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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

EVANGELHO DO DIA 1º DOMINGO DA QUARESMA 14 DE FEVEREIRO

1º DOMINGO DA QUARESMA – 14 DE FEVEREIRO

14 - Ainda que o corpo seja perseguido por mil perturbações, a alma deve estar sempre na presença de Deus, a quem devemos recorrer a cada momento para renovar as forças. (L 23). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 4,1-13

"
Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto. Ali ele foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias. Nesse tempo todo ele não comeu nada e depois sentiu fome. Então o Diabo lhe disse: 
- Se você é o Filho de Deus, mande que esta pedra vire pão. 
Jesus respondeu: 
- As Escrituras Sagradas afirmam que o ser humano não vive só de pão. 
Aí o Diabo levou Jesus para o alto, mostrou-lhe num instante todos os reinos do mundo e disse: 
- Eu lhe darei todo este poder e toda esta riqueza, pois tudo isto me foi dado, e posso dar a quem eu quiser. Isto tudo será seu se você se ajoelhar diante de mim e me adorar. 
Jesus respondeu: 
- As Escrituras Sagradas afirmam: 
"Adore o Senhor, seu Deus, 
e sirva somente a ele." 
Depois o Diabo o levou a Jerusalém e o colocou na parte mais alta do Templo e disse: 
- Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui, pois as Escrituras Sagradas afirmam: 
"Deus mandará que os seus anjos 
cuidem de você. 
Eles vão segurá-lo com as suas mãos, 
para que nem mesmo os seus pés 
sejam feridos nas pedras." 
Então Jesus respondeu: 
- As Escrituras Sagradas afirmam: "Não ponha à prova o Senhor, seu Deus." 
Quando o Diabo acabou de tentar Jesus de todas as maneiras, foi embora por algum tempo." 


Meditação:

Os relatos das tentações procuram expressar uma experiência mística de Jesus, e então não devem ser interpretados ao pé da letra, duma maneira fundamentalista! 
Uma coisa já chama a atenção - as tentações vêm logo após o batismo de Jesus! O batismo significava o assumir público da sua missão, por parte de Jesus. Logo após este compromisso, ele tem que enfrentar as tentações. Aqui a experiência de Jesus é como a nossa própria - nós temos compromisso com o projeto de Deus, mas entre o nosso compromisso e a prática dele, existem muitas tentações!!
O texto diz que Jesus estava "repleto do Espírito Santo", uma frase somente usada em outras três ocasiões no Novo Testamento: Atos 6,5 e 7,55 (Estevão) e 11,24 (para Barnabé). Jesus é o modelo para cristãos que sofrem pressões! Também o texto sublinha que ele era "conduzido pelo Espírito através do deserto".

O Espírito Santo não conduz Jesus à tentação, mas é a força sustentadora dele, durante as suas tentações. E como o Espírito dava força a Jesus, Lucas quer ensinar às suas comunidades que elas também poderão contar com este apoio do Espírito Santo nos momentos difíceis da vivência da sua fé!
Podemos reconhecer nas tentações as mesmas que nós, individualmente e comunitariamente enfrentamos na nossa caminhada da fé hoje! Vejamos: Primeiro, Jesus é tentado para mandar que uma pedra se tornasse pão. Podemos ver aqui a tentação do "prazer"- logo que enfrenta sofrimento por causa da sua ascese, Jesus é tentado a escapar dele!

Uma tentação das mais comuns hoje, num mundo que prega a satisfação imediata dos nossos desejos, numa sociedade que cria necessidades falsas através de sofisticadas campanhas de propaganda. Uma sociedade de individualismo, onde a regra é "se quiser, faça!", uma sociedade onde sacrifício, doação e solidariedade são considerados como ladainha dos perdedores! E a resposta de Jesus é contundente: "Não só de pão vive o homem"(v.4).

O homem vive de pão certamente, mas não só! Jesus não é nenhum masoquista, contra o necessário para viver dignamente. Mas salienta muito bem que não é somente a posse de bens que traz a felicidade, mas a busca de valores mais profundas, como a justiça, a partilha, a doação, a solidariedade com os sofredores.
Não faz nenhum contraste falso entre bens materiais e espirituais - precisa de ambos para que se tenha a vida plena! Nesta frase, Jesus desautoriza tanto os que buscam a sua felicidade na simples posse de bens como os que dispensam a luta pelo pão de cada dia para todos!
A segunda tentação pode ser visto como a de "ter". De novo algo muito atual! Nós vivemos na sociedade pós-moderna da globalização do mercado, do neo-liberalismo, do evangelho do mercado livre.

Diariamente a televisão traz para dentro das nossas casas a mensagem de que é necessário "ter mais", e que não importa "ser mais"! E como sempre, a tentação vem em forma atraente - até a Igreja pode cair na tentação de achar que a simples posse de bens, que podem ser usados em favor da missão, garantirá uma pregação mais evangélica.

Somos tentados a não acreditar na força dos pobres, de não seguir o caminho do carpinteiro de Nazaré. Jesus também teve que enfrentar esta tentação - ele que veio para ser pobre com os pobres, para mostrar o Deus que opta preferencialmente pelos pobres, é tentado a confiar nas riquezas! Para o diabo - e para o nosso mundo que idoliza o bem-estar material e o lucro, mesmo às custas da justiça social, Jesus afirma: "Você adorará o Senhor seu Deus, e somente a ele servirá"(v.8).

A terceira tentação podemos entender como a do "poder". Uma tentação permanente na história das Igrejas e dos cristãos. Quantas vezes as Igrejas confiavam mais no poder secular do que na fragilidade da cruz, para "evangelizar". Quanta aliança entre a cruz e a espada - a América Latina que o diga! E ainda hoje todos nós enfrentamos esta tentação - não de ter poder para servir, mas de confiar no poder aparente deste mundo, mais do que na fraqueza aparente de Deus, assim contradizendo o que Paulo afirmava com toda força: "A fraqueza de Deus é mais forte do que os homens"(1 Cor 1,25) E ainda: "Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte ("(1 Cor 1,27).

Jesus, que veio para servir e não para ser servido, que veio como o Servo Sofredor e não como dominador, teve que clarear a sua vocação e despachar o diabo com a frase: "Não tentarás o Senhor seu Deus". Realmente, podemos nos encontrar nas tentações de Jesus!

São as tentações do mundo moderno - o ter, o poder e o prazer! Todas coisas boas em si, quando bem utilizadas conforme a vontade de Deus, mas altamente destrutivas quando tomam o lugar de Deus em nossas vidas!. Jesus teve que enfrentar o que nós enfrentamos - o "diabo" que está dentro de nós, o tentador que procura nos desviar da nossa vocação de discípulos. E o trecho de hoje nos coloca diante da orientação básica para quem quer vencer: "Você adorará o Senhor seu Deus, e somente a ele servirá"(v.8).

Reflexão Apostólica:
O evangelho nos apresenta Jesus no deserto, assediado por tentações do inimigo. Jesus apenas recebe seu batismo das mãos de João Batista, e imediatamente se retira para um lugar deserto, não com a finalidade de ser tentado, mas para projetar seu futuro com base no passo que acabava de dar.

É necessário que estejamos atentos a todos os elementos que “molduram” esta passagem: batismo, deserto, tentações. 
O batismo assinala o momento decisivo em que, consciente e livremente, Jesus decide dar início a um determinado estilo de vida; contudo, decidir por uma determinada forma ou projeto de vida não implica necessariamente que já esteja tudo claro sobre como realizar esse projeto; pelo contrário, é o momento mais crítico, posto que imediatamente surjam várias alternativas que o crente tem que sopesar e sobre as quais tem que fazer um consciencioso discernimento para ver qual dentre todas se adapta mais e melhor ao seu projeto pessoal.

Ante essa realidade, encontra-se Jesus, e o evangelista descreve-a muito acertadamente em forma de tentação e em perfeita conexão com a mentalidade bíblica: num ambiente físico de deserto; contudo, nós não necessitamos ficar com o conceito material de deserto como lugar geográfico, nem com a quantidade de tempo que Jesus esteve ali, como um verdadeiro dado cronológico.
Para nós e, com toda a segurança, para a comunidade de Lucas, o que contava era o valor simbólico do deserto como lugar da consciência, e o tempo como o período ou processo no qual Jesus amadureceu sua vocação e seu projeto pessoal ou opção de vida.

Propósito:

Espírito de fortaleza, permanece sempre comigo, nas horas da tentação, para que, como Jesus, eu seja firme em superá-las.


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