04 - Dilatemos nosso coração e atiremo-nos com terna confiança nos braços de Maria! Ela não nos abandonará. (L 350). São José Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São João 21,1-19
"Depois disso, Jesus apareceu outra vez aos seus discípulos, na beira do lago da Galiléia. Foi assim que aconteceu:
Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado "o Gêmeo"; Natanael, que
era de Caná da Galiléia; os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos. Simão
Pedro disse aos outros:
- Eu vou pescar.
- Nós também vamos pescar com você! - disseram eles.
Então foram todos e subiram no barco, mas naquela noite não pescaram nada. De
manhã, quando começava a clarear, Jesus estava na praia. Porém eles não sabiam
que era ele. Então Jesus perguntou:
- Moços, vocês pescaram alguma coisa?
- Nada! - responderam eles.
- Joguem a rede do lado direito do barco, que vocês acharão peixe! - disse
Jesus.
Eles jogaram a rede e logo depois já não conseguiam puxá-la para dentro do
barco, por causa da grande quantidade de peixes que havia nela. Aí o discípulo
que Jesus amava disse a Pedro:
- É o Senhor Jesus!
Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a capa, pois havia
tirado a roupa, e se jogou na água. Os outros discípulos foram no barco,
puxando a rede com os peixes, pois estavam somente a uns cem metros da praia.
Quando saíram do barco, viram ali uma pequena fogueira, com alguns peixes em
cima das brasas. E também havia pão. Então Jesus disse:
- Tragam alguns desses peixes que vocês acabaram de pescar.
Aí Simão Pedro subiu no barco e arrastou a rede para a terra. Ela estava cheia,
com cento e cinqüenta e três peixes grandes, e mesmo assim não se rebentou.
Jesus disse:
- Venham comer!
Nenhum deles tinha coragem de perguntar quem ele era, pois sabiam que era o
Senhor. Então Jesus veio, pegou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com os
peixes.
Foi esta a terceira vez que Jesus, depois de ter sido ressuscitado, apareceu
aos seus discípulos.
Quando eles acabaram de comer, Jesus perguntou a Simão Pedro:
- Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros me amam?
- Sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor! - respondeu ele.
Então Jesus lhe disse:
- Tome conta das minhas ovelhas!
E perguntou pela segunda vez:
- Simão, filho de João, você me ama?
Pedro respondeu:
- Sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor!
E Jesus lhe disse outra vez:
- Tome conta das minhas ovelhas!
E perguntou pela terceira vez:
- Simão, filho de João, você me ama?
Então Pedro ficou triste por Jesus ter perguntado três vezes: "Você me
ama?" E respondeu:
- O senhor sabe tudo e sabe que eu o amo, Senhor!
E Jesus ordenou:
- Tome conta das minhas ovelhas. Quando você era moço, você se aprontava e ia
para onde queria. Mas eu afirmo a você que isto é verdade: quando for velho,
você estenderá as mãos, alguém vai amarrá-las e o levará para onde você não vai
querer ir.
Ao dizer isso, Jesus estava dando a entender de que modo Pedro ia morrer e
assim fazer com que Deus fosse louvado.
Então Jesus disse a Pedro:
- Venha comigo!"
O evangelho deste terceiro domingo do tempo pascal
– João 21,1-19 – contém o relato da última manifestação do Ressuscitado aos
seus discípulos, no Quarto Evangelho, com ênfase para a “pesca milagrosa” e o
diálogo de Jesus com Pedro. Inicialmente, o capítulo 21 não fazia parte do
Evangelho segundo João; foi acrescentado posteriormente, devido as necessidades
das comunidades destinatárias. A redação original do Evangelho foi concluída em
Jo 20,30-31, conforme lemos no domingo passado: “Jesus realizou muitos
outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas
estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus,
e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”. Como o Quarto Evangelho já
tinha um prólogo, os líderes da(s) comunidade(s) joanina(s) entenderam que
poderiam acrescentar um epílogo, o capítulo 21, sem trair as intenções e nem as
características do evangelista, mas até enriquecendo.
A
pesca, por ser a atividade da maioria dos primeiros discípulos, se tornou
imagem simbólica da missão apostólica no cristianismo das origens. Por isso,
essa cena, mais que descrever uma pescaria real, é uma representação da missão
da comunidade cristã. O grupo de discípulos está unido, e Pedro continua
impetuoso, falando e agindo sem medir as consequências: “Simão Pedro
disse a eles: ‘Eu vou pescar’. Eles disseram: ‘Também vamos contigo’. Saíram e
entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite” (v. 3). Mesmo com a
adesão dos companheiros, a iniciativa de Pedro não logra êxito: “não
pescaram nada naquela noite”; o indicativo temporal “naquela noite”
significa a ausência de Jesus, a luz por excelência. Essa ausência torna
ineficazes as iniciativas da comunidade, por mais boa vontade que tenham os
seus membros. Na luz do dia, Jesus se faz presente, mas não é facilmente
reconhecido (cf. v. 4); com isso, o autor faz um alerta à comunidade: é preciso
reconhecer a presença de Jesus no dia-a-dia, nas margens e nas atividades
cotidianas também. Não basta esperar uma semana para encontrar-se com Ele no
encontro litúrgico da comunidade, pois Ele interage no dia-a-dia através dos
acontecimentos e das pessoas necessitadas, principalmente (cf. v. 5).
O
momento privilegiado do encontro da comunidade com o Ressuscitado será sempre a
refeição, o banquete, como sinal de partilha, amor e alegria. E é o próprio
Jesus quem prepara a refeição (vv. 9-13), pois o Ressuscitado continua o mesmo:
é aquele que se fez servo, que lavou os pés dos discípulos. Essa refeição
representa a Eucaristia, já consolidada entre as comunidades, na época da
redação do texto. Mesmo oferecendo o banquete, Jesus pede a colaboração dos
discípulos: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes” (v. 10).
Isso mostra que a comunidade deve unir seus esforços aos dons do Ressuscitado
para a transformação do mundo. A construção do Reino exige esforço de todos. Os
peixes, aqui, são dons do Ressuscitado, e prova de que as palavras dele geram
abundância e fertilidade, por isso, são indispensáveis para o banquete; são,
acima de tudo, frutos do amor. O convite “vinde comer” (v. 13)
é dirigido a todas as pessoas; participar desse banquete é um ato de amor.
A
sequência do texto (vv. 15-19) mostra o diálogo decisivo de Jesus com Pedro,
que é o coração de todo o capítulo. Essa é, certamente, uma das cenas mais
belas de todo o Novo Testamento. Ao longo do(s) Evangelho(s), Pedro tinha
demonstrado diversas contradições. Obstinado, procurava sempre demonstrar uma
prontidão maior que os demais discípulos; era sempre o primeiro a responder às
perguntas de Jesus, queria mostrar serviço sempre e de todas formas. Por esse
seu caráter, acabava caindo em contradição facilmente. Se manifestou contra a
atitude de Jesus no momento do lava-pés e o negou durante o processo. Esse
último fato foi, certamente, o mais dramático e que deixou, inevitavelmente,
mais sequelas interiores e remorso, não em Jesus que perdoa tudo, mas no
próprio Pedro. É provável que tenha causado desconfiança entre os companheiros
e até nas comunidades futuras. Por isso, era necessário reabilitá-lo, e foi
esse o principal motivo da inserção deste capítulo num Evangelho que já estava
concluído. Jesus não faz um acerto de contas com Pedro, mas quer apenas mostrar
que, não obstante todas as fragilidades do apóstolo, o amor entre os dois
precisa ser confirmado e reforçado, pois é do amor que dependem os frutos da
missão confiada.
Jesus
pergunta três vezes se Pedro lhe ama, e Pedro responde três vezes. O número
três, obviamente, alude ao número de negações; foi essa a marca negativa que
Jesus quis tirar do coração de Pedro, mostrando todo o seu amor por ele. Temos
aqui uma prova muito clara de que Jesus não desiste do ser humano. Jesus age
com Pedro como um bom terapeuta que pretende eliminar o mal pela raiz. Eis a
primeira pergunta e resposta: “Simão, filho de João, tu me amas mais do
que estes?’ Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Jesus disse:
‘Apascenta os meus cordeiros” (v. 15). Na verdade, Jesus não necessita
que Pedro lhe ame mais do que os demais; esse detalhe que aparece somente na
primeira pergunta, é apenas uma advertência: quanto mais intenso for o amor do
discípulo, maior deve ser a disponibilidade para o serviço. A resposta de Pedro
é positiva, inclusive reconhecendo que Jesus sabe tudo, como soube
antecipadamente da sua negação (cf. Jo 13,36-38). O amor de Pedro, bem como dos
demais discípulos, é fundamental para os propósitos de Jesus: “‘Apascenta os
meus cordeiros”. Antes de tudo, fica claro que o rebanho é de Jesus e,
portanto, os seus discípulos não podem recebê-lo como propriedade sua.
Apascentar significa cuidar: proteger dos perigos e prover o alimento,
especialmente; em outras palavras, é proporcionar todos os meios para uma vida
digna.
Você já
parou para pensar no que é capaz de fazer?
Se
quisesse, poderia plantar sementes de amor, alegria e otimismo.
Também
poderia estender a mão para ajudar um irmão, vendo nele Jesus.
Desse
modo, todos veriam a luz em você, refletindo a presença de Deus em seu
interior.
Por
último, poderia fazer muitas coisas em benefício próprio e das demais pessoas.
Se
quisesse, poderia...
Mas você
pode! Acredite!
Quem ouvir
e viver a Palavra de Deus será conduzido pelo bom caminho.
“Ensina-me
a cumprir tua vontade, porque és meu Deus.
Teu
Espírito bom me guie por uma estrada plana”. (Sl 143[142],10).
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