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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Evangelho da ressurreição de lazaro - 5º DOMINGO DA QUARESMA

06 - Uma boa palavra vale um tesouro e o Senhor jamais deixa sem recompensa a mais insignificante ação feita para a sua glória em favor do próximo. (L 28). São Jose Marello

Evangelho da ressurreição de Lázaro - Jo 11,1-45

Ora, havia um doente, Lázaro, de Betânia, do povoado de Marta e de Maria, sua irmã. As irmãs mandaram avisar Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. Disse Jesus: “Esta doença não leva à morte, mas é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. [...] E acrescentou: “Nosso amigo Lázaro está dormindo. Vou acordá-lo”. Os discípulos disseram: “Senhor, se está dormindo, vai ficar curado”. [...] Jesus então falou abertamente: “Lázaro morreu! E, por causa de vós, eu me alegro por não ter estado lá, pois assim podereis crer. Mas vamos a ele”. [...] Jesus disse então: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês nisto?” Ela respondeu: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que deve vir ao mundo”. [...] “Onde o pusestes?” Responderam: “Vem ver, Senhor!” Jesus teve lágrimas. Os judeus então disseram: “Vede como ele o amava!” Alguns deles, porém, diziam: “Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?” De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma gruta fechada com uma pedra. Jesus disse: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, disse-lhe: “Senhor, já cheira mal, é o quarto dia”. Jesus respondeu: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o alto, disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste! Eu sei que sempre me ouves, mas digo isto por causa da multidão em torno de mim, para que creia que tu me enviaste”. Dito isso, exclamou com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” O que estivera morto saiu, com as mãos e os pés amarrados com faixas e um pano em volta do rosto. Jesus, então, disse-lhes: “Desamarrai-o e deixai-o ir!” Muitos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.

MEDITAÇÃO

Neste domingo, chegamos a um momento muito expressivo da fé, com o Evangelho da ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45) , enriquecido pela confissão de Marta, que diz a Jesus: eu creio firmemente que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo. Isto constitui um sinal da habitação do Espírito de Deus em nós, profetizada no Antigo Testamento, e concretizada
pela vida no Espírito que a Iniciação Cristã possibilita.

Como é seu método de apresentar a vida de Jesus através dos sinais [semeia], o quarto evangelista toma ocasião de um fato extraordinário, como é uma ressurreição, para indicar um atributo também extra-humano em Jesus. Ele não
só ressuscita dos mortos mas é a ressurreição dos mortos, dos definitivamente mortos como são os que já ultrapassaram o quarto dia de seu falecimento(39). Neste evangelho seremos testemunhas de por quê Jesus toma para si o título de Ressurreição e Vida(25).

Estamos de novo diante de um texto muito grande para ser comentado nos seus pormenores. Vamos apenas ajudar na compreensão do texto com algumas idéias.
Estamos diante de um sinal que aponta para a ressurreição de Jesus. Quer levar a comunidade à profissão de fé em Jesus como ressurreição e vida. A família de Lázaro, Marta e Maria representam a comunidade triste, abatida, desanimada e morta por falta de fé em Jesus, ressurreição e vida. Seria bom
analisar a fundo a posição, ou seja, palavras, gestos, idéias de cada personagem do texto. Não temos espaço para isto. O leitor pode fazê-lo com calma e com a Bíblia na mão. Vamos apenas dar uma ajuda. Quais são os personagens? São Jesus, os discípulos, Lázaro, Marta, Maria, os judeus.

Muitos dos Judeus [jerosolimitanos] que tinham vindo para Maria e viram o que Jesus fez, creram nele.(45). É estranho que Maria seja o objeto da visita quando quase todo o relato aponta Marta como a maior protagonista entre as duas irmãs. Existe talvez uma explicação: Marta estava casada com Simão o leproso(ver Lc 10, 38 comparado com Mc 14, 3) e não era a dona da
casa onde habitava Lázaro, pois este foi convidado à casa do Simão (Jo 12, 2); mas era a dona da casa onde o banquete de ação de graças pelo milagre foi efetuado, pois Marta servia. Logicamente a crença é a fé verdadeira:
Jesus era o enviado de Javé, o Messias, Filho do Deus verdadeiro e Senhor da vida. Só faltava a ressurreição de Jesus para acreditar na sua divindade. 
Crer em Jesus é o início da vida da qual só uma atitude de rebeldia ou pecado pode nos separar. Não é preciso esperar outra condição se a fé é verdadeira e a entrega é total. Ele salvará todos os que o Pai lhe entregou de modo que seu pastoreio será o de guardar aqueles que o Pai lhe confiou.

Os relatos do Evangelho não existem só para serem lidos, mas também para serem vividos. A história de Lázaro foi escrita para nos dizer isto: há uma ressurreição do corpo e uma ressurreição do coração; se a ressurreição do corpo ocorrerá "no último dia", a do coração sucede, ou pode ser feita, a cada dia.

O Evangelho de João sugere uma forma de petição muito recomendável: aquele que amas está doente. Serve para todo momento e circunstância. Quem não se encontra doente e débil diante de um mundo hostil e pelas forças enfraquecidas pela tentação? Que fórmula magnífica encontramos nesta simples
oração que é um gemido de ajuda! Muito especialmente deve ser a oração dos anciãos e dos pobres e necessitados. Há muitos doentes que estão praticamente sós. A visita aos mesmos deveria ser uma das pastorais mais urgentes dos párocos e das atuações dos leigos em nossas paróquias. Só com entrega e sacrifício daremos o carinho necessário para que se encontrem
amados do Pai e servidos pelos irmãos.

Falando de doentes, podemos dizer que o mundo atual é o mais enfermo de todos os tempos, porque falta mais do que nunca o elemento mais necessário para a convivência: o amor. O mundo atual está enfermo de amor. É interessante o diálogo mantido pelo santo Cura d'Ars com Jesus: Por que me enviaste ao mundo? Para salvar-te, respondeu Jesus. E por que queres que me
salve? Porque te amo . Para isso somos criados e Deus quer nos salvar. Só assim se entende aquela frase de S. José Oriol, o grande esmoleiro catalão: Prefiro que na hora da morte Deus me encontre nos braços de uma mulher a que encontre nos meus bolsos um vintém. No primeiro caso, teríamos um amor
desordenado. No segundo, uma total falta de amor.

Assim há que se entender a preocupação divina para libertar o povo da escravidão do Egito, da opressão, da injustiça. Da mesma forma se deve entender o projeto de vida de Jesus como um serviço ao ser humano. Este estava condenado por estruturas injustas a viver uma vida sem qualidade, uma vida desumanizada. Isto acontecia não somente pela exclusão do desfrute e usufruto dos bens criados, mas também pela distorção da verdadeira imagem de Deus graças a uma religião que ocultava o verdadeiro rosto paternal e misericordioso de Deus. O que aconteceu com Lázaro simplesmente prefigura o
que aconteceria com Jesus duma maneira mais definitiva, e por conseguinte, a todos nós.
 
A todos aqueles que pelas razões mais diversas (fracasso matrimonial, traição do cônjuge, perdição ou enfermidade de um filho, ruínas econômicas, crises depressivas, incapacidade de sair do alcoolismo, da droga) se encontram nesta situação, a história de Lázaro deveria chegar como repique de sinos na manhã de Páscoa que se aproxima.

Neste tempo, o nosso caminho de fé no Senhor Jesus passa pelos seus momentos mais bonitos e mais profundos. Com Marta, a irmã de Lázaro, hoje e a próxima semana repetiremos a Jesus, na autenticidade da nossa experiência: "eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus" Por este motivo acolhemos e oferecemos

ao senhor o sofrimento de hoje; por isso aceitamos com serenidade a nossa enfermidade física e moral; por isso temos a coragem de repetir no profundo do nosso ser a palavra "Pai", que o Senhor nos ensinou.


Que a nossa fé naquele que é a Ressurreição e a Vida, que veio para que todos tenham vida e a vida plena nos leve, não à religião intimista e individualista, mas a um engajamento na construção do mundo que Deus quer, o mundo da verdadeira Shalom um conceito que vai muito além do sentido do
termo Português paz, para indicar a plenitude do bem-estar, tudo que Deus deseja para todos os seus filhos e filhas.


Oração:
Pai santo e Senhor da vida, dai-nos a graça de compreender a ressurreição de Jesus como vitória da vida e como sinal de que a morte não tem a última palavra sobre o destino daqueles que crêem. Pela morte e ressurreição de teu Filho Jesus Cristo, libertaste e salvaste o mundo: ajuda-nos, pela fé n'Aquele que sofreu na cruz, a triunfar no poder da sua vitória. Amém.

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