24 - Contristemo-nos porque não poucos irmãos deixaram definhar os germes desta virtude, que São José queria bem arraigada em seus corações: lastimemos a sua sorte e façamos dela objeto de meditação para nós. (L 234). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 13,10-17
"Os discípulos aproximaram-se e disseram
a Jesus: "Por que lhes falas em parábolas?" Ele respondeu:
"Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles
não. Pois a quem tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas a quem não
tem será tirado até o que tem. Por isto eu lhes falo em parábolas: porque
olhando não enxergam e ouvindo não escutam, nem entendem. Deste modo se cumpre
neles a profecia de Isaías: 'Por mais que escuteis, não entendereis, por mais que
olheis, nada vereis. Pois o coração deste povo se endureceu... Fecharam os seus
olhos, para não verem com os olhos, para não ouvirem com os ouvidos, nem
entenderem com o coração, nem se converterem para que eu os pudesse curar'.
Bem-aventurados são vossos olhos, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem!
Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo,
e não viram; desejaram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram."
Meditação:
Uma
das características fundamentais do Mestre é ter e compreender os alvos do seu
ministério de ensino. Jesus, o Mestre dos mestres, tinha esta compreensão e
sabia que tinha de fazer o Pai conhecido dos homens.
Era
necessário que se desse atenção especial aos alunos e para que o aluno fosse o elemento
mais importante, Jesus tinha que se fazer entendido e compreendido por eles e
isto só seria possível se descesse ao nível do aluno, ou seja, se utilizasse um
método a que o aluno estivesse acostumado e de elementos que permitissem que o
aluno entendesse as verdades espirituais a respeito de Deus.
Jesus
tinha de usar as parábolas, pois era o método que, ao mesmo tempo, permitiria
que todo o povo de Israel, que eram os seus potenciais alunos, pudesse ter real
acesso ao conhecimento do Pai, seja pelo fato de que já estavam acostumados a
este método de ensino, seja porque a linguagem empregada permitiria uma fácil
compreensão de todos quantos quisessem aprender.
Jesus
quer que o ensino da sua Palavra se faça de modo claro e acessível a todos os
ouvintes, respeitando-se, pois, as condições culturais, educacionais e sociais
dos ouvintes. Jesus ensinou por parábolas porque o povo de Israel não poderia
ter qualquer desculpa com relação à rejeição do Messias.
Ao
ensinar por parábolas, Jesus ensinava usando de imagens que todos pudessem
compreender. Jesus ensinou por parábolas para mostrar que só não compreende o
Evangelho quem não quer. Suas simples palavras podiam ser perfeitamente
compreendidas por ouvintes sinceros, e torná-los sábios para a salvação.
Ao
ensinar por parábolas, Jesus foi claro, se fazia compreensível a todos, mas
esta compreensão exigia, pelo uso do método das parábolas, uma disposição de
aprendizado por parte dos ouvintes, uma vontade de um maior aprofundamento,
tanto que somente os discípulos, depois de algumas parábolas, demonstravam
interesse em aprender as coisas de Deus e, assim, chegavam a pedir ao Senhor
que lhes explicasse a parábola de forma mais detalhada. Jesus, assim, tinha o
objetivo de mostrar claramente quem tinha e quem não tinha interesse em
conhecer o Pai, em outras palavras, quem, realmente, amava a Deus, a ponto de
não ser mais chamado servo, mas amigo do Senhor (Jo.15:15).
Jesus
se expressava por meio de parábolas, ou seja, estórias inventadas por Ele baseada
no dia-a-dia daquele povo. Jesus, sendo Deus, poderia muito bem falar difícil,
usando palavras sábias, mas o povo humilde, o camponês, os pastores e criadores
de gado, não iriam entender quase nada, ou mesmo nada e, ao contrário, sentindo-se
humilhados por aquela forma para eles arrogante de discursar, iriam virar às
costas, e sair talvez reclamando, e não voltariam mais para ouvir Jesus.
Também
nós evangelizadores, por mais estudo que possamos ter, não convém que usemos
palavras difíceis nos nossos discursos, mesmo por que o nosso público alvo são
os humildes, e entre eles estão muitos que não tiveram como nós, a oportunidade
de cursar uma faculdade. Jesus optou pelos pobres, assim também nós, não vamos
ignorar os ricos, mas preparemos a nossa mensagem tendo em vista os mais
simples da sociedade.
Reflexão Apostólica:
Desde
sempre verificamos a presença de uma constante ambiguidade ao direcionarmos o
nosso olhar aos que têm usos, costumes, culturas e religiões diferentes dos
nossos.
É
possível considerar negativamente tais diferenças, a ponto de rotular os outros
de “bárbaros”, de exóticos e de estranhos. Pela ótica positiva, os outros
continuam sendo “diferentes”, mas entram numa dimensão de vizinhança e de
proximidade.
Diante
do “outro” e do “diferente” surgem atitudes diametralmente opostas: uma leva ao
desprezo do outro a ponto de “demonizá-lo”, considerando-o um inimigo a ser
combatido e, portanto, a ser eliminado; outra “idealiza-o” como se fosse um
membro de uma sociedade paradisíaca, onde todos vivem em perfeita harmonia
entre si e com a natureza (que o mito do “bom selvagem” o diga!).
Ainda
hoje, vez por outra, esta ambiguidade vem à tona com força. Trata-se de uma
estranha forma de “miopia” que, no contexto atual de fanatismos e fundamentalismos,
pode afetar também as pessoas, cuja vocação consiste em descobrir os múltiplos
sinais da presença de Deus na história da humanidade.
Do
outro lado, existe uma “visão” mais nítida da realidade que, apesar de toda
complexidade, nasce e se desenvolve a partir de uma experiência de diálogo e de
encontro autêntico com os “outros”. Daí surgem e se descobrem riquezas e
valores surpreendentes: outras maneiras de viver, de pensar e de se expressar
tornam mais significativa a vida de quem estabelece relações humanas autênticas.
Naturalmente,
para que este encontro seja significativo, é necessário superar obstáculos, bem
como o sentimento de superioridade, a atitude de arrogância, típica de quem
pensa possuir a totalidade da verdade, e toda forma de paternalismo.
Tudo
isso encontra um ponto de referência no Evangelho de hoje, que realça a maneira
de olhar do discípulo de ontem e de hoje. Antes de tudo, o grupo dos discípulos
se mistura com a multidão reunida em torno de Jesus, vendo de perto a sua atividade
e ouvindo o seu ensinamento (13,1-3). Porém, a expressão “a vós foi dado
conhecer os mistérios do Reino dos céus” (v. 11), mostra que o relacionamento
dos discípulos com Jesus é diferente daquele da multidão.
Eles
têm acesso ao projeto de Deus (= conhecer os mistérios do Reino), dom que a
multidão não tem (a eles não foi dado), pois eles, não somente vêem em Jesus o
que todo mundo vê, mas “enxergam” nele a presença ativa de Deus. Não por acaso,
mais adiante, Jesus os declara bem-aventurados por terem uma “visão profunda” da
realidade, que ultrapassa de longe as expectativas de “muitos profetas e
justos” (13,16-17).
De
fato, os discípulos “veem e enxergam”, constatando pessoalmente que as antigas
promessas proféticas se realizam na atividade e na pregação de Jesus. Em contraste
com a situação dos discípulos, Mateus apresenta a rejeição da multidão, que vê,
mas “não enxerga”, a manifestação de Deus e o seu projeto de salvação atuando
em Jesus.
O
que estabelece a diferença entre os discípulos e a multidão é o relacionamento
com Jesus: os discípulos se identificam com a ação e a mensagem de Jesus, por
isso conseguem perceber nele a presença divina, a ponto de assumirem o “mesmo
olhar”; a multidão, ao contrário, não consegue o mesmo, porque a chave para entrar
nesse “conhecimento” foi sequestrada pelos doutores da Lei (23,13). Por isso,
“vê sem enxergar”, continuando, porém, a receber o anúncio do Reino através das
parábolas.
A
mensagem é clara: só quem está envolvido no projeto de Jesus consegue abrir os olhos
para perceber a presença divina na história; quem permanece fechado na própria autossuficiência,
não só terá uma visão superficial da realidade, mas ficará como que petrificado
diante da perspectiva de demonizar o “outro” ou de expulsá-lo da história,
transformando-o num ser paradisíaco, irreal e fantástico.
Propósito:
Pai,
dobra a dureza do meu coração que me impede de ouvir e compreender a palavra de
teu Filho. Faze-me penetrar nos mistérios do Reino escondido nas parábolas.
Agradeça a Deus pela vida; pela família,
pelos amigos; pelo trabalho, pelo par de cada dia; por sua casa, por mais um
dia de vida e por mais um boa noite de sono. |
Agradecer é um gesto nobre, que pode
ser cultivado a qualquer momento. |
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