Seguidores

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Evangelho do dia 02 de março quarta feira

02 fevereiro -  2016 - quarta feira - São José é sempre o “Dirigente de coroque dá os tons; embora, às vezes, permite alguma nota desafinada. Neste seu querido mês, porém, quer que todos os acordes fluam certos e melodiosos, de modo que arrebatem o nosso espírito para o alto, onde tudo é harmonia. (L 206).). São Jose Marello
Mateus 5,17-19

"Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei - nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu."
Meditação:

Na Palavra de hoje, Jesus ensina a importância dos seus ensinamentos. Ele, que veio para dar cumprimento ao que falavam os Profetas e a lei de Moisés, trouxe para o povo de Israel e para o mundo o seu ensinamento.

Deste ensinamento, do Cristianismo, nada do que foi ensinado será tirado até o último dia. Aquele que conhece o ensinamento será considerado o menor no Reino de Deus.

Aquele que pratica e que ensina será considerado grande. São estas as palavras de Jesus para nós. O que vale dizer que o ensinamento e a prática nos colocam sobre os menores no Reino.

Menores são todos os que crêem em Cristo, que vivem no catolicismo, mas não conhecem as Escrituras. Isso faz deles os menores! Pois, sábio, o Pai lhes mostra como devem pela vida que levaram. E cobra-os envergonhando aos mortos, para que aprendam com quem faz a verdade acontecer em vida.

Porém
, para aqueles que sabem e praticam o seu lugar no Reino já esta garantido em uma posição melhor do que aqueles que não praticam.

É necessário que se fortifiquem na Fé e não se deixem destruir pelos mortos com suas enganações, que promovem assim, o sofrimento e dor das almas do purgatório. Almas que necessitam de orações e de comportamentos SANTOS por parte dos ELEITOS DE DEUS.

A simplicidade coloca nas mãos do Pai a escolha do que AMA ensinar pelo Espírito Santo, mas não busca o reconhecimento do homem. Para que não seja acusado de ser mais SANTO do que DEUS e menos SANTO do que devia ser.

O que você acha que mudou no coração do homem? Você é daqueles (as) que acham que certos valores já eram? Qual é o conceito que você tem da Lei de Deus? Como você acha que Deus o (a) considera: menor ou maior no reino dos céus?

Reflexão Apostólica: 

O povo, por longo período de anos, não teve a preocupação de documentar ou guardar sua história em manuscritos ou outra forma concreta de arquivo ao não ser o que era passado de boca a boca, de pai para filho.

Apenas após a passagem de Josias e Esdras, ouve uma preocupação em se compilar as tradições judaicas, mas mesmo tendo sua história e normas guardadas no que chamaram de TORAH, a tradição cultural continuava sendo passada de pessoa a pessoa.

Muitas leis eram locais ou de interpretação conforme a localidade, realidade e situação do povo, é o que popularmente chamamos de “cada caso tem um caso”. Por vezes, as leis eram mais culturais do que escritas por Deus.

Jesus aparece e mostra que a lei continua correta, mas propõe que haja um NORTE na sua interpretação, para que ela não fosse tendenciosa e usada de forma a oprimir, ao invés de libertar e corrigir o seu povo. “(…) Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, MAS PARA
DAR O SEU SENTIDO COMPLETO”.

Esse sentido completo esta na presença de Jesus no meio deles. Se buscarmos a passagem que diz que a fé sem obras é morta, Deus nos ensina e demonstra através da vinda de Jesus que Ele é um Deus que vai além dos ensinamentos ou das tábuas da lei, Ele é presente e sua presença é que torna completa a lei, os dias de tua vida.

A presença de Deus é que torna nossa evangelização forte e ungida; Sua presença é que dará sucesso a nossas obras inclusive em nossas pastorais.

Não conseguirei tocar o coração de alguém com palavras lindas se não forem inspiradas por Deus e ai que esta o grande diferencial do cristão e aquele que decora a passagem.

Deus não habita no coração demagogo e prepotente e tão pouco naquele que usa da palavra para promoção pessoal e receber “tapinhas nas costas”.

Deus fica ofuscado quando tentamos “aparecer” mais que sua presença ou quando fazemos a superprodução esquecendo-se da humildade que ainda encanta…

Baseando-se nesse meu breve argumento, será que é correto usar Deus nos discursos políticos ou na justificação dos nossos erros?

Quantas pessoas conhecemos cuja cristandade não vai além do belo discurso?

Uma ação, uma mensagem, uma palavra se não tem a essência de Deus, não convence, não exorta, não corrige, não alimenta… Qualquer ação cristã precisa ter sentido completo.

Se vamos trabalhar pra Deus, que seja mergulhando de cabeça; se vamos falar em Seu nome, que seja de toda alma, de todo coração e com todas as nossas forças.

Nosso Deus é muito próximo. Tudo o que fazemos em Seu nome e por Ele, será abençoado.


Evangelho do dia 01 de março de 2016 terça feira

01 de março 2016 terça feira Vamos parar um pouco para podermos ouvir a voz de São José: estamos no seu lindo mês. (L 208). São Jose Marello 

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus  18,21-35

"Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou:
- Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?
- Não! - respondeu Jesus. - Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes. Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu fazer um acerto de contas com os seus empregados. Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata. Mas o empregado não tinha dinheiro para pagar. Então, para pagar a dívida, o seu patrão, o rei, ordenou que fossem vendidos como escravos o empregado, a sua esposa e os seus filhos e que fosse vendido também tudo o que ele possuía. Mas o empregado se ajoelhou diante do patrão e pediu: "Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo ao senhor."
- O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora. O empregado saiu e encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia cem moedas de prata. Ele pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: "Pague o que me deve!"
- Então o seu companheiro se ajoelhou e pediu: "Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo."
- Mas ele não concordou. Pelo contrário, mandou pôr o outro na cadeia até que pagasse a dívida. Quando os outros empregados viram o que havia acontecido, ficaram revoltados e foram contar tudo ao patrão. Aí o patrão chamou aquele empregado e disse: "Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia. Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você."
- O patrão ficou com muita raiva e mandou o empregado para a cadeia a fim de ser castigado até que pagasse toda a dívida.
E Jesus terminou, dizendo:
- É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão.
"
 

Meditação:

No livro do Eclesiástico, escrito sob a influência da cultura grega cerca de um a dois séculos antes de Jesus, temos um texto bem inspirado sobre o perdão, que se aproxima das palavras de Jesus e cuja síntese encontramos na oração do Pai Nosso: "Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido".

O autor, Bem Sirac, mostra como o pecador, vitima da ira e do furor, é conduzida à vingança. E essa vingança se volta contra o vingativo. Por isso, o único caminho que resta é o caminho do perdão.

Aqui aparece a reciprocidade entre perdoar e obter o perdão. Não se pode aspirar ao perdão dos pecados cometidos se não houver disposição para perdoar as ofensas recebidas.

Ter o olhar fixo nos mandamentos da aliança garante a compreensão e a tolerância na vida comunitária. Como vemos, o tema do perdão, de profundo sabor evangélico, já vem sendo proposto desde o século segundo antes de Cristo.
O núcleo da passagem da carta aos Romanos consiste em proclamar que Jesus é o Senhor dos vivos e dos mortos. Há aqui uma bela síntese existencial da vida cristã. Para o fiel, o fundamental é orientar toda sua vida no horizonte do ressuscitado.
Quem vive para Jesus se esforça por assumir na vida prática sua mensagem de salvação integral. Amar o próximo e viver para o Senhor são dois aspectos intimamente ligados. Portanto, não podem estar separados. Quem vive para o Senhor, amará, compreenderá, servirá e perdoará seu próximo
As parábolas em geral são ditos breves relacionados com acontecimentos comuns da vida. As parábolas narrativas, por outro lado, caracterizam-se por uma complexidade maior, em um texto mais longo e bem detalhado.

Elas são mais encontradas em Mateus e Lucas. Têm a particularidade de, quase sempre, envolverem os personagens em uma relação de poder e submissão, característicos da sociedade opressora vigente e, pelas imagens de violência que freqüentemente usam, chegam até a chocar pelo contraste destas imagens com as propostas de mansidão e paz características do Reino.

Podemos até ver nelas, uma certa ironia implícita da sociedade na qual vigoram as relações de poder e opressão. Porém, deste terreno impróprio procura-se extrair uma mensagem positiva.

Nesta parábola de hoje, o rei resolveu ajustar contas com os servos. O ajuste seria cruel. Porém um servo que lhe devia uma quantia enorme lhe implora e ele se comove e perdoa. O servo perdoado vai e sufoca sem compaixão alguém que lhe devia uma quantia irrisória. O rei sabendo disto entrega o servo aos carrascos.

Para Jesus, o perdão não tem limites, sempre e quando o arrependimento seja sincero e verdadeiro. Para explicar esta realidade, Jesus emprega uma parábola. A pergunta do Rei centra o tema da parábola: Não devias ter perdoado como eu te perdoei?
A comunidade de Mateus deve resolver esse problema porque está afetando sua vida. O perdão é um dom, uma graça que procede do amor e da misericórdia de Deus.
Exige abrir o coração à conversão, isto é, a agir com os demais segundo os critérios de Deus e não segundo os do sistema vigente. Como diria o trovador da fraternidade Francisco de Assis, "porque é perdoando que se é perdoado".
A catequese tradicional da Igreja católica exigia cinco passos, talvez demasiado formais, para obter o perdão dos pecados: "Exame de consciência, dor pelos pecados, propósito de emenda, confissão de todos os pecados e assumir a penitencia", assim o expressava um dos catecismos clássicos. 
O perdão e a reconciliação, sendo graça de Deus, também exigem um caminho pedagógico e tangível que colocasse de manifesto o desejo de mudança e um compromisso serio para reparar o mal e evitar o dano.
Em muitos países da America Latina, durante o tempo das ditaduras militares dos anos setenta e oitenta, foram aprovadas leis de anistia e perdão, chamadas "obediência devida" ou "ponto final". Os golpistas e seus colaboradores, responsáveis pelas dezenas de milhares de mortos e desaparecidos em cada um de nossos países, se auto perdoaram, burlando a justiça e a verdade.
Porém, sem verdade e justiça, as feridas causadas pela repressão em muitos lares e comunidades ainda não fecharam. Apesar da pressão de todas das leis do silencio imposto, do ocultamento de provas... a justiça se faz caminho. Chega tarde, porém não deixa de chegar.
No dia 14 de junho de 2005, na Argentina, o Tribunal Supremo declarou nulas, por inconstitucionalidade, as leis de obediência devida e de ponto final.
No dia seguinte a Corte suprema de México declarou "não prescrito" o delito do ex-presidente Echevarria por genocídio na matança de estudantes de 1971...
Pensemos em muitos ditadores e golpistas que, apesar de tudo, estão já sendo julgados, deixando que se dê lugar à verdade e à justiça.
O perdão e a reconciliação são exigências inalienáveis do ser humano e que não podem ser detidas. É um processo de reconstrução que trata de reconstruir, tanto o que vitima como a vítima.
Nesse sentido, nossas comunidades cristãs devem ser espaços propícios e ativos a favor de uma verdadeira reconciliação baseada na justiça, na verdade, na misericórdia e no perdão. Porém, nunca o evangelho convida a tolerar a impunidade.
A Igreja, ou seja, nós, os cristãos e cristãs, devemos apoiar os processos de reconciliação pelo caminho verdadeiro: a verdade e a justiça, e não a impunidade, a reconciliação profunda da sociedade. Assim a Igreja conseguirá o perdão por seu silencio cúmplice em algumas de suas figuras hierárquicas
 A conclusão é escatológica: o castigo para quem não perdoar o irmão. Mais positiva é a visão de que pertencemos a Deus e assim devemos viver e morrer para ele, unidos a Jesus. O amor e a misericórdia de Deus seduzem e atraem os corações movendo-os à conversão.

Reflexão Apostólica:

O evangelho de hoje nos faz refletir muito sobre um aspecto de nossa vida que está bastante presente no nosso dia-a-dia: O PERDÃO.

Varias vezes por dia, e com diversas pessoas, nós sentimos a necessidade de pedir perdão. Isto acontece principalmente quando nossas atitudes magoam as pessoas que amamos e/ou quando vemos nos rostos destas pessoas a tristeza que causamos.

Esse pedido de perdão nem sempre é tão simples, principalmente se temos o orgulho latente em nós e não queremos reconhecer o erro. Quando as pessoas magoadas não são as que amamos, esta atitude de humildade torna-se ainda mais difícil. 

O outro lado do perdão, ou seja, a vontade de perdoar, nem sempre é tão freqüente; já que neste último caso, possivelmente, nós fomos as pessoas magoadas da situação. Uma palavra realmente importante neste "lado do perdão" é a sinceridade.

Não há perdão, se não há a verdadeira vontade de perdoar, a verdadeira vontade de passar uma borracha na situação que passou.

Talvez, por isso, seja mais difícil e ao mesmo tempo mais valioso darmos o nosso perdão e deixarmos de lado a mágoa e o rancor. Realmente, perdoar não é uma "tarefa" fácil, mas nos purifica e nos torna pessoas melhores.

Quando Jesus fala a Pedro quantas vezes ele deve perdoar: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete", Ele sabe que esse número é infinito.

Sendo a matemática uma ciência exata, ela não poderia exprimir numericamente a quantidade, infinita, de vezes que devemos perdoar.

Por isso, Jesus em sua extrema sabedoria utiliza o número 7 que aparece diversas vezes na bíblia e é considerado um número perfeito pela teologia.

A Bíblia apresenta este número como um número "perfeito". Aquilo que Deus faz, a favor do homem, traduz-se, inúmeras vezes, na Bíblia pelo número sete).

Podemos desta forma ter a certeza que o nosso perdão não tem limite nem data ou tempo para acabar; devemos amar acima de qualquer orgulho pedindo perdão e perdoando quando necessário. Ou seja: ONTEM, HOJE E SEMPRE!
      
Propósito:

Ó Deus, nosso Pai e nossa Mãe: faze que descubramos a importância de saber e sentir que somos perdoados e perdoa-nos se ainda te ofendemos, faze também que saibamos perdoar de coração os que nos têm ofendido. Pai, é meu desejo imitar teu modo de agir, no tocante ao perdão. Faze-me ser pródigo e misericordioso em relação ao próximo que precisa do meu perdão.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Evangelho do dia 29 de fevereiro segunda feira

29 fevereiro - O Senhor vem ao nosso encontro por mil caminhos (L 30). São Jose Marello
Lucas 4,24-30

"Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. Eu digo a vocês que, de fato, havia muitas viúvas em Israel no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e meio, e houve uma grande fome em toda aquela terra.Porém Deus não enviou Elias a nenhuma das viúvas que viviam em Israel, mas somente a uma viúva que morava em Sarepta, perto de Sidom. Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi curado. Só Naamã, o sírio, foi curado.Quando ouviram isso, todos os que estavam na sinagoga ficaram com muita raiva. Então se levantaram, arrastaram Jesus para fora da cidade e o levaram até o alto do monte onde a cidade estava construída, para o jogar dali abaixo. Mas ele passou pelo meio da multidão e foi embora."

Meditação

Jesus acaba de apresentar seu programa do reinado universal de Deus, gratuito e sem vinganças contra os estrangeiros; e o fez em sua terra, Nazaré, uma comunidade fanaticamente nacionalista. Ele está assumindo a mesma postura universalista de Elias e Eliseu, dos profetas que viveram oitocentos anos antes, nesta região do norte do país.

Sua memória estava viva, pela leitura que faziam a cada sábado na sinagoga e pela tradição oral que continuava nas famílias da Galiléia.

Entre a época dos profetas e a de Jesus se consolidou uma corrente do reinado de um Deus nacionalista e excludente dos estrangeiros, agravada pela ocupação das forças militares romanas. Jesus aparece apresentando Deus, que oferece uma nova etapa de misericórdia e gratidão à humanidade.

Então, aonde iam parar as ânsias de vingança tão cultivadas em Nazaré? Como não iam querer jogá-lo do penhasco? O Evangelho de Jesus continua ressonando hoje entre nós.

Nossa tentação é domesticá-lo e já não provoca escândalo. Se o deixássemos expressar em toda sua radicalidade, quantas comunidades cristãs também iam querer jogá-lo do penhasco!

Estamos na Cidade de Nazaré, o berço onde Jesus foi criado pelos seus pais. E então como fizeram em outros lugares, pôs-se a falar aos homens da cidade na sinagoga.

Apesar de maravilhados com as palavras de Jesus, esses homens não receberam a graça dos milagres de Jesus em suas vidas. Não tinham o coração aberto para receberem tais milagres, e por isso ficaram bastante furiosos quando Jesus afirmou baseado em duas passagens do Antigo Testamento, que a graça vem para aqueles que abrem o coração ao novo, à Boa Nova.

Jesus havia crescido, evoluído em corpo, alma e divindade durante os anos em que passou afastado da sua cidade. E como é revoltante quando queremos trazer algo novo para as pessoas que cresceram conosco, e elas não nos dão credibilidade.

A vontade que dá é de fazer o que Jesus fez: denunciar a falta de abertura daquelas pessoas, e seguir o caminho para outro lugar.

Talvez seja  essa sua sensação diante dos seus, quando retornando a sua casa, sua rua, bairro, cidade. O seu marido, esposa, filhos, familiares e muitos de seus vizinhos, ou colegas do trabalho que acham que já lhe conhecem e por isso nada você tem para lhes ensinar, nem prestam muita atenção ao que você diz. Eles acham que você não vai ter muito o que acrescentar às suas vidas.

No fim das contas, parece ser isso mesmo, uma sensação de superioridade em relação à você, que pode até ter crescido em tamanho, mas que não pode ter se desenvolvido tanto como pessoa. É como se fosse vergonhoso aprender ou receber alguma coisa de alguém que você considera igual ou “menor” que você.

Queremos fazer sucesso no ambiente em que as pessoas nos acolhem e nos admiram, porém nem sempre somos acolhidos e admirados porque seguimos os ensinamentos de Deus. Para todos nós é difícil evangelizar às pessoas no lugar aonde todos nos conhecem.

Assim aconteceu com Elias: num tempo de seca e fome, beneficiou uma mulher estrangeira, da terra dos sidônios. O mesmo sucedeu com Eliseu: curou da lepra um general sírio, ao passo que, em Israel, essa doença vitimava muitas pessoas.

A conclusão de Jesus foi clara: já que o povo de sua cidade insistia em não lhe dar atenção, ele sentiu-se obrigado a ir em busca de quem estivesse disposto a acolhê-lo. Aos duros de coração, no entanto, só restava o castigo.

Às vezes não fazemos sucesso onde queríamos, mas o Senhor nos envia a alguém a quem nem imaginamos, para que por nosso meio ela possa obter cura e libertação. Por isso, como Jesus insista no anúncio, na cura e na libertação dos seus!
Por outro lado é para nós esta palavra.

Você acompanhou o crescimento de algum sobrinho, irmão ou primo mais novo? Você não tem a sensação de que conhece tudo ou quase tudo daquela pessoa? Engano seu.

Por isso, a lição de hoje é: não se ache superior a ninguém. Esteja aberto a novas possibilidades. Não é motivo de vergonha aprender ou receber algo de uma pessoa que você considere menos experiente.

Não há nenhum pobre que não tenha nada a dar e também não há nenhum rico que não tenha nada a receber. Precisamos uns dos outros e aprender uns dos outros.

A reação dos habitantes de Nazaré, diante da pregação de Jesus, foi de aberta rejeição. Foi tal o desprezo pelas palavras do Mestre, que eles decidiram eliminá-lo lançando-o de um precipício.

É possível imaginar a decepção de Jesus, diante da rejeição de seus conterrâneos. Ele tentou compreender a situação, rememorando as experiências de profetas do passado que, rejeitados por seu povo, foram bem acolhidos pelos estrangeiros.

Longe de nós seguir o exemplo do povo de Nazaré. Jesus quer encontrar, em nós, abertura para acolhê-lo e disponibilidade para converter-nos.

 Ninguém é obrigado a aceitar este convite. Entretanto, fechar-se para Jesus significa recusar a proposta da vida, de salvação que Ele, em nome do Pai, veio nos trazer.

Reflexão Apostólica: 

Certa vez, ouvi de D. Ávila: “Pela oração vamos ao encontro de Deus e ao sermos expostos ao sofrimento, Deus vem a nosso encontro”.
Sim! Deus bem sabe a quem envia os seus profetas, no entanto, mesmo sendo Deus a enviá-los, nem sempre serão bem recebidos, ouvidos, acolhidos (…).

Levar a palavra de Deus aos irmãos requer muita coragem, pois essa mesma palavra que edifica, consola e renova a vida também pode exortar, chamar a atenção, corrigir. Falo isso, pois enquanto as pessoas ouvirem palavras de edificação, consolo ou vida não terás problemas, mas todas as vezes que o profeta levantar sua voz para denunciar, causará a revolta daqueles que vivem na penumbra.

Devemos omitir a exortação? Não!

Anunciar a Palavra é “acostumar-se” com expressões “santo de casa não faz milagres”, “quem é você”, “quem você pensa que é”, entre outras. É acostumar ouvir criticas sem fundamento, apelidos pejorativos, ofensas, perseguições, deslocamentos e projeções. É “acostumar” com a idéia de isolamento social, fofocas, “disse-me-disse”, no entanto… VALE MUITO A PENA CONTINUAR…

Deus nos manda, portanto devemos ir. Nunca disse que seria fácil. Nunca escondeu as perseguições e as dificuldades pelo caminho. Nunca disse que seria um mar de flores, (…), mas SEMPRE nos alertou.
Alertou dos falsos profetas, das noites mal dormidas, das perseguições por causa do Seu nome. Ordenou que vigiássemos e orássemos; que não pulássemos do barco; que as inconstâncias seriam passageiras (…).

Disse que pela fé caminharíamos sobre as águas, removeríamos montanhas, venceríamos o inimigo.“(…) Vede, eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. (Mt 10, 16)

Se tivermos que falar, falemos; denunciar, denunciaremos! Se pudéssemos buscar um culpado para a vida que o povo de Deus leva hoje em relação às diferenças sociais, pobres e ricos, assistidos e abandonados, teríamos muitos personagens, mas se procurássemos cúmplices teríamos começar por nós.

Reparemos como nos comportamos. Somos bem próximos a aquele povo narrado na primeira leitura. Um povo que dificulta o trabalho de Deus!
Um povo que sabe desestimular mais que ajudar a construir; um povo que fala, mas não consegue por em prática. Ainda nos falta coragem em nós pra assumir que DE FATO o REINO DE DEUS É POSSÍVEL.

Você deseja o reino? Então, ponha-se a serviço! A começar em você!

Isso me fez lembrar quando dois discípulos, através de sua mãe, foram citados para ocupar um lugar de destaque perante aos outros: “(…) Jesus lhes disse: ‘Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber? Ou ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?’ Responderam: ‘Podemos’. Jesus então lhes disse: ‘Sim, do cálice que eu vou beber, bebereis, com o batismo com que eu vou ser batizado, sereis batizados. Mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não depende de mim; é para aqueles para quem foi preparado”. (Mc 10,38-40)


 Propósito: Acolher, de coração aberto, a proposta de Jesus que vai se manifestar de diversas formas. Estar atento para perceber, em tudo que me acontecer, a presença viva do Senhor.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

EVANGELHO DO DIA 28 DE FEVEREIRO - 3º DOMINGO DA QUARESMA

3º DOMINGO DA QUARESMA
28 FEVEREIRO - Se Deus nos pede o sacrifício de alguma bela flor do nosso jardim, conforte-nos o pensamento de que Ele nos recompensará com juros fazendo brotar muitas outras graças ao orvalho celeste e defendendo-as com carinho das geadas e do frio, até o dia em que as queira transplantar para o Céu. (L 271). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 13,1-9

"Naquela mesma ocasião algumas pessoas chegaram e começaram a comentar com Jesus como Pilatos havia mandado matar vários galileus, no momento em que eles ofereciam sacrifícios a Deus. Então Jesus disse:
- Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram. E lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
Então Jesus contou esta parábola:
- Certo homem tinha uma figueira na sua plantação de uvas. E, quando foi procurar figos, não encontrou nenhum. Aí disse ao homem que tomava conta da plantação: "Olhe! Já faz três anos seguidos que venho buscar figos nesta figueira e não encontro nenhum. Corte esta figueira! Por que deixá-la continuar tirando a força da terra sem produzir nada?" Mas o empregado respondeu: "Patrão, deixe a figueira ficar mais este ano. Eu vou afofar a terra em volta dela e pôr bastante adubo. Se no ano que vem ela der figos, muito bem. Se não der, então mande cortá-la."
"
 

Meditação:

Temos neste texto, exclusivo de Lucas, um caso único, nos evangelhos, em que Jesus, em seus ensinamentos, faz referência a acontecimentos recentes.

Os galileus foram mortos por Pilatos porque suspeitava que fossem subversivos. Segundo a "doutrina da retribuição" dos fariseus, o sofrimento era castigo de Deus e a abundância era bênção de Deus.

A morte violenta dos galileus foi vista como conseqüência de seus pecados. Jesus o descarta, e traz a questão para dentro da própria comunidade judaica, uma torre que caiu e matou dezoito, em Jerusalém.

Eram, estes também, mais pecadores que os demais? Negando esta doutrina da retribuição, Jesus destaca que o encontro com Deus se dá pela conversão necessária para todos aqueles que se julgavam justos. Com a parábola que segue, Jesus mostra a paciência de Deus em dar oportunidades para a conversão.

Esses dois episódios, como sinais dos tempos, dizem que a morte pode vir de improviso. Assim também o juízo de Deus pode chegar quando menos esperarmos. Por isso, precisamos e devemos nos arrepender de todos os nossos pecados.

 Jesus deixa claro que não necessariamente há uma relação direta de causalidade entre culpa e sofrimento. Mas as desgraças públicas são, como sinais dos tempos, oportunidade para reflexão e penitência dos pecados.

Jesus adverte que toda nação caminha para a ruína se não se converter ao Messias. Todos necessitamos de conversão contínua porque todos erramos. O mistério do sofrimento sem espírito de fé esmaga o homem.

Primeiro, arrepender-se é desviar do pecado, mudando de direção em relação à iniqüidade. O arrependimento é mais do que um aprimoramento pessoal, é mais do que uma maneira de se controlar a vida. É uma medida profunda, uma decisão de abandonar tudo o que é estranho a Deus. Essa medida contribui para uma transformação total, a que Jesus chama novo nascimento (Jo 3,3).

Arrepender-se não é simplesmente sentir remorso do pecado cometido. Uma pessoa pode sentir remorso de ter pecado devido às complicações que o pecado trouxe à sua vida, ou devido a uma conseqüência desvantajosa que tenha de sofrer pelo ato pecaminoso.

Judas sentiu remorso por ter traído Jesus, mas não se arrependeu (Mt 27,3). Pedro, que negou Cristo (Mt 26,34,69–75), arrependeu-se; Judas sentiu apenas remorso. É possível sentir-se perturbado pelo fato de ter pecado, sem, contudo, arrepender-se.

O arrependimento não é simplesmente uma convicção do pecado. No dia de Pentecostes, Pedro expôs o pecado dos judeus que o ouviam.

As palavras do apóstolo levaram convicção ao coração deles, a ponto de clamarem: “Que faremos?” (At 2,37). Pedro, porém, não considerou essa convicção como arrependimento; pois ao responder à indagação deles, disse: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2,38).

O arrependimento não é simplesmente uma tristeza divina. A tristeza divina por causa dos pecados precede e produz o arrependimento, segundo o apóstolo Paulo: Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza segundo o mundo produz morte (2Co 7,10).

O arrependimento não deve ser tampouco definido como uma mudança de vida. Ele produz, sim, uma mudança de vida. Se o arrependimento não resultar numa vida transformada, então não houve de fato arrependimento genuíno; mas a mudança de vida não é o arrependimento propriamente dito.

João Batista advertia o povo que o seguia: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:8). O arrependimento real precede os frutos de arrependimento, a saber uma vida mudada.

Arrependimento tem a ver com mudança resoluta da vontade própria em relação ao pecado. Envolve o intelecto, as emoções e a consciência.

Essa mudança de atitude em relação ao pecado torna-se tão nítida na personalidade humana, que capacita o crente a desistir de um modo de vida.

No batismo, uma pessoa é imersa para morrer espiritualmente para o pecado, crucificando seu velho eu, de modo que o corpo do pecado seja destruído (Rm 6,6).

Em segundo lugar, arrepender-se é voltar-se para Cristo. Não é apenas uma reação negativa ao mal; é também uma resposta positiva a Cristo.

O arrependimento consiste em abandonar o pecado e voltar-se para Cristo para ter vida. Jesus não convidou ninguém para tirar férias religiosas, ou dar uma breve trégua na iniqüidade.

Ele pediu comprometimento total, descrito como um nascimento da água e do Espírito, um nascimento do alto (Jo 3,5). Essa transformação é tão radical e duradoura que Paulo a comparou com uma circuncisão espiritual, uma remoção completa do corpo da carne por obra de Deus: Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo (Cl 2,11).

O arrependimento envolve um compromisso constante. Ao respondermos a Deus, devemos fazer morrer as obras do corpo. Daí para frente, uma tarefa que temos como cristãos é não deixar virem à tona essas obras.
Paulo disse: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e avareza, que é idolatria” (Cl 3,5).

É preciso viver no mundo sem ser dele, e nele viver conforme o Espírito de Deus. O juízo de Deus sobre nós pode dar-se quando menos esperamos e por isso devemos viver de tal modo que não sejamos surpreendidos. O cristão está em contínua vigilância pela caridade e pela prática da misericórdia.

Jesus explicava, com a maior clareza possível, qual era o pensamento de Deus, que se projetava à humanidade através de si mesmo. E o faz através de parábolas.

A parábola da figueira que não deu fruto, tem a intenção de mostrar a nós mesmos, comparando-nos com uma figueira que se depara com a opção de produzir ou não fruto, de proclamar ou não o Reino de Deus.

Nossa missão é justamente proclamar a presença do reinado de Deus. O que nos afasta dessa missão é tudo aquilo que vai contra o que Jesus nos ensinou: a presença do pecado, do egoísmo, da cultura da morte, da falta de respeito pela própria vida e pela vida alheia. Tudo isso, porém, é produto da nossa liberdade, sempre respeitada por Deus.

O que é mais interessante em nossa vida é que essa situação pode e deve ser transformada, aproveitando as constantes oportunidades que o próprio Deus nos oferece para reverter o mal e para produzir bons frutos. Para isso, temos que ter claro a capacidade que temos de fazer o bem, que é o que Deus nos pede, para que ajudemos na construção de seu Reino.

Reflexão Apostólica:

O Evangelho de hoje,  nos faz lembrar as notícias trágicas que diariamente chegam até nós através dos telejornais e tantos outros meios de comunicação: notícias como as enchentes que destroem casas, sem falar na violência de todos os tipos que assola o mundo.

Mas por que tudo isso acontece? O que vem a nossa cabeça quando nos damos conta dessas más notícias? Ficamos chateados, indignados, tristes, chocados, assombrados e nos perguntando o porquê de ter acontecido esta ou aquela situação?

Será que nos preocupamos mesmo porque aconteceu este ou aquele fato trágico para alguém, ou ficamos chocados pelo simples fato do medo de que aconteça também conosco?

Enfim, amamos o próximo a ponto de nos preocuparmos com ele ou somos insensíveis e indiferentes a ele? Será que no fundo não sentimos um pouco de alegria por que não fomos nós as vítimas? Ou estas coisas já nem chamam mais a nossa atenção porque já nos acostumamos com a quantidade de desgraças que acontecem diariamente? Enfim, Deus castiga ou não castiga o ser humano por seus pecados?

O Evangelho de hoje apresenta uma discussão entre Jesus e algumas pessoas vão até Ele para lhe dar uma notícia de um crime: a notícia dos galileus mortos por Pilatos, enquanto ofereciam seus sacrifícios. Pilatos bem antes da morte de Jesus é apresentado como um governador violento.

O massacre deve ter acontecido no templo de Jerusalém, porque só ali era costume a prática de ofertar animais em sacrifício; e, por isso mesmo, além de ser um homicida, ele comete um grande sacrilégio (dentro do Templo).

Além disso, estes informantes de Jesus dão um juízo negativo sobre as pessoas mortas, já que naquele tempo, pensava-se que a morte violenta fosse conseqüência de algum pecado. Pensava-se que se alguém morresse assim era porque havia feito algo errado.

Segundo a mentalidade do tempo e ainda muito difundida hoje, baseada na doutrina da retribuição, qualquer desgraça era tida como castigo divino devido a um pecado: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais para que nascesse cego?” (Jo 9,2).

Desta forma, pela morte dos galileus, chegava-se à conclusão de que estes eram pecadores e por isso, mereceram a morte como castigo.

No fundo, o que querem saber é qual seria a resposta, a reação de Jesus diante de tudo isso, já que Jesus era um Mestre que ensinava com autoridade.

O interessante é que Jesus aproveita esta situação para passar a sua mensagem de conversão, de mudança de mentalidade.

Ele diz a estas pessoas que não devem chegar a falsas conclusões pelo que podem pensar a primeira vista e ainda diz o que elas devem fazer.

Assim, Jesus responde primeiramente que a morte violenta não é conseqüência de um pecado. A salvação é aberta a todos. Todos devem se salvar.

E mais, que os outros que não tinham sido assassinados, não eram culpados, e, por isso, poderiam se sentir “certinhos”, seguros e levarem a vida como bem entendessem.

No entanto, Jesus se opõe radicalmente a este modo de pensar e sublinha com força que todos devem se converter. Jesus diz que ninguém tem que pagar nada, ou melhor, todos são culpados, todos têm uma relação equivocada com Deus, todos têm algo de errado, todos devem mudar de vida.

Essa culpa não traz como conseqüência que deva acontecer algo de mal na vida. Se acontecer, é porque aconteceu. Se fôssemos acreditar na lógica da retribuição, quantas pessoas deveriam ter tragédias em suas vidas e não têm e vice-versa.
  
Para facilitar ainda mais a compreensão daquilo que quer transmitir, Jesus acrescenta outro caso, no qual dezoito homens foram mortos em Jerusalém na queda da torre de Siloé.

Neste segundo caso, ele se dirige aos habitantes de Jerusalém, ou seja, o que ele adverte vale para todos, sem exceção, todos precisam se converter.

Jesus quer abolir a idéia de que Deus castiga. Deus nos ama, Deus quer nos salvar. “Se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. Ou seja, Jesus transfere o centro do discurso.

Não se ocupa mais com os ausentes, mas com os que estão ali presentes. Jesus diz que não devemos nos preocupar se aquelas pessoas eram ou não culpadas, mas que nós tenhamos um coração que se converte, da necessidade de se converter.

As tragédias humanas são um alerta e um convite à aceitação do projeto libertador iniciado por Jesus Cristo. Rejeitar este projeto é rejeitar a vida.

Para aceitar este projeto, é necessária uma mudança de mentalidade. Se nós não aceitamos este convite de Jesus, seremos construtores da nossa própria desgraça.

É preciso não tanto preocupar-se com o que está fora, mas com o interior. É preciso alimentar o interior para receber a salvação de Deus. Isso acontece através da conversão.

Metanoia em grego significa mudar modo de pensar. Se percebemos que nossa vida está numa direção errada, mudemos o rumo.

A palavra grega metanoia não quer dizer somente mudança de mentalidade, de rota. Mas vai mais além. Não devemos gastar nosso tempo em calcular as coisas com a nossa razão, pois a matemática de Deus é bem diferente da nossa, vejamos com que paciência Ele nos espera através da parábola da figueira.

A parábola da figueira que não dá frutos é uma parábola muito interessante. Com ela, Jesus confirma seu pensamento. A figueira é uma das plantas mais comuns e generosas da Palestina. Geralmente, dá boa sombra e produz frutos durante dez meses por ano.

A figueira representa o povo de Israel e não só. Representa todos os que ouvem a Palavra de Deus. Jesus é o Agricultor.

Ele plantou a figueira e espera a abundância dos frutos. Não encontrando frutos, o patrão emite uma dura sentença: já que Israel é uma figueira ociosa, não faz sentido que continue a viver. Talvez Lucas estivesse pensando na rejeição do Evangelho praticado pelos chefes religiosos daquele tempo.

No entanto, a grande novidade acontece pela ação do agricultor: ele aduba o terreno: sinal de uma dedicação especial. Os camponeses sabiam que a figueira não tinha necessidade de adubo. Mas, Jesus vai além das expectativas. Aposta no ser humano até onde possa parecer absurdo. Esta é a solidariedade de Deus.

Freqüentemente, esquecemos o trabalho do Agricultor. Exigimos bons frutos das pessoas como se fôssemos os mais perfeitos em fazer boas obras.

O adubo da paciência, ensinado a nós pelo agricultor é a oportunidade que cada pessoa deveria merecer. Jesus nos ensina que a misericórdia divina não conhece limites: pode ser que o próximo ano produza!

Uma planta comum se torna para nós símbolo de conversão. Mas, sem a nossa cooperação, tornamos estéril a solidariedade divina.

O nosso agricultor espera de nós bons frutos. E estes frutos não são um imposto que devemos pagar pelo direito de existir, mas são a nossa própria realização pessoal, que dá sentido a nossa vida.

Portanto, vamos parar de justificar as desgraças alheias com atitudes orgulhosas para demonstrar a nossa superioridade ou presumida boa consciência. Todos nós precisamos de conversão.

À figueira sempre é dada uma nova chance: não temos tempo a perder. O momento é agora. É muito triste olhar pra trás e constatar que temos sido uma figueira que não soube produzir frutos. Se for o caso, é agora o momento de arregaçar as mangas e crer firmemente na paciência do Agricultor.

Propósito:

Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão contigo, por meio de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente para ti.

Evangelho do dia 27 de fevereiro sábado

27 - Ao sofrer por vontade de Deus em alguns de seus membros, a Congregação reflorescerá com maior saúde em todo o corpo. (L 167). São Jose Marello
Lucas 15,1-3.11-32

Naquele tempo, os publi­canos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queira matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome’. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”’  
 
 
Meditação: 
Este Evangelho narrado por Lucas, conhecido como “parábola do filho pródigo”, poderia muito bem ser denominado “parábola do pai misericordioso”. Nele temos a revelação do Deus de Jesus que a todos acolhe em seu infinito amor. Respeita plenamente a liberdade de seus filhos e está com o coração aberto para acolhê-los a qualquer momento, sem censuras, independentemente de sua história passada.
 Este é o nosso Deus de quem nós devemos aprender todos os dias e horas. Diferencia-se do deus dos escribas e fariseus, que castiga os que dele se afastam, impondo-lhes variados sofrimentos; e, se há arrependimento, reata sua aliança sob ameaças.

É por seu amor misericordioso que o Deus de Jesus move à conversão e ao reencontro com a vida plena. Assim a parábola do Pai Misericordioso vai mostrar como Deus pai age diante do filho pecador. A situação que relata é absolutamente real e facilmente encontrável em qualquer família humana.
O movimento desta parábola é simples: apresentação dos personagens, atitude do filho menor, atitude do pai diante do filho perdido, atitude do filho mais velho.

Como se vê, as três primeiras cenas são paralelas às atitudes do pastor e da mulher diante do objeto perdido, a novidade vê da atitude do filho mais velho.

Certamente a parábola reflete a atitude dos fariseus e escribas diante dos pecadores. Não deixa de ser interessante a linguagem da refeição na parábola, o que nos lembra o contexto: "houve fome" (v. 14), desejava comer vagens (v. 16), os empregados do pai "têm pão em abundancia" (v. 17), o pai manda "matar um novilho gordo: comamos e bebamos, vamos fazer uma festa" (v. 23), "nunca me deste um cabrito para uma festa com meus amigos", queixa-se o irmão mais velho (v. 29) e esclarece "este teu filho que gastou todos os teus bens com prostitutas".

Como se vê, há um contraste entre os personagens em relação a uma mesma situação: o filho irmão menor. Como em outras parábolas de dois personagens, talvez o título deveria refletir estas duas atitudes mais que remeter ao "filho pródigo".

Por outra parte, ocupa-se em mostrar a queda profunda do filho mais novo com uma série de elementos muito críticos para qualquer judeu: "país distante", "vida libertina/prostitutas", "passar necessidade", "cuidar de porcos", não lhe dão sequer vagens para se alimentar, que é comida preferencialmente de animais (deveria roubá-las?), a ponto de pretender voltar "a seu pai" como um assalariado.

É preciso prestar atenção em palavras como "não mereço" (vv. 19.21) e "é bom/convém" (v. 32). Descobrindo sua miséria, o filho parte "de seu pai" (não diz de sua casa, ainda que se suponha "pros" (vv. 18.20), o filho mais velho é quem não entra "em casa" (v. 25).

O movimento de partida e regresso do filho é semelhante ao perder-encontrar e mais ainda à morte-ressurreição, com este paralelismo termina a intervenção do pai que volta a repetir-se ao intervir junto ao filho mais velho.

O filho mais novo preparou um discurso, porém o pai não lhe permite terminá-lo. O pai transborda em generosidade e iniciativa: não somente corre ao encontro do filho ao vê-lo ao longe, mas lhe devolve a filiação que havia "perdido": isso significa o anel (selo), as sandálias, e a melhor veste, tratamento digno de um hóspede de honra. A alegria do pai fica refletida ainda, na festa por "este meu filho".

O irmão mais velho, que retorna depois de cumprir com suas responsabilidades de filho, não quer ingressar na casa e participar da festa. Novamente o pai sai ao encontro do filho e aí escuta a reprovação. O filho mais velho se recusa a reconhecê-lo como irmão ("esse teu filho"), ao que o pai lhe recorda ("este teu irmão").

O pai não lhe nega a razão pelo fato de o filho mais velho "jamais ter desobedecido a uma ordem"; é um "sempre fiel", alguém que "está sempre com o pai" e tudo que é seu lhe pertence, porém o pai quer ir mais além da dinâmica da justiça: o filho mais novo "não merece", porém "é bom" festejar. A misericórdia supõe adiantar-se em relação aos outros.

Os pecadores, por serem tais, não merecem, porém o amor é sempre gratuito e vai mais além dos merecimentos, olha o caído. Os fariseus e escribas são modelos de grupos "sempre fiéis", porém, sua negativa em receber os irmãos que "estavam mortos" e voltam à vida, pode deixá-los do lado de fora da casa e da festa. Os mais velhos também podem sair de casa, se não imitam a atitude do pai, ou podem ingressar e festejar se são capazes de receber os pecadores e comer com eles.

Em nossa vida cristã, costumamos transitar entre caricaturas de Deus; seja pelo que acreditamos, pelo que mostramos ou por aquilo que nos ensinaram. Seja um Deus bonachão, um vingador que a uma falha nossa nos castiga, um distraído ou esquecido das coisas dos humanos aos quais criou "faz tanto tempo", um "pai" autoritário e caprichoso que decide arbitrariamente e não permite discussões na realização de sua vontade. Como é nosso Deus?

É importante saber como é o Deus no qual acreditamos, porém mais importante é saber como é o Deus no qual Jesus acreditou e como é o Deus que ele nos revelou. Como sempre, Jesus nos fala de Deus, não somente com palavras, mas também com o agir. Agindo, Jesus nos mostra a verdadeira face de Deus Pai.

Hoje Jesus nos conta uma parábola, que nos fala de Deus. É uma parábola que nasce de uma atitude de Jesus. Ela quer nos ensinar que, diante dos irmãos desprezados, podemos agir de duas maneiras diferentes: como Deus, que é também uma obra de Jesus, ou também como os judeus religiosos, os "separados" do resto, os puros.

O pecado é o amor-não-praticado e por isso nos distancia de Deus, que é amor; separa-nos da casa paterna. Porém, com seu amor, que continua sendo derramado, e de um modo preferencial pelos pecadores, Deus continua estendendo constantemente sua mão amiga, à espera da volta de seus filhos.

Nós, com nossa freqüente caricaturização de Deus, costumamos rejeitar, julgar e condenar os considerados pecadores. Nós, como Jesus, com nossas atitudes também mostramos o Deus no qual acreditamos; porém, diferentemente de Jesus, também mostramos um Deus que em nada se assemelha ao Eterno Buscador de Filhos Perdidos.

O Jesus que ama e prefere os pecadores, e come com eles, não faz outra coisa que conhecer a vontade do Pai e realizá-la concretamente: partilhada sua mesa, seu alimento nos fala claramente de Deus!

No comportamento de Jesus se manifesta o comportamento de Deus. Jesus mesmo é parábola vivente de Deus: sua ação se transforma assim em uma revelação. Que Deus, que Igreja, que ser humano revelamos com nossa vida?

Com freqüência, como irmãos mais velhos, nos sentimos tão orgulhosos de não ter abandonado a casa do pai, que acreditamos saber mais que o próprio Deus: Deus se torna "injusto" diante da nossa "justiça"; Deus é "de pouco caráter" para nossa imensa sabedoria. Quem sabe, Deus já esteja velho, para dedicar-se à sua tarefa e deveria aposentar-se e deixar-nos.

Diante de tanta gente que rejeita a Igreja ("creio em Deus, mas não na Igreja"); às vezes admitimos: "Deus sim quer a Igreja". É o caso de nos questionar: que Igreja é a que ele quer? Nós mostramos, com nossas atitudes, em que Igreja acreditamos? Esta Igreja, a que nós mostramos é a Igreja que Deus quer? Jesus, com sua vida, e até na forma de se alimentar, mostra o verdadeiro rosto de Deus.

Talvez devamos, de uma vez por todas assumir nosso papel: deixar nossa atitude de filho mais velho e, já que é tão difícil fazer o papel de Deus, deveríamos assumir o papel de filho mais novo; é hora de voltar para Deus, para enchê-lo de alegria, para participar de sua festa; e, participando de sua alegria comecemos a mostrar o rosto misericordioso deste Deus que está sempre de braços abertos para nos acolher. A mesma cena eucarística é expressão da universalidade do amor de Deus: é alimento para o perdão dos pecados.

O Deus da misericórdia não quer ninguém excluído de sua mesa, da mesa da vida; mais ainda, quer convidar especialmente a todos aqueles que são excluídos das mesas dos homens por sua situação social, por sua pobreza, por seu sexo ou por qualquer outro motivo; e vai mais longe, não vê com bons olhos os que acreditam participar de sua mesa, mas excluem de sua mesa os seus irmãos por serem pobres.

O Deus que não faz distinção de pessoas, ama diletamente os menos amados. Contudo, muitas vezes tomamos a atitude do irmão mais velho. Quando é que vamos sentar à mesa dos pobres e abandonar nossa tradicional postura de soberba e divisão de "bons cristãos"?

Quando é que vamos participar da festa de Deus reconhecendo como irmãos os rejeitados e desprezados? Jesus nos convida à sua mesa, uma mesa na qual mostramos, como em uma parábola, como é o Deus, como é a fraternidade nos quais acreditamos. E vamos mostrar que somos irmãos, que somos filhos, na medida da nossa participação da alegria do pai e do reencontro com os irmãos.

Reflexão Apostólica:

Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida.

Os fariseus e escribas procuram condenar Jesus, escandalizados pela familiaridade com que trata pecadores e publicanos. Estes descobriram em Jesus um caminho de conversão. Alguém finalmente compreendeu sua história e as razões pelas quais viviam em pecado. Isto os tocou, profundamente; agora seguem a Jesus tentando uma profunda mudança de vida
A parábola confronta os que vivem sujeitos à Lei e aos ritos, com os que decidiram voltar à casa do Pai. Este continua com os braços abertos para receber com amor a todos os que decidirem converter-se; quando: desejarem fazê-lo, ou quando suas histórias pessoais os tenham tocado profundamente.

Pensando sobre esta parábola em uma comunidade de base, uma senhora perguntou: “onde estava a mãe do garoto?” E outra contestou: “Rezando para que seu filho voltasse são e salvo”. Nesta parábola é onde Jesus melhor apresenta o Deus Pai-Mãe. Tem dois filhos diferentes e os ama imensamente aos dois. Não quer escolher entre eles.

São eles que devem crer em tanto amor e gratuidade e aceitar-se mutuamente como irmãos. Ambos devem aprender do Pai-Mãe que o amor não faz cálculos mesquinhos, mas que cresce na gratuidade e na aceitação dos outros tal como são. O filho mais velho é reflexo dos fariseus, mesquinhos e calculistas.

O filho menor se assemelha aos pecadores que Jesus está recebendo em sua comunidade. Os fariseus o criticam e se negam a entrar na festa do Reino para não se juntar a eles. Não crêem na capacidade dos demais de arrependerem-se e voltar a amar. No fundo deixaram de crer na capacidade de amar que tem o Pai-Mãe revelado por Jesus. A qual dos três personagens nos assemelhamos mais?

Contemplemos nossa vida pessoal, familiar e comunitária à luz do Evangelho, para reconhecer com humildade nossas limitações e avaliar como tem sido nosso processo de aproximação ou de distanciamento da casa do Pai.

Esta parábola nos leva a refletir na nossa condição de filhos e filhas de Deus, que temos à nossa disposição alimento com fartura para saciar a nossa fome de felicidade e, no entanto, nos apossamos de uma falsa liberdade que nos impulsiona a ir buscar no mundo a mesma comida que os “porcos comem”.

Erroneamente, nós achamos que o Pai quer ter conosco uma relação de patrão e empregado e não percebemos que Ele põe ao nosso alcance, a todo o momento, a nossa herança para que possamos usufruí-la de uma maneira que nos faça desfrutar a vida e ser feliz.

Nós, porém, queremos a nossa parte como se fosse um salário que apenas serve para comprar coisas que não têm serventia e que alimentam exclusivamente os desejos da nossa humanidade. E, se arrependidos pensamos em voltar também achamos que seremos recebidos como um empregado que regressa acabrunhado sem direito nenhum, para somente receber um prato de comida. Jesus nos dá uma demonstração de como é a mentalidade de Deus.

O Pai sempre sente compaixão pelo filho que se arrepende. O processo da volta começa com o arrependimento. Quando nos afastamos de Deus querendo ser donos da nossa vida desejando ter “liberdade” para viver sem restrições e fazer o que nos dá na telha, nós sofremos as conseqüências.

Há um momento em que nos sentimos perdidos, afundados na lama, famintos e humilhados. O Pai nos espera! Podemos voltar! Ele nos receberá, porém precisamos estar arrependidos e humildes, sem razões e justificativas para que o perdão realmente aconteça e faça sentido para nós. Quem não se arrepende não precisa ser perdoado.

Às vezes nós somos o filho mais velho que não compreende o porquê da misericórdia de Deus para com os pecadores. Vivemos na casa de Deus como hóspede que não se sente à vontade nem se acha com livre-arbítrio de provar de tudo que o Pai põe ao seu dispor. E quando retorna o “filho pródigo”, nós também não compreendemos a compaixão que o Pai tem para com ele e queremos que Deus faça tudo de acordo com a nossa “justiça” que é injusta. O Pai, porém quer colocar à disposição de todos, igualmente, a herança que Ele nos destinou: a nossa salvação.

Você já experimentou voltar para Deus arrependido e humilhado? Como você se sentiu? Quando você erra volta-se pra Deus com o coração de filho (a) ou de empregado (a)? Qual a diferença entre ser filho (o) e ser empregado (a)? Você acha que o filho mais velho se comportou com a mentalidade de filho ou de empregado?

Propósito:

Pai, coloca-me no caminho da vida, banindo todo egoísmo que me afasta de ti, e não permitindo que eu jamais duvide de teu amor.

Evangelho do dia 26 de fevereiro sexta feira

26 fevereiro - Repitamos sempre: “Omnia cooperantur in bonum” tudo coopera para o bem, até nas menores coisas, como já há tempo a experiência nos tem ensinado. (L 167).  São Jose Marello
Mateus 21,33-43.45-46

"Escutem outra parábola: certo agricultor fez uma plantação de uvas e pôs uma cerca em volta dela. Construiu um tanque para pisar as uvas e fazer vinho e construiu uma torre para o vigia. Em seguida, arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar. Quando chegou o tempo da colheita, o dono mandou alguns empregados a fim de receber a parte dele. Mas os lavradores agarraram os empregados, bateram num, assassinaram outro e mataram ainda outro a pedradas. Aí o dono mandou mais empregados do que da primeira vez. E os lavradores fizeram a mesma coisa. Depois de tudo isso, ele mandou o seu próprio filho, pensando: "O meu filho eles vão respeitar." Mas, quando os lavradores viram o filho, disseram uns aos outros: "Este é o filho do dono; ele vai herdar a plantação. Vamos matá-lo, e a plantação será nossa." Então agarraram o filho, e o jogaram para fora da plantação, e o mataram.
Aí Jesus perguntou: E agora, quando o dono da plantação voltar, o que é que ele vai fazer com aqueles lavradores?
Eles responderam: Com certeza ele vai matar aqueles lavradores maus e vai arrendar a plantação a outros. E estes lhe darão a parte da colheita no tempo certo. Jesus então perguntou: Vocês não leram o que as Escrituras Sagradas dizem? "A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas. Isso foi feito pelo Senhor
e é uma coisa maravilhosa!" E Jesus terminou: Eu afirmo a vocês que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado para as pessoas que produzem os frutos do Reino. Os chefes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas que Jesus contou e sabiam que ele estava falando a respeito deles. Por isso queriam prendê-lo, mas tinham medo da multidão porque o povo achava que Jesus era profeta.
"

Meditação:

No Evangelho, Jesus fala-nos abertamente: o Reino nos será tirado e entregue à outros, se não nos convertermos das nossas ambições, orgulhos e vaidades. Se não abandonarmos a vida do pecado e não aprendermos a praticar a justiça e o bem!

Oxalá, não tenhamos a sorte dos vinhateiros retratados por Jesus neste evangelho. Mas sim a daqueles que, assumindo a sua vocação, se tornam realmente discípulos e missionários de Jesus Cristo com uma missão específica!

A parábola evangélica de hoje mostra a má vontade de uns lavradores que por avareza matam o filho do dono da vinha, filho em quem está figurado Cristo. A linha narrativa da parábola é clara por si mesma.

Tratando de assinalar quem é quem na parábola, torna-se evidente que a vinha é Israel; o dono, Deus; os arrendatários, os chefes do povo judeu; os criados, os profetas; o filho morto, Jesus Cristo, e o castigo de justiça, para além da destruição de Jerusalém e do templo, a entrega da vinha a outros, isto é, a admissão das nações pagãs no reino de Deus.

A reação dos sumos sacerdotes e dos fariseus mostra já em ação o que Jesus pré-anuncia em parábola: “compreenderam que falavam deles; e embora procurassem deitar-lhe a mão, temeram as pessoas, que o tinham por profeta”. À medida que avançamos para a Páscoa, vai adquirindo relevo o mistério da morte e ressurreição de Cristo, o Filho de Deus feito homem.

A parábola dos vinhateiros homicidas é um compêndio da história da salvação humana por deus, desde a sua aliança com o povo eleito, Israel, até a fundação da Igreja por Jesus como novo povo de Deus, passando pelos profetas e o próprio Cristo, que anunciou o reino de Deus e foi constituído pedra angular de todo o plano salvador, mediante o seu mistério pascal de morte e ressurreição.

Nesta perspectiva histórico-salvífica há dois momentos altos que a parábola realça na redação de Mateus que hoje lemos:

a) O filho do dono é arrastado da vinha e morto fora da mesma pelos arrendatários malvados e avarentos. Alusão manifesta à morte de Jesus no Gólgota, fora das muralhas de Jerusalém.

b) A menção final da pedra, primeiro rejeitada e logo convertida em pedra angular do edifício, segundo o salmo 118, foi uma passagem preferida pelo Novo Testamento para se referir a Cristo, o Senhor ressuscitado e glorioso.

Por isso é provável que este ponto seja uma edição posterior da comunidade, tradição consignada pelos três sinóticos.

A projeção eclesial é o segundo ponto culminante com que Mateus enriquece, com marcada intenção, à lição da parábola. Fiel ao seu objetivo catequético sobre o novo povo de Deus que é a comunidade cristã, enfatiza a missão da Igreja dentro do marco da história da salvação: “O Reino dos céus vos será tirado e será dado a um povo que produza frutos”.

Desta forma, desloca a atenção desde a imagem inicial da vinha até ao reino de Deus, que é confiado à Igreja. A vinha que começou representando Israel, conclui significado tanto o novo Israel, a Igreja, como o reino de Deus.

Na sua reflexão pascal a comunidade cristã primitiva entendeu a parábola como uma advertência de Cristo também para ela própria.

Trata-se de um convite do Senhor a dar fruto segundo Deus, uma vez que se nos confiou a vinha, o Reino, para um serviço fiel e fecundo.

A fé, o culto e a oração devem plasmar-se em frutos para não frustrar as esperanças que o Senhor pôs em nós nesta hora do mundo, um tempo de vindima e colheita de Deus.

A nossa eleição como povo consagrado a Ele não deve ser motivo de orgulho puritano e estéril, mas de fértil responsabilidade cristã.

É assim como devemos hoje aplicar-nos esta parábola para que a escritura seja eficaz em nós: com espírito de revisão e conversão quaresmal. Assim seremos um povo que produz fruto.

O Senhor quer receber de nós a colheita e, se não estamos plantando, nada teremos para entregar ao Senhor que vem.  

Se lhe pedissem hoje contas a você qual seria a colheita que você teria para entregar ao proprietário? O que você entende por pedra angular?  Quem é Jesus na sua vida?

Reflexão Apostólica:  
Tenho oportunidade de conversar com muita gente e durante essas conversas surgem tremendos desabafos que acabam me motivando ainda mais a continuar caminhando.

São pessoas felizes, tristes, esperançosas, magoadas, vivendo turbulências, alguns jubilosos, mas as que mais me chamam a atenção são aquelas que são perseguidas, menosprezadas, deixadas num canto, não pelo sofrimento, mas por não terem feito nada de errado.

Sabemos que Jesus em sua inigualável sabedoria usava de situações e exemplos que transpunham as pessoas a se por no lugar da história e dela, a partir de uma opinião, traçar uma resposta ou conclusão.

Quem por ventura era o filho do dono da vinha?

Nossa fé nos faz acreditar que um dia Jesus voltará e de forma gloriosa, no entanto, e se Ele optar pelo vento suave e não pelo vendaval, conseguiremos vê-lo ou reconhecê-lo?

Quantas pessoas de nossa comunidade, serviço, faculdade também são assim. Trabalham, trabalham, se empenham, se prontificam, ajudam, dão suor, mas quando apontam uma situação nossa errada ou pelo menos equivocada são taxadas como “causadores de tumulto”, “sabichões”. Fico imaginando o pobre filho do dono da vinha… Cheio de boas intenções, mas feriu o interesse daqueles que querem ficar com que não é deles.

E quando a justificativa é a experiência? O tempo de casa, comunidade? (hunf) Outra briga! E o vento sopra e mais uma vez não é ouvido pelo orgulho.

Acredito que os que têm mais tempo de casa deveriam ser os primeiros a denunciar o que é errado ou equivocado. A idéia de não querer se indispor já nos fez perder muitas lideranças.

Devem ser ouvidos e não se calar. Conheço também muita gente que por falta de humildade e demasiadamente animado pela juventude (ou seria infantilidade) não se permite a ouvir, mas, ha de se convir, que devemos sempre abrir um precedente em todas as discussões: E SE ELE ESTIVER CERTO e EU ERRADO?

O vento sopra suave, mas se torna quase impossível ouvi-lo ou senti-lo quando gritamos.

Já participei de reuniões que quase viraram "barraco". Já presenciei também discussões homéricas por causa de uma coisa banal esquecida durante a missa. Ah!! E aquelas discussões por causa da música, do glória, do ato penitencial… 

Tenho conhecidos que se tornaram especialistas em assistir a missa como se fosse aquele jogo dos sete erros. Vão correndo na Liturgia, no pároco, no bispo e, se fosse fácil, até no papa, pra dizer aquilo que ninguém na missa percebeu e só ele (a), pois na verdade ainda não notou que , mais uma vez, não ouviu a palavra.

Já ia esquecendo… E os irmãos (inclusive eu já me peguei fazendo isso) que sentam pra ouvir a homilia ou reflexão ou a pregação do colega ou do sacerdote, só pra anotar as coisas erradas (ao seu entender) que são ditas no calor de uma emocionada fala?

Descobri que quando fazemos isso estamos revelando um lado imaturo nosso que se sacia com o erro do outro, ou seja, quanto mais imaturos, mais procuramos defeitos nos outros para me sentir melhor que ele (a). Ah! É inveja mesmo!
Concluindo: A Bíblia não é um livro de historinhas, e não conta só coisas boas, e por isso sabemos que a Sagrada Escritura é um livro verdadeiro, inspirado, porque ela não está para convencer as pessoas a respeito de uma vida perfeita, alienada, “desencarnada”.

Na Palavra de Deus você encontra a vitória da luz sobre as trevas. Eles estavam prontos para matar Jesus, mas Deus não se deixa vencer pelo mal e por qualquer desgraça, pois tem o poder de tirar um bem muito maior de tudo.

Existem duas coisas que a Palavra diz para nós: As perseguições, incompreensões e o desprezo vão sempre acompanhar aqueles que querem fazer a vontade de Deus.

Você quer fazer a vontade de Deus? Então você vai ser desprezado; isso faz parte. Essa é a primeira coisa, e talvez você esteja vivendo esse tempo agora; mas há uma segunda coisa que você não pode esquecer jamais: a vitória pertence ao Senhor, a vitória é sempre de Deus.
Se o filho do dono voltasse hoje pra ver como tratamos o que Ele nos confiou, poderia ter o mesmo fim que aqueles que são perseguidos. O Todo-poderoso pode converter em vitória a pior das desgraças e fracassos de nossas vidas.

Ouçamos mais os outros! Eles podem estar representando o Dono. Lembrem do evangelho de ontem… "Se eles não escutarem Moisés nem os profetas, não crerão, mesmo que alguém ressuscite.". (Lc 16, 31)
  
Propósito: Deixar-me tocar pelos apelos de Deus e me converta sinceramente para Ele.
__._,_.___