15 -
Rezemos muito e de coração, rezemos mesmo sem sentir gosto, rezemos inclusive
na aridez de espírito! Rezemos ao bom Deus para que nos ensine a amá-lo e que
ponha, finalmente, um termo à nossa falta de fervor. (L 33). SÃO JOSE MARELLO
João 13,21-33.36-38
"Depois de
dizer isso, Jesus ficou muito aflito e declarou abertamente aos discípulos: -
Eu afirmo a vocês que isto é verdade: um de vocês vai me trair. Então eles
olharam uns para os outros, sem saber de quem ele estava falando. Ao lado de
Jesus estava sentado um deles, a quem Jesus amava. Simão Pedro fez um sinal
para ele e disse: - Pergunte de quem o Mestre está falando. Então aquele
discípulo chegou mais perto de Jesus e perguntou:- Senhor, quem é ele? - É
aquele a quem vou dar um pedaço de pão passado no molho! - respondeu Jesus. Em
seguida pegou um pedaço de pão, passou no molho e deu a Judas, filho de Simão
Iscariotes. E assim que Judas recebeu o pão, Satanás entrou nele. Então Jesus
disse a Judas: - O que você vai fazer faça logo! Nenhum dos que estavam à mesa
entendeu por que Jesus disse isso. Como era Judas que tomava conta da bolsa do
dinheiro, alguns pensaram que Jesus tinha mandado que ele comprasse alguma
coisa para a festa ou desse alguma ajuda aos pobres. Judas recebeu o pão e saiu
logo. E era noite. Quando Judas saiu, Jesus disse: - Agora a natureza divina do
Filho do Homem é revelada, e por meio dele é revelada também a natureza
gloriosa de Deus.E, se por meio dele a natureza gloriosa de Deus for revelada,
então Deus revelará em si mesmo a natureza divina do Filho do Homem. E Deus
fará isso agora mesmo. Meus filhos, não vou ficar com vocês por muito tempo.
Vocês vão me procurar, mas eu digo agora o que já disse aos líderes judeus:
vocês não podem ir para onde eu vou. Eu lhes dou este novo mandamento: amem uns
aos outros. Assim como eu os amei, amem também uns aos outros. Se tiverem amor
uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos. Simão Pedro
perguntou a Jesus: - Senhor, para onde é que o senhor vai? Jesus respondeu: - Você
não pode ir agora para onde eu vou. Um dia você poderá me seguir! Pedro tornou
a perguntar: - Senhor, por que eu não posso segui-lo agora? Eu estou pronto
para morrer pelo senhor!
- Está
mesmo? - perguntou Jesus. - Pois eu afirmo a você que isto é verdade: antes que
o galo cante, você dirá três vezes que não me conhece."
Meditação:
Estamos
no terceiro dia da Semana Santa. Os textos do Evangelho destes dias nos colocam
diante de fatos terríveis que levarão à captura e à condenação de Jesus.
Os textos não nos apresentam só as decisões das autoridades religiosas e civis
contra Jesus, mas também as traições e as negações dos discípulos que
possibilitaram a prisão de Jesus por parte das autoridades e contribuíram a
aumentar mais ainda o sofrimento de Jesus.
Na última Ceia, com seus apóstolos, logo antes de ser entregue aos inimigos,
Jesus senta-se à mesa lado a lado com o traidor.
Ao contrário do que pintaram muitos artistas, ao longo da História, inclusive
na célebre tela de Leonardo da Vinci, não é Pedro que está junto a Jesus. É
Judas Iscariotes.
O Evangelho de João apresenta um longo discurso de Jesus, após ter lavado os
pés dos discípulos (Jo 13,2-11) e ter falado da obrigação que temos de nos
lavar os pés uns dos outros (Jo 13,12-16), Jesus se comove profundamente. E não
deve causar maravilha.
Ele estava realizando aquele gesto de serviço e de dom total de si, enquanto a
seu lado um dos discípulos estava tramando como traí-lo naquela mesma noite.
É um do círculo íntimo de Jesus que fará a traição fatal. Uma cena chocante e
tão real, que não poderia ser fruto da imaginação.
Jesus expressa sua emoção dizendo: "Em
verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará!" Não diz:
"Judas me trairá", mas "um de vós". É algum de seu grupo
de amizade que o trairá.
O anúncio de Jesus sobre a traição iminente desconcerta seus discípulos. Eles
ficam assustados. Não esperavam esta declaração, isto é que um deles teria sido
o traidor.
Pedro faz um sinal a João, o discípulo a quem Jesus ama, para pedir a Jesus quem
dos doze teria cometido a traição. Sinal este que não se conheciam bem, não
conseguiam entender quem pudesse ser o traidor. Sinal que a amizade entre eles
não tinha chegado à mesma transparência de Jesus em relação a eles ( Jo 15,15).
João inclina-se perto de Jesus e lhe pergunta: "Quem é?"
Jesus diz: é aquele para quem vou molhar um pedaço de pão e vou lhe dar. Em
sinal de amizade, acena com um gesto acolhedor, pega um pedaço de pão, o molha
e o dá a Judas.
Era um gesto comum e normal que os participantes numa refeição costumavam
fazer. E Jesus disse a Judas: "O que tens
a fazer, executa-o depressa!"
Judas guardava a bolsa comum. Era o responsável para comprar as coisas e dar a
esmola aos pobres. Por isso, ninguém intuiu nada de especial no gesto e nas
palavras de Jesus.
O amor de Jesus é um amor que não julga, que não conhece limites, que se
estende ao inimigo mortal, que não força ninguém, que desiste da possibilidade
de rechaço.
Para quem está com Ele não há inimigos a serem delatados. O Seu propósito não é
denunciar o traidor nem o delatar diante de seus companheiros, mas oferecer a
última oportunidade de se arrepender. É
Nesta descrição do anúncio da traição encontra-se o eco do salmo em que o
salmista se lamenta do amigo que o traiu: "Até mesmo o meu amigo, em que confiava e que comia do meu pão, é
o primeiro a me trair" (Sl 41,10; Sl 55,13-15).
Judas toma consciência que Jesus estava a par de tudo ( Jo 13,18). Mas, apesar
de sabê-lo, não volta atrás e mantém sua decisão de trair o Mestre.
É este o momento em que se dá a separação entre Judas e Jesus. Jesus manifesta
seu total respeito pela liberdade humana, ao preço de sua própria vida. João
afirma que satanás entrou nele. Judas se levanta e sai. Posiciona-se do lado do
adversário (satanás). João comenta: "Era
noite".
Era escuridão.
É como se a história tivesse esperado este momento de separação entre luz e
trevas. Satanás (o adversário) e as trevas entram em Judas quando ele decide de
executar o que estava tramando.
Naquele momento se fez luz em Jesus que declara: "Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado
nele".
Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e o
glorificará logo!" Tudo o que acontecer por diante é por contagem
regressiva.
As grandes decisões já foram tomadas seja por parte de Jesus (Jo 12,27-28) e
agora por parte de Jesus. Os eventos se precipitam.
Jesus o anuncia: "Filhinhos, por pouco
tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo como eu disse
também aos judeus: 'Para onde eu vou, vós não podeis ir'". Falta pouco
para a passagem, para a Páscoa.
Junto com a traição de Judas, o evangelho fala também da negação de Pedro. São
os dois fatos que mais contribuem para a dor de Jesus. Pedro afirma que está
disposto a dar a vida por Jesus. Jesus o chama à realidade: "Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo, o galo não
cantará ante que me tenhas negado três vezes".
Marcos escreveu: "Antes que o galo cante
duas vezes, tu me terás negado três vezes" (Mc 14,30). Todos sabem que o
galo canta rapidamente. Quando pela manhã o primeiro galo começa a cantar,
quase ao mesmo tempo todos os galos cantam juntos. Pedro é mais rápido em sua
negação que o galo a cantar!
Judas, o amigo, se torna traidor. Pedro, o amigo, nega Jesus. E eu? Fico no
lugar de Jesus e penso: como enfrentar a negação e a traição, o desprezo e a
exclusão?
Reflexão Apostólica:
No Evangelho de hoje, não necessitamos de muitos esclarecimentos.
A própria leitura já nos apresenta a VERDADE.
A traição anunciada nas Palavras do próprio Jesus e também através dos Profetas
para a nossa glória. O Pai tudo faz com perfeição, embora não saibamos como Ele
decide. Ele é Deus!
Pelas palavras do evangelista nós percebemos que Jesus “ficou profundamente
comovido” quando testemunhou que um deles O trairia.
Mesmo sabendo que iria ser traído por Judas e que Pedro o negaria Jesus
prosseguia na sua missão e não desanimava diante da perspectiva de que seria
abandonado pelos Seus servos. Afinal, fora para aquele momento que Ele viera ao
mundo e nele o Pai seria glorificado.
Trazendo esta reflexão para a nossa vida pessoal, nos parece, que dentro do
contexto das ações humanas sempre haverá alguém que terá a função de trair e,
por isso, nós precisamos nos manter atentos (as), até quando servimos a Deus,
para que a nossa fraqueza não nos imponha o papel de traidores (as).
Nós também temos dificuldades de entender os sinais de Deus e, por isso mesmo,
muitas vezes, nós olhamos para as “evidências” e julgamos os outros, sem nos
apercebermos de que também nós somos capazes de trair a Deus.
Nunca achamos que podemos ser nós, os responsáveis pelas coisas que não dão
certo, todavia, o Senhor que conhece os nossos corações, sabe, de antemão,
quando o havemos de trair, de negar, mas também tem ciência de quanto nós O
podemos glorificar quando cumprimos com a nossa missão.
Está nas Palavras que também seremos provados, assim como Pedro foi. Hora nós
agimos como Pedro, hora nós somos como Judas.
Sigamos Jesus até o fim e seremos salvos, mesmo nas maiores provações, pois
assim diz o Filho de Deus. Os JUDAS de hoje, continuam matando a Jesus,
trocando a Ele pelo dinheiro, pela ciência e pelo reconhecimento dos homens.
Há vidas entregues livremente para que seja possível o Reino. Fruto desta
entrega é o dom do Espírito de Deus que dá ao ser humano a capacidade de amar
sem limites, fazendo-o plenamente humano, ao estilo de Jesus.
Você sabia que trai a Deus quando não está vivendo segundo a Sua
vontade? Você sabe que negar a Deus é não dar testemunho dos dons e das graças
de Deus na sua vida? Você acha que o Senhor conhece o seu coração? Nós nos
abrimos incondicionalmente ao amor sem limites?
Peçamos ao Senhor a graça de sermos como João, o discípulo amado, que se
recostava no peito de Jesus e a quem o Mestre confidenciava os Seus segredos a
fim de que não estejamos entre os infiéis.
Segurança
e amor são valores muito importantes, que precisam ser transmitidos às futuras
gerações.
Na
família, as pessoas adquirem a base para seu futuro; quando existe uma sólida
formação, todos são capazes de reavaliar seu modo de ser e proceder diante de
fatos inesperados do cotidiano.
Os
pais têm um papel fundamental na formação dos filhos.
“Os
netos são a coroa dos anciãos, como os pais são a glória dos filhos”.
(Pr
17,6).
Nenhum comentário:
Postar um comentário