14 setembro - Exaltação da Santa Cruz.
Amemos a cruz, pois é ela que nos deverá introduzir no Céu. (S
209) São Jose Marello
EVANGELHO DO DIA
João 3,13-17
"Ninguém subiu ao céu, a não ser o
Filho do Homem, que desceu do céu.
- Assim como Moisés, no deserto, levantou a cobra de bronze numa
estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado, para que todos os
que crerem nele tenham a vida eterna. Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o
seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida
eterna. Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo."
Meditação:
O valor tão elevado que
atingem certos objetos está relacionado diretamente com a importância da pessoa
que o usou. Em si mesmos, seu valor é infimamente menor.
Assim, a festa de hoje
não teria nenhum valor para nós, se o Cristo não tivesse se doado por amor e
por nosso resgate, derramando sua vida em nosso favor.
Com certeza, haverá aqueles que, sem entender o verdadeiro sentido,
acusar-nos-ão de estarmos adorando um objeto no lugar de Jesus.
A estes irmãos, é bom
saber que o lenho da cruz, assim como os santos e até Maria, não teria
para nós nenhum sentido, se não fosse pelo Cristo que experimentaram e pelo
qual se doaram, deixando-nos o exemplo de que sim, é possível, que criaturas
imperfeitas e pecadoras - pela sua graça - alcancem méritos diante de seu
Criador.
A festa da
Exaltação da Santa Cruz é a festa da Exaltação do Cristo vencedor da
morte e do pecado por seu corpo dado e sangue derramado no alto da cruz.
Para o cristianismo a
cruz é o símbolo maior de fé, com cujos traços todos nós nos persignamos desde
o momento do levantar até o deitar a cada dia.
Na cerimônia batismal o
primeiro sinal de acolhida à criança recém-nascida é o sinal-da-cruz traçado em
sua fronte pelo Padre, Pais e Padrinhos, sinalando-a para sempre com a marca de
Cristo.
Desde os tempos antiqüíssimos, a Igreja passou a celebrar exaltar e venerar a
Cruz, inclusive, como símbolo da árvore da vida que se contrapõe à árvore do
pecado no paraíso, e símbolo mais perfeito da serpente de bronze que Moisés
levantou no deserto para curar os israelitas picados pelas cobras porque o
Filho do Homem nela levantado cura o homem todo e todos os homens, o corpo e a
alma dos que nele crêem e lhes dá a vida eterna.
No Evangelho de hoje Jesus retoma esses símbolos do passado bem conhecidos pelo
povo (serpente, árvore, pecado, morte) para dizer que no lugar da serpente de
bronze pendurada no alto de um poste de madeira Ele mesmo é quem seria
levantado no lenho da cruz.
Se o pecado e a morte advieram da insídia e veneno do demônio, nos símbolos da
árvore proibida e da serpente do paraíso e do deserto, a bênção, a salvação e a
vida eterna advêm do Cristo levantado no alto da cruz de onde Ele atrai a si os
olhares de toda a humanidade.
Eis porque a Igreja canta na Liturgia Eucarística da festa: Santa Cruz adorável, de onde a
vida brotou, nós, por ti redimidos, te cantamos louvor! E na Liturgia das
Horas: Mais altaneira do que os cedros, ergue-se a Cruz triunfal: não traz um
fruto de morte, traz a vida a todo mortal.
A cruz, antes de ser
sinal de sofrimento e de morte, é sinal de salvação. O evangelho nos ensina a
olhá-lo como manifestação do amor de Deus.
Por ser amor e ternura radical, Jesus, assim como uma mãe ou um pai, não gosta
de ver seus filhos sofrendo. E não pode ser visto como mandante do assassinato
do próprio Filho. Jesus morreu em consequência de sua fidelidade ao Pai.
Foi vítima das autoridades da época, que o consideravam perigoso. A cruz era o
suplício dos escravos e dos subversivos.
A lembrança de Jesus na cruz nos faz conscientes de que os chefes do mundo,
ainda hoje, têm este poder de morte e o exercem, enlouquecidos por suas
ambições.
Na nossa América Latina temos a lembrança dos que foram sacrificados por suas
lutas a favor dos pobres e oprimidos. A humanidade é exaltada pelo dom da vida
eterna na encarnação de Jesus, comunicando a todos seu amor libertador, pelo
que foi crucificado.
Como vimos, no
Evangelho de hoje, Jesus é procurado por Nicodemos para responder algumas
perguntas que nós mesmos gostaríamos de fazer a Ele. Primeiro, Nicodemos queria
saber se alguém já tinha subido aos céus, depois da morte.
Jesus é muito claro na resposta: "Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele
que desceu do céu, o Filho do Homem". E completa: "...é necessário
que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que n'Ele crerem tenham
a vida eterna."
Para nós, não é difícil
entender o que Jesus queria dizer, pois nós já sabemos o que aconteceu com Ele.
Mas para Nicodemos e as pessoas daquela época, devia ser impossível entendê-lo,
pois eles não sabiam que Jesus estava falando da sua morte e ressurreição.
A segunda pergunta, eu imagino que tenha vindo assim: "Jesus, já vi muitas
vezes você pregando, e quase sempre você está advertindo e repreendendo as
atitudes erradas das pessoas... Deus mandou você ao mundo para nos
julgar?" E Jesus conclui: "De fato, Deus não mandou seu Filho ao
mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele."
De tudo isso, podemos
concluir que todos nós temos salvação, independente do que tenhamos feito e,
como diz a canção: "Saiba que todo teu pecado, em toda a tua vida, é
uma pequena gota que se derramou no mar da misericórdia infinita de Deus".
Reflexão Apostólica:
A lição prática de hoje é
aparentemente bem simples: aceitar a salvação que Jesus veio nos trazer. A
salvação é para quem aceita Jesus e vive segundo seus preceitos e a principal
função da igreja é facilitar esse processo. Se Jesus não veio para condenar,
quanto mais a igreja, ou determinadas religiões...
Para quem se acha no direito de condenar, a reflexão de ontem é bem direta:
"com a mesma medida que julgares, serás julgado".
Ninguém pode ficar de fora. Jesus veio para salvar o mundo e não para
condená-lo. Esta é a vontade do Pai: que todos sejam salvos. Aquele que precisa
ser salvo corre risco de vida se não estiver constantemente alerta para as
ciladas do inimigo.
Neste Evangelho Jesus nos diz: “é
necessário que o Filho do homem seja levantado para que os que nele crerem
tenham a vida eterna.”
Uma única vez Jesus foi levantado na CRUZ para a salvação do mundo, porém é
necessário que a cada dia no mundo inteiro nós continuemos erguendo o Seu Nome,
anunciando o Seu Evangelho.
Para nós também é sinal de salvação a Eucaristia a qual nós participamos, pois
a cada Missa se renova o memorial da Sua Paixão.
Aqueles que crêem têm a vida eterna. Para que todos creiam em Jesus e tenham a
vida eterna nós precisamos fazer a nossa parte e sem descanso anunciar ao mundo
que Jesus veio para todos, que Ele é a fonte de vida eterna. Jesus é aquele que
Deus deu ao mundo por amor e para que todos sejam salvos do pecado e da morte
eterna.
Não podemos nos contentar no relativismo dos tempos modernos dizendo que tudo é
válido, e que todos os caminhos nos levam a Deus: há um só Caminho, Jesus
Cristo e nós não podemos perder tempo em propagar a todos esta verdade. Você acha que o mundo está perdido,
que não há mais chance? Qual será a sua parte na salvação que Deus quer trazer
para todos os homens? Você acha que uma andorinha só não faz verão? Você acha
justo que Deus queira salvar todo homem: os bons e os maus? Você quer?
Propósito:
Pai,
ao exaltar a cruz de teu Filho Jesus, quero abrir meu coração para que ela
frutifique em mim, renovando minha disposição de ser totalmente fiel a ti. Senhor Jesus, nesta festa em que exaltamos o madeiro no qual
restaurastes nosso convívio harmonioso com o Pai, te pelo que, enquanto caminho
neste mundo, cercado por problemas, dores e distorções, nunca me esqueça
do teu sacrifício por mim e, da mesma forma, que tu não rejeitaste a tua
cruz, mas a levaste até ao fim eu contigo aprenda a não fugir dela mas,
pedir forças à Deus teu Pai e a me doar aos meus irmãos naquilo que estiver ao
meu alcance, até que um dia possa contigo cantar o eterno Hino de Louvor lá no
céu.
A
Cruz: equívocos de interpretação
No dia 14 de setembro a Igreja celebra a "exaltação da Santa Cruz”. A festa recorda a época em que a fé cristã, tornada religião livre, e aos poucos hegemônica na Europa, propiciou aos cristãos cunharem símbolos de sua identidade, que favorecessem sua afirmação social e cultural.
O contexto histórico da fragmentação do império
romano, favoreceu a constituição de uma nova entidade, com as suas diversas
dimensões de ordem religiosa, cultural, social e econômica.
No âmbito do antigo império, foi emergindo
a Igreja. Ela expressava o grande número de pessoas que passaram a fazer da
nova fé religiosa, um elo de vinculação social, com suas práticas e seus
símbolos.
Entre estes símbolos, sobressaiu a cruz.
Pela maneira como ela evocava acontecimentos fundantes da nova fé, a cruz se
tornou o símbolo mais eloqüente, com a vantagem de ser ao mesmo tempo simples
na sua configuração, e profundo na evocação dos fatos centrais relativos a
Cristo.
Foi então que cresceu a curiosidade por
encontrar a cruz autêntica usada na execução de Cristo no calvário. Assim, o
interesse pelo símbolo, despertou o interesse pelo objeto.
Nos inícios da Igreja primitiva não se
encontra nenhum rastro deste interesse pelo objeto concreto da cruz de Cristo.
Ao contrário, os fatos testemunham o grande impacto causado pela presença viva
do Ressuscitado. Se ele estava vivo, pouco interessavam os instrumentos de sua
morte. Não se comprova nenhum interesse em identificar ou guardar objetos que
tinham estado em relação pessoal com Cristo. Ninguém se preocupava em saber
onde teria ido parar o manto de Cristo, onde estaria o cálice usado por ele na
última ceia, e assim por diante.
Só depois de estruturada como entidade, a
Igreja passou a cultivar os símbolos de sua identidade. Foi então que emergiu a
importância da cruz, como portadora de uma simbologia muito profunda, e bem
caracterizada.
Todo símbolo recebe o seu significado do
relacionamento concreto com os fatos que o constituíram como sinal. Cultivando
esta vinculação, se aprofunda o significado do símbolo. Quanto mais, por
exemplo, se relaciona a cruz com o testemunho de amor que Cristo expressou por
ela, mais a cruz se torna símbolo de sua mensagem.
Mas, por contraste, quanto mais se vincula
um sinal que já tinha o seu significado próprio, com contextos contrários a
este significado, o símbolo inverte sua mensagem no novo contexto associado a
ele.
Foi o que aconteceu com a cruz. Usada na
morte de Cristo, passou por sua primeira grande metamorfose simbólica, deixando
de ser sinal de condenação, para se tornar, para os cristãos, sinal de
salvação.
Mas infelizmente, os cristãos usaram a
cruz como símbolo das "cruzadas” contra os povos que habitavam a antiga "terra
santa”. De tal modo que, para esses povos, até hoje a cruz é maldita, pois
evoca os equívocos cometidos nestes episódios históricos.
Tanto que os cristãos precisam agora
relativizar o uso da cruz no seu relacionamento com os muçulmanos.
Até entre os próprios cristãos, o uso da
cruz não é unânime. Viajando pelo interior dos Estados Unidos, dá para
distinguir claramente a diferença de cemitérios. Onde os túmulos são encimados
pela cruz, o cemitério é católico. Onde os túmulos são desprovidos de cruz, o
cemitério é protestante.
Parece que os cemitérios acabaram entrando
na conversa de hoje, para dizer que os desentendimentos humanos são quase
fatais. Até nossas bandeiras podem se tornar símbolos equivocados, se não
soubermos distinguir, afinal de contas, entre o significante e o significado.
A propósito, o sábio provérbio latino nos
adverte: "Cave a signatis!”. Isto é, cuidado com os marcados por símbolos.
Dia 14
O rosto
mais belo é aquele que se ilumina com um sorriso franco e sincero, pois reflete
a beleza da alma e torna as pessoas agradáveis na convivência humana.
Um sorriso
é capaz de dar ânimo e coragem a um coração triste.
Por isso,
que sua passagem por este mundo seja repleta de compreensão e ternura para com
os demais.
Seja
sempre portador da alegria de viver.
“É pela
graça de Deus que sou o que sou.
E a graça
que ele reservou para mim não foi estéril; a prova é que tenho trabalhado mais
que todos eles, não propriamente eu, mas a graça de Deus comigo”. (1Cor 15,10).
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