14 junho - Vinde, Espírito de verdade, iluminar as nossas mentes! Vinde, Espírito de alegria, consolar os nossos corações! Vinde, Espírito de piedade, despertar em nossas almas sentimentos vivíssimos de amor a Jesus! (S 347). São José Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 5,33-37
"- Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: "Não quebre a sua promessa, mas cumpra o que você jurou ao Senhor que ia fazer." Mas eu lhes digo: não jurem de jeito nenhum. Não jurem pelo céu, pois é o trono de Deus; nem pela terra, pois é o estrado onde ele descansa os seus pés; nem por Jerusalém, pois é a cidade do grande Rei. Não jurem nem mesmo pela sua cabeça, pois vocês não podem fazer com que um só fio dos seus cabelos fique branco ou preto. Que o "sim" de vocês seja sim, e o "não", não, pois qualquer coisa a mais que disserem vem do Maligno."
Meditação:
Entre os judeus se emprega com freqüência a mesma
palavra (‘ala) para indicar tanto juramento como maldição. O juramento é
uma afirmação pela qual alguém se deseja para si mesmo um mal ou uma desgraça,
no caso de não dizer a verdade ou de não cumprir algo prometido. Quem jura
espera da divindade que recaia sobre ele o efeito da maldição. “Então Jônatas
falou: Por Javé, Deus de Israel! Amanhã ou depois de amanhã sondarei meu pai.
Se tudo for favorável a ti e eu não te avisar, então o Senhor me trate com todo
seu rigor! E se meu pai te quiser fazer mal, avisar-te-ei da mesma forma;
deixar-te-ei então, partir e poderás estar tranqüilo” (1Sm 20,12-13).
Nos tempos de Jesus se usava jurar não só invocando a Deus, mas também o céu
(lugar onde Ele habita), a seu nome (que equivale à sua pessoa), ao templo
(lugar de sua presença), aos anjos (seus servidores mais próximos). Pela Bíblia
sabemos que quem jurava levantando a mão (Gn 14,22), apertando-a (Jó 17,3), ou
colocando-a debaixo da coxa daquele a quem se prometia algo (Gn 24,2); “coxa” é
um eufemismo pelos órgãos sexuais. O livro do Eclesiástico (23,9-11) procede
contra os juramentos feitos com rapidez; os rabinos tratavam de remediar os
abusos; os essênios o consideravam ilícitos e os fariseus estabeleceram uma
sutil casuística para manter sua validade.
Jesus não era partidário dos juramentos, pois as relações humanas devem ser
regidas pela sinceridade; o juramento supõe má fé ou falta de confiança no
outro e isto é coisa do Mal, de Satanás, que é, por natureza, mentiroso (Jo
8,44). E a mentira não deve entrar no coração do ser humano nem reger as
relações de uns com os outros. Na comunidade cristã e nas relações humanas, a
regra deve ser a sinceridade, a limpeza de coração. O juramento, portanto, está
sobrando.
No entanto, nossa sociedade está instalada na aparência da verdade ou na
falsidade. A publicidade, que todos os dias nos assedia desde a televisão, a
imprensa, o rádio, é enganosa; por razões de competitividade nos é aconselhado
a não confiarmos em ninguém, não nos manifestarmos como somos ante os demais,
não sermos ingênuos. E o ser humano – em lugar de irmão – se converteu em lobo
para o ser humano. E ante o lobo todas as precauções que se tomem são poucas.
Como estamos longe de sermos limpos de coração! Quando digam sim, que
seja sim, e quando digam não, que seja não; o que passa daí é coisa do Mal.
Isto é próprio das pessoas adultas, das pessoas de palavra, que se dizia antes
dos discípulos de Jesus que praticavam a sexta bem-aventurança: “Felizes os
limpos de coração, porque verão a Deus”.
Somos muito inclinados a colocar alguém acima de
nós como garantia de nossos empréstimos, créditos e promessas. Certamente isso
outorga algo mais de valor à palavra que damos e à confiança que exigimos para
acreditarem em nós. Então, por que colocar Deus como garantia? Certamente não
nos damos conta das implicações que tem o “jurar por Deus”, porque já se tornou
uma formalidade a mais como os que usamos para saudar, despedir-nos ou
relacionar-nos com os outros.
Jesus exige de nós sermos plenamente responsáveis
pela palavra que damos; sermos nós mesmos garantia dela com um “sim” ou um
“não”, sem buscar em Deus a justificação ou veracidade de nossas promessas. É
uma exigência à qual devemos nos ater como verdadeiramente adultos em nossa
vida, em nosso trabalho como discípulos, inclusive em nossa forma de falar.
Ser discípulos de Jesus implica diariamente
realizarmos um sério e profundo exame de consciência, para levarmos em conta
aquelas situações que continuam nos custando trabalho em nosso seguimento de
Cristo.
Como pessoas de fé, não podemos nos acostumar a
viver sem discernir como é que vivemos, ou a viver sem consciência de nossos
atos e palavras. Deus nos chama a vivenciarmos nosso seguimento de seu Filho
com coerência e fidelidade de qualidade.
Reflexão Apostólica:
A lei não ordenava que ninguém jurasse, mas ela
mostrou que quando tivesse algum juramento, deveria ser feito em nome de Deus e
em hipótese alguma haver falsidade (Deuteronômio 6,13; Levítico 19,12; Zacarias
8,17). Mas isto não indicava que fora de juramento, alguém poderia mentir, pois
o Senhor Deus abomina a mentira (Provérbios 6,16,17; 12,22).
O problema é que a tradição farisaica encontrava
nisto uma fenda para sair de seus erros, ou seja, quando o nome de Deus
estivesse envolvido, não se jurava falsamente, porém não tendo o nome do
Senhor, era uma porta aberta para a desonestidade.
No entanto, eles deveriam encontrar nos
regulamentos de Deus, uma porta para a fidelidade a verdade contínua. O que
Jesus condena aqui não são os juramentos em si, mas o engano praticado pelos
oportunistas, pois na verdade, qualquer juramento que se faça, está diante de
Deus, mesmo que diretamente não envolva o Seu nome.
Um simples “sim” ou “não” não nos coloca em menor
responsabilidade com a verdade e com nossos compromissos, que qualquer
juramento que se faça (Mateus 12,36-37). Um juramento não obriga
necessariamente a quem o faz de reforçar a verdade, mas assegura ao seu
receptor uma maior segurança.
O que o Senhor quer é que haja total e absoluta
verdade em nossos corações e lábios. O que Jesus espera de cada um de nós em
nossos relacionamentos, seja com Ele, com Deus e com o nosso próximo é que
sejamos absolutamente sinceros e verdadeiros, ou seja, tenhamos compromisso com
a verdade, mesmo nas coisas pequeninas e nos por menores da vida cotidiana.
Como seres humanos, estamos sujeitos a sucumbir às
tentações de mentir, ser infiel, odiar, agir com egoísmo, ceder às
concupiscências, esquecer e não cumprir com compromissos com os outros e
principalmente com Deus. Tais condutas não coincidem com um andar santo e
consagrado daquele que se declara seguidor de Cristo.
Deus não pode mentir e espera que cada um que se
declara cristão, tenha compromisso com a verdade, sendo honestos a qualquer
custo, havendo transparência em suas palavras ditas a Deus ou a alguém, seja
ela um “sim” ou um “não” (Tito 1,2; Colossenses 3,9; Efésios 4,15,25). O
cristão tem que estar ciente que ele não é obrigado a jurar, mas precisa e deve
sempre dizer a verdade.
É o Senhor quem nos aconselha através da Palavra de
Jesus que veio nos revelar o que é ou não do agrado do Pai: “não jureis de modo
algum”.
Não somos senhores da nossa existência, por isso
não podemos dar garantia de coisas de que não temos o alcance. Não pudemos ser
senhores da verdade, porém podemos ser firmes naquilo que é a verdade de Deus,
dizendo sim ou não de acordo com a Sua Palavra, com Seus ensinamentos. Não
podemos acrescentar nenhum dia à nossa existência nem tampouco comandar a
rotina da nossa vida. Até os cabelos da nossa cabeça não estão sob o nosso
governo, por isso, humildes e conscientes nós necessitamos nos abandonar às
sugestões do Senhor e dizer sim, quando for do Seu agrado, e não, quando Ele
nos permitir. Que as nossas ações acompanhem as nossas palavras!
Você tem sido fiel ao sim que dá a Deus? A que
ou a quem você tem dado não? Você tem dado a sua vida em garantia para
algum propósito seu? O que você, seguramente, acha que lhe acontecerá?
Propósito:
Pai, seja o meu sim, sim, e o meu não, não, de
forma que o maligno não contamine o meu coração com a mentira, levando-me a ser
falso no relacionamento com meu próximo.
Dia 14
Quando
agradece, você demonstra seu valor a quem o favoreceu.
Também
existem outras formas de demonstrar gratidão, como, por exemplo, fazer uma ação
concreta, para ajudar alguém necessitado.
Para
realçar este fato, está a parábola dos leprosos.
Embora
tenham sido dez os curados por Jesus, somente um se lembrou de voltar de
demonstrar seu reconhecimento.
Na
carta de São Paulo aos Efésios, ele se sentiu profundamente tocado por Deus; de
seu coração, brotou este belo hino de ação de graças:
“Bendito
seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e que nos abençoou com toda
bênção espiritual nos céus, em Cristo” (Ef 1,3).
Neste
dia, entoe o belo cântico de ação de graças de Paulo aos Efésios (Ef 1,1-14).
“Prostrou-se
aos pés de Jesus e lhe agradeceu. E este era um samaritano”.
(Lc
17,16).
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