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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Evangelho do dia 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 24 DE JANEIRO

3º DOMINGO DO TEMPO COMUM

24  janeiro - Uma alma bela como exemplar e, coragem, adiante em suas pegadas, a qualquer custo! (L 31). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas  1,1-4;4,14-21

"Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra.
Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo. Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste.
Naquele tempo, Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito Santo, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam. E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que estava escrito:
'"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor".
Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir".

Meditação:

Este texto relata a primeira experiência da Vida Pública de Jesus, em Lucas. Deu-se na sua terra de criação - Nazaré. A visita de Jesus à sinagoga de Nazaré em Lc 4 pode nos dar um paradigma de ação para a nossa missão, que é a continuidade da missão de Jesus. "Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito"(v.14)

A proclamação em palavra e ação do Reino de Deus nasce do Espírito. Jesus vai à sua cidade natal para explicitar a sua missão. Em nossos termos de hoje, ele vai ao local da reunião da comunidade (sinagoga) para participar do culto semanal. É convidado a fazer a segunda leitura.
 

O culto de então consistia do canto dum salmo, a recitação do Shema Israel e as Dezoito Bênçãos, uma primeira leitura do Torá e uma segunda dos Profetas, uma homilia sobre as leituras, a benção do presidente da assembléia e a benção sacerdotal de Nm 6,24-27. Segundo muitas autoridades, a primeira leitura era prescrita, a segunda à escolha do leitor. Qualquer judeu adulto (masculino) podia tomar a palavra, mas as autoridades sinagogais habitualmente confiavam esta incumbência aos que eram considerados versados nas escrituras.

Assim, Jesus encontrou a passagem de Segundo-Isaías, porque a procurou, não duma maneira aleatória. A citação não é exatamente como está no Antigo Testamento. É uma combinação de Is 61,1-2, e 58.6. Lucas omite 61,1c (sarar os contritos do coração) e 61,2b-3a (o dia de vingança, para consolar os que choram, dar aos de Sião que choram glória em lugar de cinzas), para evitar uma interpretação que pudesse espiritualizar o texto ou focalizar o "verdadeiro Israel", assim facilitando uma visão etnocêntrica. Adiciona 58,6 que vem dum trecho que descreve o verdadeiro jejum desejado por Javé e se refere à libertação dos que são oprimidos por dívidas. Os pobres a que se refere aqui são os economicamente pobres.
 

Nós, cristãos, discípulos de Jesus e continuadores da sua missão no mundo atual, temos aqui os elementos essenciais para a vivência da nossa vocação.
 

A missão cristã, hoje, continuando a missão de Jesus, tem de ser... isso: “continuação da missão de Jesus”, no sentido literal e direto. Ser cristão, com efeito, será “viver e lutar pela Causa de Jesus”, sentir-se chamado a proclamar a Boa Nova da Libertação, entendendo-se em sua literalidade mais material também: a “Boa Nova” tem que ser “boa” e tem que ser “notícia”.

Não se pode substituir semanticamente pelo “catecismo” ou pela “doutrina”. Jesus não veio ensinar “a doutrina”; sua “evangelização” não foi uma catequese eclesiástico-pastoral...
A missão de Jesus não pode pretender ser neutra, “de centro”, “para todos, sem distinção”, não inclinada nem para os ricos nem para os pobres... como pretendem os que confundem a Igreja com uma espécie de antecipação piedosa da Cruz Vermelha. O pior que se poderia dizer do Evangelho é que seja neutro, que não se manifeste, que não opte pelos pobres. A pior ideologia seria a que defende o Evangelho como neutro e indiferente aos problemas humanos, sociais, econômicos e políticos, porque se referiria somente ao “espiritual”.

Pode ser bom recordar uma vez mais: Jesus está longe da beneficência e do assistencialismo... Não se trata de “fazer caridade” aos pobres, mas de inaugurar a nova ordem integral, a única que permite falar de uma libertação real... É importante dar-se conta de que muitas vezes quando se fala da opção “preferencial” pelos pobres se está claramente com uma mentalidade assistencial, muito distanciada do espírito de Lucas 4, 14ss. 
A palavra evangelizadora ou é ativa e concreta na prática da libertação, ou é anti-evangelizadora. A palavra evangelizadora não é palavra de teoria abstrata. É uma palavra que se refere à realidade e a confronta com o projeto de Deus. “Evangelizar é libertar pela palavra” (Nolan). Uma palavra que não entra na história, que não se pronuncia, que se mantém acima dela ou nas nuvens, que não mobiliza, não sacode, não provoca solidariedade (nem suscita inimigos)... não é herdeira da paixão do Filho de Deus.

Que lugar tem a Palavra em nossa vida pessoal, familiar e comunitária? Que efeitos produz a Palavra de Deus em nós e na comunidade? Quais são os serviços mais cobiçados pelos membros das nossas comunidades? É verdade que todos consideram o próprio ministério exclusivamente como um serviço que deve ser prestado aos irmãos, gratuita e desinteressadamente? Há ainda quem pense que o seu ministério lhe confira o direito de sentir-se mais importante do que os outros? Os que exercem o ministério da Palavra estão de fato conscientes de ter uma grave responsabilidade?

Reflexão Apostólica:

Procuremos viver a cena que Lucas nos descreve. Deram-lhe o livro do Profeta Isaías. Abrindo-o, Jesus “encontrou o lugar onde estava escrito: ‘O Espírito do Senhor repousou sobre Mim; pelo que Me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres; Me enviou para anunciar a redenção dos cativos, e a recuperação da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a pregar um ano de graça da parte do Senhor’.” (vv. 17-19)
Não é necessária muita sensibilidade para se perceber que foi criada uma atmosfera de especial bênção, no momento em que Deus feito homem, Jesus, filho de Davi, levantou-se para ler um trecho da Escritura inspirada por Ele mesmo, havia séculos. São Lucas faz notar o ambiente de grande tensão dos ouvintes, à espera do comentário: “Os olhos de todos estavam fixos n’Ele”.

O Evangelista registra apenas uma curta frase desse comentário: “Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura que acabais de ouvir”.
 O Evangelho deste domingo encerra-se com o comentário acima. Mas nos versículos seguintes (22-30) vem narrado o desfecho do episódio. Depois de um surto inicial de admiração, sobreveio a desconfiança (vv. 23-24) e, em seguida, o ódio mortal: “Encheram-se de ira. Levantaram-se, lançaram-nO fora da cidade, e conduziram-nO até ao cume do monte sobre o qual estava edificada a cidade, para O precipitarem”.
Lucas resume num só ato as várias intervenções de Jesus em Nazaré, por razões de síntese e até mesmo pelo empenho de manter a beleza literária de sua obra. Em realidade, houve numa primeira fase muita admiração por Jesus por parte dos habitantes dessa cidade e, provavelmente, um desejo egoísta de tê-lo como subalterno das grandes figuras locais.

A natureza humana concebida no pecado original, se não é fiel à graça de Deus, assim sempre reage. Após o primeiro surto de admiração, vem a comparação; em seguida, a vontade de tirar proveito; logo se levanta a inveja, da qual nascem o ódio e a sanha de destruir.
O mundo hoje também encontra-se numa crise semelhante e, por alguns lados, até pior que a da Antiguidade na qual Jesus iniciou de maneira magistral sua vida pública. Ou Ele liberta os cativos dos horrores do pecado e restitui a vista aos cegos atolados nas paixões e nos vícios, e novamente proclama “um ano de graça da parte do Senhor”, ou teremos chegado ao fim da História.

Ora, Maria afirmou em Fátima: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!” Esse triunfo se dará, e com certeza.
Rezemos para que a inveja, o ódio e a sanha destruidora do mal, por muitos séculos se sintam acanhadas para assim ser durável, quando se estabelecer nesta terra, o Reino de Cristo por meio do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria!

Propósito:

Ó Deus, que em tantos povos e religiões suscitastes desde o princípio dos tempos, por obra de vosso Espírito, homens e mulheres capazes de intuir vosso amor libertador pelos pobres, e que em Jesus nos destes o modelo perfeito; fazei, vos pedimos, que também nós “hoje”, em nosso dia a dia, cumpramos o sonho dos profetas, sentindo-nos enviados a anunciar a Boa Nova aos pobres e a todos os que necessitam se converter aos pobres.


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