras. Só com muito discernimento e disposição para deixar-se guiar pelo Espírito, é possível manter-se fiel a Jesus.

Deus não impõe. Realiza e propõe. Faz o que não está ao nosso alcance realizar e deixa a cada um de nós o veredicto face às evidências expressas. É o Seu amor que nos persegue, que contende conosco, que nos desarma, que pacientemente nos questiona.

Hoje é a própria palavra amor que tem sido pervertida: Fazer amor é fazer sexo. Deus criou o sexo e, ao contrário do que se pretende passar, biblicamente não é pecado, nem sequer o fruto proibido ou a raiz do pecado original. Como tudo o resto, é para ser vivido e expresso dentro dos valores da fidelidade e do compromisso, ou seja, dentro do valor do amor.

Quem somos nós para lhe dar um conselho? Mas aceite uma simples sugestão: leia os Evangelhos e peça a Deus que lhe dê entendimento para compreender o que ali se encontra exposto, mesmo se você tem algumas dúvidas sérias acerca da Sua existência. Deus compreende o nosso coração e conhece a sinceridade e honestidade dos que não crendo estão receptivos às evidências que estão na base da fé.

Olhando para dentro de nossas comunidades, vemos muitos cristãos medrosos e pouco provocados pelo evangelho. Em outras palavras: são cristãos que não incomodam o mundo. Não bastasse o desinteresse, os cristãos ainda não maravilham o mundo, como lemos na 1a leitura desta celebração. Somos interrogados pela vida: — Por que será que os cristãos do século XXI são ainda pouco afoitos em testemunhar a fé que receberam no Batismo?

O Século XXI, marcado pela necessidade de múltiplas mudanças e transformações, requer uma nova atitude perante variados assuntos que vão desde a comunidade internacional, até ao coração de cada homem e mulher.

Numa sociedade em que a disparidade das religiões e dos seus deuses mostram por um lado a incapacidade de o homem através da sua mente ver Deus e por outro lado a rebeldia do homem em humildemente não reconhecer a sua necessidade de um revelação que lhe venha de fora e de cima, que ele não merece mas que tem que receber com gratidão, não com uma mente fechada, mas averiguadora; precisamos de Alguém que nos mostre quem Deus é dentro das nossas limitações, mas que simultaneamente as rompa e nos leva para além do que nós conseguimos por nós mesmos ver e discernir.

Numa sociedade em que os valores, os direitos, por um lado conseguem reunir consensos, mas por outro lado está provada a incapacidade coletiva e individual de a eles corresponder efetivamente, precisamos de Alguém que não se limite ao que merecemos e nos remeta para uma forma de ser e de estar que dependa da graça (favor imerecido), em que não recebemos em função dos méritos, das qualidades e capacidades, mas, todos por igual, face ao amor incondicional.

Cada um encontra o que quer encontrar? E nós que encontramos o que não procurávamos, e encontramos o que não queríamos encontrar? Encontramos porque sempre ali esteve, vimos porque vendo não negamos que víramos, porque ouvindo não dissemos que outros se enganaram e mentiram! Cremos porque é absurdo deixar de crer. Cremos porque não crer é dizer que a História mente, que a verdade não existe ou só existe a de não existir. Cremos porque é impossível negar que a luz brilha. Cremos porque a vida se nos tornou luminosa, porque é impossível querer voltar ás cavernas, ao silêncio, às algemas, à escuridão da noite da morte, do acaso, do absurdo, do nada, do sem sentido. Cremos porque a inteligência a isso nos impele. Cremos porque nos é impossível não crer.

Cremos na divindade do Espírito Santo, “presente em nós”, como sendo uma pessoa que retém o mal no mundo incrédulo; que na pregação do evangelho testifica da verdade do mesmo; que Ele é o poder operador no novo nascimento; que na hora da conversão Ele entra na vida do cristão; que Ele sela, batiza, enche, guia, ensina, convence, santifica e ajuda o crente. Cremos também que o fruto do Espírito é o amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio; e que não as manifestações sensacionais são provas da presença do Espírito Santo.

Por isso, como “templos do Espírito Santo”, somos convidados a viver segundo este mesmo Espírito. Assim, seguindo a Jesus, como cristãos, devemos ter uma vida segundo este Espírito, que é justamente o contrário da vida que o mundo nos oferece. E viver segundo o Espírito é na verdade viver de conformidade com os critérios e perspectivas de Deus, obedientes aos ensinamentos de Jesus Cristo.


Oração: Pai, que o testemunho do Espírito cale fundo em nossos corações e seja acolhido com discernimento e docilidade, de modo a consolidar nossa fé no Senhor Jesus. Vinde, Espírito Santo! Lavai-nos no Sangue precioso de Jesus, purificai todo o nosso ser, quebrai toda a dureza dos nossos corações e destruí todo o ressentimento, mágoa, rancor, egoísmo, maldade, orgulho, soberba, intolerância para que possamos testemunhar, livremente, a luz do Espírito da Verdade. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.