01 junho - Quando sentimos o coração duro e irritável, vamos
buscar um pouco de doçura no Coração de Jesus. (S 176). São josé Marello
"E disse:
- O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no terceiro dia ressuscitar.
E que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados
seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. Vocês são
testemunhas dessas coisas. E eu lhes mandarei o que o meu Pai prometeu. Mas
esperem aqui em Jerusalém, até que o poder de cima venha sobre vocês.
Então Jesus os levou para fora da cidade até o povoado de Betânia. Ali levantou
as mãos e os abençoou. Enquanto os estava abençoando, Jesus se afastou deles e
foi levado para o céu. Eles o adoraram e voltaram para Jerusalém cheios de
alegria. E passavam o tempo todo no pátio do Templo, louvando a Deus."
Reflexão para Lucas 24,46-53 - Solenidade da Ascensão do Senhor Ano C
Neste domingo em que celebramos a solenidade da
ascensão do Senhor, a liturgia propõe Lc 24,46-53 para o evangelho,
texto que contém os últimos versículos do Evangelho segundo Lucas. A solenidade
da ascensão marca a consumação da ressurreição: o Ressuscitado penetra no mundo
do Pai e confere à sua comunidade de seguidores e seguidoras a missão de
continuar a sua presença no mundo, com a assistência do Espírito Santo. Embora
se trate de uma despedida, a cena descrita por Lucas é marcada pela alegria, pois
aquele que parte, o Ressuscitado, não se ausenta dos seus; a sua partida é a
garantia de uma presença ainda mais efetiva, não mais condicionada às
circunstâncias de tempo e espaço, como foi no seu curto ministério de três
anos.
Neste ano temos a oportunidade de ler o relato da
ascensão duas vezes: na primeira leitura (At 1,1-11), como em todos os anos, e
no Evangelho, por estarmos vivenciando o “ano C” da liturgia. Temos hoje,
portanto, dois relatos de um mesmo evento, narrados pelo mesmo autor. Por
sinal, Lucas é o único evangelista que narra a ascensão; Marcos faz apenas um
pequeno aceno (cf. Mc 16,19), enquanto Mateus e João não fazem nenhuma
referência. Mesmo se tratando do mesmo acontecimento, Lucas não conta as duas
vezes do mesmo jeito. Há detalhes que diferenciam os dois relatos, pois cada
livro tem uma finalidade específica. No Evangelho, a ascensão tem a função de
marcar a conclusão da missão de Jesus entre os discípulos; em Atos, a função é
preparar a missão da Igreja e mostrar a continuidade entre essa e Jesus.
A nível de contexto, é importante recordar que, de
acordo com o Evangelho, a ascensão acontece no mesmo dia da ressurreição, e não
após um período de quarenta dias como em Atos (cf. At 1,3). De fato, o evento
narrado no Evangelho de hoje é a sequência do episódio dos discípulos de Emaús:
após se manifestar aos dois que retornavam desiludidos de Jerusalém (cf. Lc
24,13-35) e a Simão (cf. Lc 24,34), o Senhor se manifestou também aos demais
discípulos que estavam reunidos no cenáculo em Jerusalém (cf. Lc 24,36),
naquele mesmo dia, o primeiro da semana (cf. Lc 24,13). Os estudiosos
procuraram explicar essa diferença. Uma das explicações é que quando o
Evangelho já estava pronto, Lucas recebeu novas informações sobre esse
acontecimento e, por isso, acrescentou alguns detalhes em Atos dos Apóstolos. O
mais provável, no entanto, é que essa diferença seja intencional e teológica.
Nenhum dos relatos pretende ser uma crônica exata dos fatos. A intenção do
evangelista é mostrar que Jesus consumou a sua obra, retornou para a glória do
Pai e habilitou os seus discípulos a manterem viva a sua presença no mundo, por
meio do testemunho e animados pela força do alto, o Espírito Santo.
O texto de hoje começa com a continuidade das
palavras de Jesus aos discípulos reunidos. Tendo se manifestado entre os eles,
Ele lhes transmitiu a paz (cf. Lc 24,36), pois os discípulos estavam assustados
(cf. 24,37), mostrou os estigmas de crucificado (cf. 24,39-40), pediu algo para
comer (cf. 24,42), deram-lhe um pedaço de peixe (24,42), Ele o comeu (cf.
24,43) e começou a falar, explicando o cumprimento das Escrituras em sua vida
(24,44). Hoje, lemos a continuidade e conclusão dessa explicação: “Assim está
escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia” (v. 46). É
importante que os discípulos, que ainda estavam apreensivos e decepcionados com
os últimos acontecimentos, acolham o desfecho final da vida de Jesus como
cumprimento das Escrituras. Só assim, poderiam aceitá-lo como o Cristo e
proclamá-lo, como fizeram.
O evangelista não faz uma interpretação
fundamentalista da Escritura, não cita passagens isoladas, mas fala do seu
conjunto; é a totalidade da Escritura que aponta para o Cristo. Da recordação
das Escrituras, emerge a missão da comunidade, que consiste no anúncio e no
testemunho: “e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados
a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo
isso” (v. 47-48). Aqui Jesus resume a sua missão e antecipa a da comunidade
cristã. O elemento primordial da missão é oferecer a reconciliação a todos os povos,
sem distinção. Nada de proselitismos e nem doutrinação. A primeira tarefa da
comunidade cristã é oferecer ao mundo o amor misericordioso de Deus, como Jesus
fez em seu curto ministério, e Lucas fez disso o tema central de seu Evangelho.
A comunidade cumpre a sua missão quando assume um estilo de vida semelhante ao
de Jesus.
Jesus quer que todos os povos recebam os benefícios
da sua ressurreição. O começo por Jerusalém é muito significativo; não se trata
de um privilégio, mas de uma necessidade. Essa cidade era símbolo do poder,
sobretudo o religioso. Era lá onde o poder matava em nome de Deus, e o próprio
Jesus fora vítima dessa prática. Nessa cidade, praticava-se um culto estéril e
mercantilista, caracterizado pelo mero ritualismo e o sacrifício de animais; o
sangue desses sacrifícios não gerava comunhão com Deus, pois o único sangue com
força de salvação fora derramado por Jesus. Por isso, como o amor
misericordioso de Deus não faz distinção de pessoas, Jesus habilita seus
discípulos a começarem o anúncio-testemunho onde as pessoas estavam mais longe
de Deus e, paradoxalmente, era na cidade santa onde as pessoas mais estavam
distantes de Deus, onde mais havia necessidade de uma “mudança de mentalidade”,
como significa propriamente o termo conversão.
Como responsáveis pelo prolongamento da missão de
Jesus, os discípulos não poderiam levá-la a cumprimento sozinhos; por isso,
Jesus promete enviar-lhes o que o próprio Pai prometeu: “eu enviarei sobre vós
aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais
revestidos da força do alto” (v. 49). Esse versículo contém as últimas palavras
de Jesus no Evangelho, e essas são carregadas de esperança. O próprio Jesus só
iniciou a sua vida pública após o batismo, momento em que desceu sobre Ele o
Espírito Santo (cf. Lc 3,22); ao pregar pela primeira vez na sinagoga de
Nazaré, declarou estar investido do Espírito Santo e, por isso, autorizado para
tal (cf. Lc 4,18). Sem o Espírito Santo, portanto, não haveria missão alguma.
Os discípulos devem esperar esse momento, o que Lucas ilustrará tão bem com a
narrativa de Pentecostes (cf. At 2,1-13). O Espírito Santo aqui é referido como
“força do alto”, uma expressão que atendia melhor às necessidades dos
discípulos naquele momento em que estavam com medo; por isso, necessitavam de
uma “força” (em grego: δύναμις – dynâmis) que os movesse. Do termo grego empregado pelo
autor, derivam palavras que expressam bem a natureza missionária da Igreja, como “dinamismo” e “dinâmica”, o que
se opõe a uma instituição estática e parada no tempo. O livro todo dos Atos dos
Apóstolos mostra que os discípulos compreenderam bem essa dimensão, e cabe aos
discípulos/as de todos os tempos atualizarem sempre.
Tendo concluída a fala, começa a cena da ascensão
propriamente dita, com Jesus colocando os discípulos em movimento, tirando-os
do cenáculo e até da cidade de Jerusalém: “então Jesus levou-os para fora, até
perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os” (v. 50). O gesto de
levá-los para fora é uma atualização do êxodo, o que fora tema da conversa de
Jesus com Elias e Moisés, na transfiguração (cf. Lc 9,28-36); mesmo narrada
pelos três sinóticos (cf. Mt 17,1-9; Mc 9,2-10; Lc 9,28-36), somente Lucas
empregou o termo “êxodo” naquela ocasião, e agora mostra a sua realização. Ir
para “Perto de Betânia” significa refazer o caminho da entrada triunfante em
Jerusalém, porém em sentido oposto (cf. Lc 19,29). Quando caminhava da Galileia
a Jerusalém, ele parou entre o monte das Oliveiras e Betânia para solicitar o
jumentinho e entrar na cidade. Se de “perto de Betânia” Ele marchou para a
cruz, da mesma localidade ele marcha definitivamente para a glória do Pai. Com
isso, o evangelista enfatiza a inseparabilidade entre a cruz e a glória.
O último gesto de Jesus entre os discípulos foi
dar-lhes a bênção: “Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o
céu” (v. 51). Essa é a única vez que Lucas atribui a Jesus a função de
abençoar, e essa coincide com a subida ao céu. Na linguagem Bíblia, a bênção é
um elemento performativo, transmite uma força eficaz e irrevogável; comunica a
essência daquele que abençoa nos que são abençoados. Os discípulos, abençoados,
irão difundir essa bênção e, através dela, farão novos discípulos. Com a bênção
de Jesus aqui na conclusão, o evangelista recorda o início do seu Evangelho,
quando o povo estava privado de bênção, devido à incredulidade e ineficiência
do antigo sacerdócio do templo, personificado na figura de Zacarias: “o povo
que estava à espera de Zacarias, admirava-se com a sua demora no santuário;
tendo saído dali, não podia falar” (Lc 1,21-22). A bênção de Deus que fora
bloqueada pelo sacerdócio do templo, agora é destravada por Jesus; antes, era
restrita apenas aos judeus homens, os únicos que podiam entrar no átrio onde os
sacerdotes pronunciavam a bênção. Com Jesus, a bênção de Deus deixa de ser
propriedade de uma casta, e é destinada a todo o mundo.
Convictos da novidade, eis a reação dos discípulos:
“Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E
estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus” (vv. 52-53). Essa é também a
primeira vez que os discípulos “adoram” a Jesus, de acordo com Lucas. O fazem
porque têm certeza da consumação da sua obra, com a confirmação da sua
introdução definitiva no mundo do Pai. Sabem que Jesus é realmente o salvador,
por isso expressam uma “grande alegria”, sentimento semelhante ao dos pastores
com o anúncio do nascimento (cf. Lc 2,10). Essa “grande alegria” é uma
característica essencial do discipulado, na perspectiva de Lucas; fora
antecipada no início do livro por Maria (cf. 1,47), pelos pastores e pelos
anjos (cf. 2,8-20), e agora toma conta dos discípulos e, através deles, se
estenderá por todo o mundo.
Os discípulos já não sentem medo. Estão dispostos a
assumir os desafios e as consequências da missão, e serão habilitados para isso
pelo Espírito Santo. Essa alegria brota da fé e da certeza de que de agora em
diante a presença do Ressuscitado será ainda mais eficaz. Continuam
frequentando o templo, mas com uma nova finalidade: vão lá para “bendizer” a
Deus; esse verbo (em grego: ευλογέω –
euloguéo) significa também
louvar e dar graças.
Fazer isso no templo é uma
novidade, pois a função
primordial do templo era o oferecimento de sacrifícios, o que os discípulos não
fazem, pois têm consciência de que o único sacrifício eficaz foi o de Cristo.
Louvam a Deus pelas maravilhas feitas entre eles, assim como Maria, no início
do Evangelho (cf. 1,46-56), e pelas que ainda serão feitas em todo o mundo.
Louvam a Deus porque percebem a construção de um mundo novo, cujos agentes são
as pessoas mais humildes, e a prova incontestável disso é a glorificação de um
crucificado.
Na festa da ascensão, portanto celebramos a
presença constante do Ressuscitado na comunidade e na missão perene da Igreja,
da qual não se espera outra coisa senão o testemunho, o que consiste em
espalhar o amor misericordioso de Deus no mundo com grande alegria.
Dia 01
Quando
trabalham pelo Reino de Deus, geralmente as pessoas são alvo de inveja, ciúmes
e críticas.
Se isso
lhe ocorrer, lembre-se de que Deus está sempre a seu lado e conhece o mais
íntimo do coração.
Fique
calmo e confie na misericórdia divina.
Alimente-se
da palavra de Deus e pense de modo positivo.
Não se
esqueça de que possui dons e talentos para serem colocados a serviço do Reino
de Deus.
O Senhor espera
isso de você!
Siga em
frente com coragem e perseverança!
Deus está
sempre a seu lado.
Entregue-se
a ele e confie!
“Anunciarei o teu nome aos meus irmãos, vou te louvar no meio da assembleia”. (Sl 22[21],23).
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