22 junho - Não podemos duvidar do amor de Jesus por nós; então, coragem! (S 359). São José marello
Lucas 9,18-24
- Quem o povo diz que eu sou?
Eles responderam:
- Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e
outros, que é um dos profetas antigos que ressuscitou.
- E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? - perguntou Jesus.
Pedro respondeu:
- O Messias que Deus enviou.
Então Jesus proibiu os discípulos de contarem isso a qualquer pessoa. E
continuou:
- O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos
líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto
e, no terceiro dia, será ressuscitado.
Depois disse a todos:
- Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios
interesses, esteja pronto cada dia para morrer como eu vou morrer e me
acompanhe. Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca
terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa terá a vida
verdadeira."
Reflexão para o 12º domingo do Tempo Comum - Lucas 9,18-24 (Ano C)
Com a retomada do tempo comum, também retomamos a
leitura do Evangelho segundo Lucas, como prescreve a liturgia para o ano C,
embora no próximo domingo já tenhamos uma nova interrupção, devido à solenidade
dos apóstolos Pedro e Paulo. Neste domingo, o texto proposto é Lc 9,18-24.
Embora curto, esse texto possui uma riqueza extraordinária; concentra muitos
ensinamentos importantes para a compreensão de todo o Evangelho segundo Lucas e
para o discipulado de Jesus em todos os tempos. Podemos dividi-lo em três
pequenas unidades temáticas, embora interligadas: a) a pergunta de Jesus sobre
a sua própria identidade, cuja resposta mais completa é a confissão de Pedro
(vv. 18-21); b) o primeiro anúncio da paixão (v. 22); as exigências para o
discipulado (vv. 23-24).
A nível de contexto, é necessário recordar alguns
elementos fundamentais para uma boa compreensão do texto. O capítulo nono de
Lucas tem uma importância singular no conjunto da obra, pois marca a transição
entre as duas grandes seções do Evangelho, que são, respectivamente, o
ministério de Jesus na Galileia (Lc 4,14 – 9,50) e o longo caminho em direção a
Jerusalém (Lc 9,51 – 19,44). Esse capítulo foi iniciado com o envio missionário
dos Doze, de povoado em povoado para proclamar o Reino de Deus e libertar
(curar) as pessoas (cf. 9,1-6); a repercussão da missão foi tanta que chegou
aos ouvidos de Herodes, deixando-o confuso (cf. 9,7-9). O retorno dos
discípulos foi marcado pelo entusiasmo, fazendo aumentar ainda mais a multidão
que seguia Jesus, culminando com o episódio da partilha dos pães (cf. 9,10ss).
A situação criada desde envio dos Doze até a partilha
dos pães levou Jesus à reflexão. Ele não estava preocupado com a sua imagem ou
reputação, porém se preocupava se a sua mensagem estava sendo bem compreendida,
sobretudo pelos discípulos. Os momentos de reflexão de Jesus, em Lucas, são
marcados pela oração, quando Ele expressa a sua intimidade e confiança no Pai.
Para o autor do terceiro Evangelho, todos os momentos marcantes da vida de
Jesus são precedidos pela oração (cf. 6,12; 9,28; 11,1-2; 22,40ss). A primeira
afirmação do texto de hoje, portanto, é um indicativo da importância que esse
episódio tem: “Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam
com ele. Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” (v. 18). A
oração é o meio para cultivar a intimidade com o Pai. Para Jesus, as relações
com Deus e com o próximo são inseparáveis. Por isso, da oração, que é
intimidade com o Pai, Ele passa a um diálogo confidencial, sincero e
transparente com os discípulos, seus amigos.
Como tinham sido enviados há pouco tempo para
anunciar o Reino de Deus, o projeto de vida de Jesus, os discípulos também
ouviram a seu respeito. Por isso, Jesus quis saber o qual a imagem que o povo
tinha dele. A preocupação de Jesus não era com sua popularidade, mas com a
compreensão da sua mensagem. As respostas não demonstram fracasso, mas são
insuficientes: “Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros que és
Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou” (v.
19). Essa resposta mostra que, em geral, o povo tinha uma boa visão de Jesus; o
considerava na linha dos grandes profetas, mas essa imagem é equivocada. Tanto
João Batista quanto Elias foram profetas reformadores. João Batista, com a sua
austeridade, preferiu isolar-se no deserto, ao invés de enfrentar diretamente
as estruturas; inclusive, acreditava que apenas a passagem pelo rito do batismo
já era suficiente para uma verdadeira conversão. Elias era muito zeloso, mas
fanático e intolerante, pregava a violência e o extermínio dos adversários (cf.
1Rs 18,40; 19,1). Colocar Jesus nessa linha é um grande equívoco, inclusive
porque Ele não veio propor reformas, mas uma mudança radical de mentalidades e
de estruturas, na sociedade e na religião.
Como os discípulos já tinham feito um longo
percurso com Ele, é de se esperar que tivessem uma visão mais aprofundada do
que o povo. Por isso, “Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro
respondeu: “O Cristo de Deus” (v. 20). Da resposta dos discípulos, Jesus sabia
como tinha sido o anúncio deles. Pedro responde em nome de todo o grupo; a sua
resposta é coletiva e sintetiza a opinião dos Doze. Que o povo conhecesse Jesus
apenas superficialmente, seria tolerável, mas dos discípulos espera-se que o
conheçam verdadeiramente. A resposta de Pedro é correta, mas também não é
suficiente; Jesus é, de fato, o Cristo; confessá-lo assim é reconhecê-lo como o
messias esperado. Ele é o messias sim, mas não conforme as expectativas do seu
povo. O messias esperado pelos judeus era um personagem glorioso, um guerreiro
nacionalista, alguém que iria restaurar o reino davídico-salomônico com o uso
da força e da violência. Jesus não veio para restaurar a realeza em Israel, mas
para instaurar o Reino de Deus. Sua mensagem não é direcionada a um povo
apenas, mas a toda a humanidade.
Conhecendo a mentalidade dos discípulos, “Jesus
proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém” (v. 21). É importante
reconhecer a relevância dessa “proibição” para o discipulado de outrora e de
hoje. Jesus não manda somente anunciar; manda também calar. A comunidade deve
procurar todos os meios eficientes para o anúncio do Reino chegar a todas as
pessoas e em todos os lugares, deve até pregar sobre os telhados (cf. Lc 12,3),
mas quando o anúncio é distorcido, quando há proselitismo, quando há pretensões
de glória e poder, é necessário calar-se. O desejo de glória e poder estava
implícito na resposta de Pedro. Por isso, Jesus proibiu de anuncia-lo daquela
forma. A urgência da evangelização, em qualquer época, não pode levar a
comunidade a anunciar o Evangelho de qualquer forma, sem antes conhecê-lo em
profundidade. Anunciar Jesus distorcendo ou omitindo a essência libertadora da
sua mensagem é mais danoso do que o silêncio.
Diante da compreensão ainda não muito clara que os
discípulos tinham do seu messianismo, Jesus acrescentou, alertando-os: “O Filho
do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes
e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (v. 22). A
expressão “Filho do Homem” nos evangelhos sinóticos (Mt; Mc; Lc) significa a
humanidade autêntica de Jesus; mesmo sendo o Filho de Deus, Ele viveu
intensamente a condição humana, inclusive o sofrimento e a morte. Aqui, Jesus
antecipa o seu destino dramático, fazendo o primeiro dos três anúncios da
paixão (cf. 9,22; 9,43-45; 18,31-34). Esses anúncios são formas de dizer que
Ele não é um Messias conforme as expectativas do povo e da religião. Um messias
sofredor era inadmissível para a tradição. Ele deve morrer porque levará a
cumprimento o projeto do Pai. Não é a vontade do Pai que seu Filho seja
assassinado; a vontade de Deus é que seu Reino se instaure na terra, mesmo que
isso custe o sangue do seu Filho. A morte de Jesus na cruz, portanto, é fruto
da cobiça e da maldade humana, sobretudo das lideranças religiosas; mas o Pai
reverterá essa situação em salvação para a humanidade, com a ressurreição. Para
Lucas, os responsáveis pela morte de Jesus são as autoridades religiosas.
Tendo esclarecido que não é um messias conforme as
expectativas do povo, Jesus esclarece as exigências para o seu seguimento. Ele
está terminando o seu ministério na Galileia; em pouco tempo irá iniciar o
caminho para Jerusalém, onde viverá o drama da paixão. Para continuar no seu
seguimento, é necessário que os discípulos tenham clareza do destino e dos
riscos que estão correndo, como discípulos de um messias ao revés. Por isso, o
esclarecimento: “Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir,
renuncie a si mesmo, tome sua cruz a cada dia, e siga-me. Pois quem quiser
salvar a sua vida, vai perde-la; e quem perder a sua vida por causa de mim,
esse a salvará” (vv. 23-24). Antes de tudo, Jesus deixa claro que o discipulado
é uma adesão pessoal e livre: “se alguém me quer seguir”; Ele não obriga e nem
impõe; apenas propõe.
Seguir Jesus exige rupturas. A primeira ruptura é
com a própria pessoa. Renunciar a si mesmo não significa odiar-se, mas é deixar
de lado o egoísmo e todas as convicções pessoais que não estão em sintonia com
a mensagem libertadora do Evangelho; pretensões de poder, conquista e bem-estar
pessoal, devem ser deixadas de lado. A cruz de cada dia corresponde às
consequências de tal escolha. A cruz, como a mais temida das penas na época,
era sinal de perigo; com essa afirmação, Jesus deixa claro que os seus
discípulos, à medida em que viverem o Evangelho com fidelidade, estarão em
perigo constante, pois as opções do Evangelho contradizem as pretensões dos
detentores de poder deste mundo.
Somos convidados hoje, de modo especial, a procurar
conhecer cada vez mais a identidade autêntica de Jesus, para poder continuar no
seu seguimento. Segui-lo é confrontar-se com as estruturas do mundo que impedem
a realização, desde já, do Reino de Deus. O seguimento e o anúncio devem ser
frutos de uma relação de intimidade com Ele e com o Pai. Sem convicção e
conhecimento da sua pessoa, o anúncio tende a ser distorcido. É preciso romper
com estruturas e mentalidades para continuar o seu seguimento.
Dia 22
Trabalhar
os sentimentos de raiva, ciúme, ansiedade e mágoa é essencial para o exercício
do autocontrole.
Na
maioria das vezes, quando é hostilizado, o ser humano costuma enfrentar seu
ofensor.
Por
isso, jamais se exalte nem espere que o comportamento dos demais mude. Comece
por você mesmo.
Sobre
isso, santo Agostinho apresenta a seguinte frase: “Ama o pecador, mas odeia o
pecado”.
Que
tal pensar nisso hoje?
O
importante é perceber que tanto você como os demais têm defeitos e fraquezas.
“Feliz
aquele que suporta a provação, porque, uma vez provado, receberá a coroa da
vida, que o Senhor
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