22 - As
forças internas da Igreja se multiplicam na razão inversa dos recursos
externos. (L 19). SÃO JOSE MARELLO
João 20,11-18
"Maria
Madalena tinha ficado perto da entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava,
ela se abaixou, olhou para dentro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados
onde tinha sido posto o corpo de Jesus. Um estava na cabeceira, e o outro, nos
pés. Os anjos perguntaram: - Mulher, por que você está chorando?
Ela respondeu: - Levaram embora o meu Senhor, e eu não
sei onde o puseram!
Depois de
dizer isso, ela virou para trás e viu Jesus ali de pé, mas não o reconheceu.
Então Jesus perguntou:
- Mulher,
por que você está chorando? Quem é que você está procurando?
Ela pensou
que ele era o jardineiro e por isso respondeu: - Se o senhor o tirou daqui,
diga onde o colocou, e eu irei buscá-lo. - Maria! - disse Jesus. Ela virou e
respondeu em hebraico:
- "Rabôni!"
(Esta palavra quer dizer "Mestre".)
Jesus
disse:
- Não me
segure, pois ainda não subi para o meu Pai. Vá se encontrar com os meus irmãos
e diga a eles que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu
Deus e o Deus deles. Então Maria Madalena foi e disse aos discípulos de Jesus:
- Eu vi o Senhor! E contou o que Jesus lhe tinha dito."
Maria
permanece perto do túmulo, chorando. Ainda busca o Senhor morto. O próprio
Jesus não é reconhecido. É sua voz, pronunciando o nome dela, que o identifica.
É o pastor que chama as ovelhas pelo nome.
Segundo Bento XVI, «a história de Maria de Magdala recorda à todos uma verdade
fundamental: discípulo de Cristo é quem, na experiência da debilidade humana,
teve a humildade de pedir-lhe ajuda, foi curada por Ele, e lhe seguiu de perto,
convertendo-se em testemunha do poder de seu amor misericordioso, que é mais
forte que o pecado.
Maria, em lágrimas, inclina-se e olha para dentro do túmulo. Ela já tinha, todavia,
constatado que estava vazio, e tinha anunciado o desaparecimento do Senhor.
Porque se inclina então ainda? Porque quer ver de novo? Porque o amor não se
contenta com um único olhar; o amor é uma conquista sempre mais ardente. Ela já
O procurou, mas em vão; obstina-se e acaba por descobrir.
No Cântico dos Cânticos, a Igreja dizia do mesmo Esposo: «No meu leito, de noite, procurei aquele que o meu coração ama.
Procurei-o, mas não o encontrei. Vou levantar-me e percorrer a cidade; pelas
ruas e pelas praças, vistes aquele que o meu coração ama?» (Ct 3, 1-2).
Duas vezes ela exprime a sua decepção: «Procurei-o,
mas não o encontrei!» Mas o sucesso vem, por fim, coroar o esforço: «Os guardas
encontraram-me, aqueles que fazem ronda pela cidade. Vistes aquele que o meu
coração ama? Mal os ultrapassei, encontrei aquele que o meu coração ama. » (Ct 3,3-4)
Durante os breves repousos desta vida, quando suspiramos na ausência do nosso
Redentor. Nós procuramo-Lo na noite, pois apesar do nosso espírito já estar
desperto para Ele, os nossos olhos só vêem a Sua sombra. Como não encontramos
nela o Amado, levantemo-nos; percorramos a cidade, ou seja, a assembleia dos
eleitos.
Procuremos de todo o coração. Procuremos nas ruas e nas praças, ou seja, nas
passagens escarpadas da vida ou nos caminhos espaçosos; abramos os olhos,
procuremos aí os passos do nosso Bem-Amado…
Esse desejo fez dizer a David: «A minha
alma tem sede do Deus de vida. Quando irei ver a face de Deus? Sem descanso,
procurai a Sua face»
(Sl 42,3).
Lembremos que ver o Senhor é ver nosso próprio destino. Nós fomos criados para
a eternidade, na vida em comunhão com Deus. Chore, grite, apresente a Jesus a
sua tristeza e necessidade.
Ele lhe responderá chamando o seu nome, como chamou a Maria. E dirá: Porque
choras? Eu estava morto, mas agora vivo para sempre e tenho as chaves de tudo
nas mãos. E nós, quando é que, nos nossos leitos, procuraremos o Amado? Por que
choramos, e a quem procuramos?
Como a Maria Madalena Jesus nos faz duas perguntas básicas: porque choramos e a
quem procuramos! Não duvido que muitas vezes choremos por causa da nossa falta
de fé e de confiança na Palavra do Senhor e procuramos alguém que está muito
perto de nós e ainda não o percebemos.
Conhecemos as Escrituras, conhecemos as promessas de Deus, mas choramos sem
esperança, olhando somente para as “aparências”.
Sofremos muitas vezes pela nossa incapacidade de “enxergar” as coisas de Deus.
O mundo espiritual está tão perto de nós, e nós somos incapazes de percebê-lo,
absortos que estamos em prestar atenção às coisas e as pessoas que nos rodeiam.
Confundimos a presença de Jesus com a presença de “outras pessoas”. Se
percebêssemos a Sua presença viva e ressuscitada e ouvíssemos realmente a sua
voz que fala no nosso coração, saíamos em disparada como fez Maria Madalena a
anunciar a todos: “Eu vi o Senhor!”
E
você: já viu o Senhor? – Relembre a sua experiência! – Você já correu para
contá-la a alguém? Jesus envia hoje você para proclama-lo à todos os homens e
mulheres que Ele está Vivo e Ressuscitado. Sejas Seu testemunho e grite bem
alto: EU VI O SENHOR!
Reflexão Apostólica:
A pessoa de uma mulher se destaca nesta cena do
Evangelho: Maria Madalena. Chora a ausência do seu Senhor. Chora e o busca,
inclina-se para olhar dentro do túmulo.
Na sua atitude de busca, começa o caminho para o encontro com o Mestre e,
quando ela se volta para trás, isto é, faz uma conversão, deixa de procurar
Jesus entre os mortos, ela o encontra.
Ao encontrá-lo, recebe a missão: "Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que
eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus
deles". Se torna verdadeiramente discípula e missionária.
Esse encanto amigo e amável de Madalena deveria nortear todos os nossos
trabalhos pastorais, dentro ou fora do horário da igreja.
O encanto e a felicidade se misturaram no sentimento puro daquela que muito foi
perdoada ao rever seu mestre e salvador.
Ela não foi ao sepulcro à toa. Pretendia, conforme o texto acima, continuar
zelando de Jesus, como ainda hoje fazemos por aqueles que por nós são amados
(amigos, parentes, etc). Mas esse zelo precisaria ser estendido a mais gente.
Quem faz da sua vida um exercício de zelo, ou como preferimos dizer, aqueles
que buscam a santidade, ao se deparar com ressurreição de Cristo, não se
contém, e como Madalena vibram, alegram-se, rejubilam-se…
Qual foi a última vez que vi Jesus ressuscitar num irmão, numa casa, numa
situação impossível? Qual foi a última vez que, mediante um acontecimento,
corriqueiro ou extraordinário, dissemos: “eu vi o Senhor”?
Ao preparar, com o mesmo amor zeloso de Madalena, um evento, uma celebração, um
grupo de oração, uma reunião de Equipe (formal ou informal), um Retiro, " ou
no zelo harmonioso dos ensaios para uma missa, somos também gratificados com a
visão da ressurreição.
Ao ver as pessoas participando, cantando, louvando, se rejubilando é impossível
também não ver o Senhor, ou seja, todo amor e zelo é recompensado por Deus:
Nossos olhos vêem o que ninguém vê,,,
Mediante as dificuldades e tribulações que somos sujeitos no dia-a-dia temos
sempre a opção de desmotivar, desistir, abandonar, “levar nas coxas” etc, ou,
mesmo que tudo aparentemente esteja perdido, levantar, seguir, continuar, (…).
Madalena, como os outros discípulos, sabia e tinha consciência plena que Jesus
já havia morrido. O amor a fazia manter a rotina. Você consegue perceber a
sensível pedagogia desse momento?
Problemas sempre aparecerão, mas precisamos encontrar vontade em manter a
rotina, levantar, abrir os olhos, viver.
Quem perdeu alguém ou vive um momento difícil seja ele financeiro, amoroso, de
relacionamento, profissional, (…) é convidado a acreditar.
Mesmo aqueles em que a depressão já bate a porta ou que “acordou decidido (a) a
desistir” e parar de sofrer, são convidados a se atrever a levantar e por um
amor maior manter a rotina. Jesus ressurgirá e com Ele, nós também.
Siga o exemplo de Madalena, confie em Deus e O veja reanimar sua esperança.
Propósito: Olhar, a partir de hoje, em duas
direções: para o Mestre e para os irmãos.
Talvez a
luta pela estabilidade financeira acarrete um grande vazio existencial na
maioria das pessoas.
Nesses
momentos, dialogar e conversar com aqueles que ama se torna a mais importante
descoberta de Deus neste mundo.
Lembre-se
de que você nunca está só.
No decorrer
do dia, dedique um tempo para cumprimentar, conversar, sorrir, enfim, perceber
Deus naqueles que o cercam.
“Eu,
porém, sou pobre e infeliz; Deus, socorre-me! Tu és meu auxílio e meu
libertador, Senhor, não demores”. (Sl 70[69],6)
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