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domingo, 31 de agosto de 2014

Evangelho segunda feira 1 de setembro

01 - A maldade não entra no Céu. (S 196). SÃO JOSE MARELLO
Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 4,16-30
 "Jesus foi para a cidade de Nazaré, onde havia crescido. No sábado, conforme o seu costume, foi até a sinagoga. Ali ele se levantou para ler as Escrituras Sagradas, e lhe deram o livro do profeta Isaías. Ele abriu o livro e encontrou o lugar onde está escrito assim:
"O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo
em que o Senhor salvará o seu povo."
Jesus fechou o livro, entregou-o para o ajudante da sinagoga e sentou-se. Todas as pessoas ali presentes olhavam para Jesus sem desviar os olhos. Então ele começou a falar. Ele disse:
- Hoje se cumpriu o trecho das Escrituras Sagradas que vocês acabam de ouvir.
Todos começaram a elogiar Jesus, admirados com a sua maneira agradável e simpática de falar, e diziam:
- Ele não é o filho de José?
Então Jesus disse:
- Sem dúvida vocês vão repetir para mim o ditado: "Médico, cure-se a você mesmo." E também vão dizer: "Nós sabemos de tudo o que você fez em Cafarnaum; faça as mesmas coisas aqui, na sua própria cidade."
E continuou:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. Eu digo a vocês que, de fato, havia muitas viúvas em Israel no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e meio, e houve uma grande fome em toda aquela terra. Porém Deus não enviou Elias a nenhuma das viúvas que viviam em Israel, mas somente a uma viúva que morava em Sarepta, perto de Sidom. Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi curado. Só Naamã, o sírio, foi curado.
Quando ouviram isso, todos os que estavam na sinagoga ficaram com muita raiva. Então se levantaram, arrastaram Jesus para fora da cidade e o levaram até o alto do monte onde a cidade estava construída, para o jogar dali abaixo. Mas ele passou pelo meio da multidão e foi embora.
 Meditação: 
 A Liturgia Diária de hoje nos traz o início da vida pública de Jesus. O Evangelista Lucas diz que após Jesus ter passado 40 dias no deserto, passou por algumas cidades até chegar a Nazaré, que foi o lugar onde ele cresceu e todos o conheciam como "o filho do carpinteiro".
 Jesus de Nazaré foi um judeu da Galiléia onde passou quase toda a sua vida e desenvolveu a maior parte da sua atividade pública. Ora, os estudos recentes mostraram as particularidades da Galiléia de então nos domínios social, cultural e religioso. No entanto, a interpretação dessas particularidades é objeto de discussão entre os especialistas.
 Do ponto de vista social, a Galiléia parece ter conhecido nesse tempo um processo de urbanização, que afundou o fosso entre as classes detentoras do religioso.
 O judaísmo da Galiléia tinha traços que o distinguiam do judaísmo de Jerusalém ou da Judéia em geral. O enraizamento de Jesus na Galiléia talvez não tenha influenciado somente a formulação de sua mensagem.

Os Evangelhos atribuem a Jesus uma atividade bastante variada que parece supor o desempenho de vários papéis ou funções sócio-religiosas. Jesus proclama a vinda iminente do Reino de Deus como um profeta, ensina como um doutor ou um sábio, cura doentes e exorciza possessos como um homem que está investido do poder de Deus. Parece difícil colar uma etiqueta a Jesus.
 Os historiadores privilegiam, segundo as suas próprias tendências, ora um ora outro dos papéis que os Evangelhos lhe atribuem, às vezes com a exclusão dos restantes.
 Tal exclusão não se impõe, podendo um homem de Deus desempenhar ao mesmo tempo mais do que uma função. Tudo indica que os contemporâneos de Jesus viram nele um profeta. Há duas séries de textos evangélicos particularmente significativas a esse respeito.
 A primeira, que se lê em Mc 6,15 e em Lc 9,8, conta a reação de Herodes perante a fama de Jesus. A segunda, presente nos três Evangelhos sinópticos, relata a chamada confissão de Pedro.
 As duas séries de textos informam sobre o que a opinião pública pensava de Jesus. Para uns, Jesus era João Batista ressuscitado; para outros, Elias; para outros, enfim, um dos profetas de outrora que ressuscitou. Jesus é ainda chamado profeta pela multidão ou por um ouvinte individual em vários outros textos próprios a um ou a outro evangelho.

Ao falar na Sinagoga, Jesus assumia as palavras de Is 61, 1-2 as quais anunciavam a todas as nações a Sua missão de ungido do Senhor.
 Este trecho nos relata o ministério de Jesus aqui na terra que se constitui também na nossa missão, pelo poder do Espírito Santo: anunciar a boa nova, proclamar a libertação dos cativos, recuperar a vista aos cegos, livrar os oprimidos e proclamar o perdão do Senhor! Todos nós que somos batizados em Cristo temos também esta vocação.
 Pela palavra que anunciamos, pela oração que fazemos ou pelo nosso testemunho, todas estas coisas acontecem àqueles a quem nós nos dirigimos.

Naquele tempo o povo de Nazaré não acreditou em Jesus porque Ele era de casa, mas mesmo assim Ele não desistia dos seus. É difícil para nós também anunciarmos Jesus na nossa casa ou evangelizar as pessoas no lugar onde todos nos conhecem. Nem sempre somos acolhidos e admirados porque seguimos os ensinamentos de Deus. Assim foi também no tempo de Jesus. Por isso é que Ele nos recorda as figuras de Elias que fez prodígios na vida de uma viúva que não pertencia ao povo de Israel e Naamã, o sírio, que procurou Eliseu longe da sua terra para ser curado da lepra. Às vezes não fazemos sucesso onde queríamos, mas o Senhor nos envia a alguém a quem nem imaginamos, para que por nosso meio ela possa obter cura e libertação.
 A quem você se sente chamado(a) a evangelizar? Para você o que é evangelizar? O que você tem feito para atrair os seus para uma vida melhor? Você tem visto algum progresso na sua família por causa do seu testemunho de vida? Você continua insistindo? Você sente o poder do Espírito Santo quando fala no nome de Jesus Cristo? Como você acolhe aqueles que lhe anunciam a Palavra da Verdade? Diante dos seus erros e falhas, você aceita de bom coração as correções? Os conterrâneos de Jesus não o acolheram. E você?
 Reflexão Apostólica:
 Existem coisas em nosso dia-a-dia que realmente não temos nada por fazer ao não ser rezar, acompanhar, estar ao lado, aconselhar, sugerir, (…), pois cabe a uma única decisão pessoal a direção que meus pés tomarão: Direita ou esquerda? Continuo ou desisto? Entretanto existem sim fatos e principalmente ações nossas sobre alguns assuntos que só persistem por algo que chamo de DESCRÉDITO, mas alguns chamam de RESIGNAÇÃO.
 Quando adolescentes, ouvíamos os conselhos, orientações e pedidos de nossos pais quanto a como se comportar, proceder e agir. Lembro de minha avó recitando o que eu chamava de “sermão da montanha” antes de eu ou minha tia sairmos de casa para alguma festa ou show. E como eu, outros tantos, ouviam esse “sermão” durante anos. Pessoas que nos querem bem incondicionalmente, que nos criaram, que nos geraram, que nos educaram e que são de nossa extrema confiança, (…); mas quantas vezes fomos pelo que foi ouvido de uma amigo ou amiga ao invés deles? Quantos adolescentes “matam” aulas por causa daqueles que andam conosco; quantas decisões equivocadas que surgiram de “conselheiros duvidosos”?

Por que aquela irmã ou irmão de comunidade, ou aquele colega de serviço ou de faculdade é tão feliz? Por que é que eu não consigo uma promoção, passar num concurso, na OAB, no vestibular? Quantos se perguntam isso todos os dias? Muitas vezes as respostas são intrigantes. “Vou fazer o cursinho tal que é o melhor”; ou “Eu estou assim porque me faltam chances”; ou “minha vida é muito sofrida”, (…).
 Chega então a pessoa que esta ao seu lado e lhe diz: “estude em casa”, “seja mais tranqüilo (a)”, “desencane dessa idéia”, “sorria mais”, “sofra menos”, “tome posse pra si”, (…). Em tréplica (risos) não quero ouvir, me recuso a escutar ou compreender, reluto, me defendo, me escondo, ignoro e por fim meRESIGNO. Sem querer, passo a acreditar que aquele conselho, de alguém tão próximo, não possa me ajudar, me curar, me libertar…
Alguém que conheço, certa vez pagou quase 1500 Reais para aprender a reconhecer que muitos dos males que lhe afligiam eram gerados por ele mesmo. Engraçado! Se paga tão caro para alguém que não conheço, entrar na minha vida e dizer o que Deus já havia me dito de graça através daquele que esta ao meu lado (irmãos, pais, mães, colegas, esposa, esposo, filhos). Não estou desmerecendo o trabalho dos profissionais, mas no descrédito que damos a quem realmente se importa conosco. Damos crédito aos outros e pouco aos nossos
 “(…) Acreditar em Deus, isto é, acolher o dom da fé, que Ele mesmo nos oferece gratuitamente, é assunto de coração, que não pode ficar pela fachada,ou limitar-se a determinados momentos. Deus ama-nos por primeiro e a tempo inteiro”. (Pe. Bantu – Canção Nova)
 Creio eu que o pior é ainda a CONFORMAÇÃO. Não querendo ou não conseguindo mudar a direção “soltamos” os famosos: “não tem jeito”, “somos assim mesmo”, “até Jesus sofreu disso”, (…), mas dificilmente conseguimos notar que o próprio Jesus e seus apóstolos exortaram contra essa atitude. Portanto, não nos conformemos
 Se Jesus nascesse nos dias de hoje, e fosse um desses garotos que brinca na sua rua, que você praticamente viu nascer, e está acompanhando o crescimento dele... e daqui a uns 20 anos ele voltasse adulto, qual seria a sua reação? "Esse garoto? Filho de seu Zé, o marceneiro? Que brincava com os meninos na rua? Só se for pra rir!!! Impossível!!! Nunca que ele teria essa capacidade! Eu vi onde ele estudou, as travessuras que aprontou, conheço os pais dele..." E Ele iria dizer: "De fato, um profeta não é bem recebido em sua terra. Então os prodígios não acontecerão aqui, mas nos lugares onde as pessoas acreditem em mim."
 A lição prática do Evangelho de hoje é para que não subestimemos a capacidade das pessoas que são próximas a nós. Muitas vezes elas realizam prodígios para os outros, mas não conseguem fazer nada "em casa" por não terem abertura...
 Aprendamos dia-a-dia a valorizar quem esta perto.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

22º DOMINGO COMUM - SÃO RAIMUNDO NONATO - 31 de agosto

31 - Se Gregório VII, filho de um pobre fabricante de barris, conseguiu revolucionar o mundo e fundar uma civilização nova sobre as ruínas do barbarismo, foi porque sentia o poder da "combinação" diária com o seu Deus, razão pela qual se tornava, de simples que era, homem de uma têmpera divina. (L 9 ). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 16,21-27

"A partir de então, Jesus começou a mostrar aos discípulos que era necessário ele ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar. Então Pedro o chamou de lado e começou a censurá-lo: "Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!" Jesus, porém, virou-se para Pedro e disse: "Volte para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!" Então Jesus disse aos discípulos: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará. De fato, que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? Ou que poderá alguém dar em troca da própria vida? Pois o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta." 

Meditação:

O Evangelho deste Domingo reflete um momento crítico da vida do Senhor Jesus. Ele sabe que será massacrado por seus inimigos, sabe que a vinda do Reino de Deus passaria pelo desastre da cruz.

Agora, anuncia isso aos apóstolos: iria sofrer e morrer para ressuscitar. Pedro não compreende como isso possa ser possível, não aceita tal caminho para o Mestre: “Deus não permita tal coisa, Senhor!” Eis que drama: a atitude de Pedro é a de muitos de nós: não compreendemos o caminho do Senhor, seu sofrimento e sua cruz.

Esse caminho do Senhor está presente na nossa vida; e nós não somos capazes de acolhê-lo, de perceber aí o misterioso desígnio de Deus.

Nossa lógica, infelizmente, é tão mundana, tão terra-terra, tão presa à humana racionalidade. A dura reprimenda do Senhor a Pedro vale também para nós: “Tu és para mim pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens”.

Não nos iludamos: trata-se de duas lógicas sem acordo: não se pode abraçar a sede louca do mundo de se dar bem a qualquer custo, de possuir tudo, de viver sempre no sucesso e no acordo com todos e, ao mesmo tempo, ser fiel ao Evangelho, tão radical, tão contra a corrente.

Vale para nós – valerá sempre – o desafio de Jesus: “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida?” 

Olhemos o Cristo, pensemos no seu caminho e escutemos a palavra do Senhor a nós, seus discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la!”

Renunciar-se, tomar a cruz por causa de Jesus... por causa dele! Não há, não pode haver outro caminho para um cristão! Qualquer outra possibilidade é ilusão humana!

Estejamos atentos, que o Deus de Jesus – e o próprio Jesus é Deus! – nos coloca em crise. Nosso Deus não é um Deus fácil, manipulável, domesticável: ele seduz, atrai, e sua sedução no coloca em crise porque nos faz pensas as coisas de Deus, não as dos homens e isso nos faz nadar contra a corrente.

Por mais que quiséssemos, já não seria possível esquecê-lo, fazer de conta que não o encontramos um dia! É o drama do profeta Jeremias na primeira leitura deste hoje: “Tu me seduziste, Senhor!”

É o que afirma o coração do Salmista: "Sois vós, ó Senhor, o meu Deus: a minha alma tem sede de vós, como terra sedenta e sem água! Vosso amor vale mais do que a vida!”

Que fazer? Por um lado, experimentamos a sede de Deus, a vontade louca de seguir de todo o coração o nosso Senhor Jesus, por outro lado, os apelos de um mundo soberbo e satisfeito consigo mesmo, atanazam o nosso coração... que fazer? Como abraçar sinceramente a lógica do Evangelho?

Há só um modo de seguir adiante, de ser cristão de verdade: o caminho da conversão. Não é um caminho fácil: é difícil, doloroso, mas libertador.

São Paulo exorta-nos a tal caminho: “Eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual”

Seguir o Cristo é entrar no seu caminho, é, em união com ele, fazer-se sacrifício agradável a Deus, deixando-se guiar e queimar pelo Espírito do Cristo crucificado e ressuscitado. 

O Apóstolo nos previne claramente: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”.

 Não tomar a forma do mundo, não viver como o mundo, com sua maneira de pensar e de avaliar as coisas. Só assim poderemos compreender a vontade de Deus – e ela passa pela cruz e ressurreição do Senhor!

 Pensemos bem! Os cristãos não são mais perseguidos por soldados, já não são crucificados, jogados às feras ou queimados vivos.

Hoje, o mundo nos combate invadindo nossa casa e nosso coração com tanta superficialidade e tanto paganismo, acirrando nossos instintos e explorando nossas fraquezas; hoje o mundo nos ataca nos ridicularizando, fazendo crer que o cristianismo é algo do passado, opressor e castrador...

Quantos cristãos – até padres, freiras, pastores e teólogos – enganam-se e enganam pensando que se pode dialogar com o mundo...

O mundo crucificou Jesus; o mundo crucifica o Evangelho; o mundo nos crucificará se formos fiéis ao Senhor. Estamos dispostos a pagar o preço? “O que poderá alguém dar em troca de sua vida?”

A única atitude realmente evangélica diante do mundo é o anúncio inteiro do Cristo, com todas as suas exigências - sem disfarçar, sem esconder, sem se envergonhar... E isso com paciência, com amor, com todo respeito.

Levantemo-nos! Sigamos o Senhor até a cruz, para estar com Ele na ressurreição.

Reflexão Apostólica:

Jesus neste Evangelho nos dá o direcionamento para que sejamos seus seguidores: renunciarmos a nós mesmos e tomarmos a nossa cruz.

Significa, abdicar dos nossos planos humanos, assumir os encargos de nossa responsabilidade e não tentar escapar das dificuldades para facilitar a experiência uma “boa vida”.

Em nenhum momento na Sua Palavra, Jesus nos promete uma vida sem aflições nem dores. Pelo contrário, apesar do homem recusar o sofrimento e a dificuldade como foi o caso de são Pedro, Jesus nos adverte de que qualquer pensamento contrário vem do maligno, somente com o intuito, de nos enganar e iludir.

No pensamento de Deus está tanto a luta como a vitória. “O que pode dizer aquele que não experimentou?” Deus é maior que todos os nossos problemas.

Quem pretende à força, pela sua própria capacidade, salvar a sua vida fugindo das ocasiões de aprendizado, terá uma existência apagada e medíocre e nunca provará do sabor de uma vitória.

Quando perdemos a nossa “vida cômoda”, para seguirmos a Jesus e ao Seu Evangelho, aí sim, é que a encontraremos e veremos realizados todos os nossos anseios interiores.

No evangelho encontramos um belo esquema catequético "sobre o discipulado como seguimento de Jesus até a cruz". Jesus coloca de manifesto a seus discípulos que o caminho da ressurreição está estritamente vinculado à experiência dolorosa da cruz.

O núcleo principal é o primeiro anuncio da paixão. Porém, ainda os discípulos, simbolizados na pessoa de Pedro, não compreenderam esta realidade.

 Eles estão convencidos do messianismo glorioso de Jesus que se situa dentro das expectativas messiânicas do momento.

Jesus rejeita enfaticamente esta proposta, pois a vontade do Pai não coincide com a expectativa de Pedro e dos discípulos. Por isso Pedro aparece como instrumento de Satanás diante de Jesus, para obstaculizar sua missão.
O mestre convida o discípulo a segui-lo porque ainda não alcançou a maturidade do discípulo. Na seqüência Jesus se dirige a todos os discípulos para dizer a eles que o caminho do seguimento por parte do discípulo também comporta a cruz.

Não há verdadeiro discipulado se não se assume o mesmo caminho do Mestre. O anuncio do evangelho traz consigo perseguição e sofrimento.

Tomar a cruz significa participar da morte e ressurreição de Jesus. A perda da vida por causa de Jesus habilita o discípulo para alcançá-la em plenitude junto de Deus.
No batismo fomos consagrados sacerdotes e profetas e reis. Portanto, a dimensão profética de nossa fé é intrínseca à consagração batismal.

Hoje não podemos prescindir do profetismo no seguimento de Jesus. E sabemos que as conseqüências do profetismo, vinculado estreitamente à missão evangelizadora, são a oposição, a perseguição, a rejeição e o martírio.
Muitos homens e mulheres, em distintas partes do mundo, doaram a vida pela causa da fé e pela defesa dos valores evangélicos.

Se queremos seguir Jesus em fidelidade, teremos que enfrentar muitas contradições, caminhar na contramão do que propõe a ordem estabelecida, a cultura imperante e a globalização do mercado, que não é outra coisa senão a globalização da exclusão.

Gostaríamos de viver um cristianismo cômodo, sem sobressaltos, sem conflitos. Porém, Jesus é claro em seu convite: é preciso tomar a cruz, arriscar a vida, perder os privilégios e seguranças que a sociedade nos oferece, se queremos ser fiéis ao evangelho.

É bom o questionamento: Como vivemos na família e na comunidade cristã a dimensão profética de nosso batismo? Estamos dispostos a correr os riscos que implica o seguimento de Jesus? Conhecemos pessoas que viveram a experiência do martírio pelo evangelho? Será que já não é tempo para mártires, ou o que é para mártires de outra maneira? Diante do que Jesus fala, quem poderá se dizer cristão, hoje? Você pode? Como os homens estão vivendo hoje na sua maioria? O que significa “ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?” Você já pensou nisso?
Seguir Jesus e tomar sua cruz significa rejeitar os critérios de sucesso deste mundo e comprometer-se com a construção do mundo novo de fraternidade, justiça e paz, sem temer as adversidades que surgirão.

Reflitamos sobre isso hoje, para que, quando chegar a dificuldade,estejamos, mais confiantes e submissos (as) à vontade de Deus.
      
Propósito:

Ó Deus, amor eterno, que geraste a todos os seres e os envolves em tua ternura materna. Acrescenta em nós uma atitude de confiança radical na bondade da Vida e da Existência, para que sejamos também criadores de Vida por Amor. 

Evangelho sábado 30 de agosto

30 Cristo é um coeficiente infinito em nossos corações... E nós, pobres cifras do nada, podemos multiplicar-nos, aos poucos, até à grandeza dos valores infinitos. (L 11). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 25,14-30

"O Reino dos Céus é também como um homem que ia viajar... Chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens: a um, cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um... O servo que havia recebido cinco talentos... lucrou outros cinco... o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só... escondeu o dinheiro do seu senhor. ... o senhor voltou e foi ajustar contas com os servos. Aquele que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: 'Senhor... Aqui estão mais cinco que lucrei'. O senhor lhe disse: 'Parabéns, servo bom e fiel!..'.. o que havia recebido dois talentos disse: 'Senhor... Aqui estão mais dois que lucrei'. O senhor lhe disse: 'Parabéns...'; aquele que havia recebido um só talento disse: 'Senhor... fiquei com medo e escondi o teu talento no chão...'. O senhor lhe respondeu: 'Servo mau e preguiçoso!... Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros... Em seguida, o senhor ordenou: '...quanto a este servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!'." 

Meditação:

Esta longa parábola de Mateus tem um enredo que causa estranheza. Nela encontramos alguma semelhança com fatos da vida real, característicos de uma sociedade oportunista de mercado e lucro. Por sua complexidade pode-se perceber que, a partir de um dito de Jesus, sofreu acréscimos ao ser transmitida.

Mateus a insere no discurso escatológico de Jesus para estimular à operosidade as suas comunidades vacilantes e inertes, à espera da uma parusia que tardava.

Não basta estar preparado, esperando passivamente a manifestação de Jesus. É preciso arriscar e lançar-se à ação, para que os dons recebidos frutifiquem e cresçam. Jesus confiou à comunidade cristã a revelação da vontade de Deus e a chave do Reino. No julgamento, ele pedirá contas por esse dom. A comunidade o repartiu e o fez crescer, ou o escondeu dos homens?

Tudo o que nós recebemos de Deus vem na medida certa, de acordo com a nossa capacidade, nem mais nem menos do que poderíamos receber. Portanto, cabe a cada um de nós assumirmos os talentos que Dele recebemos com humildade e perseverança, pois seremos cobrados pelo que auferimos.

Às vezes nos subestimamos e entendemos que não possuímos dons como as outras pessoas e nos negamos a perceber qual a aptidão que nos foi presenteada por Deus. Neste caso estamos enterrando o talento, pois não queremos assumi-lo por falsa modéstia, por preguiça, por comodismo e até por orgulho.

Aquele (a) que se acha muito pequeno (a) e, por isso, se encosta e se acomoda está cometendo um erro incorrigível. Será tirado dele (a) até o dom que ele (a) tinha inclinação para fazer prosperar e não o fez porque não o colocou em prática.
Achar-se
muito sem capacidade e não confiar na capacidade de Deus é o grande pecado de muitos de nós.

Não se pode esquecer o principio de proporcionalidade ao interpretar a parábola de hoje. O viajante dá a cada um "segundo sua capacidade", segundo a medida de suas possibilidades e não segundo sua ambição ou sua incapacidade de assumir as responsabilidades. Ao ler esta parábola nos damos conta de que nossa atitude não é a de dar mais, mas de pedir mais.
Não temos uma oração de ofertas, mas sim de petições. Queremos mais, mas fazemos muito pouco com aquilo que já temos. Deixamos-nos arrastar pela lógica do consumo, do acúmulo, do ter. A parábola nos propõe um desafio ao nos perguntar o que fazemos com o que recebemos e que podemos dar.
A parábola não diz que quem já dá tem que dar mais, mas que cada um tem que compartilhar de acordo com suas possibilidades. Alguns darão mais porque receberam mais; outros darão menos porque produziram menos, mas todos os que dão devem oferecer cem por cento de suas possibilidades. Dar é questão de atitude generosa e não de posse egoísta.

O que você tem feito com os seus dons? Você se acha muito sem expressão, incapaz de realizar alguma coisa? Não será porque você está confiando somente em você mesmo (a) e esquecendo-se Daquele que lhe deu a vida? Você não acha que a sua vida já é um dom muito precioso? O que você tem feito dela?

Reflexão Apostólica: 
Infelizmente, no passado, o significado desta parábola foi habitualmente confundido, ou pelo menos muito reduzido. Quando escutamos falar dos talentos, pensamos imediatamente nos dons naturais de inteligência, beleza, força, capacidades artísticas. A metáfora é usada para falar de atores, cantores, comediantes...

O uso não é totalmente equivocado, mas sim secundário. Jesus não pretendia falar da obrigação de desenvolver os dons naturais de cada um, mas de fazer frutificar os dons espirituais recebidos dele. A desenvolver os dotes naturais já nos impulsiona a natureza, a ambição, a sede de lucro. Às vezes, ao contrário, é necessário frear esta tendência de fazer valer os próprios talentos, porque pode converter-se facilmente em afã por fazer carreira e por impor-se sobre os demais.

Os talentos dos quais Jesus fala são a Palavra de Deus, a fé, ou seja, o Reino que Ele anunciou. Neste sentido, a parábola dos talentos se conecta com a do semeador. À sorte diferente da semente que ele lançou – que em alguns casos produz sessenta por cento; em outras, ao contrário, fica entre os espinhos, ou são comidas pelos pássaros do céu –, corresponde aqui o diferente lucro realizado com os talentos.

Os talentos são, para nós, cristãos de hoje, a fé e os sacramentos que recebemos. A palavra nos obriga a fazer um exame de consciência: que uso estamos fazendo destes talentos? Nós nos parecemos com o servo que os faz frutificar ou com o que os enterra? Para muitos, o próprio batismo é verdadeiramente um talento enterrado. Podemos compará-lo a um presente que se recebeu de Natal e que foi esquecido num lugar, sem nunca tê-lo aberto ou jogado fora.

Os frutos dos talentos naturais acabam conosco ou, quando muito, passam aos herdeiros; os frutos dos talentos espirituais nos seguem à vida eterna e um dia nos valerão a aprovação do Juiz divino: «Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, e por isso eu te darei autoridade sobre o muito: toma parte no gozo de teu senhor».

Nosso dever humano e cristão não é só desenvolver nossos talentos naturais e espirituais, mas também de ajudar os demais a desenvolverem os seus.

No mundo moderno existe uma profissão que se chama, em inglês, talent-scout, descobridor de talentos. São pessoas que sabem encontrar talentos ocultos – de pintor, cantor, ator, jogador de futebol – e os ajudam a cultivar seu talento e a encontrar um patrocinador.
Não o fazem de graça, naturalmente, nem por hobby, mas para ter uma porcentagem em seus lucros, uma vez que se afirmaram.

O Evangelho nos convida a ser talent-scout, «descobridores de talentos», mas não por amor ao lucro, e sim para ajudar quem não tem a possibilidade de afirmar-se sozinho.


Propósito:

Pai, transforma-me em discípulo responsável que sabe aproveitar cada circunstância para fazer frutificar os dons que me concedes, colocando-os a serviço do meu próximo.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Evangelho sexta feira 29 de agosto - Martírio de S. João Batista

29 - O potencial do homem é indefinido; tudo depende do valor do coeficiente: dois fatores que se multiplicam, que se fundem e que se transfiguram num grande produto. (L 9). São Jose Marello
Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 6,17-29

"Pois tinha sido Herodes mesmo quem havia mandado prender João, amarrar as suas mãos e jogá-lo na cadeia. Ele havia feito isso por causa de Herodias, com quem havia casado, embora ela fosse esposa do seu irmão Filipe. Por isso João tinha dito muitas vezes a Herodes: "Pela nossa Lei você é proibido de casar com a esposa do seu irmão!"
Herodias estava furiosa com João e queria matá-lo. Mas não podia porque Herodes tinha medo dele, pois sabia que ele era um homem bom e dedicado a Deus. Por isso Herodes protegia João. E, quando o ouvia falar, ficava sem saber o que fazer, mas mesmo assim gostava de escutá-lo.
Porém no dia do aniversário de Herodes apareceu a ocasião que Herodias estava esperando. Nesse dia Herodes deu um banquete para as pessoas importantes do seu governo: altos funcionários, chefes militares e autoridades da Galiléia. Durante o banquete a filha de Herodias entrou no salão e dançou. Herodes e os seus convidados gostaram muito da dança. Então o rei disse à moça:
- Peça o que quiser, e eu lhe darei.
E jurou:
- Prometo que darei o que você pedir, mesmo que seja a metade do meu reino!
Ela foi perguntar à sua mãe o que devia pedir. E a mãe respondeu:
- Peça a cabeça de João Batista.
No mesmo instante a moça voltou depressa aonde estava o rei e pediu:
- Quero a cabeça de João Batista num prato, agora mesmo!
Herodes ficou muito triste, mas, por causa do juramento que havia feito na frente dos convidados, não pôde deixar de atender o pedido da moça. Mandou imediatamente um soldado da guarda trazer a cabeça de João. O soldado foi à cadeia, cortou a cabeça de João, pôs num prato e deu à moça. E ela a entregou à sua mãe. Quando os discípulos de João souberam disso, vieram, levaram o corpo dele e o sepultaram.
 Meditação

 Os detalhes desta narrativa sobre a execução de João têm dois efeitos: ironizam um rei fraco e sensual e advertem os discípulos de Jesus nas comunidades que se inclinam a interpretar Jesus como messias poderoso.
  De Jesus, assim como de João, não se deve esperar a glória e o poder, mas, sim, o serviço humilde e divino, porém frágil diante dos poderosos deste mundo. O dom da vida eterna não pertence aos poderosos, mas a Deus.
 Hoje comemoramos o martírio de São João Batista. O evangelho traz a descrição de como João Batista foi morto, sem processo, durante um banquete, vítima da corrupção e da prepotência de Herodes e de sua corte.

Herodes era um funcionário do Império Romano. Quem mandava na Palestina, desde o ano 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Insistia sobretudo numa administração eficiente que garantisse renda ao Império e a ele.

A preocupação de Herodes era sua própria promoção e sua segurança. Por isso reprimia todo tipo de corrupção. Ele gostava de ser chamado “benfeitor do povo”, mas na realidade era um tirado (Lc 22,25).

Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da detenção se João Batista, era o medo que Herodes tinha de um levante popular. A denúncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18) foi a gota d’água que transbordar o copo, e João foi preso.

Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias. Era um ambiente em que os poderosos do reino se reuniam e costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia”. É este o ambiente em que se trama o assassinato de João Batista.

João, o profeta, era uma denúncia viva deste sistema corrupto. Por isso, ele foi eliminado com o pretexto de uma vingança pessoa. Tudo isto revela a baixeza moral de Herodes.

Tanto pode nas mãos de um homem incapaz de se controlar! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes jura levianamente diante de uma jovem bailarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter o juramento.

Para Herodes, a vida dos súbditos não valia nada. Marcos narra o fato do assassinato de João assim como aconteceu, e deixa às comunidades a tarefa de tirar as conclusões.

Nas entrelinhas, o evangelho de hoje dá muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre como era exercito o poder por parte dos poderosos da época. A Galiléia, a terra de Jesus, foi governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde o ano 4 a.C. até o ano 39 d.C. No total, 43 anos!

Durante todo o tempo em Jesus viveu, não houve mudanças de governo na Galiléia! Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava contas a ninguém, fazia o que bem achava. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo!

Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. Segure, a antiga capital, tinha sido destruída pelos romanos como retaliação contra um levante popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha uns sete anos.

Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada treze anos depois, quando Jesus tinha uns 20 anos. Era chamada assim para agradar a Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um lugar estranho na Galiléia. Era aí onde viviam os reis, “os grandes de sua corte, os oficiais e os notáveis da Galiléia” (Mc 6,21).

Era aí que viviam os latifundiários, os soldados, a polícia, os juízes, muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá iam os impostos e o produto do trabalho das pessoas. Era aí que Herodes praticava suas orgias de morte (Mc 6,21-29).

Não consta nos evangelhos que Jesus tinha entrada na cidade. Durante aqueles 43 anos de governo de Herodes, surgiu uma classe de funcionários fiéis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, latifundiários, fiscais, publicanos, e agentes aduaneiros.

A maioria destas pessoas vivia na capital gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo a isenção de impostos. Em cada aldeia ou cidade havia pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus eram declarados defensores do sistema e da política do governo.

Nos evangelhos, os fariseus aparecem ao lado dos herodianos (Mc 3,6; 8,15; 12,13), e isto espelha a aliança existente entre o poder religioso e o poder civil.
 A vida das pessoas nas aldeias era muitos controlada seja pelo governo seja pela religião. Era necessária muita coragem para iniciar algo novo, como fizeram João e Jesus! Era o mesmo que atrair sobre si a ira dos privilegiados, seja do poder religioso seja do poder civil, seja em nível local, seja estatal. 
Falando da morte de João Batista, o papa João Paulo II diz na Carta Encíclica Veritatis splendor (n. 91) que o martírio constitui um sinal preclaro da santidade da Igreja.
 Efetivamente, ele “representa o ponto mais alto do testemunho a favor da verdade moral. Se são relativamente poucas as pessoas chamadas ao sacrifício supremo, há porém um testemunho coerente que todos os cristãos devem estar prontos a dar em cada dia, mesmo à custa de sofrimentos e de graves sacrifícios. Assim, não podemos e nem devemos fugir.
 Saibam que desde o início do cristianismo percebemos que três elementos estão quase sempre unidos: testemunho, profecia e doação da própria vida.
 É verdadeiramente necessário um compromisso, com estas três vias, por vezes heróicas, para não ceder, até mesmo na vida quotidiana: em casa com o marido, com os filhos, colegas do trabalho, com os familiares de perto ou de longe. É necessário saber que às dificuldades nos levam ao compromisso para viver na totalidade o Evangelho.

O exemplo heróico de João Batista deve fazer-nos pensar nos mártires da fé que, ao longo dos séculos, seguiram corajosamente as suas pegadas. De modo especial, voltemos à mente aos numerosos cristãos que, no mundo inteiro, foram vítimas do ódio, e da perseguição religioso. Mesmo hoje, em algumas partes do mundo, os fiéis continuam a ser submetidos a duras provações, em virtude da sua adesão a Cristo e à sua Igreja.

Os impérios opressores que existiram na história continuaram deixando seus mártires. Seus projetos elitistas e imperialistas fizeram com que seus chefes continuassem a embriagar-se com o sangue dos mártires.

O martírio não deve ser buscado por ninguém. Em última palavra, o martírio é uma graça de Deus. Mas, dele não se deve fugir, se é necessário dar o testemunho e para defender a vida do povo. Jesus também nos ensina que não devemos ter medo daqueles que matam o corpo. Por isso, dar a vida é a melhor forma de amor, a exemplo de Jesus que nos amou até o extremo. O máximo do amor é dar a vida pelos seus. Deste modo, a vida não é tirada, mas é dada livremente.

Foi isso que fez São João Batista em meio à crueldade que ameaçava a fidelidade conjugal, lutou e sendo testemunha e testemunho fiel derramou o seu sangue, pagando com a própria vida.

Ontem como hoje, o banquete dos criminosos continua sendo regado a sangue, como foi o de Herodes como nós ouvimos no Evangelho de hoje.
 Por isso, lembrar o morte de João Batista é não deixar morrer sua história, é recordar o seu testemunho, sua profecia e sua coragem; é lembrar que, se preciso for, todos devemos estar dispostos a lavar as nossas vestes e as branquear no sangue do Cordeiro (Ap 7,14),
 Você conhece pessoas que morreram vítimas da corrupção e da força dos poderosos? E aqui entre nós, na nossa comunidade e na Igreja, existem vítimas de autoritarismo e de abuso de poder? Superstição, corrupção, vileza marcam o exercício do poder de Herodes. Compara-o com o exercício do poder religioso e civil hoje, seja nos vários níveis seja na sociedade como na Igreja.

 Reflexão Apostólica:

 O desfecho da vida de João Batista é apresentado em paralelo, como prefiguração do desfecho da vida de Jesus: anúncio do Reino, perseguição, articulação dos poderosos e morte. E para ambos se tem a percepção de sua permanência nas comunidades, após a morte.
 Herodes gostava muito de João Batista e suas pregações no deserto, achava as palavras bonitas e a mensagem chegava a tocar o seu coração. Era um ouvinte entusiasta da Palavra de Deus, poderia tornar-se um discípulo, sua alta posição não o impedia de viver a sua Fé.

 Entretanto, parece que a semente da Palavra caiu em uma terra sufocada pelos espinhos, Herodes estava amasiado com sua cunhada Herodíades e quando João Batista acusou o seu pecado de adultério, Herodes não gostou muito da idéia, começou a pensar que João Batista ainda era um bom pregador, mas que de vez em quando se equivocava, quando queria interferir na vida dos outros, pois cada um deve viver do jeito que quiser e fazer também o que quiser, sem que a Religião interfira em suas decisões, dizendo o que é certo ou o que é errado.

É o cristianismo do oba-oba, sem nenhum compromisso com as virtudes do evangelho, e com as verdades ensinadas por Jesus. Herodes se sairia muito bem neste mundo da pós modernidade onde as pessoas, em sua grande maioria também são assim, até mesmo aquelas ligadas a alguma pastoral ou movimento, elas pensam assim “Está tudo lindo e maravilhoso, mas que a Igreja não me venha dizer o que devo fazer em certas questões da minha vida”
 A Igreja como portadora e anunciadora da Palavra de Deus, jamais deve deixar de lado a sua missão profética, aonde o verdade do evangelho for violada ou ignorada, devem os pastores da Igreja, de maneira prudente e corajosa, anunciar a verdade denunciando a ação pecaminosa de quem a comete. Herodes colocou o prazer da sua relação com Herodíades acima de qualquer princípio, e na sua Festa de aniversário, achando-se um deus, que tudo pode, decidiu fazer o gosto da dançarina, poderia ela pedir qualquer coisa que ele a daria.
 Hoje em dia, na busca do prazer e da satisfação dos desejos, vale tudo e pode de tudo. Qualquer profeta intrometido que quiser ser um estraga-prazer deverá ser tirado do caminho, e Herodíades, a amasiada de Herodes, nem pensou duas vezes para pedir a cabeça de João Batista em uma bandeja.
Fazemos parte de uma sociedade onde a Vida Humana nada vale, na busca do prazer e do poder estamos diante de um “Vale Tudo”, haja visto os mártires da igreja, que aqui e ali, continuam incomodando e por isso, como João Batista acabam sendo eliminados, por causa do evangelho.
 A Igreja precisa cada vez mais de cristãos iguais a João Batista, que sejam capazes de dar a vida pela Verdade, pois de cristãos do tipo Herodes, que praticam a religião do descompromisso, muitos templos andam sempre lotados…
 Sim, João Batista morreu por denunciar a verdade. Apresentava a todos que deveriam mudar ou pelo menos refletir profundamente seu comportamento. Poderosos o temiam, os simples o admiravam. Era um homem santo e muito focado na sua missão. Hoje, recordamos o seu martírio!

Recentemente vi uma matéria enfocando o decréscimo do catolicismo no Brasil e diferentemente do que se esperava, não foi o crescimento evangélico que era evidenciado, a pesquisa aborda o crescimento contínuo daqueles que não tem religião. Por que?
Vivemos num tempo em que as pessoas querem respostas rápidas para suas perguntas. Colocam no Twitter uma pergunta e rapidamente um dos seus “seguidores” lhe oferecerá uma possível resposta. Muitos querem que suas preces assim também sejam atendidas, rápidas. “(…) Pede-me o que quiseres, e eu te darei”

Nem sempre as respostas que queremos ouvir são as que Deus nos sugere. É duro ter que admitir que boa parte das burradas que cometemos foram motivadas por essa surdez de consciência.

É difícil competir com uma mídia que prega 24h por dia o consumismo. “Compre agora”, “sem juros, 60 meses”, a roupa que fulana usa em MALHAÇÃO, os beijos e abraços liberados nos reality shows; brothers e sisters, “fazendeiros”, (…) na verdade quem tem ido pra “roça” são os nossos valores.

É uma mídia sem valores, não falo aqui de cristãos ou não, somos bombardeados para abandonar o que é moral. Canais de televisão que denunciam as mazelas sociais são os mesmos que apóiam a eleição de deputados e senadores que defenderam seus interesses quanto às fatias de concessão de recursos federais para comunicação.

João Batista foi morto porque um homem se encantou com um rebolado. Quantas pessoas hoje morrem de fome, tem uma educação medíocre, uma saúde pública vergonhosa, pois os seus governantes tomam decisões mediantes os rebolados dos seus interesses?
 Notem uma coisa no evangelho de hoje “(…) Herodes ofereceu uma festa para os proeminentes da corte, os chefes militares e os grandes da Galiléia”. Ele não estava só, por que tantas pessoas influentes que ali estavam não levantaram a voz para defender o inocente?

Ter ou não ter essa ou aquela religião não é o problema. Tão pouco a quantidade de católicos não quer dizer que temos qualidade neles.

 A minha maior preocupação esta no fato dos valores de amor ao próximo aos poucos virar uma relação comercial em que uma amizade será consolidada na medida em que posso ter algo em troca do outro, que Deus possa falar o que quero e não o que deveria ouvir.

Que adianta a paz se pago a milícia do morro, que adianta se dizer religioso se me importo apenas comigo, que adianta dizer ter uma religião se a que eu procura é a que mais me convém? Sim! Justifica-se então o fato de muitos preferirem não ter religião, pois serei adepto do deus que me conceder mais coisas e não me cobrar uma mudança de vida.

João Batista perderia ainda hoje a cabeça, mas eu ainda tenho fé nas pessoas.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Evangelho quinta feira 28 de agosto - Sto Agostinho

28 - Trabalho e boa vontade e o passado nos poderá servir de lição para o futuro. (L 9). SÃO JOSE MARELLO
Mateus 24, 42-51.

Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos:  "Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor. Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa hora em que menos pensardes. Quem é, pois, o servo fiel e prudente que o Senhor constituiu sobre os de sua família, para dar-lhes o alimento no momento oportuno? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, na sua volta, encontrar procedendo assim! Em verdade vos digo: ele o estabelecerá sobre todos os seus bens. Mas, se é um mau servo que imagina consigo: - Meu senhor tarda a vir, e se põe a bater em seus companheiros e a comer e a beber com os ébrios, o senhor desse servo virá no dia em que ele não o espera e na hora em que ele não sabe, e o despedirá e o mandará ao destino dos hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes. "
Meditação:

Este texto de Mateus é a conclusão do "discurso escatológico", sobre o fim dos tempos. Este "discurso" é uma coleção de textos que se constituíram como tradição das comunidades de discípulos de Jesus. 
Jesus pede aos seus discípulos que vivam em atitude de vigilância esperando Sua vinda. A parábola que lemos hoje é dedicada aos homens que têm uma responsabilidade ou cargo público na comunidade em que vivem. Essa parábola serve para que eles vejam que suas atitudes de vigilância e zelo consistem no cumprimento de seus deveres.

Não pensemos que esperar Jesus seja simplesmente assumir uma atitude de santidade para nós mesmos, fechando-nos e isolando-nos do mundo real, que necessita de nós para ser um espaço melhor de convivência.
Jesus chega a nós constantemente nas várias realidades, e temos de estar preparados com a oração, a partir de uma atitude de conversão sempre aberta à mudança, a partir da justiça e da misericórdia, para reconhecê-lo vivo e presente.
Estejam vigilantes é estar buscando constantemente a construção do reino de Deus, em nossa família, em nossa comunidade, em nosso trabalho e em outras realidades que fazem parte de nosso universo cotidiano. Deus chega no simples, por meio do que às vezes não conta para nós; no pequeno se mostra grande, no simples se revela extraordinário.
Hoje, como cristãos, devemos de chegar a reconhecer Jesus como a fonte da qual emerge nossa vocação e serviço para a comunidade. Jesus vem constantemente à nossa vida de uma maneira muito concreta, nos mais necessitados de sua misericórdia; e não somente nos pobres, marginalizados, excluídos e enfermos, mas também naqueles que buscam uma palavra de compreensão de ânimo, de esperança, e serem ouvidos, valorizados e respeitados. 

Me fazes perceber Senhor que toda minha vida cristã tem que se caracterizar por uma atitude de vigilância fundamentada na esperança. Temos sempre que estar à espera de Jesus Cristo que veio ao mundo, que morreu e ressuscitou por nós, e que vem ao nosso encontro através dos sacramentos. Na hora da nossa morte temos de estar preparados para encontrar com Cristo.

À luz do Evangelho me dou conta de que o ladrão é o mal que se introduz com habilidade e com astúcia em nossas vidas e pode chegar a ferir a alma, o  Senhor me previne, pede que eu esteja sempre em vigília para que isso não ocorra. Tenho que entender tudo isso muito bem, e com Tua recomendação, Senhor, me dou conta que, sozinho, eu não posso cuidar nem defender minha casa. Mas tenho a segurança de contar com a ajuda do Espírito Santo - melhor guia não há em nossas vidas.

Te dou graças Senhor, pela oportunidade que ainda me concedes: a de preparar bem o encontro que terei Contigo ao final de minha vida. Não há melhor preparação que contar com a ajuda do Espírito Santo para me empenhar por conhecê-Lo cada vez mais e assim amar-Te, gravando Teu rosto em minha alma. A fidelidade aos Teus ensinamentos, a vida sacramental, a oração, o esforço em viver as virtudes e o amor ao meu próximo serão decisivos para que eu tenha um bom, feliz e definitivo encontro Contigo, Senhor.
Reflexão apostólica:

 Já pensou se você recebesse um e-mail agora de uma pessoa perigosa  dizendo que a sua morte  seria amanhã às 15 horas?  Ou se o seu médico  lhe esse um mês de vida?  Ou se num julgamento o juiz tenha lhe condenado a pena e morte? Como você estaria agora? Sentado na varanda tomando uma cerveja geladinha na maior tranqüilidade? Acho que não! Você estaria apavorado(a). Já teria tomado todas as providências possíveis: Jurídicas,  religiosas, sociais, econômicas e familiares.

Já teria registrado queixa na delegacia? Já teria se confessado? Já telefonou para todos os amigos se despedindo ou recomendando a algum cuidado para com a sua família? Já explicou tudo em casa, sobre a herança, sobre a segurança do prédio, etc? Ou não teria feito nada disso?  Porque você está em pânico, moleque!  Você vai morrer. Esqueceu?

Realmente não seria uma boa idéia a gente ficar sabendo o dia e a hora em que vamos morrer. É por isso que Deus nos poupou desse terrível sofrimento.

Do mesmo modo, se você ficasse sabendo que existem uns ladrões planejando invadir a sua residência hoje à noite, ou assaltar a sua loja, na terça de manhã... Você tomaria todas as providências para impedir isso e, principalmente, para prender os bandidos.       

No evangelho e hoje, Jesus nos adverte sobre o fim dos tempos. Trata-se da vigilância e do julgamento final, com a condenação de quem não está preparado  e a salvação daqueles que estiverem em estado e graça no dia de sua morte. 
 É uma visão escatológica que teve origem no Primeiro Testamento, em que prevalece a figura do Deus poderoso e punitivo.
       
Aqui, vemos a ação  amorosa de Jesus nos prevenindo para que não sejamos pegos de surpresa  no último momento e nossa vida.

Vamos estar sempre prevenidos, praticando o bem e evitando tudo que nos afasta de Deus e do merecimento da vida eterna, quando chegar a nossa hora. E cuidando sempre para que estejamos  em permanente estado de graça.
 Cometeu um pecado, a consciência lhe deu o sinal de alerta? Procure um sacerdote imediatamente para uma confissão.   Vai viajar, ou se aventurar em qualquer atividade perigosa? Primeiro certifique-se com um bom exame de consciência se você não estaria precisando de uma confissão.

É isso aí. Viver hoje como se fosse morrer amanhã, e aprender agora como se fosse viver para sempre.

Vigiar é para o apóstolo a atitude dinâmica e responsável ao serviço da missão da Igreja de Cristo. Vigiar é estar atendo à vontade do Pai que quer que todos sejam um, sem privilegiados e excluídos. Estar sensível às necessidades de nossos irmãos, de modo a assumirmos o serviço como realização pessoal e partilha da vida. 

Propósito:

Esperar o Senhor cumprindo fielmente meus deveres pessoais, familiares e sociais. Pai, faze de mim um servo fiel e prudente, disposto a pautar toda a sua vida pelos ensinamentos de teu Filho Jesus. Que eu jamais seja insensato!

terça-feira, 26 de agosto de 2014

EVANGELHO QUARTA FEIRA 27 DE AGOSTO- SANTA MONICA

27 - Vontade: este é o nosso lema; mas aquela vontade íntegra, eficaz, infalível, que, no dizer de Dante, "... tenne Lorenzo in su la grada, e fece Muzio alla sua man severo: manteve Lourenço sobre a grade ardente e fez Múcio castigar a própria mão”! (L 9). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 23,27-32

"- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês são como túmulos pintados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão. Por fora vocês parecem boas pessoas, mas por dentro estão cheios de mentiras e pecados.
- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês fazem túmulos bonitos para os profetas e enfeitam os monumentos das pessoas que viveram de modo correto. E dizem: "Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos feito o que eles fizeram, não teríamos matado os profetas." Assim vocês confirmam que são descendentes daqueles que mataram os profetas. Portanto, vão e terminem o que eles começaram!
"

Meditação

Mateus recolhe em sete a expressão: "Ai de vós", usada por Jesus, para introduzir as acusações dirigidas contra os escribas e fariseus. No Evangelho de hoje, temos os dois últimos “ai de vós” da seqüência. A repetição explícita, “ai de vós, escribas e fariseus hipócritas…”, mostra-nos a contundência da censura. Na ocasião das grandes festas, os sepulcros eram caiados para evitar algum contato involuntário de alguém que, assim, se tornaria impuro.

A indignação de Jesus contra os mestres da Lei e fariseus é tão grande, que Ele os compara a “sepulcros caiados”, pois têm a aparência exterior de um túmulo recém pintado de branco que tenta esconder uma realidade interior cheia de podridão. São eles aqueles que aparentando ser boas pessoas, escondem uma realidade de mentiras, pecados e nada comprometida com os preceitos morais.

Depois Jesus fala das edificações (sepulcros e sacrários), que ficam ao redor de Jerusalém, para os profetas martirizados. Ele acusa escribas e fariseus de serem descendentes (física e espiritualmente) dos responsáveis por esses martírios.
É desta forma, expressando seus “ais”, que Jesus mostra sua mágoa pela forma como escribas e fariseus fazem mau uso de sua liderança religiosa que deveria estar a serviço da comunidade e não servindo para exaltação e interesse próprio.

Este são os mesmos perigos que permeiam nossas comunidades, ainda hoje, e que prejudicam a vida espiritual de muitos. Certamente Jesus diria novamente um “ai”, se participasse das comunidades de agora.
Jesus continua a nos interpelar assim como fez com os mestres da Lei e os fariseus a respeito da sinceridade nas nossas “boas ações”.
A franqueza e a transparência devem ser um princípio básico nas nossas atitudes. O nosso coração deve dar o ritmo para as nossas realizações, do contrário, por mais esforço exterior que façamos as nossas obras denotarão sinal de morte e não de vida.

Seremos como sepulcros caiados, por fora, impecáveis, por dentro cheios de imundície. Assim também, em relação às palavras que pronunciamos, aos elogios fáceis e cheios de hipocrisia que emitimos com o intuito de agradar a alguém, enquanto o nosso coração, muitas vezes, até critica e reprova.
A verdade e a justiça devem permear as nossas atitudes, nem que doa. Jesus foi transparente e sincero quando disse: “Ai de vós, hipócritas”!

Será que somos nós, hoje, os mestres da Lei e os fariseus, falsos e cínicos? Como está a sua justiça? Ela é verdadeira? O que será que você poderá estar vivendo, só de fachada? Você gosta de criticar as falhas dos outros achando que não cairia no mesmo erro? Você costuma fazer alguma coisa somente para parecer “bonzinho - boazinha”? Você costuma refletir sobre as conseqüências das suas ações? Você tem costume de elogiar as pessoas somente para agradá-las?
Se a sua conduta não for diferente da dos mestres e doutores da Lei saiba que Jesus está dirigindo para você estas palavras: Ai de você fariseu, hipócrita e doutor ou doutora da Lei!

Reflexão Apostólica:

Uma nova manifestação do conflito entre fariseus e Jesus é apresentada no evangelho de hoje. Volta a crítica de fundo dos fanáticos proclamadores do cumprimento da lei; eles, como sepulcros caiados, estão cheios de corrupção e podridão.

Por outro lado, as comunidades cristãs daquele tempo sofriam uma dura perseguição por parte das instituições judaicas, que viam no cristianismo uma ameaça para a legitimidade de seus aparatos de domínio.

O fato de proclamar Jesus como Messias, o enviado, relativizava o absolutismo das grandes instituições, como o Templo, a Lei, o Culto e o Sinédrio. O projeto de Jesus constituía uma novidade alternativa, que colocava a dignidade da pessoa no centro das atenções, por ser amada e preferida por Deus.

Essa vida estava acima de toda lei, o que quer dizer que o confronto entre Jesus e a lei vai muito além de um assunto de obediência; trata-se de um assunto ético, em que a discussão central está no lugar que ocupa a vida humana. Hoje enfrentamos múltiplas instituições que, em nome dos interesses do povo, tiram-lhe a própria vida.

Hoje, mais que nunca, estamos precisando de vozes proféticas que se levantem e clamem pela paz, pela justiça e pela solidariedade, em um mundo que paradoxalmente se afoga, entre a complexidade das leis criadas para simplificar a vida.

A atitude do cristão diante da vida há de fundamentar-se no mandamento  do amor, que se realiza plenamente baseado na justiça, na liberdade e na verdade, e se manifesta na compaixão, eixos principais na construção do reino de Deus no mundo. O cristão não pode desdobrar-se para viver em duas dimensões divergentes ou desintegradas entre seus princípios e sua conduta.
Há de ser uma só pessoa em suas palavras e suas ações; porque o termo “hipócritas” que Jesus lança sobre os fariseus e escribas significa que eram uma coisa por fora e outra muito diferente em seu interior. Jesus exige que sejamos coerentes e sinceros como Deus o é; do contrário seremos vítimas de nós mesmos, por não sermos conseqüentes entre o que pensamos e o que fazemos.

Devemos sempre estar alertas em relação à nossa vivência da fé porque, se não nos cuidarmos, podemos criar um abismo muito grande entre o que falamos e o que vivemos ou, pior ainda, podemos viver uma religiosidade de aparências, uma religiosidade ritual em detrimento de uma real vivência de fé, de uma resposta pessoal aos apelos que nos são feitos para que assumamos os compromissos do nosso batismo a partir de uma vida verdadeiramente profética que denuncie os contravalores do mundo e anuncie a verdade dos valores que foram pregados por Jesus Cristo. Deste modo, a nossa vida religiosa não será simplesmente ritual, mas também compromisso.

Propósito:


Senhor, arranca o meu coração de pedra, este coração duro e incircunciso. Dá-me um coração novo, um coração de carne, um coração puro (Ez 36, 26). Tu, que purificas os corações, que amas os corações puros, toma posse do meu coração e vem fazer nele a tua morada. Pai, torna-me de tal modo transparente que meu íntimo possa ser revelado por meus gestos e atitudes. Livra-me de ser como um sepulcro caiado! 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Evangelho terça feira 26 de agosto


26 - Nós contra nós mesmos: o "eu" bom que combate o "eu" mau; o "eu" de um instante, mas de um instante sublime, que se levanta para combater o "eu" de todas as horas, o "eu" do passado, o "eu" do velho sistema: é o "eu" que quer uma vez por todas, mas que se multiplica a cada instante naquele ato de vontade eficaz. (L 9). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 23,23-26

"- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês dão a Deus a décima parte até mesmo da hortelã, da erva-doce e do cominho, mas não obedecem aos mandamentos mais importantes da Lei, que são: o de serem justos com os outros, o de serem bondosos e o de serem honestos. Mas são justamente essas coisas que vocês devem fazer, sem deixar de lado as outras. Guias cegos! Coam um mosquito, mas engolem um camelo!
- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro estes estão cheios de coisas que vocês conseguiram pela violência e pela ganância. Fariseu cego! Lave primeiro o copo por dentro, e então a parte de fora também ficará limpa!

Meditação: 

O capítulo 23 de Mateus é uma coletânea de advertências contra os escribas e fariseus e sua doutrina oficial, sob a forma do lamento “ai de vós…”.

Esta expressão é bastante usada no Primeiro Testamento, dirigida aos que praticam a iniqüidade. A forma literária deste texto se aproxima das advertências do profeta Isaías (5,8-22).

A hipocrisia é a atitude do sistema religioso representado pelos escribas e fariseus, os quais se fecham em seu prestígio e poder, julgando-se justos e desprezando o povo humilde.

Jesus critica severamente os escribas e fariseus porque eles desprezavam os preceitos mais importantes da lei, que era: a justiça, a misericórdia, a fidelidade.

A hipocrisia dos fariseus e escribas com relação à religiosidade era algo que eles não conseguiam disfarçar, não obstante a sua falsa aparência de santos.

Com mais duas imprecações, introduzidas com a advertência: "Ai de vós...", temos a continuidade da contundente denúncia de Jesus aos escribas e fariseus, integrantes da cúpula religiosa de Israel.
Nas comunidades do evangelista Mateus, havia membros oriundos do judaísmo que ainda freqüentavam a sinagoga. Pressionados por seus antigos chefes religiosos, estavam diante do dilema: ou abandonariam a sua fé em Jesus ou seriam expulsos da sinagoga.
Mateus, com os sete "ais", exprime o anúncio de Jesus confrontando-o com a doutrina das sinagogas. Embora se dirijam aos chefes religiosos, eles têm o caráter de instrução às comunidades, advertindo-as contra a incoerência desta doutrina.

Lucas também reproduz estas advertências em "ais" em seu evangelho, de maneira mais resumida, em diferente contexto. Mateus, aos "ais", acrescenta a qualificação de hipócritas aos escribas e fariseus.
Jesus é duro em suas advertências chegando a chamar os fariseus de cegos e de hipócritas que limpam o exterior dos seus corpos enquanto por dentro continuava sujo de pecados.

Jesus penetra no coração dos homens e com muita sabedoria e propriedade Ele denuncia o que há de escondido por debaixo das aparências. Assim como Ele falava para os mestres da lei e para os fariseus, chamando-os de “hipócritas”, Ele também poderá estar dirigindo-se a qualquer um de nós que nos enaltecemos em vista das nossas “boas ações”.

Com esta contundente denúncia, Mateus tem em vista demover os membros de sua comunidade do retorno às sinagogas.

Afastando-se de uma religião opressora e excludente, na comunidade eles encontram o jugo suave de Jesus, na liberdade, na misericórdia e no amor.

Reflexão Apostólica:

Uma das características dos Fariseus (classe social da época) era manter aparentemente um certo domínio intelectual para continuar com os privilégios, por isso exercitavam um certo exagero na interpretações da lei.

Contudo, na prática, as ações concretas eram transferidas para outras pessoas. Atualmente é comum observarmos esse tipo de comportamento em alguns políticos partidários.

Jesus Cristo conhecedor do coração humano na sua essência, sentia na obrigação de bom profeta além de anunciar também denunciar

Jesus penetra no coração dos homens e com muita sabedoria e propriedade Ele denuncia o que há de escondido por debaixo das aparências.

Assim como Ele falava para os mestres da lei e para os fariseus, chamando-os de “hipócritas”, Ele também poderá estar dirigindo-se a qualquer um de nós que nos enaltecemos em vista das nossas “boas ações”.

Nós também como os antigos, podemos estar pagando o dízimo de todos os nossos proventos e até promovendo o bem comum, no entanto, ao mesmo tempo, podemos está agindo como guias cegos, se as nossas atitudes não estiverem edificando a ninguém. Se estivermos fazendo o bem apenas para aparecer e chamar a atenção estão nos faltando os ensinamentos mais importantes, que são a justiça, a misericórdia e a fidelidade.

Isto acontece quando nós aproveitamos os momentos em que todos tomam conhecimento das nossas boas obras em campanhas que têm como objetivo somente a nossa promoção pessoal.

Por isso, o nosso exterior aparece sem manchas, todavia o nosso interior está cheio de maldade. Jesus nos adverte enquanto é tempo: “limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo”.

Podemos enganar a todos, mas não enganamos a Deus que sonda o nosso coração e conhece o que há de mais camuflado dentro de nós. A justiça, a misericórdia e a fidelidade, portanto, se constituem em atos concretos de amor.

Somos chamados a dar o dízimo e a fazer o bem, mas tudo com sentido e, por amor! Mesmo que não participemos de campanhas beneficentes nem de grandes promoções na época do Natal que a regra de ouro da nossa vida seja TUDO FAZER POR AMOR!

Se você não sabe como procure os AMIGOS EM AÇÃO em Apucarana eles te indicam o caminho para fazer o bem...

Com que finalidade você tem contribuído com o dízimo? Você acha que Deus está vendo as suas ações de caridade? Você tem sido fiel, justo (a) e misericordioso (a) com as pessoas com quem você convive? Você faz alguma coisa para aparecer?

Propósito: Ser coerente com a fé, nos relacionamentos com Deus e com o próximo.