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Qualquer outro meio de defesa pode tornar-se arma de ofensa quando não sabemos
fazer uso prudente dele: mas este da oração humilde e perseverante não falha
nunca. (L33) São Jose Marello
João 12,1-11
"Seis dias antes da
Páscoa, Jesus foi ao povoado de Betânia, onde morava Lázaro, a quem ele tinha
ressuscitado. Prepararam ali um jantar para Jesus. Marta ajudava a servir, e
Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Então Maria pegou um frasco cheio
de um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela derramou o perfume nos pés
de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e toda a casa ficou perfumada. Mas
Judas Iscariotes, o discípulo que ia trair Jesus, disse: - Este perfume vale
mais de trezentas moedas de prata. Por que não foi vendido, e o dinheiro, dado
aos pobres? Judas disse isso, não porque tivesse pena dos pobres, mas porque
era ladrão. Ele tomava conta da bolsa de dinheiro e costumava tirar do que
punham nela. Então Jesus respondeu: - Deixe Maria em paz! Que ela guarde isso
para o dia do meu sepultamento. Os pobres estarão sempre com vocês, mas eu não
estarei sempre com vocês. Muitas pessoas ficaram sabendo que Jesus estava
Na
iminência de sua morte em Jerusalém, seis dias depois, também com a ceia da
vida, Jesus celebra com os discípulos o cumprimento fiel de seu ministério.
Betânia quer dizer “casa do oprimido”. Trata-se da comunidade de Jesus reunida
depois da ressurreição de Lázaro. A comunidade celebra no serviço (Marta),
mostrando o amor a Jesus (Maria) e compartilhando a mesa (Lázaro), a vida que
Jesus lhes comunicou.
Os membros da comunidade demonstram sua identificação com Ele, o que os leva a
se entregarem, também eles, para dar vida aos demais.
Judas não compreende nem o serviço, nem o amor, nem o compartilhar. Há dois
projetos opostos: o de Judas que com seu afã de apropriação, cria pobreza e sob
o pretexto da solidariedade, utiliza os pobres em proveito próprio. E há o
projeto de Jesus, para quem a solução para a pobreza está na doação total de si
aos demais.
Não é a fria beneficência que liberta, mas a calorosa reação pessoal, que dá
aos oprimidos dignidade e igualdade integrando-os à comunidade fraterna.
Entramos na Semana Santa, a semana da páscoa de Jesus, de sua passagem
deste mundo ao Pai (Jo 13,1). A liturgia de hoje coloca diante de nós o início
do capítulo 12 do evangelho de João, que tem a tarefa de fazer a ligação entre
o Livro dos Sinais (cc 1-11) e o Livro da Glorificação (cc.13-21).
No final do "Livro dos Sinais" aparecem com clareza a tensão entre
Jesus e as autoridades religiosas da época (Jo 10,19-21.39) e o perigo que
corria Jesus.
Várias vezes tinham tentado matá-lo (Jo 10,31; 11,8.53; 12,10). Tanto é verdade
que Jesus viu-se obrigado a levar uma vida clandestina, porque podia ser preso
a qualquer momento (Jo 10,40; 11,54).
Estamos na Semana Santa. Oportunidade única para perguntarmos sinceramente:
como eu pessoalmente vivo e como vive em nossa comunidade o serviço, o amor e a
caridade?
Ontem, Domingo de Ramos, demos início, como Igreja, à Semana Santa. Esta é a
semana mais importante de todo o ano litúrgico.
Dia-a-dia a liturgia nos convidará a viver com mais intensidade os últimos
momentos da vida de nosso mestre Jesus, antes de sua gloriosa ressurreição,
através da qual Ele inaugura um novo modo de presença entre nós, seus súditos.
Ontem, Jesus entrou em Jerusalém, aclamado pelo mesmo povo que irá gritar o
"crucifica-o!" na sexta-feira próxima! Ao longo desta semana as
leituras nos conduzirão a entender melhor porque Jesus foi tão firme e fiel até
o fim.
A primeira leitura, do livro do profeta Isaías, trará o que chamam os
estudiosos bíblicos de CÂNTICOS DO SERVO. São 4 cânticos que, se atualizados em
Jesus, nos fazem compreender com mais profundidade sua missão.
Os salmos serão sempre de apelo ao PAI, como que buscando forças para não
fraquejar diante dos eminentes desafios do sofrimento e da morte.
E as leituras do Evangelho, traçarão os últimos momentos de Jesus.
Portanto, com a liturgia, somos convidados pela Igreja a estarmos mais próximos
de Jesus, a não o abandonarmos como farão quase todos os seus queridos, a
mostrarmos a Ele que pode contar conosco.
A presença d'Ele é muito mais importante que qualquer bem, dinheiro ou posição
social que este possa nos dar.
Por isso, a começar de hoje, possamos gastar todo o "perfume" do
nosso tempo para aproveitarmos a presença do Mestre!
Meditemos: Maria foi mal interpretada por Judas. Você já foi mal interpretado
(a) alguma vez? O que nos ensina o gesto de Maria? O que nos diz a reação de
Judas?
Antes de tudo reflita essa frase. Pode até parecer um
grande jargão, mas O MUNDO
AO NOSSO REDOR MUDA QUANDO RESOLVEMOS, DE FATO, MUDAR TAMBÉM.
Voltando… Esse evangelho nos apresenta diversas possibilidades de reflexão entre
elas: ATITUDE,
DEDICAÇÃO
e o VALOR REAL
e APARENTE
das coisas.
ATITUDE: “Então
Maria pegou um frasco cheio de um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela
derramou o perfume nos pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos”
Quando realizamos ou desempenhamos uma função seja ela no
trabalho, em casa, na igreja, (…) temos que ter a idéia se isso vale a pena,
pois se tivermos a convicção que isso tem um grande valor teremos mais
motivação para dar o máximo para que este se concretize.
Ninguém joga um jogo (nem palitinho) pensando e perder. Quem entra num jogo sem
vontade de dar o seu máximo, não conseguirá motivar ninguém a jogar com você
novamente. Nossas pastorais carecem de gente de atitude e motivada.
Note que a vontade de Maria era agradar seu ilustre hóspede, por isso não mediu
esforços para que isso acontecesse. Não estou falando do valor do frasco de
perfume, mas na atitude de ter oferecido o seu melhor para agradar. E nós?
Ofertamos o nosso melhor no que fazemos?
DEDICAÇÃO:
“E toda a casa ficou
perfumada”.
Quando de fato nos entregamos a algo de todo coração, não há como, o que está a
nosso redor também não se “contaminar”.
Fazer algo com prazer e focado nas pessoas nos gratifica ao ponto
de vermos a graça de Deus pairando sobre o que estamos fazendo.
Isso não se estende somente à Igreja, a um Grupo, a uma Equipe, a
uma Comunidade. Esse gesto intenso de amor tem grandes frutos nos ambientes de
trabalho e de convívio social.
VALOR REAL e
VALOR APARENTE:
“Este perfume vale mais de
trezentas moedas de prata. Por que não foi vendido, e o dinheiro, dado aos
pobres?”
Boa parte das grandes idéias e ações não sai do papel ou no primeiro ano de
aplicação por falta de convencimento pessoal ou de fé em si mesmo.
Pergunte-se: O que faz ou está fazendo atualmente lhe agrada?
Consegue ver os frutos do seu trabalho nascer? Está convencido que não está
sozinho ou que o pensamento ou idéia não é só seu? Consegue manter um projeto,
ideal ou sonho sozinho? Todo esforço já empenhado valeu a pena?
Conheço pessoas que tem a sensação que carregam seus Grupos, suas Equipes, suas
Comunidades nas costas. E assim também são no trabalho, em casa, na rua, (…). O
que procuram? Refletem sobre isso?
O zelo pode também esconder a necessidade que temos de valorização. Ninguém conseguirá,
sem conhecer bem sobre o assunto, apresentar o devido valor a algo ou a alguém.
Para um simples leigo, um quadro de Van Gogh não deixará de ser uma tela
qualquer ou um emaranhado de tintas, mas aos olhos de que de fato nos conhece,
sabe o que fazemos e como estamos fazendo.
Maria, do evangelho de hoje, soube, através da simplicidade, a quem deveria
agradar. Não podemos esperar de quem não conhece ou ama, o devido valor pelas
coisas que fazemos.
Não fazemos e nem podemos fazer algo apenas por A ou B, pois a
essência do nosso trabalho deve perfumar a casa toda onde todos habitam.
Um canto, o arranjo de uma música, como o Magnificat, não pode agradar apenas a
mim, "meu" Movimento, "minha" Pastoral.
Minhas decisões não podem ser tão individualistas que neguem a
entrada dos irmãos. A idéia pode ser minha, mas a obra é de Deus e por Ele que
nos empenhamos: “(…) Pois
toda casa tem seu construtor, mas o construtor de todas as coisas é Deus.
Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo e testemunha das palavras de
Deus. Cristo, porém, o foi como Filho à frente de sua própria casa. E sua casa
somos nós, contanto que permaneçamos firmes, até o fim, professando
intrepidamente a nossa fé e ufanos da esperança que nos pertence”.
(Hb 3,3-6)
O que faço vale muito! Derrame-se por completo!
Quando
agradece, você demonstra seu valor a quem o favoreceu.
Também
existem outras formas de demonstrar gratidão, como, por exemplo, fazer uma ação
concreta, para ajudar alguém necessitado.
Para
realçar este fato, está a parábola dos leprosos.
Embora
tenham sido dez os curados por Jesus, somente um se lembrou de voltar de demonstrar
seu reconhecimento.
Na
carta de São Paulo aos Efésios, ele se sentiu profundamente tocado por Deus; de
seu coração, brotou este belo hino de ação de graças:
“Bendito
seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e que nos abençoou com toda
bênção espiritual nos céus, em Cristo” (Ef 1,3).
Neste
dia, entoe o belo cântico de ação de graças de Paulo aos Efésios (Ef 1,1-14).
“Prostrou-se
aos pés de Jesus e lhe agradeceu. E este era um samaritano”.
(Lc
17,16).
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