domingo, 15 de junho de 2025

EVANGELHO DO DIA 19 JUNHO 2025 - SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

19 junho - Também nas coisas do espírito saibamos contentar-nos com o que Deus crê seja melhor conceder-nos, sem nos apegar demasiadamente ao fervor sensível ou ambicionar consolações espirituais. (S 359). São José Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 9,11-17

"E Jesus os recebeu, falou a respeito do Reino de Deus e curou os que precisavam ser curados. 
Estava anoitecendo, e por isso os doze apóstolos foram e disseram a Jesus: 
- Mande esta gente embora. Eles podem ir aos povoados e sítios que ficam por perto daqui e lá encontrarão o que comer e onde ficar, pois este lugar é deserto. 
Mas Jesus respondeu: 
- Dêem vocês mesmos comida a eles. 
Os discípulos disseram: 
- Só temos cinco pães e dois peixes. O senhor quer que a gente vá comprar comida para toda esta multidão? 
Estavam ali mais ou menos cinco mil homens. Jesus ordenou aos seus discípulos: 
- Mandem o povo sentar-se em grupos de mais ou menos cinqüenta pessoas. 
Os discípulos obedeceram e mandaram que todos se sentassem. Aí Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e deu graças a Deus por eles. Depois partiu os pães e os peixes e os entregou aos discípulos para que eles distribuíssem ao povo. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos ainda encheram doze cestos com os pedaços que sobraram." 

Meditação:

Nesta quinta-feira, a Igreja celebra o Corpo e o Sangue de Cristo. É a festa do pão e da partilha. A festa de Corpus Christi tem por objetivo celebrar solenemente o mistério da Eucaristia - o sacramento do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. 
No Catolicismo a hóstia, torna-se literalmente em Carne e Sangue do Senhor Jesus. Em outras denominações religiosas apenas a memória das palavras de Cristo em Mateus 26,26 é lembrada, eles não acreditam transmutação do pão e vinho durante a celebração.

Na celebração de Corpus Christi temos uma missa solene, procissão e adoração ao Santíssimo Sacramento. A procissão lembra a caminhada do povo de Deus em busca da Terra Prometida. No Antigo Testamento esse povo foi alimentado com maná, no deserto. Hoje, ale é alimentado com o próprio corpo de Cristo. 
Durante a missa o sacerdote consagra duas hóstias: uma é consumida e a outra, apresentada aos fiéis para adoração. Essa hóstia permanece no meio da comunidade, como sinal da presença de Cristo vivo no coração de sua Igreja.

A primeira leitura de hoje constitui uma espécie de prefiguração sacerdotal-eucarística na misteriosa pessoa de Melquisedeque; a segunda leitura nos faz passar da imagem à realidade, através da catequese eucarística de Paulo à comunidade de Corinto; finalmente, o evangelho nos recorda que a eucaristia é e deve ser sempre expressão e fonte de caridade: nasce do amor de Cristo e se torna fundamento do amor entre os fiéis reunidos em torno do Pão doado por Jesus e distribuído por seus discípulos entre os irmãos.
A eucaristia sustenta toda a vida da comunidade crente. Enquanto tornamos presente o “amor até o extremo” pelo qual Jesus ofereceu sua vida na cruz (passado), nos comprometemos a formar um só corpo animado pela fé e a caridade solidária (presente), “enquanto esperamos sua vinda gloriosa” (1Cor 11,26) (futuro).
 
A primeira leitura (Gn 14, 18-20) é um antigo texto. Originalmente talvez, de natureza política-militar, em que o misterioso personagem Melquisedeque, rei de Salém, oferece a Abraão um pedaço de pão e vinho. Trata-se de um gesto de solidariedade depois de retornar da batalha contra quatro reis (Gn 14, 17). A passagem, sem dúvida, parece conter uma cena de caráter religioso, sendo Melquisedeque um sacerdote segundo a práxis teológica oriental.
O gesto poderia conter um aspecto de sacrifício ou de rito de ação de graças pela vitória. O v. 19, com efeito, conserva as palavras de uma bênção. As palavras de Melquisedeque e seu gesto oferecem uma nova luz sobre a vida de Abraão: seus inimigos foram derrotados e seu nome é exaltado por um rei-sacerdote. O capítulo 7 da carta aos Hebreus construiu uma reflexão em torno de Cristo Sacerdote à luz deste misterioso texto do Gênesis, segundo a linha teológica já presente nas palavras que o Salmo 110, 4 dirige ao rei-messias: “Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque”.
A segunda leitura (1Cor 11,23-26) pertence à catequese que Paulo dirigiu à comunidade de Corinto relacionada com a celebração das assembléias cristãs, onde os mais poderosos e ricos humilhavam e desprezavam os mais pobres. Paulo aproveita a oportunidade para recordar uma antiga tradição que recebeu na ceia eucarística, já que o desprezo, a humilhação e a falta de atenção para com os pobres nas assembléias estavam destruindo o sentido mais profundo da Ceia do Senhor.
Deste modo se coloca em sintonia com os profetas do Antigo Testamento que haviam condenado fortemente o culto hipócrita que não estava sendo acompanhado de uma vida de caridade e justiça (cf. Am 5,21-25; Is 1,10-20), assim como fez Jesus (cf. Mt 5,23-24; Mc 7,9-13). A Eucaristia, memorial da entrega de amor de Jesus, deve ser vivida pelos crentes com o mesmo espírito de doação e de caridade com que o Senhor “entregou” seu corpo e seu sangue na cruz por “vós”.
A leitura paulina nos recorda as palavras de Jesus na última ceia, com as quais o Senhor interpretou sua futura paixão e morte como “aliança selada com seu sangue” (1 Cor, 11, 25) e “corpo entregue por vós” (1 Cor 11, 24), mistério de amor que se atualiza e se faz presente “toda vez que comerem deste pão e beberem deste cálice” (1 Cor 11, 26). A fórmula do cálice eucarístico, semelhante à fórmula da última ceia em Lucas (Mateus e Marcos apresentam uma tradição diversa), está fundamentada no tema da nova aliança, que recorda a célebre passagem de Jr 31, 31-33. Cristo estabelece uma verdadeira aliança que se realiza não através do sangue de animais derramado sobre o povo (Ex 24), mas com seu próprio sangue, instrumento perfeito de comunhão entre Deus e os homens.
A celebração eucarística abrange e torna plena toda a história dando-lhe novo sentido: torna presente realmente a Jesus em seu mistério de amor e de doação na cruz (passado), a comunidade, obediente ao mandato de seu Senhor, deverá repetir o gesto da ceia continuamente enquanto dure a história “em minha memória” (1Cor 11, 24) (presente), e o fará sempre com a expectativa de seu regresso glorioso, “até que ele venha” (1Cor 11, 26) (futuro). O mistério da instituição da Eucaristia nasce do amor de Cristo que se entrega por nós, e, portanto, deverá sempre ser vivido e celebrado no amor e na entrega generosa, à maneira do Senhor, sem divisões nem hipocrisia.
 
O Evangelho (Lc 9, 10-17) relata o episódio da multiplicação dos pães, que aparece com diversos matizes também nos outros evangelhos (duas vezes em Marcos!), o que demonstra não só que o evento possui um alto grau de historicidade, mas que também é fundamental para compreender a missão de Jesus.
Jesus está próximo de Betsaida e tem diante de si uma multidão de pessoas pobres, enfermas e famintas. É a este povo marginalizado e oprimido a quem Jesus se dirige, “falando-lhes do reino de Deus e curando aos que necessitavam” (v. 11). A seqüência de Lucas acrescenta um dado importante no qual introduz o diálogo entre Jesus e os Doze: começa a entardecer (v. 12). O momento recorda o convite dos dois peregrinos que caminhavam para Emaús precisamente ao cair da tarde: “Ficai conosco porque é tarde e está anoitecendo” (Lc 24, 29). Nos dois textos a bênção do pão acontece no final do dia.
O diálogo entre Jesus e os Doze põe em evidência duas perspectivas. Por uma parte os apóstolos que querem enviar as pessoas para povos vizinhos a fim de que comprem comidas, procuram uma solução “realista”. No fundo pensam que seja justo dar gratuitamente a pregação, mas é justo também que cada qual se preocupe com o material. A perspectiva de Jesus, ao contrário, representa a iniciativa do amor, a gratuidade total e a prova inquestionável de que o anúncio do reino abrange também a solução às necessidades matérias das pessoas.
No final do v. 12 caímos na conta de que tudo está ocorrendo num lugar deserto. Isto recorda sem dúvida o caminho do povo eleito através do deserto, saindo do Egito e caminhando para a terra prometida, época na qual Israel experimentou a misericórdia de Deus através de grandes prodígios, como por exemplo, o maná. A atitude dos discípulos recorda a resistência e a incredulidade de Israel diante do poder de Deus que se concretiza através da obra de salvação a favor do povo (Ex 16, 3-4).
A resposta de Jesus: “dai-lhes vós de comer” (v. 13) não só é provocativa dada a pouca quantidade de alimento, mas que, sobretudo deseja mostrar a missão dos discípulos através do gesto misericordioso que realizará Jesus. Os discípulos, aquela tarde próxima de Betsaida e ao longo de toda a história da Igreja, são chamados a colaborar com Jesus se preocupando em conseguir o pão para seus irmãos. Depois que os discípulos acomodam as pessoas, Jesus “tomou os cinco pães e dos dois peixes, levantou os olhos para o céu, pronunciou a bênção, e os partiu e foi dando aos discípulos para que eles distribuíssem às pessoas” (v. 16).
O gesto de “levantar os olhos ao céu” põe em evidência a atitude orante de Jesus que vive em permanente comunhão com o Deus do reino; a bênção (a berajá hebraica) é uma oração que ao mesmo tempo expressa gratidão e louvor pelo dom que foi recebido ou que se está por receber. É digno de notar que Jesus não abençoa os alimentos, pois para ele “todos os alimentos são puros” (Mc 7, 19), mas que bendiz a Deus através deles, reconhecendo a Deus com fonte de todos os dons e de todos os bens.O gesto de partir o pão e distribuí-lo indiscutivelmente recorda a última ceia de Jesus, onde o Senhor dá novo sentido ao pão e ao vinho da refeição pascal, tornando-os sinais sacramentais de sua vida e sua morte como dinamismo de amor até ao extremo pelos seus.
No final todos ficam saciados e sobram doze cestos (v. 17). O tema da “saciedade” é típico do tempo messiânico. A necessidade é a conseqüência da ação poderosa de Deus no tempo messiânico (Ex 16, 12; Sl 22, 27, 78,29; Jr 31, 14). Jesus é o grande profeta dos últimos tempos, que recapitula em si as grandes ações de Deus que alimentou seu povo no passado (Ex 16, 2 Rs 4,42-44). Os doze cestos que sobram não só representam o excesso do dom, mas que também põe em evidência o papel dos “doze” como mediadores na obra da salvação. Os Doze representam o fundamento da Igreja, são como a síntese e a raiz da comunidade cristã, chamada a colaborar ativamente a fim de que o dom de Jesus possa atingir a todos os seres humanos.
No texto, como vimos, sobrepõem-se diversos níveis de significado. O milagre realizado por Jesus o apresenta como o profeta dos últimos tempos. Ao mesmo tempo em que o acontecimento antecipa o gesto realizado por Jesus na última ceia, quando o Senhor doa à comunidade o pão e o vinho como sinal sacramental de sua presença.
 
Por outro lado, o dom do pão no deserto inaugura o tempo novo da fraternidade, que prefigura a plenitude da comunhão escatológica em plenitude. Além do mais se coloca em evidência, como assinalamos antes, o papel essencial dos discípulos de Jesus como mediadores do reino.

Através daqueles que crêem no Senhor deveria chegar a todos os homens o pão do bem-estar material que permite uma vida digna de filhos de Deus, o pão da esperança e da gratidão, do amor, e, sobretudo o pão da Palavra e da Eucaristia, sacramento da presença de Jesus e de seu amor misericordioso a favor da humanidade.

Reflexão Apostólica:

No Evangelho, “as multidões” que aderiram inicialmente a Jesus, vendo nele uma esperança de libertação, “o seguiram”. Jesus “as acolhe” e lhes fala do Reino de Deus, ou seja, do homem novo e da sociedade nova a que devem aspirar para sair de sua situação; curando os enfermos, mostra-lhes que Deus deseja o homem vivendo em plenitude.

Os discípulos aconselham a Jesus para que despeça a multidão. Não se solidarizam com ela; crêem que cada um deverá se virar como pode para prover seu sustento. Jesus replica, mas eles não entendem sua proposta de solidariedade (“vocês dêem-lhes de comer”) nem a alternativa do Reino; vêem a solução somente no dinheiro, conforme as categorias da sociedade injusta.

“Cinco pães e dois peixes” = sete, totalidade do alimento de que dispõe a comunidade e “cinco mil” os comensais; insinua-se aqui a comunicação do espírito através do pão partilhado e a maturidade humana que produz “homens adultos”. 

Jesus relaciona os pães com Deus criador: o pão é dom seu e fator de vida e fecundidade. Como Dom de Deus, devem ser repartidos, para continuar sobre a terra sua generosidade. Se a generosidade de Deus não se tornar inválida pelo egoísmo humano, basta para satisfazer toda necessidade e ainda mais, partilhando se saciaria a fome de todo o povo e até sobraria. 
Olhando superficialmente esta festa litúrgica do Corpo e Sangue de Jesus parece semelhante à da Quinta-feira Santa.

Entretanto, tem seu próprio matiz; na Quinta-feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia numa perspectiva ou conexão imediata com a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus; hoje, em troca, mesmo sendo imprescindível esta relação essencial com a Eucaristia, se acentua a idéia do pão repartido que nos dá a vida e reforça a fraternidade e a solidariedade entre os cristãos. Por usa vez, nos interpela sobre a fome e a miséria em que vivem muitos irmãos nossos por causa do egoísmo e do acúmulo de uns quantos.

A celebração da Eucaristia está destinada a provocar o compromisso entre os cristãos. A pessoa de Jesus, suas palavras e ações, comprometem o verdadeiro cristão a um estilo de vida diferente, e de modo particular, a participação e a comunhão com o corpo do Senhor.

A vida do cristão deve estar orientada para ir construindo a comunhão dos crentes como verdadeiro corpo místico de Jesus; corpo no qual se realize a unidade na diversidade pelos dons e carismas. 

São Paulo fala de uma celebração indigna referindo-se à comunidade dos Coríntios onde alguns cristãos fomentaram a divisão e a discriminação pela opulência e o esbanjamento na celebração da Eucaristia.

Hoje podemos entender como indignas aquelas celebrações formalistas, frias, sem preparação e que não levam as pessoas e as comunidades a nenhum compromisso. Por isso, a falta de compromisso em nossas celebrações, faz com que as mesmas celebrações sejam, mais que sinais, contra-sinais.

Quando termina a celebração da Eucaristia nós nos dispersamos muito tranqüilos sem um verdadeiro compromisso ou preocupação com aquilo que se há de fazer, com aquilo que deve provocar a mudança da realidade de injustiça, miséria e fome em que vivem muitos cristãos. 

A celebração da Eucaristia hoje, dia do Corpo e Sangue de Jesus, não pede tanto uma manifestação externa pública de nossa fé, mas uma celebração dos crentes frente a um maior compromisso; mais que “ostentar” o Senhor no ostensório de uma custódia maravilhosa, devemos manifestar o Senhor em nossas pessoas e comunidades, na solidariedade efetiva através do partir e repartir para que todos possamos viver em dignidade.
Nesta perspectiva deveríamos nos perguntar hoje o que significa para nós a celebração da Eucaristia. Ela não é somente o momento de uma vivência religiosa; é sobretudo uma convivência na recordação viva do mesmo Senhor, que viveu e continua vivendo dentro da comunidade reunida, que proclama o mistério salvador de sua morte e ressurreição.

Em minha vida cristã o mistério eucarístico se manifesta como fonte de unidade e de caridade? Como poderia me comprometer concretamente a favor das pessoas que vivem na pobreza e passam fome de pão e de justiça?
Em nossa comunidade a celebração eucarística gera um amor maior e mais compromisso em favor dos mais pobres ou se limita a ser um simples rito religioso? Com quais iniciativas concretas poderíamos fazer que nossa participação comunitária na Eucaristia seja mais ativa e dinâmica? Em que sentido, como comunidade, podemos nos comprometer mais para levar aos demais o pão do bem estar material, e o pão do amor e da esperança, e o pão do evangelho do Reino?

Propósito:

Senhor Jesus, Pão Vivo de esperança e de amor, concedei a nós que participamos da ceia eucarística, viver o mistério da comunhão no amor e sermos testemunhas do vosso reino no mundo. Espírito de solidariedade e partilha, fazei-me sensível à lição eucarística da partilha, movendo-me a manifestar minha solidariedade efetiva com os pobres deste mundo.

Dia 19

Você está doente?

Enfrenta dificuldades financeiras?

Passa por problemas familiares?

Tem problemas de relacionamentos?

Está em crise? Desanimado?

Está tudo bem? Está feliz, alegre?

Nesses momentos, o melhor a fazer é rezar.

Faça de sua vida uma oração.

Os seres humanos foram criados por Deus e para Deus; por isso, consciente ou inconscientemente, todos têm um grande desejo dele.

Somente nele é encontrada a verdadeira felicidade.

Por isso, existe a necessidade de estar em comunhão com ele, para uma comunicação mais profunda.

Tudo pode ser transformado pela força da oração.

“Tudo o que, na oração, pedirdes com fé, vós o recebereis”.

(Mt 21,22).



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