01 agosto - Façamos com paciência o nosso trabalho, esperando a carta de "dispensa", que nos dará o direito de voltar à terra natal, ao seio da família, à casa do Pai, que está nos Céus. (L 36). São Jose Marello
Mateus 13,54-58
"Quando Jesus acabou de contar essas parábolas, saiu dali e voltou para a cidade de Nazaré, onde ele tinha morado. Ele ensinava na sinagoga, e os que o ouviam ficavam admirados e perguntavam:
- De onde vêm a sabedoria dele e o poder que ele tem para fazer milagres? Por acaso ele não é o filho do carpinteiro? A sua mãe não é Maria? Ele não é irmão de Tiago, José, Simão e Judas? Todas as suas irmãs não moram aqui? De onde é que ele consegue tudo isso?
Por isso ficaram desiludidos com ele. Mas Jesus disse:
- Um profeta é respeitado em toda parte, menos na sua terra e na sua casa.
Jesus não pôde fazer muitos milagres ali porque eles não tinham fé."
Meditação:
Os conterrâneos de Jesus O tinham
visto partir como filho de carpinteiro, e agora O reencontram como Mestre,
rodeado de discípulos.
É uma novidade que interpretam somente
como vantagem social. Isso os impede de acolherem a Palavra de Deus e a
explicação das Escrituras e a Sua revelação como o Ungido de Deus.
Vista a posição de Jesus neste prisma
cria neles a impressão de que Jesus partiria acabando por deixá-los outra vez
na sua pobreza.
É que no tempo de Jesus o judaísmo
tinha suas esperanças na vinda de um messias que restauraria o antigo império
de Davi, glorioso, segundo dizia a tradição.
Estas esperanças tinham suas
raízes na teologia de poder elaborada na corte dos descendentes de Davi.
Visavam recuperar seu poder e seus privilégios.
Na realidade, a realeza,
consolidada, por Davi distorceu o ideal de igualdade e partilha característico
da tradição de Moisés.
O projeto de Deus não é o de
consolidar as estruturas de realeza e poder. O projeto de Deus é resgatar e
promover a vida entre os pobres e excluídos, criando laços pessoais e sociais
de fraternidade e partilha.
Este projeto nasce no meio do
povo. Nasce em uma insignificante cidade da Galiléia, na casa de um simples
carpinteiro, José. Este projeto nasce com a proclamação de seu filho Jesus de
Nazaré.
Jesus reconhecidamente tem
sabedoria e energia de comunicação. Mas sua origem humilde choca as pessoas
submetidas à ideologia de poder do judaísmo.
Rejeitado por aqueles
seduzidos pelo poder, Jesus encontra acolhida entre os pobres e pequeninos que
lutam para se verem livres da humilhação, da escravidão, das injustiças
sociais, das drogas, da prostituição, da luxuria, da criminalidade, da
violência e de todo tipo de pecado. Mas isso, não se faz sem trabalho.
É preciso passar pela escola da
humildade, da simplicidade, da força de vontade. E a melhor escolinha é aquela
de José, na insignificante cidade de Nazaré.
Somos convidados a olhar para
José, homem justo, que tirava de seu trabalho na carpintaria o sustento honesto
de sua vida.
Lançando nosso olhar para os
nossos dias notamos uma grande distância dos homens entre si. Por causa do
avanço da ciência e da técnica.
A técnica traz seus benefícios, mas
às vezes não só substitui o trabalhador, mas até o escraviza ou pior ainda o
neutraliza.
Para o mundo digital, quem não se
desenvolve no manejo da ciência e da técnica é excluído. A pessoa passa para
segundo plano porque as relações que marcam o mundo do mercado do trabalho são
as da produção, do aumento do lucro, e não a vida e a dignidade da pessoa.
Na última parte do texto de hoje, Jesus nos dá um puxão de orelha. Porque muitas
vezes fechamos os nossos ouvidos para acolher o conselho, a advertência e o
ensino daqueles que não nossos parentes, familiares, vizinhos ou conhecidos.
Por outro, encoraja-nos a não
desistirmos na nossa missão de anunciar o reino de Deus seja a que custo for.
Jesus nos ensina que a tarefa é dura, sobretudo quando se trata de evangelizar
a partir de dentro de casa.
Para Jesus também não foi fácil ser
profeta na sua casa, na sua família. As pessoas duvidavam dele, não queriam
acreditar no Seu poder e por isso mesmo Ele não fez ali muitos milagres.
Jesus é Aquele irmão que Deus nosso Pai nos enviou para nos mostrar o caminho
que nos leva para o Céu. E então, precisamos estar atentos para acolher as
pessoas que dentro da nossa casa nos abrem os olhos e são instrumentos de Deus
para nossa conversão. Ouvidos atentos e coração aberto, porque o Senhor fala
por meio de quem nós nunca nem esperávamos que falasse.
Muitas vezes Deus nos manda
Seus emissários que nos aconselham com palavras de sabedoria que Ele próprio
sugeriu para nós. Porém, por ser essa pessoa, simplesmente alguém que é muito
conhecido nosso, nós desprezamos as recomendações de Deus.
Nesse caso, os milagres também
não acontecem na nossa vida, e muitos problemas nunca serão solucionados por causa
da nossa impertinência.
Abertos ao convite da conversão, do arrependimento e da acolhida ao Reino dos
Céu, sejamos corajosos no anúncio do Evangelho a começar pelos nossos.
Reflexão Apostólica:
Talvez essa seja uma das
grandes verdades a serem superadas por nós: Será que Deus está falando através
do meu irmão, mas eu insisto em por barreiras para escutar? O quanto consigo
perceber que a dificuldade de ver ou ouvir está em mim e não naquele que me
aconselha? O quanto estamos abertos para ouvir um conselho?
Uma verdade é certa, ainda temos profunda dificuldade em reconhecer nossos
próprios erros e talvez seja essa a dificuldade ou barreira mais colocada,
porém a menos vista para se ouvir. Em contrapartida, temos uma habilidade
tremenda de procurar um culpado, uma “conspiração”, uma segunda intenção na
fala das pessoas.
“A fome e a vontade de comer” num mesmo momento: Não querer ouvir associado aos
pré-julgamentos que fazemos daquele que nos exorta.
Além dos fatos já narrados, Jesus era oriundo de uma cidade, uma região, um
povo simples…; num tempo onde o povo se acostumou (ou foi obrigado a se
acostumar) a ver a verdade vir apenas dos sábios e doutores da lei que advinham
de uma classe social acima, de um povo nobre, estudado, (…). Jesus rompia assim
mais um paradigma sócio-cultural.
Onde estão os profetas?
Por que se calaram? Calaram-se ou, como antes, não são ouvidos?
Partindo desse ponto…
Chamo muita atenção daqueles que se encantam ao ver ou ouvir falar da oração
“(…) Assim, AS LÍNGUAS SÃO SINAL, não
para os fiéis, mas PARA OS INFIÉIS; enquanto as PROFECIAS SÃO UM SINAL, não
para os infiéis, MAS PARA OS FIÉIS. Se, pois, numa assembléia da igreja inteira
todos falarem em línguas, e se entrarem homens simples ou infiéis, não dirão
que estais loucos? Se, porém, todos profetizarem, e entrar ali um infiel ou um
homem simples, por todos é convencido, por todos é julgado; os segredos do seu
coração tornam-se manifestos. Então, prostrado com a face em terra, adorará a
Deus e proclamará que Deus está realmente entre vós“. (I Co
14,22-25)
A condição nunca foi o estudo, o posto, a idade e sim fé. Se milagres não
acontecem, um dos motivos é a nossa falta de fé. Repito, onde estão os
profetas?
Estão na RCC, nas Pastorais, nos Vicentinos, no Cursilho, no ECC, nas ENS, no
CRISTMA, no Decolores, na PJ, em meio aos catequistas, espalhados por todas as
pastorais e também fora delas (…), mas por que não falam?.
Quando disse “fora delas” é porque devidamente acredito que Deus ainda suscita
profetas onde mais precisa deles e onde ainda existe um fio de esperança nas
pessoas.
Vejo profetas em meio a
uma reivindicação social, nos que trabalham como voluntários em causas nobres e
humanitárias. Vejo profetas lendo essa mensagem e levantando seu clamor a Deus.
Vejo ainda esperança no matrimonio, nas famílias, nos jovens; Vejo Deus
colocando profetas aonde se precisa.
Historicamente, os grandes estudiosos dividiram os profetas do Antigo Testamento
em maiores e menores em virtude de sua atuação e compromisso popular, mas o que
na verdade o que os diferenciava era a missão que Deus lhes confiou.
Reparemos Jesus,
conhecido pelos estudiosos como o maior de todos os profetas, que nada fez de
errado, foi condenado sem ao menos ser ouvido.
Assim, não engano, seremos nós em nossas casas, nossas famílias, no nosso
trabalho, em nossa comunidade (…), mas como o mestre o fez, mesmo recenseados,
não deixemos de falar, de ter fé, de profetizar a vida. A alguns Deus chamou
para grandes obras sociais e a outros a pequenos reparos em suas (nossas)
famílias.
A história um dia nos classificará como maiores ou menores, mas Deus nos
oferece sempre a MAIOR missão que podemos suportar, sendo assim, a cada vitória
uma nova missão na medida em que suportamos.
Quanto a não ser ouvido, demonstremos com a vida, não tem como não verem. Jesus
assim o fez e por até os céticos reconhecem que Ele foi realmente grande.
Propósito: Ver além das aparências e reconhecer a
presença de Deus nas coisas e pessoas mais simples do meu dia. |
É
sempre tempo de crescer para quem está decidido. |
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