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Nossa boca esteja sempre repleta dos louvores de Deus, começando aqui na terra
o hino de louvor e de ação de graças que esperamos continuar eternamente no
Céu. (S 355). SÃO JOSE MARELLO
Mateus 26,14-25
"Então um dos doze discípulos,
chamado Judas Iscariotes, foi falar com os chefes dos sacerdotes. Ele disse: -
Quanto vocês me pagam para eu lhes entregar Jesus? E eles lhe pagaram trinta
moedas de prata. E daí
- Quem vai me trair é aquele que come no mesmo prato
que eu. Pois o Filho do Homem vai morrer da maneira como dizem as Escrituras
Sagradas; mas ai daquele que está traindo o Filho do Homem! Seria melhor para
ele nunca ter nascido! Então Judas, o traidor, perguntou:- Mestre, o senhor não
está achando que sou eu; está? Jesus respondeu: - Quem está dizendo isso é você
mesmo."
Meditação:
O
tom dramático e doloroso das narrativas dos últimos dias de Jesus, em
Jerusalém, marca as celebrações da Semana Santa.
A tradição da Paixão, elaborada na ótica da religião sacrifical do AT,
apresenta o sofrimento como caminho necessário para a salvação.
Contudo, atentos à prática de Jesus, vemos que sua vida foi a plena
manifestação do amor que liberta, removendo o sofrimento e promovendo a vida.
Em consequência foi perseguido até a morte. Tanto o sofrimento das multidões de
excluídos como de Jesus resultam do sistema opressor sob controle de minorias
que cooptam pessoas como Judas.
Ontem o evangelho falava da traição de Jesus e da negação de Pedro. Hoje temos
o tema da traição de Judas na versão de Mateus.
A Palavra de Deus nos convida hoje a aprofundar a temática da traição de Judas.
Os Doze estão à mesa, simbolismo de um novo projeto de humanidade a partir da
comunhão do pão e do vinho. Quando Jesus anuncia que um vai traí-lo, todos
dizem: “Serei eu, Senhor?”, reconhecendo Jesus como Senhor de suas vidas.
Judas,
ao contrário, pergunta: “Mestre, o senhor não
está achando que sou eu; está?” Judas segue a mesma mentalidade dos que não
entenderam o projeto messiânico de Jesus, que não é do poder, mas sim do Servo
Sofredor que o torna Senhor, Filho de Deus. Em todo grupo humano sempre há
alguém que tem preço; alguém que se vende e trai.
Na
narração da paixão de Jesus, o evangelho de Mateus acentua muito o fracasso dos
discípulos. Apesar de terem convivido três anos com Jesus, nenhum deles defende
Jesus. Judas o trai, Pedro o nega, os outros fogem.
Mateus narra tudo isto não para criticar ou para condenar, nem para desanimar
os leitores, mas para destacar que a acolhida e o amor de Jesus superam a
derrota e o fracasso dos discípulos!
Esta maneira de descrever a atitude de Jesus era uma ajuda para a Comunidade do
tempo de Mateus. Por causa das freqüentes perseguições, muitos desanimaram e
tinham abandonado a comunidade e se perguntavam: "Será possível voltar?
Deus nos acolherá e perdoará?" Mateus responde sugerindo que nós podemos
quebrar a relação dom Jesus, mas Jesus nunca rompe seu amor para conosco.
Seu amor é maior da nossa infidelidade. Esta é a mensagem importante que
captamos no evangelho durante a Semana Santa.
Judas tomou a decisão após Jesus não ter aceito a crítica dos discípulos contra
a mulher que desperdiçou um perfume muito caso só para ungir Jesus (Mt
26,6-13).
Foi procurar os sacerdotes e perguntou: "O que me dareis se vos entregar
Jesus?" Combinaram, então, trinta moedas de prata. Mateus cita as palavras
do profeta Zacarias para descrever o preço combinado (Zc 11,12).
Ao mesmo tempo, a traição de Jesus por trinta moedas faz lembrar a venda de
José por parte dos irmãos, decidia com os compradores por vinte moedas (Gn
37,28). Lembra também o preço de trinta moedas a ser pagas pelo ferimento de um
escravo (Ex 21,32).
Jesus chegava da Galileia. Não tinha casa
Para Jesus não era fácil encontrar uma grande sala onde celebrar a páscoa junto
com peregrinos vindos da Galileia, como ele.
Manda seus discípulos encontrar uma pessoa em cuja casa decidiu celebrar a
Páscoa. O evangelho não oferece mais informações e deixa que a imaginação
complete o que falta nas informações.
Era uma pessoa conhecida de Jesus? Um parente? Um discípulo? Ao longo dos
séculos, a imaginação dos apócrifos soube completar esta informação, com pouca
credibilidade.
Jesus sabe que será traído. Apesar de Judas fizesse tudo às escondidas, Jesus
sabia. Mas, apesar disso, quer confraternizar com o grupo dos amigos a que
Judas pertence.
Quando estavam reunidos pela última vez, Jesus anuncia quem é o traidor "aquele
que comigo põe a mão no prato". Esta maneira de anunciar a traição torna
ainda mais claro o contraste.
Para os judeus, comunhão ao redor da mesa, molhar junto o pão no mesmo prato,
era a maior expressão de intimidade e confiança. Mateus sugere que, apesar da
traição, realiza por alguém muito íntimo, Jesus é maior da traição!
O que impressiona em Mateus é maneira como descreve os fatos. Entre a traição e
a negação insere a instituição da Eucaristia (Mt 26,26-29): a traição de Judas,
antes (Mt 25,20-25); a negação de Pedro e a fuga dos discípulos, depois (Mt
25,30-35).
Assim, ele destaca para todos nós a incrível gratuidade de Jesus, que supera a
traição, a negação e a fuga dos amigos. O amor dele não depende daquilo que os
outros fazem a ele.
Até entre os eleitos por Jesus isso aconteceu. Ai Judas, “seria melhor que não
tivesse nascido”! Teria sido mais útil não ter feito o caminho de Jesus se
fosse terminar dessa maneira tão dolorosa e vergonhosamente triste.
Quanto
nós temos de Judas em nossas vidas? Quantas vezes traímos o Senhor pela nossa
falta de amor radical e de serviço generoso?
Nesta Semana Santa é importante que tenhamos algum tempo para tomar consciência da incrível gratuidade do amor de Deus por nós.
Acredito muito na simbologia e na magia de fé que
existe nessa semana, por isso, nesses anos que faço a reflexão diária do
Evangelho, não me atrevo, por respeito, a acrescentar qualquer tipo de
interpretação, pois a mensagem por si se explica.
Certa vez ouvi uma fábula, que pode ser contada a adultos e
crianças:
“(…) Deus havia encarregado um dos seus anjos mais próximos de cuidar do seu
rebanho de estrelas. Cada uma da sua cor e cada cor representava um dom de
Deus.
Certa vez as estrelas pediram para o anjo que as deixasse vir a Terra e conhecer
as maravilhas do criador. O anjo não vendo problema as autorizou sob a condição
que após uma hora estivesse de volta. E assim aconteceu.
Uma hora mais tarde uma a uma voltavam ao céu. O anjo foi conferi-las. Não
podia faltar nenhuma. Notou que uma delas não voltou – a estrela verde.
Procurando no glossário celeste, descobriu que a ESPERANÇA não voltou para o
céu e, desde aquele dia, no rebanho dos dons de Deus, faltaria a Esperança,
pois como Deus tudo sabe, não tem esperança.
Deus preocupado com o destino da humanidade enviou o anjo para trazer de volta
a esperança que insistia em ficar na terra.
Ao descer a terra o anjo encontrou a esperança sentada numa pedra a chorar.
Dizia que estava inconsolável, pois viu o AMOR morrer numa CRUZ traído pela AMIZADE
e pela falta de FÉ. O Anjo olhou nos olhos daquela pequena estrela e disse: Não
se preocupe! O AMOR nunca morrerá.
Sem perceber, as lágrimas da ESPERANÇA caíram na terra. O anjo a pegou pela mão
e disse: Vamos! Não tenha medo!
Do céu o anjo via admirado que pontos verdes apareciam na terra. A suprema
entrega do AMOR na cruz fez brotar a ESPERANÇA."
O AMOR sempre teve ESPERANÇA na AMIZADE se convertesse e não o levasse para
Cruz.
Não creio que Judas era “predestinado” a ser o traidor de Cristo. Creio que
Deus revelava dia-a-dia o que Jesus deveria saber, prova é que Ele em certo
momento diz não saber o dia da sua volta Gloriosa. Não é difícil de acreditar
que isso só foi revelado pelo Pai a Jesus apenas na Santa Ceia.
O anjo levou a ESPERANÇA de volta para Deus. O AMOR devolveu a DEUS a esperança
na conversão da criatura.
É um fato: A AMIZADE selou com um beijo a traição ao AMOR. Durante três dias a
ESPERANÇA permaneceu inconsolável e escondida por uma pedra, mas ao raiar do
dia, um anjo revelou que o AMOR NUNCA MORRERIA.
“(…) Depois do sábado, quando
amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o
túmulo. E eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu
do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela. Resplandecia como relâmpago e suas
vestes eram brancas como a neve. Vendo isto, os guardas pensaram que morreriam
de pavor. Mas o anjo disse às mulheres: NÃO TEMAIS! Sei que procurais Jesus,
que foi crucificado. NÃO ESTÁ AQUI: RESSUSCITOU COMO DISSE. Vinde e vede o
lugar em que ele repousou”. (Mt 28,1-6)
Propósito: Pedir perdão a Jesus, por todas as traições que hoje Ele sofre no mundo, quando as pessoas se deixam vender
“Bem-aventurados
os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus” (cf.Mt 5,9)
Trabalhar
pela paz é estabelecer condições de vida que tornem cada ser humano mais feliz,
seguro de si mesmo
e do
futuro. Significa suavizar os relacionamentos humanos, solucionar problemas,
promover a compreensão entre as pessoas.
É dar a
cada um o que lhe pertence, respeitando o direito de todos.
Os que
trabalham pela paz serão chamados filhos de Deus, porque ele e o Senhor da paz,
não da guerra.
Faça hoje
a experiência de ser uma pessoa que transmite a paz.
“Do céu o
Senhor está olhando, ele vê a humanidade inteira.
Do lugar
onde mora observa todos os habitantes da terra”.
(Sl
33[32],13-14).
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