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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

EVANGELHO DO DIA 16 DE DEZEMBRO 2018 - 3º DOMINGO DO ADVENTO



16 de dezembro - Marquemos, passo a passo, o nosso progresso espiritual, sem nunca desanimar com as nossas quedas: ergamo-nos sempre com coragem, retomando novas forças para prosseguir a caminhada em direção ao Céu. (S 210). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 3,10-18

 "Então o povo perguntava: – O que devemos fazer? Ele respondia: – Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma, e quem tiver comida reparta com quem não tem. Alguns cobradores de impostos também chegaram para serem batizados e perguntaram a João: – Mestre, o que devemos fazer? – Não cobrem mais do que a lei manda! – respondeu João. Alguns soldados também perguntavam: – E nós, o que devemos fazer? E João respondia: – Não tomem dinheiro de ninguém, nem pela força nem por meio de acusações falsas. E se contentem com o salário que recebem. As esperanças do povo começaram a aumentar, e eles pensavam que talvez João fosse o Messias. Mas João disse a todos: – Eu batizo vocês com água, mas está chegando alguém que é mais importante do que eu, e não mereço a honra de desamarrar as correias das sandálias dele. Ele os batizará com o Espírito Santo e come fogo. Com a pá que tem na mão, ele vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu depósito, mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga. João anunciava de muitas maneiras diferentes a boa notícia ao povo e apelava a eles para que mudassem de vida." 
 Meditação
 Neste 3º Domingo do Advento, a Igreja nos exorta vivamente a abrir o nosso coração à alegria. Com efeito, é o domingo conhecido como Gaudete (“alegrai-vos”).
 No Evangelho de hoje, João Batista é apresentado como pregador de conversão e ao mesmo tempo como mensageiro de alegria.
 O seu único anseio é preparar o povo para acolher a salvação que se faz presente em Jesus Cristo. O Senhor está perto e, por isso, devemos ouvir a palavra do profeta Sofonias, que nos anima: “Alegra-te e exulta de todo o coração” (Sf 3,14c).
 A passagem de Lucas nos fala do testemunho de João Batista, o precursor. Sua pregação impressiona o povo, as pessoas se aproximam dele para perguntar-lhe: “Que devemos fazer?” (v. 10), é uma prova de que compreenderam a mensagem, percebem que o batismo de João exige um compromisso.
 A resposta chega em seguida: partilhem o que possuem: vestes, comida, etc (VV. 10-11). Esta passagem trata da pregação de João Batista, que: “Percorria toda a região do rio Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados”( v.3)
 Os versículos 10-14, que constam somente em Lucas, demonstram bem a sua teologia e contexto – não são os líderes religiosos que estão prontos para arrepender-se, mas o povo comum, e até pessoas que estavam à margem da sociedade, – como cobradores de impostos e soldados.
 Mais adiante no Evangelho, são estas as pessoas que vão responder positivamente diante da pregação do próprio Jesus. Escrevendo para as comunidades pelo ano 80-85 d.C., Lucas quer lembrar os cristãos que eles também devam estar abertos para achar sinceridade e bondade fora das vias “aceitáveis”- como fizeram João e Jesus!
A frase lapidar do trecho é a pergunta que os diversos grupos formulam para João: “O que devemos fazer?” Esta pergunta aparece mais vezes no Terceiro Evangelho, em Lc 10, 25 (na boca dum doutor da Lei) e Lc 18,18 (uma pessoa importante), e também nos Atos dos Apóstolos: At 2,37 (os judeus depois da pregação do Pedro), At 16,30 (o carcereiro gentio de Filipos), At 22,10 (Saulo, o perseguidor).
 Usando este artifício, Lucas quer salientar que é uma pergunta que tem que ser feito constantemente durante a nossa caminhada.
 Não há cristão que possa se dispensar de fazê-la sempre, por achar que já sabe a resposta. É interessante que João, embora uma pessoa de cunho fortemente ascético, não exige sacrifícios, ou práticas religiosos como jejum e abstinência.
 Ela enfatiza uma exigência muito mais radical, que atinge o cerne do nosso ser – uma preocupação com os mais pobres, manifestada na busca de justiça e solidariedade.
 As nossas Campanhas da Fraternidade seguem esta linha de João – pois muitas vezes é mais fácil abster duma carne ou duma bebida do que engajar-se na luta por um mundo melhor. Este trecho traz à tona mais uma vez um dos temas principais do Evangelho de Lucas – o uso correto dos bens materiais.
No fundo, João aqui prega antecipadamente o que mais tarde Jesus vai ensinar – a partilha dos bens com as pessoas que sofrem necessidades, a justiça nos relacionamentos econômicos e políticos, a conversão que se manifesta numa mudança radical da vida.
 A segunda parte da passagem insiste que João é inferior a Jesus. João batiza com água como agente de purificação, mas Jesus usará a força purificadora maior do Espírito Santo e do fogo. Lucas vai mostrar em Atos 2 – na história de Pentecostes – como o fogo do Espírito Santo cumpre a sua missão nas pessoas. O texto termina com a declaração que “João anunciava a Boa Notícia ao povo de muitos outros modos”(v.18). O que João prega é tão semelhante ao que Jesus pregará que também merece ser taxado de “Boa Notícia”. A boa notícia da chegada da misericórdia e da salvação de Deus duma forma gratuita, mas que exige resposta de cada pessoa.
É a crise existencial do mundo todo – aceitar ou rejeitar a salvação oferecida gratuitamente em Jesus. Para Lucas, esta decisão tem que ser renovada sempre, através da pergunta “o que devemos fazer?”, enquanto continuamos andando “pelo caminho”! “Que devemos fazer?” É a pergunta que muitos podemos formular hoje. A resposta de João Batista não é teoria vazia.
 É através de gestos e ações concretas de justiça, respeito, solidariedade e coerência cristã, como vamos demonstrar nossa vontade de paz, como vamos construindo um tecido social mais digno de filhos de Deus, como vamos conquistando as mudanças radicais e profundas que nossa vida e nossa sociedade necessitam.
 Para isso é necessário purificar o coração, deixar-se invadir pelo Espírito de Deus, buscar a libertação das ataduras do egoísmo e da acomodação, não temer a mudança e estar dispostos com alegria, com esperança e entusiasmo, a contribuir na construção de um futuro mais humano, que seja verdadeira expressão do Reino de Deus, que Jesus nos traz, e assim poder exclamar com alegria: venha a nós teu Reino, Senhor!
 Reflexão Apostólica:
 Na semana passada, nos foram apresentadas algumas metáforas que tinham a ver com a preparação de um caminho para a chegada do Senhor.
 Hoje, três grupos de pessoas perguntam como deve ser feita esta preparação de maneira concreta, ou seja, o que significa endireitar o caminho, aplainar vales etc.
 Primeiro, vem a pergunta do povo em geral, depois a dos cobradores de impostos e, finalmente, a dos soldados. “Que devemos fazer?” É a pergunta insistente das multidões que se dirigem a João.
 Elas não querem só ouvir falar da conversão como tal, mas querem saber concretamente o que deve ser feito. E esta é a pergunta que fazemos também nós hoje. João responde sem demora.
Tudo o que devemos fazer é o que diz respeito ao nosso comportamento em relação ao próximo. Como tratamos as pessoas?
 A conversão deve se demonstrar através de tal comportamento. A conversão exige a partilha fraterna e a renúncia a qualquer tipo de injustiça. De fato, a todos é dirigido o pedido da partilha: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem”.
 Não é um pedido dirigido só a quem vive na abundância para que doe algo do que lhe sobra, mas a todos aqueles que têm alguma coisa a mais daquilo que lhes é necessário. Até mesmo aquela pessoa que só tem duas túnicas, deve dar uma e se contentar em ter uma só, se o seu próximo não tem nenhuma.
 Diante da necessidade do próximo, nós só podemos ter o necessário. Pois é, mas quantas vezes ouvimos este Evangelho e temos um monte de coisas ainda em bom estado de conservação e ficamos ano após ano contemplando-o ou até mesmo nem sabemos onde elas estão: é uma roupa que compramos ou ganhamos e nunca usamos, é o computador ou celular anterior, ainda funcionando direitinho, são alimentos que esperamos terminar o prazo de validade pra jogar no lixo, são livros acadêmicos que já faz um tempão que não o abrimos, sinal de que não vamos mais precisar deles. Mas o apego quer nos impedir de doar tudo isso e muito mais a quem necessita.
 Experimentem e vejam a dor do desapego e logo em seguida a satisfação da libertação.

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