15 junho - O triunfo de luz, de cantos, de perfumes e de mil coisas lindas que envolvem, por uma hora, o Rei da glória, simboliza as festas triunfais com que Jesus é glorificado continuamente por uma alma eleita. (L 190). São José Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São João 16,12-15
"Ainda tenho muitas
coisas para lhes dizer, mas vocês não poderiam suportar isso agora. Porém,
quando o Espírito da verdade vier, ele ensinará toda a verdade a vocês. O
Espírito não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que ouviu e anunciará a vocês
as coisas que estão para acontecer. Ele vai ficar sabendo o que tenho para
dizer, e dirá a vocês, e assim ele trará glória para mim. Tudo o que o Pai tem
é meu. Por isso eu disse que o Espírito vai ficar sabendo o que eu lhe disser e
vai anunciar a vocês."
O texto evangélico proposto para a liturgia da solenidade da Santíssima Trindade, neste ano C, é Jo 16,12-15. Como de costume, a nossa reflexão se concentra exclusivamente no texto bíblico, sem entrar nas questões relativas ao dogma trinitário propriamente. Hoje é a última vez em que lemos um trecho do Evangelho segundo João na liturgia dominical deste ano litúrgico, após uma sequência de leituras durante todo o tempo pascal, com exceção da solenidade da Ascensão, quando lemos um texto de Lucas (cf. Lc 24,46-53). Portanto, já estamos familiarizados com o Quarto Evangelho, embora os enigmas que lhe são próprios continuem indecifráveis.
O contexto do Evangelho de hoje ainda é o da última
ceia, ambientada no cenáculo em Jerusalém, e vivenciada por Jesus com seus
discípulos, às vésperas da páscoa. Como já afirmamos em outras ocasiões, a ceia
no Quarto Evangelho não é apenas o consumo de alimentos e nem a vivência de um
rito, tampouco uma mera confraternização. Para a comunidade joanina a ceia é a
auto revelação de Jesus, é o momento mais forte da sua catequese. Foi na ceia
que Jesus apresentou o seu “testamento”, como é chamado o seu longo discurso de
despedida. A centralidade da ceia em João é evidenciada pelo espaço que ocupa:
são cinco capítulos (13 – 17), totalizando cento e cinquenta e cinco
versículos, o que corresponde a um quarto de todo o Evangelho. Esse momento foi
iniciado com o lava-pés (cf. 13,1-15), e continuado pelo discurso de Jesus, com
algumas interrupções dos discípulos (cf. 13,36-38; 14,5.8.22).
Jesus sabia do que estava para acontecer: em pouco
tempo, seria condenado à morte; os discípulos também imaginavam o que estava
para acontecer, embora não tivessem ainda tanta clareza. Havia um clima de
tensão e medo entre os discípulos, o que era inevitável para as circunstâncias,
por isso Jesus procurou acalmá-los em diversos momentos (cf. 14,1.27; 16,6.22).
Por cinco vezes, durante o discurso, Jesus promete enviar o Espírito Santo
quando retornar para o mundo do Pai (cf. 14,16-17.26; 15,26; 16,7-8.13), de
modo que os discípulos não permanecerão sozinhos, pois através do Espírito, a
presença de Jesus se eternizará no meio deles. O Evangelho de hoje contém a
quinta e última promessa.
Durante o seu ministério, Jesus apresentou todo o seu programa aos discípulos, o seu “Evangelho”, compreendendo palavras e sinais; não escondeu nada, conforme Ele disse nesse mesmo discurso: “já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor, mas vos chamo de amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer” (cf. Jo 15,15). Ser discípulo(a) de Jesus é entrar no seu círculo de profunda intimidade, é ser contado entre os seus amigos, de quem Ele nada esconde. A princípio, o primeiro versículo de hoje parece contradizer a afirmação acima: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora” (v. 12). Jesus já disse tudo; não há novas coisas para dizer. Aqui, Ele se refere à capacidade de compreensão dos discípulos.
Muita coisa da vida e da mensagem de Jesus ainda
não tinha sido assimilada pelos discípulos, porque a chave de interpretação da
sua vida é a ressurreição. Na verdade, aqui o evangelista nem usa o verbo
compreender, empregado equivocadamente pela tradução litúrgica, mas o verbo
“suportar” (em grego: βαστάζω –
bastázo); a tradução
mais justa, portanto seria: “não sois capazes de suportar agora”. Antes da ressurreição e
sem o dom maior do Ressuscitado, o Espírito
Santo, os discípulos não
tem força para suportar a sua mensagem de libertação e vida
em plenitude, sobretudo porque essa compreende a passagem pela cruz, como
consequência de um amor incondicional.
Para compreender e suportar o peso da mensagem de
Jesus, sobretudo a cruz, os discípulos necessitam de uma força especial, de uma
energia que os tire do medo e do comodismo, e Jesus garante que eles receberão
essa força: “Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à
plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará” (v. 13). A Verdade é o próprio
Jesus, como Ele mesmo se auto intitulara antes: “Eu sou o Caminho, a Verdade e
a Vida” (14,6). A “Verdade plena”, portanto, é o Cristo glorificado no mundo do
Pai, realidade que só pode ser alcançada por quem se deixa conduzir pelo
Espírito; é o “conjunto da obra”: da preexistência do Verbo (cf. Jo 1,1) à
encarnação (cf. Jo 1,14), passando pela cruz, até o retorno para o mundo do
Pai.
A função do Espírito é manter a comunidade alinhada
ao projeto de Jesus, que é a Verdade em pessoa. As “coisas futuras” que serão
anunciadas não são novas revelações ou visões; significa a capacidade de ler os
eventos futuros à luz da mensagem de Jesus. A comunidade cristã – Igreja –
sempre encontrará situações novas e surpreendentes ao longo da história.
Independente da época, deverá interpretar tais circunstâncias à luz de tudo o
que Jesus ensinou. Só é possível fazer isso deixando-se conduzir pelo Espírito
da Verdade.
Guiada pelo Espírito Santo, a comunidade mantém a
atualidade da mensagem de Jesus em qualquer que seja a situação e a época
histórica. Continuando, Ele afirma: “Ele me glorificará, porque receberá do que
é meu e vo-lo anunciará” (v. 14). Ora, o Espírito irá iluminar os discípulos
para compreenderem e viverem o que Jesus já disse. Assim como Jesus glorificou
o Pai fazendo a sua vontade, também o Espírito glorifica Jesus conduzindo a
comunidade em conformidade com o Evangelho. Ao contrário dos sinóticos, que
preveem uma vinda gloriosa de Jesus no último dia, João não segue essa linha.
Para o autor do Quarto Evangelho, a glória de Jesus é que Ele mesmo esteja
permanentemente presente na comunidade através do Espírito.
A promessa do Espírito é concluída com uma
afirmação muito profunda que enfatiza a sua comunhão de Jesus com o Pai: “Tudo
o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos
anunciará, é meu” (v. 15). O Pai é a fonte originária de tudo. O que Jesus tem
a oferecer ao mundo, o amor ilimitado, pertence ao Pai; mas como Ele e o Pai
são Um (cf. Jo 10,30), tudo o que é do Pai é também seu. Logo, o que o Espírito
recebe de Jesus, recebe também do Pai. Aqui, nesse último versículo temos, de
fato, um eco trinitário bastante evidente, pois revela a comunhão dos três: o
Espírito comunica à comunidade tudo o que recebe de Jesus, e tudo o que Jesus
concede ao Espírito recebeu do Pai.
A presença perene de Jesus na comunidade, através
do Espírito, é também presença do Pai. É essa relação que torna sempre novo e
atual tudo o que Jesus viveu e ensinou. Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo
é entrar também nessa comunhão profunda com o Pai e o Filho.
Dia 15
Segurança
e amor são valores muito importantes, que precisam ser transmitidos às futuras
gerações.
Na
família, as pessoas adquirem a base para seu futuro; quando existe uma sólida
formação, todos são capazes de reavaliar seu modo de ser e proceder diante de
fatos inesperados do cotidiano.
Os
pais têm um papel fundamental na formação dos filhos.
“Os
netos são a coroa dos anciãos, como os pais são a glória dos filhos”.
(Pr
17,6).
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