26/10 – Santo Papa Evaristo (5º Sucessor de Pedro)
Evaristo é o quinto Papa
da Igreja Católica a receber, como seus predecessores, a coroa do Martírio. Foi
em Roma, numa época em que as perseguições contra a Santa Igreja de Deus eram
implacáveis. Tempos muito aflitivos para os cristãos que pagavam com a própria
vida sua recusa em abjurar a fé. Santo Evaristo era judeu-grego de nascimento.
Seu pai chamava-se Judas, originário de Belém, mas acabou fixando residência na
Grécia. Educou seu filho na doutrina e princípios judaicos. Evaristo
manifestou, desde a mais tenra infância, boas disposições pela virtude e pelas
letras, fato que seu pai observou e cuidou de cultivar com dedicação. Assim foi
progredindo Evaristo nas ciências, de forma que se tornou pessoa de excelentes
talentos, dentro dos seus puros e inocentes costumes.
Não se sabe as circunstâncias e a época em que se converteu ao
cristianismo e nem a época precisa em que foi para Roma, mas passou a ser
conhecido como um membro do clero que se destacou rapidamente em santidade,
reconhecida por toda a Roma. Era um presbítero conhecido por acender o fervor e
devoção no coração dos seus fiéis, pelos seus exemplos de virtude e caridade
cristã. Sucedeu a São Clemente no trono pontifício. Apesar de resistir em
assumir o cargo, após declarar publicamente sua indignidade, acabou sendo
aclamado pelo clero e pelo povo como merecedor de tão nobre missão. A
unanimidade de opiniões, portanto, fez com que fosse consagrado Papa no ano de
101.
Logo que assumiu a cadeira de São Pedro, aplicou todo o seu
desvelo para remediar as necessidades da Santa Igreja, perseguida por toda a
parte, num calamitoso tempo em que a chama da heresia tentava debelar-se em
território sagrado. O espírito das trevas valia-se de todos os artifícios para
derramar o veneno de seus erros, particularmente, entre os fiéis de Roma.
Porém, como o Divino Mestre tinha empenhado sua palavra, de que as portas do
inferno jamais prevaleceriam contra Sua Igreja, dispôs, em sua amorosa
providência, que ocupasse Santo Evaristo a cátedra da verdade, a fim de deter a
inundação de iniquidade e para dissipar esta multidão de inimigos.
Com efeito, tão bem cuidou do aprisco que o Senhor lhe havia
confiado, que todos os fiéis de Roma, conservaram sempre a pureza da fé. Ainda
que a maior parte dos heresiarcas tenham concorrido para perverter a capital, o
zelo, as instruções e a solicitude pastoral do Santo Padre foram preservativas
tão eficazes, que o veneno do erro jamais pôde seduzir o coração de um só fiel
sequer.
Além da luta contra a heresia, empenhou-se também no aperfeiçoamento
da disciplina eclesiástica, por meio de prudentíssimas regras e decretos. Foi
por sua determinação que Roma foi dividida em paróquias. Essas paróquias,
confiadas a diversos presbíteros, não eram na época igrejas públicas, mas
oratórios de casas particulares, onde se congregavam os cristãos para ouvir a
Palavra de Deus e para assistir à celebração dos divinos mistérios. Nas portas
destes oratórios, eram afixadas cruzes para que fossem diferenciados dos locais
profanos públicos, que eram distinguidos por estátuas de imperadores. Também,
por decreto, definiu que o matrimônio fosse celebrado publicamente pelo
sacerdote.
Seu infatigável zelo, fazia com que visitasse as paróquias
pessoalmente, sempre preocupado com a conservação de seu rebanho na pureza da
fé. Laboriosamente cuidava da causa das crianças e dos escravos, com solicitude
e empenho. Ainda que o imperador Trajano fosse um dos melhores príncipes dos
gentios, quer por sua paciência como por sua moderação, nem por isto receberam
os cristãos melhor tratamento. Apesar de não ter firmado novo edito contra a
Santa Religião, nutria mortal aversão aos cristãos, não porque os conhecesse,
senão pelos horrorosos retratos que cortesões idólatras e sacerdotes de ídolos,
pintavam na mente do imperador. E bastava esta aversão para excitar contra os
cristãos, o povo e os magistrados.
O trabalho apostólico de Santo Evaristo continuava com vigor, de
forma que o número de fiéis crescia palpavelmente, para insatisfação dos
inimigos de Cristo. A vinha do Senhor era regada com o sangue dos Mártires,
ostentando-se cada vez mais florida e fecunda. Os pagãos concluíram que essa
fecundidade era efeito do zelo ardentíssimo do Santo Pontífice. Após
arquitetarem diversas artimanhas, para pôr termo ao crescimento da religião de
Cristo, decidiram que o meio mais eficaz para dispersar o rebanho, seria ferir
o pastor. E assim foi feito! Fecharam-no com cadeias e conduziram-no ao cárcere
para ser julgado. Conduzido ao tribunal, demonstrou tanta alegria ao receber
sentença de morte por amor a Jesus Cristo, que os magistrados quedaram
atônitos, não conseguindo compreender como cabia tanto valor e tanta constância
em um pobre velho, acabrunhado pelo peso dos anos.
Enfim, foi condenado à morte como o cabeça dos cristãos, no dia 26
de outubro do ano 107, recebendo a honra de ser mais um mártir da Igreja
Universal.
26 outubro - É algo espantoso o pensamento dessa corrente
circular de graças, onde cada anel é uma força da qual depende a nossa salvação
eterna. (L 52). São Jose Marello
Leitura do
santo Evangelho segundo São Lucas 13,1-9
1Naquele
tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a
Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue
com o dos sacrifícios que ofereciam.
2Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que
esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem
sofrido tal coisa? 3Eu
vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo
modo. 4E
aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais
que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5Eu vos digo que não. Mas, se não vos
converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”.
6E Jesus contou esta parábola: “Certo
homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e
não encontrou. 7Então
disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta
figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’ 8Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a
figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. 9Pode ser que venha a dar fruto. Se não
der, então tu a cortarás’”.
Meditação:
O texto de Lucas é composto por duas partes. A primeira é uma exortação
ao arrependimento e à conversão. A segunda é uma parábola que nos fala da
compaixão exigida no seguimento de Jesus e da crítica a um discipulado passivo,
lento e improdutivo.
O evangelista nos apresenta uma das atitudes fundamentais do discipulado
cristão: o arrependimento e a consequente reconciliação, mostrando-nos que
Jesus é compassivo e misericordioso, mas não passivo nem aceita arranjos.
No fundo, o que Jesus propõe é uma mudança de mentalidade que leve o ser humano
a transformar as bases de suas relações pessoais, interpessoais e comunitárias,
fazendo delas relações em resistência não violenta, justas e geradoras de vida
digna.
Nesse sentido, a parábola da figueira vem dar profundidade ao discípulo na luta
contra as adversidades e conflitos que se apresentam no seguimento,
exigindo-lhe que dê frutos nascidos da semente do evangelho.
Ainda que ditos frutos requeiram tempo e condições apropriadas para
amadurecerem, tudo tem limite. A produtividade da palavra de Deus se
manifestará ao produzirmos abundantes frutos de solidariedade e fraternidade.
No
Evangelho de hoje, Jesus descarta o sofrimento e a morte como castigo de Deus. Vocês pensam que, se aqueles galileus
foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os
outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem
dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
O
mal, o castigo, a morte não veêm de Deus. Pois se assim fosse, E então apelando
pela memória, o Senhor diz aos presentes:
lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre
caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que
moravam em Jerusalém? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se
arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
Porque
Jesus usa estas palavras e comparações? Porque este mesmo povo que reconhece em
Deus o princípio da vida, em dado momento abandona sua fidelidade a Javé
deixando de percebê-Lo como Senhor da história. Com isto, Israel vai perdendo
sua identidade que estava centrada na Aliança com Javé: a de ser o povo eleito.
Israel rejeita o Deus único e verdadeiro ao querer ocupar Seu lugar ou cair na
tentação da idolatria (Ex 32, 1-6).
Assim,
aquele povo que recebia a vida de Javé, experimenta a morte como consequência
de seu pecado, sendo que os profetas procuram alertar para a ligação existente
entre a desestruturação do povo e a sua infidelidade ao Deus da vida (Jr 21,
4-8).
Portanto,
a nossa separação de Deus resulta da rejeição à conversão ao seu amor terá como
consequência a nossa própria morte. Apesar de Deus ser longânime e é puro dom
de amor. Escute, pois, a Palavra de Jesus: Eu
afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão
morrer como eles morreram.
“Vê,
Eu te proponho, hoje, a vida e a felicidade ou a morte e a desgraça” (Dt 30,
15). “Pois Deus não fez a morte nem se alegra com a ruína dos vivos” (Sb 1,
13).
Jesus
insiste a que nos convertamos, deixemos de praticar o mal e aprendamos a
praticar o bem. Porque a irmã morte pode chegar no dia e na hora em que menos
pensarmos.
Reflexão Apostólica:
Nós
cultivamos uma idéia errada que nos faz acreditar que todas as coisas ruins que
nos acontecem são castigo de Deus.
Jesus,
porém, nos ensina que “as desgraças nem sempre são castigos”, mas servem para
nos despertar sobre a brevidade da nossa vida aqui na terra e, assim, nos
impulsionar a uma mudança de mentalidade.
Às
vezes, somos como essa figueira, plantada no meio de uma vinha que produz.
Tomamos espaço do terreno, porém, nós mesmos, não melhoramos em nada.
Continuamos
com a mentalidade do homem velho, levando uma vida medíocre, trabalhando para
nos satisfazer e não damos os frutos desejados.
O
Senhor deseja encontrar em nós não apenas folhagem, isto é, aparência, mas
testemunho de conversão, de busca de santidade e de vivência do amor.
O
vinhateiro, no caso, apelou para a misericórdia do dono da vinha e pediu mais
uma oportunidade para a figueira. O dono da vinha é Deus Pai, o vinhateiro é
Jesus, e a vinha são todos os que Lhe são entregues para serem apresentados ao
Pai.
Diante
do Pai, Jesus advoga por nós e pede misericórdia. No entanto, aqui na terra,
nós também podemos ser como Jesus, esse vinhateiro que é colocado em alguma
função de trabalhador da messe.
Assim
como o pai ou uma mãe de família, um coordenador ou coordenadora de uma
comunidade, grupo de oração, ministério, enfim, aquele ou aquela que está
cuidando do povo de Deus, fazendo-o em nome de Jesus.
A
esses ou a essas, o Senhor dá a incumbência de “cavar em volta da figueira,
colocar adubo” para que esta possa crescer e dar frutos que alimentam.
A
nossa conversão é uma coisa urgente na nossa caminhada, mas também, é um
processo que se arrasta até o final da nossa vida, quando o dono da vinha vier
nos encontrar. Mas, como não sabemos quanto tempo Ele demorará, tenhamos
pressa, tanto em adubar as figueiras que nos forem entregues, como também nos
deixarmos “adubar” pelo nosso vinhateiro que é Jesus Cristo.
Não
teremos receio das “desgraças” se nos conservarmos dentro das graças do Pai,
sendo cuidados pelo Seu Filho Jesus e conduzidos pelo Seu Espírito Santo.
Você
também considera que as coisas ruins que lhe acontecem são castigo de
Deus? Ou você entende que possam ser um recado de Deus para que você se
converta? Você faz parte da vinha ou é como essa figueira que ocupa espaço
e não dá fruto? Mesmo sendo diferente dos outros, você acha que tem condições
de melhorar? Quem você considera como seu vinhateiro aqui na terra?
Tudo
aquilo que tem lugar no tempo de Jesus é iluminado pelo feito salvífico que se
iniciou com ele: os fatos políticos, as catástrofes históricas, a ação de
Jesus.
O
tempo final chegou. É a oportunidade feita por Deus para que se tome decisão;
convite à conversão e à penitência. Como João, também Jesus prega que se deve
fazer penitência, que não se deve deixar para mais tarde, que se deve dar fruto
com a mudança de vida e com as obras.
Jesus
vai mais longe do que João. Embora saiba que o juízo se aproxima e que vai cair
sobre Jerusalém a sentença de destruição, contudo intervém a favor de seu povo,
oferece amor, sacrifício e vida por Israel, a fim de que ainda se salve. O
fruto da comunidade não será outro que uma sociedade nova, um mundo novo em que
seja possível uma vida digna para todos.
Se
não virmos sinais desse fruto que salvará o mundo, significará que a semente do
Evangelho foi estéril. A produtividade se manifestará em atitudes justas e
fraternas. Nós também somos semente para gerar o mundo novo de que hoje se
precisa.
Como
vimos no Evangelho, Jesus chama à atenção do povo de Deus para que não se torne
uma figueira estéril, mas uma árvore que dê abundantes frutos de justiça,
solidariedade e fraternidade. Por isso, lhe adverte que têm um tempo breve,
durante o qual Deus espera que a figueira dê os frutos que lhe correspondem.
Terminado
esse tempo, Deus decidirá o que fazer com ela. Assim, o povo tem que entender
que o tempo não é indefinido, mas deve começar aqui e agora a mudar sua maneira
de pensar e a transformar seu modo de agir.
Muitas coisas podem acontecer e atrapalhar a nossa
vida. Por isso devemos estar preparados. Todos os dias. Por isso devemos nos
converter continuamente; por isso devemos nos arrepender dos nossos pecados.
Cristo nos ensinou isso.
Propósito:
Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão
contigo, por meio de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente
para ti.
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