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quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Evangelho do dia 05 de outubro quinta feira 2023

 


5 outubro - No silêncio se cristalizam as grandes personalidades, assim como na concha humilde endurece a gota de orvalho que, transformada em pedra preciosa, ornará a fronte das filhas do rei. (L 23). São Jose Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 10,1-12

 "Depois disso o Senhor escolheu mais setenta e dois dos seus seguidores e os enviou de dois em dois a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir. Antes de os enviar, ele disse:
- A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita. Vão! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos. Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias. E não parem no caminho para cumprimentar ninguém. Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: "Que a paz esteja nesta casa!" Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação. Fiquem na mesma casa e comam e bebam o que lhes oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de uma casa para outra.
- Quando entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam a comida que derem a vocês. Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: "O Reino de Deus chegou até vocês." Porém, quando entrarem numa cidade e não forem bem recebidos, vão pelas ruas, dizendo: "Até a poeira desta cidade que grudou nos nossos pés nós sacudimos contra vocês! Mas lembrem disto: o Reino de Deus chegou até vocês."
E Jesus disse mais isto:
- Eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Sodoma do que daquela cidade!

Meditação:

 Com este texto, Lucas desenvolve um pouco mais as instruções para os missionários que já foram apresentadas no envio dos doze (Lc 9,1-6).

 Agora se trata do envio dos setenta e dois em missão nos territórios dos gentios. Está aumentando o número de trabalhadores para a colheita. Lucas é o único a mencionar este envio dos setenta e dois.

Como Lucas tem uma perspectiva universalista, percebe-se que ele quer registrar a abrangência maior do movimento de Jesus, não restrito ao universo do judaísmo.

 Lucas narra que Jesus envia um novo grupo: o dos 72 discípulos. Eles são enviados “na frente” do Senhor, como precursores, como preparadores da chegada do reino de Deus.
O número 72 é simbólico e indica a universalidade da missão: o número 72 é múltiplo de 12 para representar a totalidade do povo de Deus.
A missão, portanto, não é uma tarefa somente de alguns, do grupo dos doze, mas uma obra também dos leigos, ou seja, de todos os cristãos. Assim, a missão é universal desde a sua origem e compreende todos.
O texto especifica que Jesus envia “dois a dois”, pois o anúncio do Evangelho não é uma tarefa pessoal, mas de uma comunidade.
O fato de serem enviados de dois a dois também quer mostrar a credibilidade do testemunho, além do fato do encorajamento que um pode dar ao outro no caso de desânimo diante das dificuldades.
Jesus, depois de ter falado em semente e em arado, fala agora de colheita. Esta última, por sua vez, é imensa, mas os trabalhadores disponíveis são poucos.
Ontem e hoje vivemos a mesma situação! É um trabalho gigantesco, e nunca haverá trabalhadores suficientes; só o Pai pode chamá-los e enviá-los.
É necessário rezar a Ele, pedindo que chame mais pessoas. É justamente por causa da extensão da missão que Jesus chama mais este grupo de ajudantes, e, mesmo assim, são poucos diante da imensidão da missão que Ele tem pela frente e da qual nos torna participantes.
Jesus faz o envio: “Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos”. É a imagem clássica da fraqueza diante da violência. A missão é uma obra difícil e perigosa.
Aqueles que Ele enviou devem cumprir fielmente o seu trabalho, mas não devem exigir demasiado de si mesmos nem entrar em pânico diante da grandeza da missão. Devem, sim, ter consciência que não será uma tarefa fácil e que nem sempre serão recebidos de braços abertos. Devem fazer sua parte, com competência e perseverança, pois, em último caso, a responsabilidade é de Deus, e Ele não vai deixar cair em ruínas a sua messe, mandando trabalhadores necessários para isto.
A mensagem a ser levada é o dom da paz, no sentido mais completo, para as pessoas e às famílias, e, sobretudo, a mensagem de que “o Reino de Deus está próximo de vós”. O reino de Deus é, antes de tudo, uma pessoa: Jesus. Quem O acolhe encontra a vida, a alegria, a missão de anunciá-Lo.
O gesto de bater, sacudir a poeira dos pés, era um gesto simbólico dos israelitas que, ao ingressar de novo no próprio país, depois de terem estado em terra pagã, não queriam ter nada em comum com o modo de vida deles. Libertar-se da poeira que se grudou aos pés enquanto estavam em território pagão significava ruptura total com aquele sistema de vida.
Fazendo isso, os discípulos transferem toda  a responsabilidade pela rejeição da Palavra àqueles que os acolheram mal e rejeitaram o anúncio do Evangelho. E a paz oferecida não se perde, mas volta a quem oferece.
O estilo da missão de Jesus e dos discípulos é o oposto daquele dos poderosos que o mundo de hoje idolatra. Não se baseia sobre a vontade de dominar, a arrogância ou a ambição, mas sobre a proposta humilde, respeitosa, atenta aos mais fracos, oferecida na gratuidade, sem buscar outras recompensas.
O Evangelho de Jesus é uma mensagem de vida verdadeira para quem confia somente em Deus, que é Pai e também Mãe: “como uma mãe que acaricia o filho, assim eu vos consolarei” e em Cristo crucificado e ressuscitado.
Os 72 tinham uma tarefa nova e difícil. Mas, estes voltam para Jesus muito contentes porque ficaram impressionados pelos prodígios que puderam ver. Jesus freia um pouco esta alegria e diz: “antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”.
Como podemos, nós, discípulos de Jesus, seguir nossa missão em meio aos lobos do tempo atual? A missão é mais forte do que o medo. Às vezes, somos tomados por pensamentos negativos, tipo “o que vão pensar?” ou “o que vão dizer?”. É humano sentir medo, mas a missão deve superar os nossos temores.
Nenhum profissional tem medo de falar de sua profissão. Então, por que deveríamos, nós cristãos, ter medo de falar de Cristo, da sua pessoa, da sua verdade, da sua vida, do seu amor, do seu mistério?

 A fé e a missão começam no coração e devem terminar nos lábios e nas ações. Não podemos deixar que o receio atrapalhe a nossa missão cristã.

Reflexão Apostólica:

 Vamos abordar três pontos…

 Muitas pessoas associam esse evangelho a diferenças religiosas. Imaginam aquele irmão que passa de porta em porta a anunciar sua fé e se mal recebido declara aos ventos que nem a poeira das sandálias ficará. Se certo ou errado aquela pessoa queria apenas dizer que “(…) O Reino de Deus chegou até vocês”.

 Mesmo nos batendo à porta nos horários mais inconvenientes, bastaria para nós dizer: “Sim irmão, ele já chegou! Vá em paz”! Como é que normalmente respondemos? Não estou aqui dizendo que devemos ouvir e acatar tudo falam ou nos entregam nas portas, nas ruas, nas praças, mas pelo menos não sermos mal educados com quem leva uma mensagem positiva de casa em casa. Filtremos bem os proselitistas!

Outro ponto…

Os judeus possuíam muitos rituais particulares, hoje talvez déssemos o nome de costume, hábitos, crendices, (…). Era, portanto um ritual particular, onde todos ao saíssem da sua região para outra sendo esta pagã ou descrente, ao retornarem não trouxessem (simbolicamente) nada daquele lugar onde não aceitavam a Deus. O gesto era sacudir as sandálias como que dissessem: “não trago nem o pó dessa terra”!

 A sabedoria do povo judeu não se limitava a costumes. Talvez dissessem hoje: “QUANDO VOLTAR PARA CASA, À NOITE, VINDO DO TRABALHO, NÃO DESCONTE SEU CANSAÇO E SUAS INSATISFAÇÕES NA SUA FAMÍLIA”!

 A nossa vida nem sempre é aquela que sonhamos ou idealizamos. Ela é cheia de altos e baixos, coisas boas e não tão boas. Padre Léo dizia que temos a grata mania de olhar NOSSOS problemas com lentes de aumento, os tornado assim maiores do que são. Passamos, talvez inconscientemente, a responder a insatisfação ou a frustração com desamor, rancor, ranzinzes, (…). Essa poeira não deve voltar para casa!

 Um terceiro ponto…

 Pensem num homem que tinha tamanha inteligência que preferiu viver no isolamento por acha difícil que as pessoas pudessem conviver com ele. Herdou com a morte do pai uma boa fortuna que transformou em estudo. Ficou responsável pela tradução da Bíblia para o Latim que quando concluída fora chamada de Vulgata.

 Suas palavras e reflexões duras não “perdoavam” nem mesmo santo Agostinho, doutor da igreja, mas se resignava a reconhecer que fazia isso pelo bem da igreja, e por isso preferia ficar longe a magoar. Mesmo tão contundente em suas afirmações preferiu o silencio.

 O seu “eu” impetuoso se rendia ao amor de Jesus. Essa situação casa-se bem com uma frase de Santa Terezinha:  “(…) No lugar do medo do “Deus duro e vingador”, ela coloca o amor puro e total a Jesus como um fim em si mesmo para toda a existência eterna”.

 Duro ter a convicção de estar certo e ter que se refugiar no Senhor.

Católicos ou evangélicos (mesmo sem aceitar isso) agradecem a são Jerônimo por seu investimento, seu tempo, disposição e sabedoria em traduzir a Bíblia para que mais que 72 pudessem ir de porta em porta, de casa em casa e dizer: “Que a paz esteja nesta casa!” 

Propósito: Estar sempre pronto para o serviço do Reino, em que pesem todas as dificuldades. "Nada é difícil para quem ama". (São Bernardo de Claraval).

        

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