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domingo, 31 de janeiro de 2016

EVANGELHO DO DIA 01 DE FEVEREIRO 2016 - SEGUNDA FEIRA


EVANGELHO DO DIA 01 DE FEVEREIRO 2016 - SEGUNDA FEIRA

01 Apaixonemo-nos pelos grandes modelos e comecemos a agir! (L 10) . SÃO JOSE MARELLO

Marcos 5,1-20
Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um cemitério, foi a seu encontro. 3Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: “Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes!” 8Com efeito, Jesus lhe dizia: “Espírito impuro, sai desse homem!” 9Então Jesus perguntou: “Qual é o teu nome?” O homem respondeu: “Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos”. 10E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região. 11Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12O espírito impuro suplicou, então: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. 13Jesus permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a manada — mais ou menos uns dois mil porcos — atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou. 14Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que havia acontecido. 15Elas foram até Jesus e viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes estava possuído por Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da região deles. 18Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19Jesus, porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20E o homem foi embora e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados. 
Meditação:
No Evangelho de hoje, vemos  um claro contraste entre a obra do demônio e a de Deus. O que nos faz lembrar das palavras de Jesus registradas em João 10,10 "o ladrão não vem senão para matar, roubar e destruir; mas eu vim para que vocês tenham vida e a tenham com abundância".

O Diabo é esperto para cativar e ludibriar as pessoas, apresentando uma série de atrativos que têm, por objetivo último, o de matar, roubar e destruir. Tudo o que ele oferece termina em inferno. O Gadareno não nasceu endemoniado. Ele foi uma pessoa como outra qualquer. Ele até mesmo tinha mulheres e filhos (v. 19).

A Bíblia adverte: "Não deis lugar ao Diabo" (Ef 4,27). As pessoas podem se afundar no pecado até ao ponto de se verem totalmente dominadas pelo mal. Eis aí o retrato mais grotesco do que os demônios pretendem fazer com os seres humanos. Dominado e derrotado pelo mal, aquele gadareno não habitava mais em casa, mas em um cemitério (v. 3), e era impelido pelos demônios para a solidão do deserto (Lc 8,29).

Tornou-se um ser anti-social e violento (v. 4), vivendo inquieto e ansioso, andando de um lado para o outro numa angústia sem tréguas (v. 5). Ele passou a não apreciar e nem a valorizar mais a própria vida. Perdeu o pudor e, sem nenhum respeito próprio, andava sem roupas (Lc 8,27). Com um espírito autodestrutivo, feria-se a com pedras (v. 5).

Este é um quadro chocante, mas devemos saber que o adversário tem estratégias diferentes para atingir pessoas diferentes. Geralmente ele é mais sutil.

Quantos não ficam surpresos consigo mesmos ao serem tomados pelo ódio, rancor, chegando mesmo a agirem com assustadora violência? Quantos não estão também estressados e angustiados sem conseguir descansar direito? Quantos não estão perdendo o pudor. Por exemplo, o que acontece em certos bailes funk.

Onde foi parar a dignidade humana? E quantos não estão também experimentando uma grande solidão? Mesmo em meio a multidão, sentem-se como um Robson Crusoé. Não tem amigos em quem possam confiar. Feridos e traumatizados, desenvolveram verdadeiras couraças que servem de barreiras para o desenvolvimento de saudáveis relacionamentos interpessoais. Estão, de fato, sem perceber, sendo impelidos para o deserto.

Mas a boa notícia é de que há esperança, mesmo para alguém tão arruinado como era o caso do endemoniado gadareno. Jesus o libertou! De modo que, agora, ele podia ser visto assentado tranquilamente na comunhão de Jesus e de seus discípulos (v. 15). Sinal de que estava apto a voltar ao convívio social. E não se encontrava mais nu, pois estava agora vestido (v. 15)!

Recobrou sua honra e dignidade! E já não mais gritava e agia como um louco, pois havia recuperado o bom senso (v. 15). Além destas três coisas maravilhosas, outra é que ele agora encontrou razão e motivação para viver (Mc 5,18).

Queria seguir o Mestre! Desejava tornar-se um missionário! Pretendia ir para terras distantes, mas Jesus orienta-o a primeiramente retornar para sua família. Pois missões começa em casa (v. 19 e At 1,8)!

Jesus promove a restauração do lar! Ao mesmo tempo, Jesus está deixando um missionário em Decápolis (v.20)! Uma testemunha do seu poder libertador! Sinal de sua compaixão até mesmo por aqueles que se mostram hostis a ele.

Como o processo de libertação daquele homem implicou no sacrifício de dois mil porcos (v.13), o povo dali acabou expulsando a Jesus da região (v. 17), pois possuíam um sistema de valores onde porcos valem mais que os humanos. Jesus representava uma ameaça aos porcos daquele povo.

Vemos aí que não só aquele individuo, mas também o próprio povo também estava dominado por distintas legiões, como a daqueles porcos que representam seu egoísmo materialista, e eram também dominados literalmente por uma legião do Exército Romano que ocupava a cidade. Aquele povo há séculos vinha sendo dominado e oprimido por uma sucessão de nações estrangeiras.

Por fim, entendemos que aquele povo também era dominado por demônios de toda espécie que buscavam afastar as pessoas da vida abundante e impedir o seu progresso em direção a Deus.

E quanto a nós? Existe algo que impede nossa caminhada cristã, que atrapalha nossos relacionamentos, que nos perturba e oprime ou que nos domina e escraviza? Existe algo que amamos mais do que a Deus? Onde está o nosso tesouro? “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6,19-21). “Não podeis servir a dois senhores” (Mt 6,24). É tão triste constatar que “a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas” (Jo 3,20). Mas Jesus veio para desfazer as obras do Diabo (1Jo 3,8) e quer conceder a você uma vida abundante e significativa (Jo 10,10). Entregue-se sem reservas ao Senhor da Vida!
 
Reflexão Apostólica:
 
Com a leitura de hoje ocorre algo particular. Uma ação que para muitos é negativa e vai contra os interesses e a dignidade do Rei Davi é a maldição que um homem lança contra ele, porém ele mesmo a interpreta como a vontade de Deus e deixa o homem passar; enquanto que no evangelho, a ação de Jesus a favor do endemoniado, libertando-o e enviando os demônios à manada de porcos, é interpretada como um mal pelos gerasenos e pedem a Jesus que se retire de seu território.

O fundo das duas situações há como que um elemento comum: a dignidade das pessoas. No caso do Antigo Testamento, a situação não se resolve, mas no caso do Novo Testamento a dignidade é restituída.

A ação de Jesus se mostra incômoda, pois causou o bem para alguém, mas prejudica os interesses de outros. Ocorre-nos que devemos fechar as portas à salvação que se dá ao outro. Preferimos ficar como estamos, afastando-nos do que nos incomoda, que nos faz mudar, que nos propõe salvar. Será que temos medo da luz e da liberdade? É tão alto o preço que pagamos pela salvação a ponto de preferirmos ficar como estamos?

Jesus veio ao mundo para salvar o homem do pecado e da morte eterna. No entanto, o homem muitas vezes continua refém e escravo das artimanhas do espírito do mal.

Assim como aquele endemoninhado que vivia no “meio dos túmulos” muitos de nós ainda nos deixamos escravizar e insistimos em viver a cultura da morte. Não reconhecemos a Deus como nosso Pai e provedor persistimos em lutar com armas que, ao invés de nos libertar são como algemas e correntes que nos prendem à mesma situação durante muito tempo da nossa vida.

Porém, o Pai não quer que se perca nenhum filho Seu, por isso, ainda hoje Jesus Cristo vem a nós a fim de nos libertar dos “espíritos maus” que nos perseguem. Jesus expulsou para longe os carcereiros que atormentavam aquele homem da região dos gerasenos e recomendou-lhe que fosse para casa, para junto dos seus.

Assim também Ele quer fazer conosco. Somos curados e libertados para amar e cultivar relacionamentos saudáveis a partir da nossa casa, na nossa família. Ele nos tira do meio dos sepulcros e nos conduz a uma vida de paz e harmonia conosco e com o próximo, bastando para isso que nos rendamos ao Seu poder amoroso. 

O evangelho nos oferece uma faceta interessante: quem foi tocado pela liberdade que Jesus oferece está disposto a assumir seu estilo de vida, o "endemoniado curado" queria ir com Jesus. No entanto, é aconselhado a ficar com os seus e aí proclame a Boa Nova do Reino, as maravilhas realizadas pela misericórdia de Deus.

Você ainda continua lutando com as armas que o mundo lhe impõe ou já se rendeu ao poder do Deus que liberta o homem do pecado? Quais são os “espíritos maus” que insistem em prender você no meio dos sepulcros? Você já voltou para casa ou continua habitando no cemitério?

Propósito:


Pai, faze-me anunciador da compaixão que tens por mim, a qual se manifesta na libertação de meu egoísmo e na abertura do meu coração para o serviço ao meu semelhante.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

EVANGELHO DO DIA 29 DE JANEIRO SEXTA FEIRA

EVANGELHO DO DIA 29 DE JANEIRO SEXTA FEIRA
29 Temos que sofrer muitas contradições na carne e no espírito. Mas esta é a nossa missão: carregar generosamente a cruz seguindo as pegadas do Mestre. Ele certamente nos dará a força necessária para que possamos chegar, sem desvios, à grande meta do Paraíso. (L 52). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 4,26-34

"Jesus disse:
- O Reino de Deus é como um homem que joga a semente na terra. Quer ele esteja acordado, quer esteja dormindo, ela brota e cresce, sem ele saber como isso acontece. É a própria terra que dá o seu fruto: primeiro aparece a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga. Quando as espigas ficam maduras, o homem começa a cortá-las com a foice, pois chegou o tempo da colheita.
Jesus continuou:
- Com o que podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar para isso? Ele é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce muito até ficar a maior de todas as plantas. E os seus ramos são tão grandes, que os passarinhos fazem ninhos entre as suas folhas.
Assim, usando muitas parábolas como estas, Jesus falava ao povo de um modo que eles podiam entender. E só falava com eles usando parábolas, mas explicava tudo em particular aos discípulos.
"

1º Meditação:

Jesus é atacado pelos judeus: se de fato for o Messias, que mostre os sinais precursores do reino! Jesus lhes responde que não há sinais extraordinários. Deus deixa crescer a semente lentamente, mas é necessário esperar; não há continuidade absoluta entre esse trabalhoso parto do reino de Deus e sua manifestação em plenitude.

Que aqueles que colaboram na instauração do reino não percam sua confiança em Deus. Ele começou, e após o silêncio, virá o cumprimento de sua obra. Que se espere com paciência; sem querer adiantar-se a ele. E aqueles que não quiserem crer no reino a não ser no momento de sua manifestação, estejam muito atentos: esse reino está já perto deles em Jesus, e será preciso reconhecê-lo agindo na pobreza dos meios e na lentidão do crescimento.

A parábola do grão de mostarda alimenta a confiança em Deus ao sublinhar o contraste entre os humildes começos do reino e a magnitude da tarefa. Com esta parábola Jesus quis, seguramente, responder à objeção daqueles que se opunham à pequenez dos meios empregados por ele para a glória do reino esperado.
É a partir da pequenez que Deus se manifesta plenamente. A partir do que não conta para os poderes deste mundo. A partir da insignificância, é que Deus acontece com mais força. Na obscuridade da vida é quando maior se pode ver a luz”, diria santa Teresa de Jesus.

Hoje o evangelho nos convida a sentar-nos como discípulas e discípulos aos pés do mestre Jesus. Ele com sua simplicidade e profunda sabedoria nos explicará em parábolas o sentido daquele Reino com o qual nos quer comprometer.
As parábolas, mais que histórias ou exemplos didáticos, são símbolos com os quais Jesus deseja questionar nossos esquemas mentais e convidar-nos a renovar nossas formas de pensar e ver a vida.

Jesus compara o Reino com um agricultor que semeia a semente na terra. Enquanto ele dorme e se levante, de dia e de noite a semente cresce sem que ele saiba como.
Este homem sabe que o crescimento da semente não lhe corresponde, nem as flores, nem o tempo que se leva a maturação do fruto. Mas nem por isto ele renuncia a sua tarefa. É a terra que guarda o segredo do processo, ela dá desde a sabedoria de sua entranha: a erva, a espiga, o crescimento.

O semeador escuta e se submete ao ritmo da terra e ela por sua vez lhe bendiz com fruto abundante. Imagem desconcertante num mundo modernizado que submeteu a terra ao ritmo da exploração e o mercado, e nega aos filhos da terra o alimento que dela emana gratuitamente.
O Reino, igualmente como a terra não é propriedade de ninguém, mas sim um dom gratuito de Deus para ser cuidado e partilhado entre seus filhos e filhas.

Reflexão Apostólica: 

Jesus nos oferta duas simples comparações: a primeira da semente que é lançada na terra e indiferentemente da nossa vontade, cresce, e a do grão de mostarda, que pequeno e simples aos nossos olhos, ao crescer torna-se a maior das plantas do seu tipo; A primeira comparação gera em nós a idéia da espera confiante e paciente após o trabalho e empenho realizado e a segunda a humildade que cresce da simplicidade e que nos enaltece aos olhos de Deus.

Todos os dias somos provados, tentados (não por Deus), assolados por coisas boas e outras não tão boas no nosso tornando o servir uma missão não tão fácil. Trabalho, família, paixões, estudo, (…) coisas que seriam motivos para agradecer a Deus passam a tomar tanto tempo de nossas vidas que às vezes acabam nos afastando…

Nunca perceberam isso? Pessoas muito empolgadas acabam sumindo de nossas comunidades quando arrumam namorados, casam ou vão fazer faculdade… Será que se esqueceram de Deus?

Não! Eu não vejo assim!

É verdade que muita gente constrói sua religiosidade na areia e nesse mundo cheio de luzes e encantos, acabamos nos comportando como mariposas, sendo atraídos por elas, mas discordo quando dizem ou afirmam que essas pessoas esqueceram Deus, pois creio eu isso pareça ser um caminho natural no nosso amadurecimento que precisa ser bem orientado, pois se mal dosado, provavelmente não terá mais volta, ai sim de fato, ela sumirá.

 Se você, que lê isso hoje é um que deseja partir ou partiu e pensa voltar, uma coisa não muda: o valor que Deus dá por você! E parafraseando o evangelho de hoje, independente da nossa vontade, o reino de Deus cresce dentro de nós tornando-se impossível não se sentir amado e atraído por ele.

Sim! Valemos muito para Deus, mas nossa fé e nossas forças às vezes nos traem. Somos muito imediatistas, queremos tudo para agora ou o mais breve que possível. Queremos alcançar o céu, mas se possível de elevador. É ainda difícil de entender que as conquistas virão degrau por degrau e não rapidamente. “(…) PRIMEIRO APARECE A PLANTA, DEPOIS A ESPIGA, E, MAIS TARDE, OS GRÃOS QUE ENCHEM A ESPIGA. QUANDO AS ESPIGAS FICAM MADURAS, O HOMEM COMEÇA A CORTÁ-LAS COM A FOICE, POIS CHEGOU O TEMPO DA COLHEITA”.

Notei que a ansiedade e a preocupação nos acompanharão enquanto vivermos, pois somos seres humanos. Que os benditos cabelos brancos virão independentemente de nossa vontade. Nossos cabelos são contados, inclusive esses brancos que insistem em povoar nossas cabeças. Temos medo de ficarmos sós, medo de não conseguir um bom emprego e um digno salário, medo de não conseguir se firmar depois que acabar a faculdade, (…) e esses tantos medos nos fazem a agarrar qualquer luz que passa aos nossos olhos… E lá vai mais um cristão-mariposa deixando o serviço da messe!

Mas também tenhamos o divino discernimento que nem todo aquele que some é porque deixou a vinha. Muita gente “dá um tempo” dos nossos olhos e não dos olhos de Deus. Conheço pessoas que ao deixar um grupo ou pastoral foram esquecidas ou tratadas como “desertoras”. Não cometamos o erro de esquecer que, talvez Deus, quisesse que a semente dessa mostarda crescesse em outro lugar desse suporte aos pássaros perdidos de outra comunidade, pastoral ou movimento.

Aprendi que o semeador passa toda noite em nossos pensamentos (geralmente as três da manha – riso), vendo nossos anseios e potencialidades, os fazendo crescer durante a noite. A mostarda é bem comum próximo a regiões onde possuem água, como o mar da Galiléia, onde o vento a balançará e por vezes a maltratará, mas sua flexibilidade, que prefiro chamar de maturidade, a fará resistir. A algumas pessoas Deus chamou para ser cedros do Líbano, ou seja, imponentes, rígidos, austeros, colunas robustas a outros maleáveis, tolerantes, acolhedores e adaptáveis como a mostarda.

Quem ta dando um tempo precisa saber que carrega consigo algo tão precioso dentro do seu coração. Algo que pulsa todo dia o desejo de voltar e permanecer fiel. Se você se afastou, creia, Ele mesmo assim, vai com você… E se você se sente pequeno no serviço que faz em sua comunidade, preste atenção, pássaros talvez já repousam em seus galhos…

Propósito:
Pai, dá-me sensibilidade para perceber teu Reino acontecendo no meio de nós, aí onde lutamos para a construção de uma sociedade mais humana e fraterna.

Meditação:  
A semente que germina e cresce por si mesma exprime a ação de Deus que comunica amor e vida a todos, suplantando os poderosos deste mundo que semeiam a fome e a morte. A segunda parábola, da inexpressiva semente que se transforma em uma árvore acolhedora dos pássaros, exprime que a fé dos discípulos, desprezível diante do mundo, pode gerar o mundo novo de fraternidade e paz. A prática e o ensino de Jesus são caminho e luz.
Marcos mostra Jesus como Mestre do Reino ensinando às multidões desde a barca de Pedro (4,1). Seu ensino é na base de parábolas ou exemplos. A parábola é uma narração que sob o aspecto de uma comparação, está destinada a ilustrar o sentido de um ensino religioso.
Quando todos os detalhes têm um sentido e significado real, a parábola se taransforma em alegoria. Como em Jo 10,1-16, no caso do bom pastor. No A T as parábolas são escassas, um exemplo é 2 Sm 12, 1-4 em que Natã dá a conhecer seu crime a Davi.
Porém no NT Jesus usa frequentemente as parábolas especialmente como parte de seu ensino do Reino dos Céus, para iluminar certos aspectos do mesmo. No dia de hoje temos duas pequenas parábolas, a primeira própria  de Marcos e a segunda compartida por Mateus (13, 21+) e Lucas (13, 18).
Na parábola da semente, Jesus indica que o Reino tem uma força intrínseca que independe dos trabalhadores. Na segunda que o Reino, minúsculo nos tempo de Jesus, expandir-se-á de modo a se estender pelo mundo inteiro. Vejamos versículo por versículo as palavras de Jesus.
 E dizia: assim é o Reino do Deus, como se um homem lançasse a semente sobre a terra (26). Que significa Reino de Deus? No AT Jahvé, o Deus de Israel, era o verdadeiro rei e seu reino abrangia todo o Universo.
Os juízes eram praticamente os seus representantes. Por isso, o seu profeta Samuel, último juiz, escutou estas palavras: Não é a ti que te rejeitam, mas a mim, porque não querem mais que eu reine sobre eles (I Sam 8, 7).
A partir de Davi o reino de Deus tem como representante um rei humano, mas a experiência terminou em fracasso, e o reino de Deus acabou por ser um reino futuro escatológico como final dos tempos e transcendente, como sendo Deus mesmo o que seria ou escolheria o novo rei.
Esse reino está chegando e tem seu representante na pessoa de Jesus e dos apóstolos. Nada tem de material ou geográfico, e é formado pelos que aceitam Jesus como Senhor, caminho, verdade e vida.
Por isso dirá Jesus que o reino está dentro de vocês. A Igreja fundada por Jesus é a parte visível desse reino, que não é como os do mundo, mas tem sua base em servir e não em ser servido (Lc 22, 27).
O oposto do amor, que é serviço no reino é o amor ao dinheiro ( Mt 6, 24), de modo que podemos afirmar que o dinheiro é o verdadeiro deus deste mundo.
A primeira comparação que revela como atua o Reino é esta parábola de Jesus, facilmente entendida como tipo, e que finalmente veremos como protótipo nas observações.
E durma e se levante noite e dia; e a semente germine e cresça de um modo que ele não tem conhecido. É importante unir este versículo ao anterior para obter o sentido completo da parábola.
O agricultor faz sua vida independente e a semente nasce e cresce sem ter nada que ver com o agricultor fora o fato de ser semeada por ele no início.
Deste modo Paulo pode afirmar: Eu plantei, Apolo regou; mas era Deus quem fazia crescer. Aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa somente Deus, que dá o crescimento (1 Cor 3, 6-7). Assim, a continuação dirá Jesus: Pois por si mesma a terra frutifica primeiramente a erva, depois a espiga, depois o trigo pleno na espiga .
Quando porém, tiver aparecido o fruto, rapidamente ele envia a foice porque tem aparecido a ceifa. Não há nada a comentar a não ser que o trabalho do agricultor. Vemos como se reduz a semear e ceifar. A terra e a semente fazem o resto.
E dizia: a que compararíamos o Reino do Deus , ou em que parábola o assemelharíamos? Parece que Jesus medita antes de afirmar ou escolhe uma comparação apropriada.
Seu estilo é de chamar a atenção dos ouvintes, um simples recurso oratório que indica por outra parte uma memória viva dos ouvintes e não uma posterior reconstrução. É possível que estas palavras formem parte do método de ensino de Jesus.
Como com a semente da mostarda, a qual quando sendo semeada na  terra é a menor de todas as sementes sobre a terra. A mostarda é uma planta da família da couve ou repolho, de grandes folhas, flores amarelas e pequenas sementes, que tem duas espécies principais: branca e preta. A branca chega até atingir 1,2 m de altura e a preta pode chegar até 3m e 4 m de altura. A negra é comum nas margens do lago de Tiberíades e seu tronco se torna lenhoso. Por isso os árabes falam de árvores de mostarda. Esta variedade so cresce ao longo do lago e nas margens do Jordão. Os pintassilgos, gulosos de suas sementes chegam em bandos para pousar nos seus galhos e comer os grãos. As sementes não são as menores entre as conhecidas, mas parece que eram modelo, na época, de coisas insignificantes.
A mais comum é a branca não tão ardente como a preta, precisamente por sua maior facilidade em recolher os frutos. E quando está semeada surge e se torna maior do que todas as hortaliças e produz galhos grandes de modo que podem, sob sua sombra, as aves do céu habitar . Temos visto como chegam até 3 ou 4 m de altura, suficientes para aninhar os pássaros em seus galhos.
E com muitas parábolas semelhantes falava a eles a palavra do modo que podiam ouvir . Temos aqui uma discriminação feita sem saber a razão de por que foi escolhida por Jesus.
Os discípulos tinham ocasião de saber o significado verdadeiro das comparações, por vezes não muito claras para o ouvinte geral. O caso mais evidente é o do semeador e os diversos terrenos em que a semente cai.
O público em geral podia ficar com a idéia de que a semente da palavra era recebida de formas mui diversas pelos ouvintes, mas a razão destas diferenças só era explicada aos que, interessados, perguntaram junto aos doze pela explicação da mesma (Mc 4, 13-20).
O encontro com a palavra é um dom de Deus, mas a resposta à mesma depende da vontade e do interesse de cada um. A explicação correspondente sempre a receberá quem esteja interessado em saber a verdade.
Na primeira destas parábolas do dia de hoje temos a exposição de como o Reino se expande com uma força que não depende dos homens mas do próprio Deus. Poderíamos dizer que descreve a força interna do Reino.
Na segunda parábola encontramos a visão externa do Reino. Seu crescimento seria espetacular desde um pequeno grupo insignificante como é a semente da mostarda que se parece com a cabeça de um alfinete, até uma árvore que nada tem a invejar os carrascos da Palestina.
Uma certeza é evidente: o Reino é uma realidade que não se pode ignorar. Em que consiste? Jesus não revela sua essência, mas devido ao nome estamos inclinados a afirmar que o Reino como nova instituição é uma irrupção da presença de Deus na História humana, que seria uma revolução e uma conquista, não violenta mas interior do homem, e que deveria mudar a religião em primeiro lugar e as relações sociais em segundo termo.
Numa época em que revoluções externas e lutas pelo poder estavam unidas a uma teocracia religiosa era perigoso anunciar a natureza verdadeira do Reino. Daí que só as externas qualidades do Reino tenham sido descritas e de modo a não levantar reações violentas. O reino sofrerá violências mas não será o violentador (Mt 11, 12).
Se quisermos apurar as coisas, poderíamos atribuir ao Reino uma universalidade que não tinha a Antiga aliança. Mas isto é esticar as coisas além do estado natural das coisas e da narração de hoje no evangelho de Marcos.
Reflexão Apostólica:
As duas parábolas do evangelho de hoje são estímulo e fortalecimento da esperança nas comunidades. O lavrador aplica-se com esforço à semeadura e ao cultivo de sua plantação. Porém, a vida que se desenvolve a partir da semente é obra de Deus. E uma insignificante semente já tem certa grandiosidade, revelada com o tempo.
Os sistemas opressores defendem o progresso que os beneficia, mas sacrifica o povo e a natureza. Contudo, estas parábolas das sementes revelam o projeto do Reino de Deus de resgatar a vida sobre a terra.
Tal projeto parece frágil diante dos poderes deste mundo. Todavia, seu desabrochar e crescimento, como obras de Deus, não serão tolhidos por ninguém. O Reino de Deus é o banquete da celebração da vida plena para todos, a qual se vai manifestando até atingir a plenitude.
As religiões querem se sentir com todo poder e auto-suficientes, crendo que a tarefa da salvação está nelas e, pior ainda, afirmam que fora delas não há salvação. Mas Deus age com outros parâmetros. O que nos recorda a parábola de hoje é que as plantas crescem pela força da terra e não pelo poder do semeador. Esta grande comparação é aplicada por Jesus ao Reino.

Quer dizer, o Reino é obra de Deus. Para conseguir entender esta grande lição que sai da alma de Jesus, primeiro temos que perceber que Deus, ao assumir a dimensão humana, não tem medo de impulsionar, desde esta dimensão, sua grande obra de divinização da humanidade. O evangelho deixa claro que, é Deus e não os instrumentos de nenhuma instituição, quem torna possível que o Reino cresça.

Da pequenez, Deus faz que uma realidade tão majestosa como o Reino aconteça. O Reino é a simplicidade, a humildade, o resgate do irmão, a inclusão dos que são diferentes, a dignificação do pobre. Por isso o Evangelho o expressa com o símbolo do grão de mostarda. A Igreja será cada vez mais parecida ao Reino se nos voltarmos às pequenas comunidades, sementes de uma nova maneira de ser Igreja e de ser cristão.

O reino de Deus é como uma semente que é lançada no nosso coração por meio da mensagem que Jesus Cristo veio nos trazer. Quando nós acolhemos a Palavra de Deus com a consciência de que é Ele próprio quem nos fala e nos oferece salvação e conversão, começa a acontecer em nós o processo de germinação e fecundação do reino de Deus, uma vida nova que iremos oferecer ao mundo.
É Deus quem no nosso próprio coração vai fazendo brotar a Sua mentalidade sem que nem nós mesmos percebamos. A cada dia, mais e mais nós vamos ficando plenos do Espírito Santo, que opera em nós e, por isso, os nossos valores vão mudando, as nossas concepções, nossos pensamentos e as nossas ações vão se afeiçoando aos ensinamentos de Jesus.
Isto significa que o reino de Deus cresce dentro de nós de mansinho, silenciosamente, de tal maneira que um dia nós estamos tão cheios de alegria, paz e felicidade que não dá mais para conter, por isso, é imperioso que o levemos ao mundo às outras pessoas que ainda não tiveram a mesma experiência. É o momento da colheita!
O reino de Deus também se manifesta em nós quando, mesmo que ainda nem entendamos a Sua Palavra, nós experimentamos apenas uma gotinha do Seu amor e da Sua misericórdia.
Às vezes, em momentos de sofrimento, de dificuldades, de provação, o terreno do nosso coração fica mais acessível para acolher o amor de Deus. E, assim acontece como a semente de mostarda que é a menor de todas, mas é capaz de crescer tornar-se uma grande árvore e abrigar os pássaros do céu.
Quando a terra do nosso coração acolhe a semente da Palavra e do Amor de Deus e nós a deixamos germinar nós teremos como conseqüência, uma vida frutuosa, plena de abundante utilidade.
Mesmo que tenhamos pouca fé, Deus vai realizando em nós o grande milagre do amor. E ninguém que haja sido tocado pelo Amor de Deus, poderá ficar estagnado, infeliz e descrente.
A Palavra de Deus nos fará ser árvore que dá abrigo a muitas pessoas e a nossa luz brilhará nas trevas do mundo. Assim nós haveremos de sair semeando a semente do amor por onde passarmos. 
Você tem notado o crescimento do reino de Deus em você? Quais as mudanças que aconteceram em você? Você se sente mais feliz, hoje do que antes? Você já está sendo árvore que dá sombra? Você se sente amado (a) por Deus?

Propósito:
Pai, dá-me sensibilidade para perceber teu Reino acontecendo no meio de nós, aí onde lutamos para a construção de uma sociedade mais humana e fraterna.

EVANGELHO DO DIA 28 DE JANEIRO QUINTA FEIRA

EVANGELHO DO DIA 28 DE JANEIRO QUINTA FEIRA
28 - Um sacerdote, segundo o espírito de Jesus Cristo, deve estar munido de grande doutrina e esta doutrina deve comunicá-la aos povos. (L 25).São Jose Marello

Marcos 4,21-25
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 21“Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a põe num candeeiro? 22Assim, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça”. 24Jesus dizia ainda: “Pres­tai atenção no que ouvis: com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos; e vos será dado ainda mais. 25Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem”. 
Meditação:  
O povo de Israel também teve essa vocação de iluminar o mundo inteiro, mas os interesses mesquinhos e o fanatismo fizeram com que se extinguisse a chama da humanidade nova, em torno do Deus libertador e humanizador. Por isso Jesus assume o compromisso de convidar seus discípulos e discípulas a tomar a chama que Israel não manteve acesa e reiniciar um processo novo de iluminação de toda a humanidade.

Nessa linha evangélica, a tarefa de todo cristão é fazer com que a luz de Cristo que emana, que inclui, que redime, que humaniza, que valoriza e respeita toda diferença, que faz possível a justiça, os direitos dos povos e salvaguarda a criação, chegue a todos os rincões do mundo e se possa conseguir a grande civilização do amor. Esta é uma grande responsabilidade que todo crente em Jesus tem ante a história. Ser luz!

A pessoa que recebeu a Palavra de Deus de bom grado em seu coração há de frutificar grandemente, de maneira que todos possam ver os seus frutos. Daí a parábola da candeia, que revela a posição que ocupará no reino espiritual aquele que se deixou transformar completamente pela semente da Palavra.
Marcos apresenta alguns ditos de Jesus que são encontrados, dispersos, em Mateus e Lucas. O dito a respeito da lâmpada sobre o candelabro é encontrado no evangelho de Mateus, introduzido pela proclamação: “Vós sois a luz do mundo!” no início do Sermão da Montanha.

Assim, o testemunho dos discípulos deve ser uma luz para o mundo. No ensinamento de Jesus, não há nenhuma falsidade oculta, como na doutrina dos fariseus, nem ensinamento reservado a grupos elitizados, como no gnosticismo.

“E disse-lhes: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? Não vem antes para se colocar no velador?” (Mc 4,21)
O candelabro era a lâmpada dos tempos de Jesus. Na parábola, a candeia significa a luz de Deus que brilha através de alguém que realmente teve uma experiência pessoal com Jesus. Sua vida vai manifestar um brilho especial como que dizendo ao mundo que se achou o caminho da paz, da alegria, da fé, que as pessoas tanto procuram.

O papel da Palavra de Deus no coração do homem é justamente este, o de tirar o homem das trevas do ódio e da amargura, e coloca-lo na luz do amor de Deus.

Uma vez que o indivíduo teve essa experiência e vai crescendo mais e mais no conhecimento de Deus, a luz de Cristo no seu interior vai brilhar cada vez mais intensamente a fim de se manifestar aos homens que ainda vivem nas trevas (Jo 1,4-5; I Jo 1,5-7)

“E disse-lhes: Vem porventura o candelabro para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? Não vem antes para se colocar no velador?” (Mc 4,21)
O texto diz que a lamparina não vem para ser deixada num lugar qualquer da casa, mas sim no velador que sempre era posicionado em lugares altos de onde podia iluminar toda a casa.

Jesus está dizendo que aquele que teve uma experiência genuína com Deus e que está crescendo em maturidade através da semente plantada em seu coração, certamente será posicionado em lugares cada vez mais estratégicos no reino espiritual de maneira que possa abençoar as pessoas de forma mais eficaz.

Quem nos posiciona em lugares altos é o Senhor nosso Deus. Ele conhece o nosso coração e sabe se de fato temos frutificado e sido abençoadores de outras vidas. Aquele que é fiel no pouco sobre o muito será colocado (Mt 25,23).

“Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto” (Mc 4,22). Jesus disse que nada está encoberto senão para vir à luz.

Ele está querendo dizer que assim como uma semente plantada na terra permanece oculta por um certo tempo, vindo depois à luz, da mesma forma, toda semente divina plantada no coração do homem, tende a manifestar-se no seu devido tempo, revelando sua espécie.

Aquele que tem recebido pela fé a Palavra de Deus em seu coração, mais cedo ou mais tarde, terá a alegria de ver esta Palavra manifestada aos homens, pelas novas atitudes e obras praticadas. A luz de Deus deixará de estar no oculto do coração, para ser algo notório a todos os homens (Gl 5,22-23)
“Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” - Marcos 4,23. Os versículos seguintes aos mencionados acima mostram que, para que a luz venha a de fato manifestar-se, é necessário que o homem, canal da luz, seja um bom ouvinte da Palavra. Os versículos 23 e 24 dizem: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Também lhes disse: Atendei ao que ouvis”.

Os ouvidos precisam atentar a toda palavra que sai da boca de Deus, porque destas viverá o homem (Dt 8,3 b). O solo que frutificou na parábola do semeador foi aquele que, antes de tudo, ouviu a Palavra e a recebeu, e só então pôde dar o fruto esperado. Antes da frutificação vem o receber, e antes do receber vem o ouvir.

A pergunta que queremos deixar aqui é sobre como temos ouvido a Palavra. Não o ouvir com os ouvidos naturais, mas com os ouvidos do coração. Porque toda frutificação depende de ouvidos sensíveis e receptivos ao que Deus está falando.

 “E disse-lhes: Atendei ao que ides ouvir. Com a medida com que medirdes vos medirão a vós, e ser-vos-á ainda acrescentada a vós que ouvis.” (Mc 4,24-25)

Quem ouve as palavras de Jesus e as acolhe não condena, mas pratica a misericórdia. Quem faz um julgamento usando a misericórdia como medida alcançará, por sua vez, misericórdia em abundância.

A sentença final pode ser um provérbio popular da Antigüidade, que interpreta as relações socioeconômicas daquelas sociedades, no mundo grego-romano e oriental.

O rico acumula cada vez mais riquezas, à custa dos pobres, cada vez mais empobrecidos. Com certo constrangimento, seria aplicado na perspectiva da fé. Quem tem a fé vai se fortalecendo cada vez mais, enquanto aquele que não a tem, vai se debilitando.
Com que intensidade nós queremos ver a manifestação do brilho de Deus em nossas vidas? Qual o posicionamento no reino espiritual que esperamos da parte de Deus? 

Todas estas questões dependem de como nos debruçamos de coração ao que estamos a ouvir da parte de Deus. A medida de unção, revelação e autoridade espiritual dependem de uma atitude cada vez mais positiva em relação à Palavra de Deus a nós ministrada. Se a desprezarmos ela não terá proveito para nós; mas se a valorizarmos, Deus nos acrescentará mais e mais de tudo o que ela oferece (Jr 29,13; 33,3).

Que toda transformação do nosso coração, operada por Deus e por Sua Palavra, possa resultar na iluminação de milhares de pessoas.
Reflexão Apostólica:

A luz é o símbolo mais apropriado para falar da finalidade do anúncio da Boa Nova e do que deve ser a comunidade cristã no mundo. A Boa Nova é como uma lâmpada que deve ser posta em um lugar apropriado para que toda a “casa” (a criação, a comunidade) fique iluminada e possa ver com clareza o mistério de Deus revelado em Jesus e possa perceber suficientemente os perigos, as ausências de luz.

É necessário anunciar a Boa Nova da salvação a toda humanidade, para que seja escutada e vivida, celebrada e compartilhada. Ela não pode ser ocultada, pois ela revela o destino final da pessoa: viver plena e dignamente. Quem é partícipe dessa Boa Nova deve adquirir o compromisso de vivê-la e comunicá-la; do contrário, essa luz, igual à semente em terreno pedregoso, se desvanecerá e morrerá.

Em Marcos não encontramos longas falas de Jesus como, por exemplo, nos evangelhos de Mateus e, principalmente, de João. Contudo, Marcos reúne (Mc 4,1-34) uma coletânea de parábolas e sentenças em formato de um discurso de Jesus, articuladas entre si e inseridas no contexto de formação dos discípulos, na perspectiva de esclarecimentos sobre o Reino e a missão. A lâmpada vem para iluminar, não para ficar escondida: a palavra vem para ser divulgada e testemunhada.

A lâmpada é a palavra que revela e desmascara a ideologia e as práticas escusas dos dirigentes de Jerusalém e das sinagogas. Ouvir é acolher a Palavra e pô-la em prática. Quem ouve as palavras de Jesus e as acolhe, não condena, mas pratica a misericórdia.

Quem faz um julgamento usando a misericórdia como medida alcançará, por sua vez, misericórdia em abundância. A alusão ao "ter" e "não ter" é um dito realista da sociedade injusta que exclui cada vez mais os pobres. Com certo constrangimento, aplica-se à disposição de acolhida a Palavra (a este "será dado"), questionando o Judaísmo que se fechou (a este "será tirado").

O evangelho de hoje expressa que a melhor maneira de manter acesa a lâmpada da Boa Nova, da presença salvifica de Deus no meio da comunidade, é através de uma entrega sem medida aos demais; deve-se imitar Deus que se entrega por inteiro, oferecer-se todo para salvar as pessoas da escuridão.

As nossas ações devem ser produtos dos nossos pensamentos e também dos nossos sentimentos. Nesta leitura Jesus nos exorta para que elas sejam como lâmpadas acesas colocadas em lugar alto a fim de que todas as pessoas que as vejam sejam iluminadas, isto é, tenham conhecimento. Portanto, as nossas ações devem revelar o que nós cultivamos dentro de nós mesmos (as).

Se, cultivamos em nós bons pensamentos e regamos os nossos bons sentimentos nós poderemos também realizar boas obras as quais são como lâmpadas acesas que podem ser vistas por todas as pessoas.

Quando nós falseamos, quando nós blefamos e escondemos as nossas reais intenções nós também somos capazes de praticar ações duvidosas que por mais que aparentem bondade, são, no entanto, arapucas que nós armamos para que outros caiam.

Aí, nós revelamos, apenas escuridão. Jesus continua nos advertindo em relação às nossas ações e, agora também, quanto aos nossos julgamentos quando diz: “com a mesma medida com que medirdes também vós sereis medidos”.

Muitas vezes nós usamos critérios muito exigentes para com os nossos irmãos e irmãs e não nos apercebemos de que com o mesmo rigor nós também seremos julgados (as), e… por nós mesmos (as)!

A medida, então, é a que nós usamos, isto é, a nossa medida. Existe um ditado popular que expressa muito bem o que o Senhor nos fala: “quem disto usa, disto cuida”.

Portanto, que nós tenhamos cuidado de purificar os nossos pensamentos e sentimentos a fim de que possamos atuar com sinceridade e com transparência irradiando ao mundo a Luz que vem do Senhor. E que as nossas ações e os nossos julgamentos para com os nossos irmãos (ãs) sejam feitos com uma medida ajustada à nossa própria fraqueza, portanto, cheios de misericórdia e compaixão. 

Você é uma pessoa transparente e sincera? As suas ações acompanham os seus sentimentos e pensamentos ou você consegue camuflá-las? Você é muito rigoroso (a) com os erros das pessoas? E com os seus? Você é uma pessoa que se impacienta por qualquer coisa? Qual é a sua medida?

Propósito:

Pai, ensina-me a ser benevolente com quem deve ser evangelizado por mim, para que, no final de minha missão, eu possa também experimentar a tua benevolência.

Evangelho do dia 27 de janeiro quarta feira

EVANGELHO DO DIA 27 DE JANEIRO QUARTA FEIRA
27 janeiro - O demônio cumpre o seu dever quando nos tenta, e nós, o nosso, quando recorremos a Deus.(S 172).São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 4,1-20
Naquele tempo, Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galiléia. Uma multidão muito grande se reuniu em volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a multidão permanecia junto às margens, na praia. Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em seu ensinamento, dizia-lhes:  ‘Escutai! O semeador saiu a semear.  Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram os pássaros e a comeram.  Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda,  mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não tinha raiz, secou.  Outra parte caiu no meio dos espinhos; os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto. Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um’.  E Jesus dizia: ‘Quem tem ouvidos para ouvir, ouça’.  Quando ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas.  Jesus lhes disse: ‘A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas,  para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados’. E lhes disse: ‘Vós não compreendeis esta parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas?  O semeador semeia a Palavra.  Os que estão na beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e tira a Palavra que neles foi semeada.  Do mesmo modo, os que receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e logo a recebem com alegria,  mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra, logo desistem. Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra;  mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela não produz fruto.  Por fim, aqueles que recebem a semente em terreno bom são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um’.

Meditação:
Apresentam-se aqui ao leitor três problemas: o significado da parábola tal qual saiu dos lábios de Jesus; a importância que Marcos lhe atribui ao incluí-la neste lugar de seu evangelho e a explicação que lhe deu a Igreja primitiva.
A parábola se interessa antes de tudo pela sorte da semente caída em quatro terrenos diferentes. As cenas estão dispostas de maneira progressiva e otimista, para desembocar num rendimento extraordinário da semente.
A colheita, imagem dos últimos tempos, é tradicional em Israel; a novidade radica na insistência em torno à laboriosa sementeira que serve de preparação.
A explicação adquire assim um sentido alegórico: cada cena da parábola representa concretamente um tipo de conversão: não é já tanto a semente que conta, mas a forma como é acolhida. Jesus era otimista a respeito do sentido de sua missão; a Igreja primitiva parece um pouco mais tensa e preocupada. A nossa deve considerar quanta semente morre desperdiçada.
Quantas vezes em nossa vida de cristãos escutamos a parábola do semeador e sua explicação alegórica, posta pelos primeiros cristãos na boca de Jesus?
Até sabemos de memória: “saiu o semeador a semear...”. Mas não se trata somente de conhecê-la e apreciá-la como uma bela peça literária de nossos evangelhos. Trata-se de que sejamos, no fundo de nosso coração, e com todas nossas forças e possibilidades, terra boa e fecunda, onde a Palavra de Deus germine e cresça até dar frutos abundantes de vida, perdão, generosidade, acolhida, empenho transformador, a favor de nossos irmãos e irmãs. 

Não podemos permitir que a Palavra de Cristo semeada em nossos corações seja arrebatada pelos pássaros, os demônios do desinteresse, as ambições, o aproveitamento dos demais, a dureza de coração frente à dor dos mais pobres, o orgulho de nos crermos superiores, de querer mandar e de nos sobrepormos a todos.
Devemos limpar a erva daninha de nosso coração, de nosso espírito, de todos esses pedregulhos da inconstância que não permitem que a Palavra lance raízes profundas. Quantas promessas fazemos! Quantos propósitos que não cumprimos! E o que dizer dos espinhos que sufocam em nós a Palavra libertadora que vem até nós? Neste tempo de consumismo, de prazeres completamente superficiais e passageiros, como desperdiçamos aquilo que faria falta a tantos para poder sobreviver. 

Por outra parte, não nos propusemos a seguir a Jesus, ser seus discípulos e discípulas, indo atrás d’Ele, semeando a Palavra e proclamando-a aos quatro ventos, levando-a a tantos que ainda não a escutaram porque não há quem a proclame? Não nos propusemos a preparar o terreno onde cresça a Palavra, lutando pela liberdade, a justiça, o direito, a dignidade de nossos irmãos e irmãs? São milhões e milhões que não escutavam a Palavra porque o Diabo da cobiça, do mercado global, da riqueza acumulada em poucas mãos, os converteu em terra de passagem, caminhos que todo mundo pisa, em campos de pedra, fome, ignorância, enfermidade e morte.
A parábola do semeador deve ser entendida na dinâmica através da qual o evangelista Marcos vem apresentando o ministério de Jesus. Seu ministério esteve repleto de problemas e de dificuldades.
Primeiramente foi a prisão de João, depois a acusação de blasfêmia, a seguir o complô dos herodianos para matá-lo, posteriormente a estigmatização demoníaca que dele fizeram os escribas espias de Jerusalém; finalmente, a incompreensão de sua mãe e de seus irmãos. Jesus se encontrava ameaçado por todos os lados.
Todos, de uma ou de outra forma, queriam se intrometer com Jesus e com sua obra. O povo simples queria receber dele algum tipo de favor, os governantes queriam prendê-lo, sua família queria amarrá-lo. Frente a uma realidade tão hostil, Jesus devia tomar as precauções necessárias para poder continuar com a empresa do Reinado de Deus.
Jesus utiliza as parábolas para que nem todos pudessem entender sua mensagem e assim poder cuidar-se dos ataques de tantos que queriam vê-lo definitivamente acabado.
A parábola do semeador é uma impressionante confissão do coração dolorido de Jesus. Querer instaurar o Reinado de Deus no próprio coração e na sociedade era um caminho doloroso, cheio de fracassos. Deveria semear muito e fracassar muito, para poder colher alguma coisa.
Era difícil perseverar e manter-se de pé num trabalho onde a condição normal era ter que perder, uma e outra vez, a fim de conseguir alguma coisa. O lavrador descrito por Jesus na parábola tinha seu olhar voltado para o objetivo da boa colheita, com a qual media o seu trabalho. O olhar voltado para a qualidade desta colheita, lhe permitia sobreviver moralmente perante o ruidoso fracasso do resto.
Aqui se confrontavam duas mentalidades: a que apoiava e buscava o quantitativo, sinal de poder, e a que apoiava e valorizava o qualitativo, que ordinariamente carece de poder. Este será sempre o desafio do anúncio da Boa Nova, desafio pelo qual Jesus passou e é o desafio pelo qual deve passar a Igreja.
Será que estamos buscando com nosso trabalho apostólico meros resultados quantitativos, ou antes, estamos trabalhando para que o povo acompanhado por nós consiga dar passos qualitativos e empreender processos coerentes na vida do Reino?
Reflexão Apostólica
O evangelho de Marcos, nos diz que apesar dos obstáculos, o semeador realiza seu trabalho, confiando na colheita que vai ter. Jesus também> apesar de todas as reações, obstáculos e incompreensões, sua missão chegará ao fim e será bem sucedida.
As parábolas são histórias que ajudam a ler e compreender toda a missão de Jesus. Mas é preciso “estar dentro”, isto é, seguir a Jesus, para perceber que o Reino de Deus está se aproximando através de sua ação. Os que não seguem a Jesus ficam “por fora”, e nada podem compreender.
A explicação da parábola focaliza os vários terrenos, mostrando o efeito que a missão de Jesus(contada pela palavra do evangelho)tem sobre os ouvintes ou leitores. Cada pessoa vê e entende a partir do lugar que ocupa na sociedade e das dificuldades que encontra para se comprometer com Jesus e para continuar a ação dele.
Jesus apresenta etapas que podem ser benéficas ou maléficas para uma boa semeadura. Um bom conhecedor do assunto demonstrará que quando uma semente cai no caminho sem uma estrutura esta sujeito a qualquer animal, como o passarinho, galinha.
Quando a semente cai em solo rochoso, o passarinho não tem como comer, a semente chega a brotar, mas entre as rochas tem pouca terra, não dando sustentação para continua a crescer e com o tempo morre. Mas quando cai em terra profunda, fértil a semente dente a seguir o seu curso natural.
O que podemos aprende com esta maravilhosa mensagem no contexto familiar. É o amor. Ou plantamos amor ou plantamos espinhos. A semente é o amor e terra é o coração. Quando a sua semente é rude, mesmo que tenha uma terra boa, ela dará uma planta sem frutos, mato, uma planta sem utilidade para comer e alimentar-se. Mas quando a semente é o amor e esta terra que já está machucada pela dureza da vida, pela escassez da água e da terra farta, levará um tempo para se descobrir o lugar adequado para este plantio.
Demonstra que a família precisa ser tratada com cuidado e zelo. Sabendo escolher as palavras certas nas horas certa ou erradas. Tratarmos uns aos outros no amor de Cristo e com paciência quando o outro não entende a sua mensagem. Não pagar o mal com o mal, mas pagar o mal com o bem. A tolerância e a paciência em esperar o fruto maduro é uma atitude que devemos buscar ter no estilo de vida. Se Jesus tem misericórdia de nós, porque não emita-lo tendo misericórdia daqueles que são rudes, impacientes, ignorantes, drogados, viciados, pecadores e, principalmente, os pequeninos e os jovens (que vivem dizendo que sabem tudo).
O papel da família é buscar a universalidade e a unidade. Compreender que podemos ter o direito, como seres pecadores e humanos, “vacilar”, como dizem os jovens. E o meio para alcançar os frutos gostosos e maduros, que vão produzir trinta, sessenta e cem por um, é começar a mudar as nossas atitudes e repensar o nosso caráter de cidadãos do reino de Deus. Com certeza com uma mudança em Cristo poderemos ampliar esta semeadura para a nossa parentela, vizinhança, colegas de trabalho. Contagiar o mundo com o amor de Cristo que brilha em cada um de nós.
Propósito:

Senhor, que a medida do meu amor seja amar sem medida. Como Tu!

domingo, 24 de janeiro de 2016

Evangelho do dia 26 de janeiro terça feira

EVANGELHO DO DIA 26 DE JANEIRO TERÇA FEIRA
26 JANEIRO - Quanto tempo perdido; quantas preocupações inúteis; quanto amor próprio; quão pouco desapego das coisas que não são de Deus; quão escasso abandono no Senhor; quão pouco esforço de conformação à vontade divina; que perigosa falta de fidelidade às
práticas espirituais; quanta negligência, quanto espírito interesseiro, quanta leviandade,quanta desordem de afetos!...Recomecemos, recomecemos de verdade! (L 23).São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 10,1-9

"Depois disso o Senhor escolheu mais setenta e dois dos seus seguidores e os enviou de dois em dois a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir. Antes de os enviar, ele disse:
- A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita. Vão! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos. Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias. E não parem no caminho para cumprimentar ninguém. Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: "Que a paz esteja nesta casa!" Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação. Fiquem na mesma casa e comam e bebam o que lhes oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de uma casa para outra.
- Quando entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam a comida que derem a vocês. Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: "O Reino de Deus chegou até vocês."
"

Meditação:

No ministério de Jesus a fase da ampliação da missão inicia-se com o envio dos Doze, registrada nos três sinóticos. Lucas é o único a mencionar, também, um envio dos "setenta e dois", em território gentílico, na Samaria, por ocasião da caminhada de Jesus e seus discípulos em direção a Jerusalém. Caracteriza-se, assim, a dimensão universal da missão.

Em Lucas 9,1-6 encontramos o envio dos doze apóstolos. Mas, estes, apesar de formarem o núcleo da jovem Igreja, não foram mandados como precursores de Jesus, já que não tinham ainda identificado como Messias aquele que os enviara como se pode ver em no versículo 20 do mesmo capítulo.

Agora, Lucas narra que Jesus envia um novo grupo: o dos setenta e dois discípulos; estes, sim, são enviados “na frente” de Jesus. Sua missão específica é: Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: O Reino de Deus chegou até vocês. Portanto, são enviados como precursores, como preparadores da chegada do reino de Deus que eles anunciam na pessoa de Jesus.

Lucas nos apresenta 72 discípulos enviados. Este número é simbólico e indica a universalidade da missão. Todo o povo de Deus está chamado a se lançar na missão de anunciar a Boa do Reino. Esta missão, não é uma tarefa somente do papa, de bispos, sacerdotes e diáconos. Mas sim, uma obra de todos os batizados. Portanto, a missão é universal desde a sua origem e compreende todos.

As instruções para os dois grupos de missionários são praticamente as mesmas. O texto especifica que Jesus envia “dois a dois”, pois o anúncio do Evangelho não é uma tarefa pessoal, mas de uma comunidade. O fato de serem enviados pelos menos dois também quer mostrar a credibilidade do testemunho, além do fato do encorajamento que um pode dar ao outro no caso de desânimo diante das dificuldades.

Em seguida, Jesus, depois de ter falado em semente e em arado, fala agora de colheita. Esta é imensa, mas os trabalhadores disponíveis são poucos. E a situação é a mesma, ontem e hoje. É um trabalho gigantesco, e nunca haverá trabalhadores suficientes; só o Pai pode chamá-los e enviá-los, por isso, é necessário rezar a Ele, pedindo que chame mais pessoas. É justamente por causa da extensão da missão que Jesus chama mais este grupo de ajudantes, e, mesmo assim, são poucos diante da imensidão da missão que ele tem pela frente e da qual nos torna participantes.

Jesus faz o envio: “Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos”. É a imagem clássica da fraqueza diante da violência. A missão é uma obra difícil e perigosa. Aqueles que ele enviou devem cumprir fielmente o seu trabalho, mas não devem exigir demasiado de si mesmos nem entrar em pânico diante da grandeza da missão. Devem, sim, ter consciência que não será uma tarefa fácil e que nem sempre serão recebidos de braços abertos. Devem fazer sua parte com competência e perseverança, pois, em último caso, a responsabilidade é de Deus, e Ele não vai deixar cair em ruínas a sua messe, mandando trabalhadores necessários para isto.

A mensagem a ser levada é o dom da paz, no sentido mais completo, para as pessoas e às famílias, e, sobretudo, a mensagem de que é “o Reino de Deus está próximo de vós”. O reino de Deus é antes de tudo uma pessoa: Jesus. Quem o acolhe encontra a vida, a alegria, a missão de anunciá-lo.

O gesto de bater, sacudir a poeira dos pés, era um gesto simbólico dos israelitas que, ao ingressar de novo no próprio país, depois de terem estado em terra pagã, não queriam ter nada em comum com o modo de vida dos pagãos. Libertar-se da poeira que se grudou aos pés enquanto estavam em território pagão significava ruptura total com aquele sistema de vida. Fazendo isso, os discípulos transferem toda responsabilidade pela rejeição da Palavra àqueles que os acolheram mal e rejeitaram o anúncio do evangelho. E a paz oferecida não se perde, mas volta a quem oferece.

O estilo da missão de Jesus e dos discípulos é o oposto daquele dos poderosos que o mundo de hoje idolatra. Não se baseia sobre a vontade de dominar, a arrogância ou a ambição, mas sobre a proposta humilde.

Os enviados não devem levar nada de material, mas devem contar com a providência divina e com a hospitalidade fortemente praticada naquela época; eles devem ser respeitosos, atentos aos mais fracos; devem curar os doentes; devem fazê-lo gratuitamente sem buscar outras recompensas.

O Evangelho de Jesus é uma mensagem de vida verdadeira para quem confia somente em Deus. A fé e a missão começam no coração e devem terminar nos lábios e nas ações.

Não podemos deixar que o receio atrapalhe a nossa missão cristã de anunciar o Reino de Deus que está presente entre nós.

Reflexão Apostólica
O texto reflete um empenho missionário no tempo das comunidades de Lucas, como uma campanha vocacional, em busca de "trabalhadores para a colheita".

Jesus, neste trecho do evangelho de Lucas, nos ensina que é preciso muito cuidado, muita fé e preparo, treinamento e conhecimento dos seus ensinamentos e, muita vivência, para difundirmos o seu Reino. Assim é, que depois de falar muito com os seus discípulos; de conviver no dia-a-dia deles, falando, ensinando e esclarecendo o por quê de cada coisa, vê chegada a hora de uma propagação maciça da sua palavra, agora através dos seus seguidores. Escolheu 72 para saírem em Missão, levando a todos tudo o que viram e ouviram d’Ele. Foi um momento único para aqueles homens, que há alguns tempos atrás nada conheciam a respeito do que  iriam levar : “o anúncio da Palavra de Deus, sobre o seu Reino aqui na Terra.”

Hoje, ainda, vivemos esses momentos, quando nos dispomos a aceitar uma convocação de tamanha envergadura, proposta pelo Senhor Jesus, que nos escolhe, nos capacita e nos inspira, através do Espírito Santo , a que vivamos os seus ensinamentos na vida e, por livre escolha e, por questão de preferência, decidamos a arregaçar as mangas neste mundo massificado,  atribulado, cheio das coisas inventadas pelos homens; muitas maravilhosas mas, também, muitas que desencaminham as pessoas dos caminhos de Jesus e, passam a viver de maneira pagã e sem limites. Sem coerências para consigo próprios e, muito menos, com aqueles que procuram caminhar para uma vida de felicidade verdadeira, aquela que um dia, nos levará de volta a casa do Pai, conforme as suas promessas.

Por isso é necessário que todos os que vivem pelas palavras de Jesus, sigam com firmeza, com a fé verdadeira que realiza prodígios, através do Espírito Santo que Ele nos deixou, como defensor e advogado dos que procuram vivenciar os seus ensinamentos.

Urge, que todos os que crêem  tenham a coragem necessária para viver e pregar os evangelhos com seus exemplos, com a sua vida, a todos  e em todos os lugares em que estiverem, como Jesus disse aos discípulos naquele dia do Envio: “Ide por toda a parte e preguem o que vos tenho ensinado a todas as pessoas; aquelas que crerem e forem batizadas estarão salvas. Curem os enfermos e levem a paz aos que a quiserem e, digam-lhes que o Reino de Deus está próximo”.

O mundo está cheio de muitas coisas que afastam as pessoas de Deus. O dinheiro, o consumismo irrefreado, a ganância, a inveja, a ânsia do poder e do Ter, passaram a ser consideradas as principais, numa total inversão de valores, trocando a ordem dos ensinamentos e dos Planos de Deus para nós.

Por isso, a felicidade parece tão ausente na vida de muita gente que, usando a liberdade que Deus lhes deu, destruindo a própria vida; sentem consumir-se em meio ao tempo, sem coragem de optar pelo Grande Amor de Deus, tão apegados vivem às coisas materiais.

A felicidade para ser sentida e vivida, ela tem que ser cultivada e adubada com a vida em Deus, que é infinito e, que verdadeiramente ama as suas criaturas.


Propósito: Que a perspectiva de dificuldades a serem encontradas no apostolado não me faça recuar da missão de viver e pregar o evangelho com exemplos e testemunhos de vida, a todos  e em todos os lugares em que estiver.