18/10 – São Lucas Evangelista
São Lucas nasceu na
Antioquia, Síria. Era médico e pintor, muito culto, e foi convertido e batizado
por São Paulo. No ano 43, já viajava ao lado do apóstolo, sendo considerado seu
filho espiritual. Escreveu o seu Evangelho em grego puro, é reconhecido
como o Evangelho do amor e da misericórdia. Foi escrito sob o signo da fé, nos
tempos em que isso podia custar a própria vida. Mas falou em nascimento e
ressurreição, perdão e conversão, na salvação de toda a humanidade.
Além do terceiro evangelho, escreveu os Atos dos Apóstolos, onde
registrou o desenvolvimento da Igreja na comunidade primitiva, relatando os
acontecimentos de Jerusalém, Antioquia e Damasco, deixando-nos o testemunho do
Cristo da bondade, da doçura e da paz. São Paulo quis pregar a Boa-Nova aos
povos que falavam aquele idioma. Os dois sabiam que mostrar-lhes o caminho na
própria língua facilitaria a missão apostólica.
Lucas tornou-se o relator do nascimento de Jesus, o principal biógrafo da Virgem Maria e o
primeiro a expressá-la através da pintura. A profissão de
médico pressupõe que ele tenha dedicado muitos anos ao estudo. A sua formação
cultural transparece nos seus livros: o Evangelho foi escrito num grego
correto, cristalino e bonito, rico de vocábulos. Há outra consideração a fazer
sobre o seu Evangelho, além do fator estilo e história: Lucas é o evangelista
que mais pintou a fisionomia humana do Redentor, a sua mansidão, as suas
atenções para com os pobres, para com os desprezados, para com as mulheres, e
para com os pecadores arrependidos.
Quando das prisões de São Paulo, Lucas acompanhou o mestre, tanto
no cárcere como nas audiências. Presença que o confortou nas masmorras e
deu-lhe ânimo no enfrentamento do tribunal do imperador. Na segunda e
derradeira vez, Paulo escreveu a Timóteo que agora todos o haviam abandonado.
Menos um. “Só Lucas está comigo”. Todavia, por sua participação nos
primeiros tempos, ao lado dos apóstolos escolhidos por Jesus, somada à vida de
missionário, escritor, médico e pintor, transformou-se num dos pilares da
Igreja.
Depois do martírio de São Paulo, Lucas continuou a pregação. Ele
teria seguido pela Itália, Gálias, Dalmácia e Macedônia. E um documento
traduzido por São Jerônimo trouxe
a informação que o evangelista teria vivido até os oitenta e quatro anos de
idade. A sua morte pelo martírio em Patras, na Grécia, foi apenas um legado
dessa antiga tradição. Por isso, no hino das Laudes rezamos:
“Cantamos hoje, Lucas, teu martírio, teu sangue derramado por
Jesus, os dois livros que trazes nos teus braços e o teu halo de luz”.
É considerado o Padroeiro dos médicos, por também ele ter exercido
esse ofício, conforme diz São Paulo aos Colossenses (4,14): “Saúda-vos
Lucas, nosso querido médico”.
O Boi junto de São Lucas
As representações artísticas de São Lucas sempre colocam a seu
lado a figura de um boi que, às vezes, aparece com asas. Em relação a São
Lucas, o boi simboliza o sacrifício de Cristo, tão bem enfatizado no Evangelho
de Lucas. O boi era o mais alto sacrifício oferecido no Templo de Jerusalém.
Além disso, o boi também é símbolo da paciência, da força e do serviço,
virtudes demonstradas pela vida e pela obra de São Lucas.
São Lucas, rogai por nós!
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 10,1-9
3Eis que vos envio como
cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem
sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer casa em que
entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6Se ali morar um amigo da
paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7Permanecei naquela
mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu
salário. Não passeis de casa em casa. 8Quando entrardes numa
cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os doentes que
nela houver e dizei ao povo: ‘o Reino de Deus está próximo de vós’”.
Hoje
comemora-se é a festa do evangelista Lucas. Na realidade conhecemos pouco sobre
os autores dos evangelhos. Tais “autores” não escreveram para fazer uma
crônica, mas sim para dar a conhecer uma pessoa: Jesus de Nazaré.
Os
evangelhos não foram escritos de maneira imediata pelos discípulos do Jesus
histórico. Foram escritos pela necessidade das gerações posteriores que viram a
importância de conservar o testemunho dos primeiros discípulos e discípulas de
Jesus.
Uma figura simpática do Cristianismo primitivo, homem de posição e qualidades,
de formação literária e de profundo sentido artístico divino.
Nasceu
em Antioquia da Síria, médico de profissão foi convertido pelo apóstolo Paulo,
do qual se tornou inseparável e fiel companheiro de missão.
Colaborador
no apostolado, o grande apóstolo dos gentios em diversos lugares externa a alta
consideração que tinha por Lucas, como portador de zelo e fidelidade no
coração. É autor também do livro dos Atos dos Apóstolos, que é a
continuação narrativa e teológica de seu evangelho.
O programa narrativo e teológico do evangelho mostra Jesus, o Senhor, que
ensina a destruir o poder do mal a partir da criação de uma comunidade
convertida, socialmente comprometida, que o confessa como Filho de Deus, que
veio devolver a visão aos cegos e libertar os oprimidos da humanidade. Programa
que desencadeou o Livro dos Atos dos Apóstolos, atos realizados pela igreja
nascente.
O
evangelista Lucas caracteriza-se, entre outros aspectos, por sua visão mais
universalista, em relação ao ministério de Jesus, ampliando a compreensão mais
limitada dos discípulos convertidos do Judaísmo. Enquanto Mateus faz ascender a
genealogia de José até Abraão, Lucas a amplia até Adão, "pai de todos os
viventes". Lucas é também o único evangelista sinótico que destaca o
"bom samaritano".
Nesta
narrativa de hoje, exclusiva de Lucas, ele já menciona a missão de Jesus e seus
discípulos entre os gentios, com o envio de setenta e dois, dentre os quais
poderiam encontrar-se também discípulos convertidos gentios. São portadores da
paz. Revelarão a presença do Reino pela comunhão de vida com aqueles que os receberem,
sem discriminações raciais, com o amor libertador e
universal.
O
evangelho focaliza sua atenção ao compromisso evangelizador dos mensageiros,
cujo seguimento de Jesus, vivem e anunciam a novidade do Reino aos homens e
mulheres.
Lucas
vê provavelmente na missão temporal dos 72 discípulos uma prefiguração da
missão eclesial futura entre os pagãos, representada pelas 72 nações. Mateus,
por sua vez, reconhece só Doze discípulo (Mt 10, 1 – 14). Marcos especificou
que haviam sido enviados os Doze (Mc 6, 7–12). Provavelmente Lucas encontrou
nesta missão, de um grupo mais numeroso de discípulos, uma constatação de tudo
o que acontecia na Igreja que ele conhecia.
Não é importante agora o debate sobre o número de discípulo, que seja doze,
setenta ou setenta e dois, como se lê em alguns manuscritos; o importante é
frisar o fato de que a obra de Jesus se encontra eternamente aberta e se
realiza através dos discípulos.
Os
Doze, como número simbólico, continuam sendo o fundamento de toda a missão da
Igreja. E juntos a eles, Jesus escolheu a muitos outros. Daí a sentença: “a
messe é grande e os trabalhadores são poucos.” Sempre haverá desproporção entre
a grandeza da tarefa missionária e o número de enviados.
Em sua viagem a Jerusalém, Jesus tem a possibilidade de passar pela terra dos
Samaritanos e sente vontade de entrar aí e passar a noite. Por esta razão manda
mensageiros para que lhe preparar pousada, mas fica surpreso porque é discriminado
pelos samaritanos (9,51ss).
Lucas
nos diz que depois desta dificuldade com os Samaritanos, enviou Jesus os
setenta e dois às cidades que ele iria. Estamos conectados a um contexto
urbano: a missão que vão realizar na cidade os enviados.
Muitas
vezes os filhos da paz correspondem com hostilidade ao dom que têm os pregadores.
A
primeira casa em que os discípulos forem acolhidos deve ser para eles como sua
própria casa. “Permanecei naquela mesma casa”.
O
grande objetivo dos missionários é a mensagem do reino de Deus. O mais
importante não deve ser o bem-estar pessoal, o bom trato e os cuidados da
hospitalidade.
O
que muda de alojamento mostra que o valor supremo para ele não é a Palavra de
Deus, mas sua própria pessoa. Prejudica e se prejudica. Desacredita seu
anfitrião e se desacredita a si mesmo. Não deve violar a lei sagrada da
hospitalidade. Os discípulos devem comer e beber do que lhes for oferecido. Não
devem se preocupar, pensando que incomodam indevidamente a quem lhes dá a
hospitalidade.
A
pregação do Senhor não é suficiente, se faz necessário que aqueles que caminham
com ele e instruídos por ele saiam a proclamar para o mundo, como se fez a
partir de hoje.
O
trabalho dos enviados não deve ficar paralisado com as preocupações terrenas. O
que recebem é justa compensação pelo que eles trazem: seu dom é maior. A missão
dos discípulos é missão nas casas e nas cidades. Uma cidade que os acolhe
mostra boa disposição.
Os
discípulos devem realizar aquilo para o qual foram enviados. Os enviados
cumprem a missão de Jesus, da qual se disse: “Tal é a mensagem que enviou
(Deus) aos filhos de Israel anunciando o Evangelho de paz por meio de Jesus
Cristo (At 19,36).
A
messe é grande e os trabalhadores são poucos. O Reino de Deus está perto e é
urgente sair proclamando. Mas aonde ir? Para as cidades onde se encontram os
lobos que devoram suas vítimas, os pobres e inocentes que sofrem as explorações
por parte dos donos das cidades. São os ricos e poderosos os que habitam a
grande cidade, onde se concentra o poder, como hoje.
Reflexão Apostólica:
A
paz de Deus é para nós o sinal de que o reino de Deus está próximo, isto é, de
que ele já acontece dentro do nosso coração.
Por
isso, a paz de Deus excede a todo o conhecimento humano, a tudo o que o mundo
nos oferece e a todo o bem ou riqueza material que nós possamos possuir aqui na
terra.
Jesus
é a paz e por meio de nós Ele deseja penetrar em todos os corações e participar
da vida da nossa família e de todas as famílias da terra.
Assim
como enviou os seus discípulos Ele também nos envia a ir de “casa em casa”
deixando de lado tudo o que pesa e complica a nossa vida.
Ele
nos envia e nos orienta a fim de que o nosso trabalho seja frutuoso e não nos
percamos no meio do caminho. “Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias e não
cumprimenteis ninguém pelo caminho”, é o conselho que Ele nos dá.
Bolsa,
sacola, sandálias significam as coisas que trazemos na bagagem da nossa vida e
nas quais nos apoiamos. São “falsas seguranças” que durante a nossa vida nos
acostumamos a lançar mão delas, mas que desvirtuam as características do reino
de Deus que Jesus veio instaurar.
Não
cumprimentar ninguém pelo caminho é também não perder tempo, não se envolver
com outras ocupações que nos tiram do caminho ou então experimentar sentimentos
que prejudicam o nosso relacionamento com Deus e com os irmãos: ódio,
ressentimento, discriminação, julgamentos, idéias preconcebidas etc.
A
nossa missão é muito importante: somos trabalhadores da messe do Senhor,
missionários do Seu amor, a partir da nossa casa, dentro da nossa família.
A
nossa casa é o primeiro lugar aonde o Senhor nos manda anunciar o reino e nós
desperdiçamos tempo e oportunidade quando, dentro dela, cultivamos e promovemos
a guerra, quando não oferecemos o perdão, quando remoemos mágoas e
ressentimentos.
É
por meio do nosso testemunho de vida com o irmão que nós anunciamos a
proximidade do reino, por isso Jesus nos mandar ir dois a dois.
Os
nossos relacionamentos, a nossa convivência fraterna, a unidade com que nós
vivenciamos as nossas diferenças, darão testemunho ao mundo de que nós já vivemos
o reino, aqui, desde já.
Por
fim precisamos também atender a Jesus quando Ele nos manda interceder: “pedi ao
dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.”
Nunca
podemos esquecer de que “a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”, por
isso, o Senhor conta conosco e a nossa intercessão é valiosa.
Você
é um trabalhador da messe do reino de Deus? Você já sente no seu coração a
paz dos que vivem o reino de Deus? Como você tem vivido este
reino? Você tem procurado levar esta paz para a sua casa? Você tem
dificuldades de relacionamento? Você sabia que o seu testemunho é a melhor
maneira de evangelizar e de propagar o reino de Deus? Você tem intercedido
pelos trabalhadores da messe?
A
metáfora da condição dos discípulos é uma forma de descrever o futuro da
missão. Ser cordeiros entre lobos não dá margem para dúvidas: a missão está
destinada a ser uma batalha desigual, onde toda prudência é pouca. Nada de
ilusões!
Humanamente
falando, as orientações dadas por Jesus deixavam os discípulos numa situação de
fragilidade.
Os
enviados em missão devem estar despojados e confiantes. Em seu anúncio,
sofrerão a repressão dos poderosos, que são como que lobos A pobreza material os
levava a depender da caridade alheia. Como se sabe, nem todo mundo está disposto
a ajudar.
Quem
depende de esmolas, está sujeito a toda sorte de ironia, gozações e
humilhações, sem contar o risco de sofrer agressões físicas. A recomendação de
não escolher casa ou cidade onde entrar - os discípulos deveriam ir a toda
cidade e lugar por onde Jesus passaria - obrigava-os a visitar até mesmo
povoados hostis, especialmente os situados na região da Samaria.
Lucas
destaca por duas vezes a determinação de “entrar” e “comer” nas casas, o que é
uma negação dos costumes do judaísmo de não entrar, e muito menos comer, em
casa de gentios.
Se
a hospitalidade em uma cidade lhes fosse recusada, eles não teriam o direito de
fazer uso da força ou da violência. Bastava-lhes sacudir o pó das sandálias, e
seguir adiante.
Falando
na perspectiva do Reino, a ação missionária oferecida aos setenta e dois
discípulos exigia deles serem testemunhas do mundo novo proclamado por Jesus.
Aí os bens materiais deveriam ser relativizados, não tendo primazia no coração
humano. A solidariedade seria um imperativo, e a violência, banida. Por
conseguinte, a reação dos apóstolos diante de situações adversas já seria uma
ação evangelizadora.
Propósito:
Ó Deus, que nos apóstolos mostrais a eficácia
transfigurante da vossa graça; ajudai-nos a procurar continuamente o seu
testemunho e o seu ensinamento, para que encontremos de fato o rosto do vosso
Filho. Pai, que a perspectiva de dificuldades a serem encontradas no apostolado
não me faça recuar da missão de preparar o mundo para acolher teu Filho Jesus.
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