26 MARÇO-
São José foi sempre tão humilde que quis ser considerado sem valor algum,
mantendo-se sempre silencioso e oculto, atribuindo todo
merecimento a Maria, a sua
Esposa imaculada e santíssima. (S 327). São Jose Marello
Lucas 18,9-14
"Jesus também
contou esta parábola para os que achavam que eram muito bons e desprezavam os
outros: Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro,
cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: "Ó
Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as
outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de
impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho."
Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu.
Batia no peito e dizia: "Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!"
E Jesus terminou, dizendo: Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro,
que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado,
e quem se humilha será engrandecido."
Meditação:
No Evangelho de hoje, Jesus nos revela o segredo de uma oração verdadeira e também eficaz. Ele nos conta uma parábola sobre a oração de dois homens que pertencem a duas categorias completamente opostas. Na verdade, o Evangelho quer provocar em nós a pergunta: com qual dos dois me identifico? Com o fariseu ou com o publicano?
Prestemos bem atenção a como cada um dos homens reza e assim iremos descobrir.
Podemos nos encontrar no lugar do publicano (pecador), que foi justificado; mas
também com muita probabilidade, podemos nos encontrar no lugar do fariseu, que
por sinal, não foi justificado; este último é aquele que regularmente vai ao
templo, ou seja, pode ser que sejamos nós, que regularmente vamos à igreja.
Enfim, a parábola em questão é direcionada para todos aqueles que julgam ser
bons e desprezam os outros, diz o evangelista Lucas.
O fariseu é aquele que se acha justo, certinho, pelo fato de conseguir freqüentemente cumprir os preceitos da lei: “eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda”.
A atitude dele é aquela de uma pessoa egoísta, cheia de si mesmo. Usa sempre o pronome “eu”. E o que agrava a sua presunção é o fato de desprezar os outros.
Não se pode rezar e, ao mesmo tempo, desprezar; dialogar com Deus e ser duros com as pessoas; no fundo, nos deleitamos com os defeitos dos outros para agradar a nossa presunção (Nossa! Comparando-me com fulano de tal, como eu sou bom e correto!). Uma vida assim é cheia de suspeitas e de medos, uma vida triste num mundo corrompido. A oração do fariseu, no final das contas, é um julgamento.
De fato, esta parábola é muito inquietante! Mostra como na oração podemos nos
separar de Deus e dos outros quando falsificamos a nossa consciência,
enganando-nos quanto a Deus e ao nosso próximo.
Quando estamos falando coisas negativas sobre os outros como aquele fariseu (“não sou como os ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos”); na verdade, estamos envenenando as nossas vidas. Deus está interessado no nosso interior e não naquilo que aparentamos ser.
Precisamos nos conscientizar que não é impressionando uns aos outros que interessa a Deus, mas é nossa vida interior que interessa a ele.
O orgulho é uma cegueira que nos impede de ver nossos próprios erros. É difícil
ser humilde. Se nos consideramos humildes, isso já pode ser uma presunção.
Ser humilde significa nunca pensar que somos melhores que as outras pessoas, mas que somos humanos, e por isso, limitados tanto quanto os outros. Esta consciência é o que nos estimula a sempre buscar o amadurecimento espiritual.
Às vezes, a única maneira pela qual aprendemos a tratar bem as pessoas, é
quando somos maltratados, para que possamos ver como isso machuca e aprender a
não fazer com os outros. A pessoa orgulhosa nunca acha que é orgulhosa, porque
o orgulho facilmente se esconde.
O orgulho é uma máscara que encobre realmente quem somos. O orgulho é um julgamento: julgamos porque somos orgulhosos; julgar, na realidade, é tentar achar um caminho para nos sentirmos melhores em relação a nós mesmos, apontando os erros dos outros.
Deus é um juiz que não faz discriminação de pessoas. Deus não discrimina ninguém; como isto deve doer ao ouvido orgulhoso do presunçoso!
Outra coisa também muito freqüente existir é um entendimento errado da
humildade: quando ficamos passivos diante de tudo ou quando sempre estamos
dizendo que não somos capazes para isto ou para aquilo.
Esta é a falsa humildade. A humildade é uma das virtudes mais difíceis de se obter, mas também é uma das mais necessárias.
O publicano é realmente um pecador; ele não arranja uma desculpa para o que fez. Uma transgressão típica dos publicanos era trapacear os outros e ser conivente com as tramóias do império romano.
A oração simples do publicano é reconhecer-se pecador. Não julga ninguém, nem mesmo o fariseu, por quem já foi julgado, insultado e excluído.
Deus “jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas
mágoas”. Mas, temos que nos entregar totalmente a ele.
O publicano foi perdoado não porque fosse melhor que o fariseu, pensar isso seria cair na mesma atitude do fariseu, mas porque com sinceridade mostrou e admitiu sua fraqueza e abriu seu coração a um Deus que é imensamente maior que o seu pecado, a um Deus que nos acolhe, que nos abraça com a sua misericórdia infinita. “Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. Que nossa oração humilde atravesse as nuvens e chegue ao Altíssimo.
Ao ler o evangelho de hoje, fiquei muito feliz porque
acredito que essa mensagem seja capaz de mudar de forma concreta as nossas
vidas, pois, uma vez que passamos a compreender o sentido real e concreto do
ATO DE SER HUMILDE e não apenas do CONCEITO DE HUMILDADE, podemos ser
transformados interiormente e executar gestos no nosso cotidiano que irá nos
proporcionar sentimentos bons e alegres. A SIMPLICIDADE é irmã da HUMILDADE e
inimiga do JULGAMENTO.
Nesta parábola, de sua exclusividade, Lucas faz um confronto entre duas atitudes fundamentais. Ele aborda especificamente o ato da oração.
Ela mostra dois pontos: falta de HUMILDADE terrível na vida de uma pessoa que gera: a soberba, o orgulho, a presunção. O outro ponto é a SIMPLICIDADE do coração na oração que gera: humilhação e temor.
Os dois modelos usados são os fariseus e os publicanos. O fariseu (homem da
religião) se postava em pé, sem nenhuma reverência a Deus, provavelmente
estufando o peito e orava para si mesmo!
Em algumas traduções temos escrito “orava de si para si”. Apesar de começar sua oração pronunciando o nome de Deus, ele não estava dirigindo suas palavras ao Senhor.
Aquela cena não passou de um monólogo, onde sua oração não passou do teto do templo. Porque o único objetivo daquele homem era se auto-proclamar justo e se vangloriar de seus feitos.
O publicano talvez fosse a pessoa menos respeitada da sociedade. Era o judeu
escolhido pelo Império Romano para cobrar impostos do povo e por isso era visto
como traidor.
No texto, a postura inicial é que de longe sequer ousa olhar para os céus, num sinal de humildade e ainda batia no peito pedindo graça para o seu coração. Na cultura judaica, bater no peito era um sinal externo de demonstrar a dor na sua alma. Ele reconhecia sua natureza pecaminosa e estava angustiado por isso.
A dica para nós é que tomemos cuidado, mas muito cuidado com a nossa presunção
no coração. Muitas vezes somos moralistas e demonstramos ser os santarrões da
comunidade.
Somos, na prática, como esse fariseu que louvava a Deus por não ser igual aos outros homens. Ele dizia: "Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho."
Santa hipocrisia e soberba terrível deste homem! E como somos assim, como nos
achamos os santarrões da vida. Humilhamos pessoas, condenamos os outros.
A grande verdade é que somos iguais a este fariseu do texto de Lucas. Muitas
vezes agrademos ao criador por não sermos iguais a alguns pecadores.
É bom
que saibamos, somos roubadores, injustos, adúlteros, somos mentirosos
Precisamos da fala no coração do publicano que compreendeu espiritualmente a dinâmica de Romanos 2,1: "Ó homem, quem quer que sejas, tu que julgas, não tens desculpa. Pois julgando os outros condenas a ti mesmo, já que fazes as mesmas coisas, tu que julgas."
Vale lembrar que este homem reconhece que não pode fazer nada para ser salvo,
ele é humilde de coração na presença do Senhor com estas palavras: "Ó Deus, tem pena de mim, pois sou
pecador!" E neste processo Jesus declara: "Eu afirmo a vocês que foi este
homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se
engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido."
Como
vimos, esse Evangelho é lindo e TRANSFORMADOR, ele vem ensinar para nós que a
nossa oração é um meio de comunicação eficaz com o Pai, mas só subirá aos céus
se nascer de um coração humilde, simples e puro!!!
Se quisermos ser justificados e elevados diante de Deus, precisamos diminuir
para que Deus cresça em nós!!! Então, faça sua oração agora, com a voz
baixinha, ou alta ou até mesmo em seu pensamento, mas faça para que essa
palavra possa dar fruto na sua vida hoje, não deixe a graça passar.
Olhar
o mundo e a vida com os olhos de Deus. Viver meu dizer com o coração agradecido
ao Pai e na alegria de poder testemunhá-lo.
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