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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Evangelho 1 de maio quinta feira - SÃO JOSÉ OPERÁRIO

01 - Festa de São José Trabalhador.
As atividades intelectuais e aquelas manuais sejam equilibradas como dois meios que conduzem ao único fim: o serviço de Deus na imitação de São José. (L 207). SÃO JOSE MARELLO
Mateus 13,54-58

"Quando Jesus acabou de contar essas parábolas, saiu dali e voltou para a cidade de Nazaré, onde ele tinha morado. Ele ensinava na sinagoga, e os que o ouviam ficavam admirados e perguntavam:
- De onde vêm a sabedoria dele e o poder que ele tem para fazer milagres? Por acaso ele não é o filho do carpinteiro? A sua mãe não é Maria? Ele não é irmão de Tiago, José, Simão e Judas? Todas as suas irmãs não moram aqui? De onde é que ele consegue tudo isso?
Por isso ficaram desiludidos com ele. Mas Jesus disse:
- Um profeta é respeitado em toda parte, menos na sua terra e na sua casa.
Jesus não pôde fazer muitos milagres ali porque eles não tinham fé.
"

Meditação

Os conterrâneos de Jesus O tinham visto partir como filho de carpinteiro, e agora O reencontram como Mestre, rodeado de discípulos.

É uma novidade que interpretam somente como vantagem social. Isso os impede de acolherem a Palavra de Deus e a explicação das Escrituras e a Sua revelação como o Ungido de Deus.

Vista a posição de Jesus neste prisma cria neles a impressão de que Jesus partiria acabando por deixá-los outra vez na sua pobreza.

É que no tempo de Jesus o judaísmo tinha suas esperanças na vinda de um messias que restauraria o antigo império de Davi, glorioso, segundo dizia a tradição.
 Estas esperanças tinham suas raízes na teologia de poder elaborada na corte dos descendentes de Davi. Visavam recuperar seu poder e seus privilégios.
 Na realidade, a realeza, consolidada, por Davi distorceu o ideal de igualdade e partilha característico da tradição de Moisés.

O projeto de Deus não é o de consolidar as estruturas de realeza e poder. O projeto de Deus é resgatar e promover a vida entre os pobres e excluídos, criando laços pessoais e sociais de fraternidade e partilha.

Este projeto nasce no meio do povo. Nasce em uma insignificante cidade da Galiléia, na casa de um simples carpinteiro, José. Este projeto nasce com a proclamação de seu filho Jesus de Nazaré.

Jesus reconhecidamente tem sabedoria e energia de comunicação. Mas sua origem humilde choca as pessoas submetidas à ideologia de poder do judaísmo.
 Rejeitado por aqueles seduzidos pelo poder, Jesus encontra acolhida entre os pobres e pequeninos que lutam para se verem livres da humilhação, da escravidão, das injustiças sociais, das drogas, da prostituição, da luxuria, da criminalidade, da violência e de todo tipo de pecado. Mas isso, não se faz sem trabalho.

É preciso passar pela escola da humildade, da simplicidade, da força de vontade. E a melhor escolinha é aquela de José, na insignificante cidade de Nazaré.
 Somos convidados a olhar para José, homem justo, que tirava de seu trabalho na carpintaria o sustento honesto de sua vida.
 Lançando nosso olhar para os nossos dias notamos uma grande distância dos homens entre si. Por causa do avanço da ciência e da técnica.

A técnica traz seus benefícios, mas às vezes não só substitui o trabalhador, mas até o escraviza ou pior ainda o neutraliza.

Para o mundo digital, quem não se desenvolve no manejo da ciência e da técnico é excluído. A pessoa passa para segundo plano porque as relações que marcam o mundo do mercado do trabalho são as da produção, do aumento do lucro, e não a vida e a dignidade da pessoa.
Na última parte do texto de hoje , Jesus nos dá um puxão de orelha. Porque muitas vezes fechamos os nossos ouvidos para acolher o conselho, a advertência e o ensino daqueles que não nossos parentes, familiares, vizinhos ou conhecidos.

Por outro, encoraja-nos a não desistirmos na nossa missão de anunciar o reino de Deus seja a que custo for. Jesus nos ensina que a tarefa é dura, sobretudo quando se trata de evangelizar a partir de dentro de casa.

Para Jesus também não foi fácil ser profeta na sua casa, na sua família. As pessoas duvidavam dele, não queriam acreditar no Seu poder e por isso mesmo Ele não fez ali muitos milagres.

Jesus é Aquele irmão que Deus nosso Pai nos enviou para nos mostrar o caminho que nos leva para o Céu. E então, precisamos estar atentos para acolher as pessoas que dentro da nossa casa nos abrem os olhos e são instrumentos de Deus para nossa conversão. Ouvidos atentos e coração aberto, porque o Senhor fala por meio de quem nós nunca nem esperávamos que falasse.

 Muitas vezes Deus nos manda Seus emissários que nos aconselham com palavras de sabedoria que Ele próprio sugeriu para nós. Porém, por ser essa pessoa, simplesmente alguém que é muito conhecido nosso, nós desprezamos as recomendações de Deus.
 Nesse caso, os milagres também não acontecem na nossa vida, e muitos problemas nunca serão solucionados por causa da nossa impertinência.

Abertos ao convite da conversão, do arrependimento e da acolhida ao Reino dos Céu, sejamos corajosos no anúncio do Evangelho a começar pelos nossos.

Reflexão Apostólica

Talvez essa seja uma das grandes verdades a serem superadas por nós: Será que Deus está falando através do meu irmão, mas eu insisto em por barreiras para escutar? O quanto consigo perceber que a dificuldade de ver ou ouvir está em mim e não naquele que me aconselha? O quanto estamos abertos para ouvir um conselho?

Uma verdade é certa, ainda temos profunda dificuldade em reconhecer nossos próprios erros e talvez seja essa a dificuldade ou barreira mais colocada, porém a menos vista para se ouvir. Em contrapartida, temos uma habilidade tremenda de procurar um culpado, uma “conspiração”, uma segunda intenção na fala das pessoas.

“A fome e a vontade de comer” num mesmo momento: Não querer ouvir associado aos pré-julgamentos que fazemos daquele que nos exorta.

Além dos fatos já narrados, Jesus era oriundo de uma cidade, uma região, um povo simples…; num tempo onde o povo se acostumou (ou foi obrigado a se acostumar) a ver a verdade vir apenas dos sábios e doutores da lei que advinham de uma classe social acima, de um povo nobre, estudado, (…). Jesus rompia assim mais um paradigma sócio-cultural.
Onde estão os profetas? Por que se calaram? Calaram-se ou, como antes, não são ouvidos?

Partindo desse ponto…

Chamo muita atenção daqueles que se encantam ao ver ou ouvir falar da oração em línguas. Um gesto ou dom muito comum nos grupos da renovação carismática, mas que precisaria ser olhado sob outra ótica. A oração em línguas mais que uma manifestação é TALVEZ a comprovação de muita gente naquele lugar esta sem fé e que precisa “ver para crer”. Precisamos mais de profecias do que línguas, mas pra isso precisamos ter fé.

(…) Assim, AS LÍNGUAS SÃO SINAL, não para os fiéis, mas PARA OS INFIÉIS; enquanto as PROFECIAS SÃO UM SINAL, não para os infiéis, MAS PARA OS FIÉIS. Se, pois, numa assembléia da igreja inteira todos falarem em línguas, e se entrarem homens simples ou infiéis, não dirão que estais loucos? Se, porém, todos profetizarem, e entrar ali um infiel ou um homem simples, por todos é convencido, por todos é julgado; os segredos do seu coração tornam-se manifestos. Então, prostrado com a face em terra, adorará a Deus e proclamará que Deus está realmente entre vós“. (I Co 14,22-25)

A condição nunca foi o estudo, o posto, a idade e sim fé. Se milagres não acontecem, um dos motivos é a nossa falta de fé. Repito, onde estão os profetas?

Estão na RCC, nas Pastorais, nos Vicentinos, no Cursilho, no ECC, nas ENS, no CRISTMA, no Decolores, na PJ, em meio aos catequistas, espalhados por todas as pastorais e também fora delas (…), mas por que não falam?.

Quando disse “fora delas” é porque devidamente acredito que Deus ainda suscita profetas onde mais precisa deles e onde ainda existe um fio de esperança nas pessoas.

Vejo profetas em meio a uma reivindicação social, nos que trabalham como voluntários em causas nobres e humanitárias. Vejo profetas lendo essa mensagem e levantando seu clamor a Deus. Vejo ainda esperança no matrimonio, nas famílias, nos jovens;;; Vejo Deus colocando profetas aonde se precisa.

Historicamente, os grandes estudiosos dividiram os profetas do Antigo Testamento em maiores e menores em virtude de sua atuação e compromisso popular, mas o que na verdade o que os diferenciava era a missão que Deus lhes confiou.

Reparemos Jesus, conhecido pelos estudiosos como o maior de todos os profetas, que nada fez de errado, foi condenado sem ao menos ser ouvido.

Assim, não engano, seremos nós em nossas casas, nossas famílias, no nosso trabalho, em nossa comunidade (…), mas como o mestre o fez, mesmo recenseados, não deixemos de falar, de ter fé, de profetizar a vida. A alguns Deus chamou para grandes obras sociais e a outros a pequenos reparos em suas (nossas) famílias.

A história um dia nos classificará como maiores ou menores, mas Deus nos oferece sempre a MAIOR missão que podemos suportar, sendo assim, a cada vitória uma nova missão na medida em que suportamos.

Quanto a não ser ouvido, demonstremos com a vida, não tem como não verem. Jesus assim o fez e por até os céticos reconhecem que Ele foi realmente grande.

Propósito: Ver além das aparências e reconhecer a presença de Deus nas coisas e pessoas mais simples do meu dia.
  

terça-feira, 29 de abril de 2014

Evangelho quarta feira 30 de abril - S. Pio V

30 Vale mais um pensamento de caridade que se desenvolve no coração do nosso Cottolengo do que mil projetos filantrópicos que se procura promover à custa de milhões espremidos das veias do povo. (L 76). SÃO JOSE MARELLO
João 3,16-21

"Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna. Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo.
- Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus. E é assim que o julgamento é feito: Deus mandou a luz ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o que é mau. Pois todos os que fazem o mal odeiam a luz e fogem dela, para que ninguém veja as coisas más que eles fazem. Mas os que vivem de acordo com a verdade procuram a luz, a fim de que possa ser visto claramente que as suas ações são feitas de acordo com a vontade de Deus.
"
Meditação: 

O fariseu, líder dos judeus Nicodemos procura Jesus à noite. Este homem reconhece que Jesus é um mestre enviado por Deus. Jesus lhe diz que é preciso "nascer de novo".

Não queria, na verdade, dizer nascer no sentido que entendemos. Queria dizer, "converter-se", deixar para trás os velhos esquemas mentais e acolher o "novo", a novidade de vida proposta por Jesus

Em muitas ocasiões a proposta de amor cristão foi entendida simplesmente como um conjunto de princípios éticos, que não permitem viver em comunidade, como um discurso emotivo que impacta nos corações de alguns “ingênuos”; e não se assumiu como um projeto de vida, que exige a conversão radical e a entrega total da vida em beneficio dos mais debilitados da sociedade.

O Amor, eixo central do evangelho de João, é o ato que melhor define a vontade de Deus frente à humanidade; é a melhor maneira de expressar a total proximidade de Deus com o ser humano; que se concreta definitivamente na Encarnação e na entrega de seu Filho na Cruz, com o único fim de que a humanidade tenha vida em abundancia. Deus é amor e seu profundo desejo é salvar a humanidade por meio de seu Filho, que é a luz do mundo.

Deus é puro amor. Sua vontade é somente comunicar uma vida que supera a morte. Deus não julga, não condena, não manda ninguém para o inferno. É a liberdade humana que determina nossa sorte. A luz está acesa e há aqueles que fecham os olhos. Na verdade não há pior cego que aquele que não quer ver. E não quer ver porque suas obras são más.

A salvação à qual João se refere consiste em acolher as ações da “luz” e rechaçar as “trevas”, símbolo do pecado. Os que assumiram como projeto de vida o amor cristão tem obrigação de ser testemunhas da luz, por meio da solidariedade e fraternidade.

Este texto é uma radiografia de cada um de nós e de nossa sociedade. Quando escutamos alguns dirigentes, escandalizam-nos o cinismo com que falam da pobreza como custo social. Entram em comunhão de vida eterna com Jesus todos aqueles que praticam a verdade e a justiça, empenhados na promoção da vida plena para todos.

São insensíveis. São cegos que não querem ver porque sabem que suas obras são más. E isto que já é grave quando acontece conosco, é mais grave ainda quando é cegueira institucional, encarnada em estruturas injustas. E como se o escândalo fosse pouco nas instituições civis, nós o temos encarnado no seio de nossas Igrejas.

Sim. A Igreja se deixou invadir pela cegueira e fechou seus olhos ante a injustiça por defender seu poder e privilégios. Precisamos nos voltar a Jesus. Com faz falta abrir os olhos e voltar a ver a luz.

Reflexão Apostólica
Somos de certa forma, “vítimas” ou reféns das nossas decisões, pois muitas delas nem sempre são as melhores, mais recomendadas ou pensadas, mas, em virtude do livre arbítrio, somos sempre protagonistas no que se diz a nossa vida e não apenas espectadores.

Fazer ou não. Crer ou não… A conseqüência virá após cada resposta. O Apóstolo Paulo se preocupava muito com o livre arbítrio em suas cartas apostólicas. “(…) Alguém vai dizer: Eu posso fazer tudo o que quero. Pode, sim, mas nem tudo é bom para você. Eu poderia dizer: Posso fazer qualquer coisa. Mas não vou deixar que nada me escravize”. (ICo 6,12)

O filtro do livre arbítrio é a consciência dos fatos e de suas conseqüências a qual muitos chamam (ou preferem chamar) de SUPEREGO (Com a palavra as queridas irmãs: Sofia e Irene).

Esses limites são representados pelos valores pessoais, condutas, opiniões, disciplinas, hábitos e tato, adquiridos pela convivência social nos relacionamentos interpessoais, mas como os valores são individuais, podemos esperar várias posturas para um mesmo fato.

Estou fazendo outra faculdade à noite e como é intrigante ouvir tantos discursos agressivos a fé, em especial a nossa. Qualquer pequeno enredo ou alocução sobre história, passado ou ciência pode se tornar calorosas discussões, que por fim colocarão a igreja na forca. Que motivo ou motivos movem as pessoas ainda a viver atacando os valores da igreja? Os pretextos são sempre os mesmos: A inquisição, o casamento, o celibato, a virgindade, o medo…

Quanto ao passado relacionado à inquisição nenhum de nós se orgulha, mas será que nada de bom foi feito após os erros da idade média? Nada vai reparar essa imagem, mas creio que na verdade, o fato de Jesus ainda viver em nós, incomoda muito mais

Qual é o problema com o casamento? Que mal existe em alguém querer a benção de sua igreja e de Deus para viver com sua (seu) amada (o) para vida toda? Incutiram com a vontade de se guardar. Uma menina ou rapaz que preferem esperar um pouco mais para ter sua primeira relação sexual são vistos como ETs (…).

Quem ajuda na igreja, trabalha e ainda tem família bem sabe como é difícil conciliar esses mundos. A exortação de Paulo ao celibato dos padres previa isso.

O católico, bem como ateu, o judeu,… tem o mesmo direito, ou seja, de acreditar ou não no que quiser, e não ser pressionado ou hostilizado a mudar de opinião para se adequar ao que pensa o outro segmento. O livre arbítrio funciona pra mim e pra ele

Às vezes parece que Jesus ainda anda pelo mundo pregando e incomodando os fariseus. Todo aquele que mantém a fé e não se esconde, fatalmente será perseguido.

Pessoas conseguem ficar trinta minutos contando uma piada, mas vemos poucas que conseguem perder cinco minutos pensando em como ajudar seu próximo. “(…) Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus. E é assim que o julgamento é feito: Deus mandou a luz ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o que é mau. POIS TODOS OS QUE FAZEM O MAL ODEIAM A LUZ E FOGEM DELA, PARA QUE NINGUÉM VEJA AS COISAS MÁS QUE ELES FAZEM”.

A fé cristã não se baseia em POR MEDO NAS PESSOAS, pois cremos em coisas sólidas aos nossos olhos. Fizemos a opção em crer e isso não nos será tirado a não ser que eu desista de acreditar, portanto, se tantas pessoas somem ou deixam de acreditar, foi por que fizeram essa opção. Agora fica claro porque disse que somos vítimas do nosso livre arbítrio.

Ninguém mudará meu pensamento, minha fé, minha postura se não começar de dentro pra fora. Vigiai e Orai para que não sejamos contaminados pela falta de fé que vemos crescer nesse mundo.

Não esmoreça na fé!


Propósito: Descobrir e viver a novidade da Ressurreição de Jesus. O Espírito me indicará os novos caminhos. 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Evangelho terça feira 29 de abril - Sta Catarina de Sena

29 - O mundo sofre por falta de fé, de esperança e de caridade. (L 25). São José Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São João 3,7-15

"Por isso não fique admirado porque eu disse que todos vocês precisam nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que ele faz, mas não se sabe de onde ele vem, nem para onde vai. A mesma coisa acontece com todos os que nascem do Espírito. 
- Como pode ser isso? - perguntou Nicodemos. 
Jesus respondeu: 
- O senhor é professor do povo de Israel e não entende isso? Pois eu afirmo ao senhor que isto é verdade: nós falamos daquilo que sabemos e contamos o que temos visto, mas vocês não querem aceitar a nossa mensagem. Se vocês não crêem quando falo das coisas deste mundo, como vão crer se eu falar das coisas do céu? Ninguém subiu ao céu, a não ser o Filho do Homem, que desceu do céu. 
- Assim como Moisés, no deserto, levantou a cobra de bronze numa estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado, para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna."

Meditação:  

O evangelho de hoje é a continuação de um interessante diálogo entre Jesus e Nicodemos, um chefe do grupo dos fariseus que está muito inquieto para saber se Jesus é o Messias. Às pessoas como Nicodemos, autênticas representantes da forma de ser e pensar de seu tempo, é necessário esclarecer que somente através da tomada de consciência será possível o encontro com Deus, porque somente essa tomada de consciência – a que também se chama céu – virá a ser a presença permanente do Pai nas pessoas.

De algum modo o Evangelho insiste no aspecto prático da fé. Jesus procura responder às perguntas de Nicodemos, que por sua parte não pode fazer mais que exteriorizar suas inquietações de tipo intelectual, “acadêmicas”. Recordemos que Nicodemos é mestre (didaskalos) de Israel. Por isso pretende marcar em categorias racionais a mensagem de Jesus. 

É obvio que o racional da fé não se pode jogar fora: a razão é necessária se não queremos crer em pietismos irracionais; porém o racional não é tudo. A fé deve impulsionar também o risco, a aventura de agir muitas vezes sem “entender” tudo, aventura do testemunho mediante as obras das quais a última explicação é o Espírito. 

O segredo desta dinâmica nos é manifestado pelo mesmo Jesus: “nós falamos do que sabemos (intelecto), e damos testemunho (práxis) do que vimos e ouvimos”; de modo que o testemunho não se reduz à fundamentação teórica, mas se abre ao prático. 

A intenção de João, ao colocar-nos em diálogo com Jesus – promessa de Deus cumprida com Nicodemos – representante das esperanças de Israel – é precisamente introduzir-nos nesse processo de fé que se deve ir impregnando cada vez mais de vida no Espírito. Jesus lamenta a Nicodemos a incapacidade de Israel de assumir como verdadeiro o testemunho de vida eterna que ele está oferecendo. 

Jesus se serve da figura da serpente de bronze que Moisés levantou no deserto à cuja vista todos ficavam curados. Do mesmo modo, também o filho do homem deve ser exaltado, e esta exaltação é produto exclusivo do rebaixamento do Filho do homem. 

É evidente que para a oficialidade de Israel a proposta de Jesus é absolutamente difícil de compreender e de assimilar, contudo, o discípulo de Jesus deve estar convencido de que sua vida tem um destino e uma vocação final: ser testemunho da vida eterna outorgada pelo Pai no Filho.

É necessário resgatar a força do Espírito, como lhe propõe Jesus, para sair do sossego paralisador e ser mais no Senhor; porque somente com ela se torna possível a chegada do reino, e porque somente assim seremos capazes de nos afastar das práticas egoístas geradoras de opressão e morte para nossos irmãos.

Captar a ação do Espírito Santo é, então, contar com a sensibilidade suficiente para compreender o querer de Deus e incorporá-lo em práticas de vida que encarnem os valores do Evangelho. Longe de todo intimismo ou espiritualismo, a ação do Espírito se traduz numa visão pessoal e comunitária comprometida com as causas dos eleitos de Deus.
Reflexão Apostólica:

A carne pensa, julga, faz cálculos, procura os seus interesses, questiona, duvida! O espírito se abandona, deixa-se conduzir pelo Espírito de Deus. Esta é a diferença! Assim como a pluma se deixa levar pelo vento sem questionar, assim também seremos nós se nos deixarmos ser conduzidos pelo vento do Espírito Santo. Não questionar, não fazer cálculos, mas simplesmente entregar-se! 

Isto é nascer do Espírito. Não existem explicações para as obras de Deus. Quem as quiser “entende-las” com a sua inteligência racional irá ficar na ignorância a vida toda e perderá a melhor parte. Porém, quanto mais nos abandonamos meditando e nos aprofundando nos mistério de Deus revelados por Jesus Cristo, mais nós percebemos o significado das coisas do céu. 

Apesar de ser judeu, Nicodemos procurava Jesus porque distinguia algo muito especial naquele Homem que falava com sabedoria. Ele buscava conhecer os segredos de Deus. E, misteriosamente, Jesus o ensinava: “Vós deveis nascer do alto!” “O vento sopra onde quer!” “Coisas da terra, coisas do céu!” Nicodemos não entendia muito bem do que Jesus lhe falava, mas ousava desembaraçar os enigmas colocando as suas dúvidas para que o Senhor as elucidasse. 

Assim também acontece conosco: só podemos descobrir os mistérios do céu que estão escondidos em nós quando procuramos Jesus a sós, e acolhemos a Sua Palavra que decifra e interpreta o desejo do Pai para cada momento da nossa vida. 

Você também tem procurado a Jesus para esclarecer as suas dúvidas? O que Ele lhe tem revelado? Você tem vivido como um autômato ou já distingue o sopro do vento do Espírito Santo?

 Para nós, cristãos, o dia do Batismo representa um segundo nascimento, mas não da carne, e sim do espírito. Da mesma forma é o Sacramento da Crisma, que é a Confirmação de que queremos ser morada do Espírito Santo. E a partir daí, nos colocamos à disposição deste Espírito, que nos conduz da forma que Ele quer.

Se você entende o que é nascer de novo... Se você entende como é que o Espírito Santo age através das pessoas... E se você se permite nascer de novo neste Espírito, e deixar que Ele conduza seus pensamentos, atos e palavras, já está bem mais perto do Reino dos Céus do que aquele doutor de Israel que QUERIA CONHECER, MAS NÃO QUERIA SE COMPROMETER...
Peçamos a Deus Pai que nos acompanhe na tarefa de compreender os sinais dos tempos e nos permita delinear, como comunidades cristãs, práticas concretas em favor da vida, da justiça e da paz.

Propósito:

Pai, lança-me, cada dia, na aventura do Espírito, que me tira do comodismo e do abatimento e me faz superar meus próprios limites.

domingo, 27 de abril de 2014

Evangelho segunda feira 28 de abril - S. Pedro Chanel

Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São João 3,1-8


"Havia um fariseu chamado Nicodemos, que era líder dos judeus. Uma noite ele foi visitar Jesus e disse:
- Rabi, nós sabemos que o senhor é um mestre que Deus enviou, pois ninguém pode fazer esses milagres se Deus não estiver com ele.
Jesus respondeu:
- Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.
Nicodemos perguntou:
- Como é que um homem velho pode nascer de novo? Será que ele pode voltar para a barriga da sua mãe e nascer outra vez?
Jesus disse:
- Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode
entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito. Quem nasce de pais humanos é um ser de natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual. Por isso não fique admirado porque eu disse que todos vocês precisam nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que ele faz, mas não se sabe de onde ele vem, nem para onde vai. A mesma coisa acontece com todos os que nascem do Espírito."

Meditação

No Evangelho de hoje, o diálogo com Nicodemos acontece durante a primeira visita de Jesus a Jerusalém, depois da expulsão dos comerciantes do Templo.

Nicodemos representa o grupo dos fariseus. Encontra-se com Jesus, furtivamente, à noite. Reconhece que Deus está com Jesus, mas está apegado à expectativa do messias glorioso.

Sua formação legalista não lhe permite entender a mensagem de Jesus, em sua linguagem simbólica. Não compreende o que é nascer do alto, nascer da água e do Espírito. Em lugar da rigidez da Lei carnal, é o Espírito que a todos conduz.
A ressurreição de Jesus suspende a ordem das coisas, o status quo vigente, derrubando-o e fazendo renascer um novo ser humano e, por meio dele, nasce uma nova ordem.

É aqui o grande desafio para o cristão, porque é precisamente através de pessoas abertas a esse influxo que opera a força renovadora da ressurreição.

É isto que é apontado no diálogo entre Jesus e Nicodemos. Se não há disposição pessoal para permitir essa força renovadora, e se não há interesse em colocar-se ao serviço dessa re-criação, o acontecimento da Ressurreição não tem efeitos concretos.

É muito significativa a colocação do evangelista: “É noite”, e também a qualidade da personagem: é um personagem principal de Israel; ao longo do diálogo, Jesus afirma “você é mestre de Israel...”.

No evangelho de João a noite é símbolo de escuridão. Nicodemos, ainda que Mestre, não vê com clareza o caminho e por isso recorre a Jesus; ele está convencido de que Jesus pode iluminar seu caminho, pois “se não viesse da parte de Deus, não poderia ensinar nem fazer semelhantes sinais."
Os sinais feitos por Jesus despertaram a fé em muitos. Jesus percebia que era uma fé superficial, misto de curiosidade e sinceridade.

Reconhecer as obras de Jesus não é suficiente para compreender plenamente o sentido de sua missão; faz falta o algo a mais, o “nascer de novo”.

Quando Jesus fala de um novo nascimento desde “cima”, refere-se a mudar por completo a mentalidade comum de compreender a Deus e aos seres humanos, é preciso assumir uma nova mentalidade, novos comportamentos e novas atitudes que permitam entender e vivenciar a lógica do Reino de Deus.

A ação do Espírito e a eficácia do batismo possibilitam ao homem e à mulher abrir-se plenamente ao mistério de Deus e comprometer-se com seu projeto. Somos conscientes da missão que assumimos por meio do sacramento do batismo?

Reflexão Apostólica
Nada mais cabível para quem caminha para Pentecostes: Ser novo, nascer de novo!

Ser novo ou nascer de novo é se empenhar em atitudes e gestos novos; é buscar um coração renovado; é traçar metas e tempos para abandonar os hábitos antigos; é parar de só falar e fazer; parar de prometer e escrever o que pretende fazer; é antes de tudo rezar para que tudo caminhe sob a batuta de Deus.

Não sei porque, mas lembrei-me agora do Felippe (da Sofia), da minha Equipe 2, com suas excelentes reflexões, pragmáticas e cheias de espiritualidade. Acho que é porque esta reflexão está um pouco "musical".

Voltando ao assunto, diríamos que a vida é como uma composição musical: Fazemos a letra, mas é a vida que toca! Escrevemos cada linha, cada frase, cada verso, mas depois de pronta, somos reflexos do que escrevemos ou fazemos.

Quem põe o ritmo é a motivação do Espírito Santo dentro de cada um de nós. Um Espírito nono é inquieto. (…) O vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que ele faz, mas não se sabe de onde ele vem, nem para onde vai. A mesma coisa acontece com todos os que nascem do Espírito

Uma nova melodia só poderá surgir de uma nova letra,  de um novo verso, (…). Trocar algumas notas muda apenas a forma de se cantar, mas não altera em nada a letra da canção. Para mudar é preciso reescrever a letra que a vida cantará.

(…) Ninguém põe um remendo de pano novo numa veste velha, porque arrancaria uma parte da veste e o rasgão ficaria pior. Não se coloca tampouco vinho novo em odres velhos; do contrário, os odres se rompem, o vinho se derrama e os odres se perdem. Coloca-se, porém, o vinho novo em odres novos, e assim tanto um como outro se conservam“. (Mt 9,16-17)

Talvez os grandes erros que cometemos serão versos que não conseguiremos apagar da nossa mente, mas também NÃO DEVERÃO SER O REFRÃO DA NOSSA MÚSICA.

Como mecanismo de defesa temos mania de relembrar o refrão (erros) dos outros. O entanto, repetir toda hora o refrão é hábito de quem só olha os defeitos dos outros, dos invejosos, dos medíocres… Todos têm coisas boas a serem exploradas na letra de sua canção, mas não conseguem crescer sufocadas pelos refrões.

Lembrei de uma história que ouvi o padre Fábio de Melo contar no seu programa direção espiritual. Contava ele que uma tribo africana que conheceu compõe uma canção para cada pessoa que nasce.

Cada um tem sua própria canção. Nos momentos marcantes da vida dessa pessoa essa música é cantada por seus parentes e amigos.

O que me chamou atenção foi o fato relatado que quando alguém se desvia na conduta TODA a tribo se reúne, colocando-a no centro de uma grande roda, onde cantam a canção da pessoa para que ele recorde quem é e também a alegria do seu nascimento, tentando trazê-lo de volta a realidade, resignificando o seu passado.

Ser novo também carece que deixemos que os outros também tenham a oportunidade de mudar a letra da sua canção a qualquer momento.

Como cristãos devemos fazer o possível para que isso aconteça, ou seja, criar situações favoráveis e agradáveis para que isso ocorra. Dar oportunidade ao novo, trazer pessoas novas, convidar novos integrantes, chamar pessoas a dividir a responsabilidade…

Ser novo é ser querigmático, é encantar, é promover… Ser velho é ter apego a um lugar, uma postura, a um cargo. Ser novo é não ter medo de sentar novamente no banco e receber as graças, é avançar, é sonhar…

Para sermos por completos novos devemos cooperar para que outros também sejam. Somos uma tribo que não canta a canção dos outros. Vamos mudar esse paradigma.

Não é difícil pois, até a minha Equipe 2 aprendeu a cantar divinamente o Magnificat de Battmann.

Propósito: Descobrir e viver a novidade da Ressurreição de Jesus. O Espírito me indicará os novos caminhos..


sábado, 26 de abril de 2014

EVANGELHO 2º DOMINGO DA PÁSCOA



João 20,19-31

"Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
- Que a paz esteja com vocês!
Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. Então Jesus disse de novo: - Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
Depois soprou sobre eles e disse: - Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.
Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de "o Gêmeo", não estava com eles quando Jesus chegou. Então os outros discípulos disseram a Tomé: - Nós vimos o Senhor! Ele respondeu: - Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer! Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: - Que a paz esteja com vocês! Em seguida disse a Tomé: - Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia! Então Tomé exclamou: - Meu Senhor e meu Deus!
- Você creu porque me viu? - disse Jesus. - Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!
Jesus fez diante dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele.
"

Cada ano, celebrando o tempo pascal, temos uma grande oportunidade de renovar nossa fé em Cristo ressuscitado e no valor de nossa vida.  Isso é uma tarefa especial no nosso mundo que não valoriza a vida. E mais uma palavra: Jesus deseja aos seus a Paz. 
 Para este segundo domingo de Páscoa as leituras bíblicas nos induzem a aprofundar um pouco mais os efeito concretos da ressurreição de Jesus. Quase poderíamos ver uma interessante contraposição entre o que nos conta a primeira leitura (Atos 4,32-35) e o testemunho tão humano e simples do Evangelho (João 20,19-31). Esta espécie de contraposição tem sua razão de ser precisamente se pensamos no percurso gradual que os discípulos tiveram que realizar até alcançar as etapas mais altas e maduras de sua fé na ressurreição de Jesus. Poderíamos dizer que a fé é algo que vai entrando gradualmente na consciência daquele que crê, ou seja, a consciência vai se abrindo gradualmente ao crescimento da fé.
 Depois da morte de Jesus, a comunidade sente-se com medo, insegura e indefesa diante das represálias que pode ter contra eles os chefes judeus. Encontra-se em uma situação de temor paralela a do antigo Israel no Egito quando os israelitas eram perseguidos pelas tropas do faraó; e, como esteve aquele povo, os discípulos estão também na noite em que o Senhor irá tirá-los da opressão. João narra o encontro do túmulo vazio por Madalena, no amanhecer do primeiro dia da semana. A seguir apresenta as tradições de aparições: primeiramente à própria Madalena e, ao anoitecer deste primeiro dia da semana, aos discípulos reunidos a portas fechadas. A mensagem de Maria Madalena, sem embargo, não os libertou do temor. Não basta ter a notícia do sepulcro vazio; só a presença de Jesus pode dar-lhes segurança no meio da hostilidade do mundo. Porém, tudo se encaminha a partir do momento que Jesus - que é o centro da comunidade – aparece de fato no centro, como ponto de referência, fonte de vida e ponto de unidade.
 No Evangelho da primeira aparição de Jesus Ressuscitado, encontramos a história de Tomé, que é também a história das comunidades de João e das nossas comunidades, porque Tomé duvidou que o Senhor estivesse com eles, e, em nossos dias, diante de tantas dificuldades, medos e incertezas na vida de fé em nossas comunidades, nós também chegamos a pensar que Jesus não está conosco. Será que ele ressuscitou mesmo? Será que enquanto ressuscitado caminha com as comunidades? Então por que não aparece de uma vez e resolve tudo o que está errado em nossa Igreja? Se ele aparecesse e se deixasse ver e tocar, tudo seria lindo e maravilhoso e uma multidão iria acreditar. Mas a Fé não é uma certeza que vem do Ver e Tocar, ela não é comprovação científica, mas Dom inefável de Deus, que vem através do Espírito Santo, concedido aos apóstolos e a toda a Igreja pelo próprio Ressuscitado.
 Há, portanto, duas coisas no Evangelho de hoje que não podemos perder de vista: o fato dos apóstolos estarem fechados por medo das autoridades judaicas, e o caso da aparente falta de fé de Tomé. João nos apresenta o encontro do Senhor ressuscitado com Tomé, que se nega a acreditar que seus companheiros tivessem tido a experiência do Ressuscitado, que lhes tinha mudado a forma de ver o mundo, tornado mais humanos e mais sensíveis à realidade que vivia seu povo naqueles momentos históricos.
 Talvez o episódio de Tomé tenha sido acrescentado para dizer que os que não viram Jesus não são inferiores às testemunhas oculares. O importante mesmo é a fé e o compromisso com o projeto de Jesus. A figura de Tomé está simbolizando todos aqueles cuja fé não é pura, não nasce da experiência de amor da comunidade, mas depende de milagres, de sinais extraordinários. Mas Tomé dá um testemunho bonito: «Meu Senhor e meu Deus». É a maior profissão do 4o Evangelho. Ele vê Jesus como Senhor e como Deus. É Deus que exaltou seu Filho Jesus e o colocou onde estava, no princípio, junto de Deus, como Senhor da Glória com igual dignidade com o Pai (cf. 5,18 e 10,33). Tudo termina com a única bem-aventurança no Evangelho de João: «Felizes os que não viram e creram».
 É difícil chegar à fé na ressurreição, para nós como para Tomé. Ele não teve necessidade de «meter o dedo», e no entanto teve de ver com os seus olhos; mas é graças a ele que Jesus pronuncia a sua última bem aventurança: «Felizes os que embora não vendo acreditarão!». Os destinatários destas palavras somos nós os leitores do Evangelho, aquele «sinal escrito» capaz de suscitar a fé que conduz a «viver no Nome de Jesus», na salvação. Somos, portanto, chamados a experimentar a bem aventurança de quem vê Jesus com os olhos da comunidade cristã, reunida no dia do Senhor e na escuta da Palavra de Deus contida nas Escrituras Santas: de fato a comunidade e as Escrituras atualizam para nós a ação do Espírito Santo, enquanto são vivificadas por Ele. A comunidade e as escrituras interagem com o Espírito, criando uma circulação de vida que está no coração da liturgia eucarística: o Espírito vivifica a igreja tornando-a corpo de Cristo, e ressuscita as páginas de todas as Escrituras tornando-a Palavra vivente de Deus, testemunha do Senhor ressuscitado.
 A ressurreição de Jesus é o marco central da fé cristã. No entanto, essa boa notícia só chegou até nós, graças ao testemunho ocular daqueles que disseram«VIMOS O SENHOR!» É alicerçado nesse testemunho que nós também cremos que o Senhor está vivo. Assim, somos imensamente felizes, mesmo sem tê-lo visto. Que a Eucaristia alimente cada vez mais a nossa fé no Ressuscitado.

A paz que nos foi dada por Jesus Cristo, através daqueles homens reunidos no Cenáculo, é a paz consoladora, a paz ativa que constrói pontes, a paz daqueles que lutam e reativam os laços de justiça a fraternidade próprios de uma humanidade que é chamada a viver em fraternidade. É esta paz que nos cabe construir hoje, tanto tempo depois daquele acontecimento escondido em uma sala fechada em Jerusalém, mas que continua a ser incessantemente dada pelo Pai a cada um de Seus filhos.
 Jesus não promete a paz do comodismo, mas pelo contrário, envia os seus discípulo na missão árdua em favor do Reino, mas promete o Shalom, pois ele nunca abandonará quem procura viver na fidelidade ao projeto de Deus. Jesus soprou sobre os discípulos, como Deus fez (é o mesmo termo) sobre Adão quando infundiu nele o espírito de vida; Jesus os recria com o Espírito Santo.
 Normalmente imaginamos o Espírito Santo descendo sobre os discípulos em Pentecostes, mas aquilo era a descida oficial e pública do Espírito para dirigir a missão da Igreja no mundo. Para João, o dom do Espírito, que da sua natureza é invisível, flui da glorificação de Jesus, da sua volta ao Pai. O dom do Espírito neste texto tem a ver com o perdão dos pecados.
 Tomemos de novo as passagens dos Atos e do Evangelho e analisemos o relato evangélico como ponto de partida do necessário processo da fé e a ação até chegar ao relato dos Atos, assumindo-o como ponto de chegada. À luz destas passagens, analisemos a experiência de fé e de vida de nossa comunidade. A experiência de Jesus ressuscitado vem a ser a experiência da unidade e a de não excluir o irmão. Deus é Pai de todos os que assumem o projeto de vida, proposto para a humanidade por meio de Jesus.
 E como último ponto da nossa reflexão, o Evangelho nos coloca a importância de vivermos e participarmos da comunidade porque ela é o único local onde podemos fazer a experiência do Senhor Ressuscitado. Quando deixamos de freqüentá-la, como ocorreu com Tomé, que não foi na celebração do domingo, acabamos ficando incrédulos e o desânimo poderá nos abater, porque o pecado cega-nos a alma e o coração e passamos a enxergar apenas os erros do nosso irmão, não nos dando conta de que Jesus Ressuscitado caminha conosco e vai à nossa frente!
 Para finalizar, façamos uma avaliação pessoal:
 ·         «Felizes os que não viram e creram». Quais são os fundamentos de minha fé? Por que creio? Apóia-se minha fé em argumentos racionais?
·         Paz para vós. Tenho paz, paz profunda, Shalom?
·         Vivo minha religião buscando milagres em meu favor, ou me dedicando ao serviço dos outros e da comunidade?
 Com o coração sincero e aberto ao influxo do Espírito, dirijamos nossa súplica ao Pai. Rezemos para que se estabeleça a paz em nosso mundo. 
 Oração: Deus de misericórdia infinita, que reanimas a fé de vosso povo com a celebração anual das festas pascais: acolhei o nosso coração dividido por causa de tantos temores e dúvidas; transformai-o em coração íntegro, capaz de sentir como próprios os sofrimentos e alegrias dos irmãos e irmãs. Aumentai em nós os dons de vossa graça para que compreendamos melhor que sois verdadeiramente Pai e doador da Vida, que nos recomendaste acolher e incrementar a vida, e que a Vida finalmente triunfará. Pai, abri todas as portas que nos mantêm fechados no medo e na insegurança, para que consigamos ir ao encontro do mundo a ser evangelizado. Guardai-nos do pecado e fazei de nós um instrumento de vossa paz e de vosso amor. Ajudai-nos a observar vossos mandamentos. Maria, Mãe de Cristo e nossa paz, que no Calvário recebeu o seu testamento de amor, nos ajude a ser testemunhas e apóstolos da sua misericórdia infinita. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém! 


quinta-feira, 24 de abril de 2014

EVANGELHO SEXTA FEIRA 25 DE ABRIL


João 21,1-14

É o Senhor! - Jo 21,1-14

Depois disso, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. [...] “É o Senhor!” [...] Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. [...] Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.
COMENTÁRIO
O evangelista João nos apresenta, no final de sua obra, um dos mais lindos e emotivos relatos de aparição do Ressuscitado (Jo 21,1-14): Aos discípulos que já não se encontram em Jerusalém porque fugiram da repressão, Jesus se lhes aparece como sinal de que ainda seu projeto continua vigente e é de vital importância para os seres humanos e que sua morte não significou um fracasso. A princípio, parece que sua lembrança havia desaparecido; depois, quando o descobrem, se surpreendem grandemente. Quem descobre que se trata de Jesus é precisamente João, o discípulo amado. A aparição de Jesus faz renascer a fé de seus discípulos, faz com que recuperem o tempo perdido e comecem a pensar como irão se organizar novamente; entendendo que nesse momento, estão dedicando sua vida unicamente para manter sua subsistência.
 O Ressuscitado aparece a seus discípulos num dia comum e eles não o reconhecem apesar de Jesus ter-lhes falado. Alguns dos apóstolos estiveram pescando durante toda a noite, como fazem tantos pescadores mundo afora, e voltam com as redes vazias. Entre a bruma do amanhecer, já perto da praia, ouvem e vêem um desconhecido que lhes pergunta pela pesca. Tendo dado uma resposta desanimada, recebem a sugestão de novamente lançar as redes ao outro lado da barca, com tanto êxito que quase não podiam arrastá-las, depois de apanhar uma enorme quantidade de peixes. É a pesca milagrosa que são Lucas havia relatado como um episódio pré-pascal, no contexto da vocação dos primeiros discípulos (Lc 5,1-11), e que aqui, no 4o. evangelho, aparece como um milagre pós-pascal num contexto também vocacional: os apóstolos na barca, as redes, a pesca abundante, são símbolos tradicionais da tarefa evangelizadora da igreja ao longo de todos os séculos.
 Quando o desconhecido da praia é identificado pelos apóstolos, e quando se reúnem com ele, encontram já a comida preparada: o fogo, o pão, o peixe assado. Jesus lhes convidou para comer dos peixes, cuja pesca havia sido muito abundante. Posteriormente, os gestos e as palavras pronunciadas dão a sensação de que estivesse fazendo alusão à eucaristia, pela forma de partilhar a refeição unidos: Jesus tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. O Ressuscitado reitera os gestos da eucaristia: partir o pão e reparti-lo. Acontece que a igreja se reúne ao redor do Senhor ressuscitado, a sua eucaristia, para ser enviada a pescar nos mares do mundo. Pescar filhos e filhas de Deus, que queiram servir aos demais como a irmãos, que queiram dar testemunho do amor de Deus a todos os seres humanos.
 A metáfora da pesca foi sempre na comunidade cristã um motivo continuo de reflexão. Lembra a primeira experiência da Galiléia quando os primeiros discípulos receberam o chamado e se começou a formar o primeiro grupo de discípulos e discípulas. Após a ressurreição Jesus convoca a comunidade e a alimenta, dando-lhe força para prosseguir com a tarefa apostólica. A tarefa que nessa época lhes havia encomendado continua crescendo sob a direção e apoio do Mestre. Eles o reconhecem ao compartilhar a refeição do trabalho diário.
 Deste modo, o evangelho de João junta dois motivos que, apesar de sua distância no tempo, concentram todas as verdades que os cristãos haviam compreendido por sua experiência pessoal e comunitária no ressuscitado. João não se contenta com esta lembrança e faz uma segunda referência à época quando foi escrito o evangelho ao nomear o peixe e o pão. O peixe havia se convertido no símbolo do cristianismo no final do primeiro século. Os cristãos viviam em pequenas comunidades quase no anonimato. A cruz ainda não havia ganhado seu lugar como símbolo da redenção. Os cristãos, então, apelavam aos símbolos do evangelho como o pastor de ovelhas, o pescador e o peixe. A palavra peixe na língua grega era utilizada como acróstico do anúncio fundamental dos primeiros cristãos. Com esta palavra comunicavam os aspectos essenciais do mistério de salvação. 
 Para renascer, a comunidade cristã haverá de ser animada por Jesus e seu Espírito, que se tornarão manifestos em cada ato comunitário. Jesus, a pedra fundamental, rejeitada por muitos e aceita por tantos, continua caminhando com sua comunidade nas tarefas do dia-a-dia e realizando gestos de partilha e solidariedade. O renascimento da Igreja deixa de ser então um capricho ou um simples esforço humano: é uma obra de Deus mesmo, que nos tira da vida ordinária em que estamos, nos sacode, para fazer-nos entender e assumir nosso papel no plano de Deus, o projeto que Jesus nos apresentou. A Igreja é fruto do querer de Deus que contradiz os interesses humanos para colocar o Ressuscitado na alma daqueles que o seguem, fazendo com que se sintam irmãos de verdade.
 Estas festas pascais que estamos celebrando não podem ficar só nos aleluias. Devem despertar em nós um intenso desejo de comunicar a outros a nossa fé, nossa alegria, o gozo de saber que fomos salvos em nome de Jesus e convocados ao redor da ceia fraterna para testemunhar no mundo a possibilidade de todos poderem viver como irmãos. Por isso, sabendo que não há outro nome debaixo do céu pelo qual podemos ser salvos, invoquemos o nome do Senhor Jesus sobre cada um dos nossos irmãos que luta pela vida.

 Oração: Senhor Jesus, nossa única esperança, também nós, muitas vezes, nos descobrimos de mãos vazias; recebei o pouco que temos e somos e, em troca, dai-nos a vossa própria vida. Que a Sua presença reforce a comunhão com nossos irmãos e irmãs de fé, a fim de podermos atrair para Vós muitas outras pessoas de boa vontade. A Vós o louvor e a bênção pelos séculos dos séculos. Amém.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Evangelho quarta feira 23 de abril

23 Rezemos, e rezemos muito! Os tempos se tornam cada vez mais turvos e
escabrosos. Os interesses individuais e particulares devem ceder lugar aos interesses gerais da mãe Igreja. (L 31). SÃO JOSE MARELLO 

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 24,13-35

"Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. Então Jesus perguntou: "O que andais conversando pelo caminho?" Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: "És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?" Ele perguntou: "Que foi?" Eles responderam: "O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu". Então ele lhes disse: "Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?" E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. Eles, porém, insistiram: "Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!" Ele entrou para ficar com eles. Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles. Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. Então um disse ao outro: "Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. E estes confirmaram: "Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!" Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão."
Meditação: 
Estamos no tempo Pascal que se estende por 7 semanas, do domingo de Páscoa à Festa de Pentecostes. É o mais belo e vibrante tempo de todo o calendário litúrgico da Igreja. Por ele, ela nos convida, através dos testemunhos das Escrituras e de testemunhas oculares a fortalecermos nossa adesão pessoal ao motivo maior de nossa fé: a RESSURREIÇÃO DE CRISTO.

De fato, diz Paulo: Se Cristo não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e os nossos pecados não poderiam ser perdoados; a nossa esperança seria limitada apenas a esta vida e seríamos os mais infelizes de todos os homens (1Cor 15,17-19).

Celebramos a real presença deste Deus conosco na Eucaristia, memória do mistério pascal, mistério da cruz e ressurreição, mistério da redenção e reconciliação, que inicia a Nova Aliança.

Em cada Eucaristia olhamos para Deus, celebramos o Deus conosco, sua encarnação, paixão morte e ressurreição. “É Deus Pai quem nos atrai por meio da entrega eucarística de seu Filho, dom de amor com o qual saiu ao encontro de seus filhos, para que, renovados pela força do Espírito, possamos chamá-lo de Pai”.

Da ação de graças, da doação gratuita do Cordeiro de Deus, emerge a energia missionária da Eucaristia. A Eucaristia é a ponte para o ministério apostólico. Eucaristia é Nova Aliança que pressupõe reconciliação, unidade na diversidade, solidariedade até as últimas conseqüências.
Ao partir o pão, eles o reconhecem e retornam ao Caminho. Nossa fé é o encontro pascal com o Senhor Jesus. É a certeza de que ele está vivo. Nossa fé é uma fé pascal e pessoal. Não se trata apenas de crer em alguma coisa. A profissão fundamental é: “Eu creio em Ti, Senhor! E por isso me comprometo e me torno evangelizador.
Evangelizar, ser missionário, é irradiar “o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida porque a Vida manifestou-se.

Sejam quais forem nossas fraquezas, misérias, limitações, o que contagia todas as culturas, o que convence todos os povos e raças, é o testemunho da alegria e da graça de termos encontrado o Senhor Ressuscitado. Tudo isso é graças à força do pão partido de Emaús, é o vigor do fruto da videira no cálice da Nova Aliança, é o corpo entregue e o sangue derramado de Jesus, morto e ressuscitado.

Reflexão Apostólica: 
No evangelho, os discípulos que não eram do grupo dos onze dirigem-se a Emaús. Provavelmente trata-se de um homem e uma mulher, casados, (havia também mulheres discípulas), que retornavam à sua casa, frustrados por causa dos últimos acontecimentos da capital. Enquanto conversavam, Jesus se aproxima e começa a caminhar com eles, pois é o Emanuel. Porém, eles não conseguem reconhecê-lo, seus olhos estavam como que fechados.

Por quê? Porque no fundo ainda tinham a idéia de um messias profeta-nacionalista, que conquistaria o mundo inteiro para ser dominado pelas autoridades de Israel, um messias necessariamente triunfador. Por isso estavam vendo na cruz e na morte do mestre, o fracasso de um projeto no qual haviam posto suas esperanças.

Serão as Escrituras as primeiras sinais de esperança que Jesus coloca nos olhos do coração dos discípulos, para que possam ver e entender que não é com o triunfalismo messiânico, mas com o sofrimento do servo de Javé que se conquista o Reino de Deus; um sofrimento que não é masoquismo, mas um assumir conscientemente as conseqüências da opção de amar a humanidade, atitude difícil de entender em uma sociedade dominada pelo poder de domínio que mata a quem se interpõe no caminho. Pela vida, até dar a própria vida, é o testemunho de Jesus diante dos seus dois companheiros.

O relato dos discípulos de Emaús é uma peça belíssima, evidentemente teológica, literária. Não é, em absoluto, uma narração ingênua, direta, de um acontecimento, como se fosse um fato jornalístico. É uma composição elaborada, simbólica, que quer transmitir uma mensagem. E como todo símbolo, não leva consigo um manual de explicação, mas permanece “aberto”, isto é, é suscetível de múltiplas interpretações. E a partir de cada novo contexto social, em cada novo momento da historia, os crentes podem confrontar-se com esses símbolos e deles extrair novas lições.

Que maravilhosas lições tiramos desta passagem:
1. Jesus caminha conosco
2. Quer participar de nossa vida
3. Espera que o convidemos par tomar posse de nosso coração
4. Nos reúne em torno dele como comunidade eclesial
5. Se dá a conhecer pela Palavra e pela Eucaristia
Que o Senhor está conosco, todo o tempo, bem o sabemos. Contudo, é nos momentos mais difíceis, quando estamos mais desanimados, tristes, frustrados, sentindo o peso da dor de nossa imperfeita condição, sem nenhuma esperança de solução para uma determinada situação, que Ele se achega ainda mais (lembro-me aqui do bonito poema "PEGADAS NA AREIA").

Mas como é difícil enxergá-lo. Nos é muito mais fácil louvá-lo e agradecê-lo quando tudo vai bem, mas quando estamos diante de situações complicadas, onde o mundo parece desabar sobre nossas cabeças, se torna tão complicado reconhecermos que Ele está ao nosso lado, pedindo para assumir o controle.

Achamos que temos condições de tudo empreender e de tudo fazer acontecer mas nos esquecemos que, fora algumas poucas coisas, sobre todo o resto não temos nenhuma influência. Temos que parar de nos dar tanta importância, achando que tudo depende de nós.

Falácia! Ele caminha conosco e está interessado que o enxerguemos e que a Ele dediquemos nossas vidas; todo o resto nos será acrescentado. Temos essa coragem? Temos a coragem de abrir nosso coração e convidá-lo a entrar e comandar nossas decisões?

Propósito:


Fica conosco Senhor, principalmente quando cair a noite da nossa incapacidade de encerga-Loe de deixá-Lo no comando de nossas atitudes. Tu e a luz e contigo as treva já não nos assustam ou preocupam. Revela-nos a tu presença nas Escrituras e no partir do pão, tanto no altar como em nosso dia-a-dia, com quem mais precisa. Assim, abrir-se-ão nossos olhos e poderemos anunciar ao mundo a maravilha que é viver sob tua proteção. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

EVANGELHO TERÇA FEIRA 22 DE ABRIL - OITAVA DA PÁSCOA

22 - As forças internas da Igreja se multiplicam na razão inversa dos recursos externos. (L 19). SÃO JOSE MARELLO
João 20,11-18

"Maria Madalena tinha ficado perto da entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava, ela se abaixou, olhou para dentro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus. Um estava na cabeceira, e o outro, nos pés. Os anjos perguntaram: - Mulher, por que você está chorando?
Ela respondeu: - Levaram embora o meu Senhor, e eu não sei onde o puseram!
Depois de dizer isso, ela virou para trás e viu Jesus ali de pé, mas não o reconheceu. Então Jesus perguntou:
- Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando?
Ela pensou que ele era o jardineiro e por isso respondeu: - Se o senhor o tirou daqui, diga onde o colocou, e eu irei buscá-lo. - Maria! - disse Jesus. Ela virou e respondeu em hebraico:
- "Rabôni!" (Esta palavra quer dizer "Mestre".)
Jesus disse:
- Não me segure, pois ainda não subi para o meu Pai. Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus deles. Então Maria Madalena foi e disse aos discípulos de Jesus: - Eu vi o Senhor! E contou o que Jesus lhe tinha dito.
"

Meditação

Maria permanece perto do túmulo, chorando. Ainda busca o Senhor morto. O próprio Jesus não é reconhecido. É sua voz, pronunciando o nome dela, que o identifica. É o pastor que chama as ovelhas pelo nome.

Segundo Bento XVI, «a história de Maria de Magdala recorda à todos uma verdade fundamental: discípulo de Cristo é quem, na experiência da debilidade humana, teve a humildade de pedir-lhe ajuda, foi curada por Ele, e lhe seguiu de perto, convertendo-se em testemunha do poder de seu amor misericordioso, que é mais forte que o pecado.

Maria, em lágrimas, inclina-se e olha para dentro do túmulo. Ela já tinha, todavia constatado que estava vazio, e tinha anunciado o desaparecimento do Senhor. Porque se inclina então ainda? Porque quer ver de novo? Porque o amor não se contenta com um único olhar; o amor é uma conquista sempre mais ardente. Ela já O procurou, mas em vão; obstina-se e acaba por descobrir.

No Cântico dos Cânticos, a Igreja dizia do mesmo Esposo: «No meu leito, de noite, procurei aquele que o meu coração ama. Procurei-o, mas não o encontrei. Vou levantar-me e percorrer a cidade; pelas ruas e pelas praças, vistes aquele que o meu coração ama?» (Ct 3, 1-2).

Duas vezes ela exprime a sua decepção: «Procurei-o, mas não o encontrei!» Mas o sucesso vem, por fim, coroar o esforço: «Os guardas encontraram-me, aqueles que fazem ronda pela cidade. Vistes aquele que o meu coração ama? Mal os ultrapassei, encontrei aquele que o meu coração ama. » (Ct 3,3-4)

Durante os breves repousos desta vida, quando suspiramos na ausência do nosso Redentor. Nós procuramo-Lo na noite, pois apesar do nosso espírito já estar desperto para Ele, os nossos olhos só vêem a Sua sombra. Como não encontramos nela o Amado, levantemo-nos; percorramos a cidade, ou seja a assembléia dos eleitos.

Procuremos de todo o coração. Procuremos nas ruas e nas praças, ou seja, nas passagens escarpadas da vida ou nos caminhos espaçosos; abramos os olhos, procuremos aí os passos do nosso Bem-Amado…

Esse desejo fez dizer a David: «A minha alma tem sede do Deus de vida. Quando irei ver a face de Deus? Sem descanso, procurai a Sua face» (Sl 42,3).

Lembremos que ver o Senhor é ver nosso próprio destino. Nós fomos criados para a eternidade, na vida em comunhão com Deus. Chore, grite, apresente a Jesus a sua tristeza e necessidade.

Ele lhe responderá chamando o seu nome, como chamou a Maria. E dirá: Porque choras? Eu estava morto, mas agora vivo para sempre e tenho as chaves de tudo nas mãos. E nós, quando é que, nos nossos leitos, procuraremos o Amado? Por que choramos, e a quem procuramos?

Como a Maria Madalena Jesus nos faz duas perguntas básicas: porque choramos e a quem procuramos! Não duvido que muitas vezes choremos por causa da nossa falta de fé e de confiança na Palavra do Senhor e procuramos Alguém que está muito perto de nós e ainda não o percebemos.

Conhecemos as Escrituras, conhecemos as promessas de Deus, mas choramos sem esperança, olhando somente para as “aparências”.

Sofremos muitas vezes pela nossa incapacidade de “enxergar” as coisas de Deus. O mundo espiritual está tão perto de nós, e nós somos incapazes de percebê-lo, absortos que estamos em prestar atenção às coisas e as pessoas que nos rodeiam.

Confundimos a presença de Jesus com a presença de “outras pessoas”. Se percebêssemos a Sua presença viva e ressuscitada e ouvíssemos realmente a sua voz que fala no nosso coração, saíamos em disparada como fez Maria Madalena a anunciar a todos: “Eu vi o Senhor!

E você: já viu o Senhor? – Relembre a sua experiência! – Você já correu para contá-la a alguém? Jesus envia hoje você para proclama-lo à todos os homens e mulheres que Ele está Vivo e Ressuscitado. Sejas Seu testemunho e grite bem alto: EU VI O SENHOR!
Reflexão Apostólica

A pessoa de uma mulher se destaca nesta cena do Evangelho: Maria Madalena. Chora a ausência do seu Senhor. Chora e o busca, inclina-se para olhar dentro do túmulo.

Na sua atitude de busca, começa o caminho para o encontro com o Mestre e, quando ela se volta para trás, isto é, faz uma conversão, deixa de procurar Jesus entre os mortos, ela o encontra.

Ao encontrá-lo, recebe a missão: "Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus deles". Se torna verdadeiramente discípula e missionária..

Esse encanto amigo e amável de Madalena deveria nortear todos os nossos trabalhos pastorais, dentro ou fora do horário da igreja.

O encanto e a felicidade se misturaram no sentimento puro daquela que muito foi perdoada ao rever seu mestre e salvador.

Ela não foi ao sepulcro à toa. Pretendia, conforme o texto acima, continuar zelando de Jesus, como ainda hoje fazemos por aqueles que por nós são amados (amigos, parentes, etc). Mas esse zelo precisaria ser estendido a mais gente.

Quem faz da sua vida um exercício de zelo, ou como preferimos dizer, aqueles que buscam a santidade, ao se deparar com ressurreição de Cristo, não se contém, e como Madalena vibram, alegram-se, rejubilam-se…

Qual foi a ultima vez que vi Jesus ressuscitar num irmão, numa casa, numa situação impossível? Qual foi a última vez que, mediante um acontecimento, corriqueiro ou extraordinário, dissemos: “eu vi o Senhor”?

Ao preparar, com o mesmo amor zeloso de Madalena, um evento, uma celebração, um grupo de oração, uma reunião de Equipe (formal ou informal), um Retiro, um "BIG BROTHER DA EQUIPE 2",  ou no zelo harmonioso dos ensaios para uma missa, somos também gratificados com a visão da ressurreição.

Ao ver as pessoas participando, cantando, louvando, se rejubilando é impossível também não ver o Senhor, ou seja, todo amor e zelo é recompensado por Deus: Nossos olhos vêem o que ninguém vê,,,

Mediante as dificuldades e tribulações que somos sujeitos no dia-a-dia temos sempre a opção de desmotivar, desistir, abandonar, “levar nas coxas” etc, ou, mesmo que tudo aparentemente esteja perdido, levantar, seguir, continuar, (…).

Madalena, como os outros discípulos, sabia e tinha consciência plena que Jesus já havia morrido. O amor a fazia manter a rotina. Você consegue perceber a sensível pedagogia desse momento?

Problemas sempre aparecerão, mas precisamos encontrar vontade em manter a rotina, levantar, abrir os olhos, viver.

Quem perdeu alguém ou vive um momento difícil seja ele financeiro, amoroso, de relacionamento, profissional, (…) é convidado a acreditar.

Mesmo aqueles em que a depressão já bate a porta ou que “acordou decidido (a) a desistir” e parar de sofrer, são convidados a se atrever a levantar e por um amor maior manter a rotina. Jesus ressurgirá e com Ele, nós também.

Siga o exemplo de Madalena, confie em Deus e O veja reanimar sua esperança.
 


Propósito: Olhar, a partir de hoje, em duas direções: para o Mestre e para os irmãos.