Solenidade de Corpus Christi: Cristo vive!
Conheça
mais sobre a festa que para as cidades do Brasil e do mundo: a solenidade de
Corpus Christi, sua liturgia e como aumentar sua devoção.
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica
Conheça mais sobre a
festa que para as cidades do Brasil e do mundo: a solenidade de Corpus Christi,
o que é, sua liturgia e como aumentar a devoção ao Santíssimo Corpo de Cristo.
Seja numa pequena
capela no interior do Brasil ou na mais imponente Basílica Romana. Dentro de
cada igreja há um trono reservado ao Rei dos Reis, sacramentado na Eucaristia.
Eis o mistério da fé. O Deus Todo-Poderoso se deixa ser tocado num pedaço de
pão e em um pouco de vinho. Aos olhos de quem não crê, isso é uma tremenda loucura.
Mas para quem enxerga o mundo sob a ótica da fé católica, é algo mais que
extraordinário.
Tanto é assim, que o
Santíssimo Sacramento merece uma solenidade especial. E é aí que entra a
Solenidade de Corpus Christi. Vamos refletir um pouco sobre esse dia tão
importante cujo preceito deve ser cumprido na quinta-feira ou na quarta-feira a
partir das vésperas.
O que é a Solenidade de Corpus Christi?
A Solenidade de Corpus
Christi tem por objetivo exaltar o imensurável Amor divino ao nos dar por pura
misericórdia a Eucaristia. Deveria ser inato a todo fiel católico uma
reverência ímpar a Jesus sacramentado. Afinal, todos somos exortados a viver a Missa pelo menos todos os
Domingos e dias santos de guarda. Dizemos viver porque, se muitos católicos nem
vão à Igreja, um número ainda menor tem real dimensão do que acontece na
Missa.
Todas as vezes que
estamos em uma celebração ou visitamos o sacrário, devemos sair do passivo e
perigoso pensamento de que ali acontece algo ordinário. Rotina não é sinônimo
de ordinário. Ou seja, quem tem a rotina de viver a Missa e visitar o
Santíssimo Sacramento está criando uma rotina extraordinária.
E aí está um ponto
fundamental da Solenidade de Corpus Christi. Hinos, bençãos, procissão,
leituras… Toda estrutura festiva pensada para que sempre tenhamos em mente que
a Eucaristia é uma dádiva que jamais conseguiremos entender, por nossa própria
razão, o tamanho.
Origens da festa do Corpo de Cristo
O que o Papa Urbano
IV, Liège e Bolsena/Orvieto têm em comum? Eles estão diretamente conectados à
origem da Solenidade de Corpus Christi.
1) Liège
Nessa cidade da Bélgica havia uma mulher chamada Juliana, que na época era
Priora da Abadia de Cornillon. Seria canonizada em 1599 pelo Papa Clemente
VIII. Santa Juliana tinha visões da Lua com uma faixa escura que a atravessava.
A Lua representava a Igreja e a faixa a ausência de uma solenidade que
exaltasse o Santíssimo Sacramento.
Santa Juliana
comunicou essa visão a várias figuras do alto clero, inclusive a Jaques
Pantaleão, que viria a se tornar, em 1261, o Papa Urbano IV.
2) Bolsena/Orvieto
Passava por Bolsena um sacerdote chamado Pedro de Praga que carregava uma inquietação
em seu coração: não conseguia crer firmemente na presença real de Cristo na
Eucaristia. Enquanto celebrava a Missa, durante o ato de consagração, a hóstia
em suas mãos começou a sangrar e manchou o corporal. O Papa Urbano IV, que
estava em Orvieto, tomou conhecimento do ocorrido e, profundamente comovido,
decidiu instituir a Solenidade de Corpus Christi. Até hoje o corporal é
preservado e reverenciado na Catedral de Orvieto.
Não bastasse essa
história maravilhosa, há a cereja do bolo. O Papa Urbano IV pediu a um certo
dominicano que fizesse hinos específicos para essa solenidade. Os hinos? Tantum
Ergo e Lauda Sion Salvatorem. O dominicano? Santo Tomás de
Aquino.
A liturgia da Solenidade de Corpus Christi
Começamos com a
leitura do livro do Deuteronômio, na passagem em que Moisés exorta o povo
dizendo que o próprio Deus os alimentou com o maná. Isso é uma clara
prefiguração da Sagrada Eucaristia, da qual quem se alimenta não tem mais
fome.
Na segunda leitura da
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios já vemos como a realidade do
sacramento já era firme logo nos primeiros anos da Igreja. Pois como diz São
Paulo “O cálice da bênção, o cálice que abençoamos, não é comunhão com o sangue
de Cristo? E o pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? Porque
há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único
pão.” 1
No Evangelho de São
João, ouvimos do próprio Cristo: ‘Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer
deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a
vida do mundo’. Interessantíssima é a indignação dos judeus que se perguntavam
como isso seria possível. Ou seja, essa é uma realidade de fé que intrigava até
quem a ouvia diretamente de Jesus. Ela só se torna cristalina para quem enxerga
o mundo com os olhos da fé.
Mas a riqueza desta
Solenidade não se encontra somente nas leituras. O Papa João XXII publicou, no
ano de 1317, o dever de levar Nosso Senhor sacramentado pelas vias públicas. É
um momento único do nosso ano litúrgico, que deve ser vivido com muita piedade,
entoando os hinos eucarísticos, enquanto Nosso Senhor passa pelas ruas
abençoando o mundo.
No Brasil e em
Portugal, há ainda um bonito costume de ornar as ruas por onde o Santíssimo
passará, com tapetes feitos de serragem e outros materiais que formam imagens
relacionadas à nossa fé. O sentido é fazer uma homenagem à entrada de Jesus em
Jerusalém recebido com ramos.
Como aumentar a
devoção ao Corpo de Cristo?
Precisamos fazer com
que todos os dias sejam uma espécie de “solenidade particular” de Corpus
Christi. Afinal, mesmo naquela missa de meio de semana, sem música e pompas,
somos agraciados com o mesmo mistério. Então vão aqui algumas dicas:
1) A Missa começa em
casa. Quando você sair
de sua casa, prepare seu coração para o que irá acontecer. Reze por alguns
momentos entregando a Missa da qual irá participar.
2) Ativamente, pense: Jesus ESTÁ
VERDADEIRAMENTE na Eucaristia. Não deixe que essa realidade se
transforme em uma mera ideia.
3) Visite mais vezes o
sacrário. Enquanto estamos correndo com nossos afazeres diários,
Cristo repousa no sacrário, esperando o momento em que uma alma se toque disso
e vá até Ele. Com certeza, em algum momento da semana, temos a possibilidade de
entrar em uma igreja, nos ajoelhar e, em poucos minutos, conversar com Nosso
Senhor.
4) Não se distraia após a
comunhão. Por alguns minutos, você se torna um sacrário vivo. Jesus
bate na porta da cela do seu coração, fazendo referência a Santa Catarina de
Sena. Então, entre em profundo recolhimento nesse momento.
5) Reze a oração “Alma
de Cristo”. Uma oração simples,
maravilhosa e que molda a alma.
6) Participe de adorações. Alguns
santuários são de adoração perpétua, mas nem todos os lugares possuem essa
graça. A primeira quinta-feira do mês costuma ser dedicada à exposição e bênção
solene do Santíssimo. Caso isso não ocorra na sua paróquia, converse com o
Padre para tentar encaixar esse momento tão importante na rotina!
Referências
I Cor
10,16-17[↩]
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