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domingo, 3 de março de 2024

Evangelho do dia 08 março sexta feira 2024

 

08 março - Q Pediremos a São José que obtenha para todos nós a graça de conhecer e seguir a divina vontade (L 278). São José Marello

 

EVANGELHO DO DIA:

O mandamento mais importante - Mc 12,28b-34

Então um escriba aproximou-se de Jesus e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” Jesus respondeu: “O primeiro é este: ‘Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!’ E o segundo mandamento é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo!’ Não existe outro mandamento maior do que estes”. O escriba disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: ‘Ele é o único, e não existe outro além dele’. Amar a Deus de todo o coração, com toda a mente e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, isto supera todos os holocaustos e sacrifícios”. Percebendo Jesus que o escriba tinha respondido com inteligência, disse-lhe: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. E ninguém mais tinha 

 MEDITAÇÃO:

A crítica que Jesus faz à hermenêutica bíblica dos escribas, busca deslegitimar a teologia subjacente que condena e discrimina os pobres, as mulheres, os estrangeiros, os enfermos. Considerados impuros, sua condição social é ainda mais precária e desumana. Não somente são pobres, mas são considerados impuros, ou seja, excluídos da comunhão social judaica tornando ainda mais pesada sua dor e seu sofrimento, pois para perder esta "impureza" deviam pagar uma oferenda ao Templo e aos sacerdotes. Romper este “jugo ideológico” será um dos objetivos propostos por Jesus quando entra em controvérsia com escribas e fariseus. No evangelho de hoje, o escriba se dirige a Jesus de forma interrogativa, talvez esperando dele um progresso no terreno do conhecimento, mas Jesus o convida a sair do mundo dos “saberes” e lhe abre a possibilidade de centrar sua vida na única coisa que importa.

emos nesta narrativa de Marcos um caso único de diálogo de um escriba com Jesus, sem atritos. Os escribas eram intelectuais, minuciosos conhecedores dos textos da Lei. Este que dialoga com Jesus chega a afirmar que o amor a Deus e ao próximo supera todos os holocaustos e sacrifícios. Reconhece, assim, os dois maiores mandamentos. Jesus, então, afirma que ele não está longe do Reino de Deus.

Por seus detalhes, esta narrativa assemelha-se à cena do jovem rico, ao qual apenas faltou dar tudo aos pobres e seguir Jesus. Com isso se percebe que ao escriba faltava romper com as doutrinas e observâncias legais e desapegar-se de suas riquezas. A expressão de nossa adesão ao amor de Deus não é o culto religioso, mas sim o amor concreto e solidário ao nosso próximo.

Quando um dos escribas pergunta a Jesus sobre o primeiro mandamento, tenta arrastar Jesus a seu “campo” onde é especialista e ali então quebrar sua “popularidade” e sua autoridade. Mais de seiscentos mandamentos requer certa profissionalização jurídica. O escriba quer saber se Jesus é um "perito" naquilo que todo judeu ortodoxo — muito mais se se trata de um mestre — deve ser, no conhecimento, interpretação e cumprimento da Lei.

Jesus responde que há dois, vinculando assim experiência teológica (amarás a Deus…) e social (e a teu próximo…). Sua resposta não é dirigida a ampliar seus conhecimentos, mas a provocar nele uma mudança de vida... O Reino continua se aproximando também de nós quando aceitamos que ao amor não se chega pelo caminho das generalidades, mas por meio da realidade tangível e concreta dos fatos.

Quando o escriba considera acertada a resposta, dentro de um contexto pós-pascal conflitivo entre judaísmo e cristianismo, o relato quer ressaltar um princípio comum, mas também uma diferença —” Não estás longe do reino de Deus”. Contudo, esta é a base permanente de unidade entre judaísmo e cristianismo. A diferença está na maneira de entender quem é Deus, quem é Israel, quem é o próximo e aplicar suas conseqüências.

O diálogo se fecha quando se afirma a primazia da vida humana junto com a adoração a Deus. Tal afirmação constitui o ponto de contraste com o desenvolvimento dos acontecimentos posteriores. Paradoxalmente, a teologia que afirma a primazia da vida humana é a mesma que legitimará a morte de quem reivindica a primazia da vida humana, crendo defender a primazia da adoração a Deus.

Contra uma prática da religião meramente externa, fria e legalista, como era a dos escribas e fariseus, Jesus ensina que na verdadeira religião o amor é que tem a primazia, tanto na relação com Deus como com o próximo. Reconhecer isso, como fez o escriba, é já estar próximo do Reino de Deus.

Religião é re-ligação, é Deus chamando o homem para comunhão consigo ou é o homem tentando se auto-preencher, abafando o chamado interior. O homem tem dentro de si um vazio que só é preenchido por Deus. Deus o criou assim, deixando um espaço para comunhão com o ser humano. Mas quando Adão pecou, em suma, disse a Deus: "Não o quero em minha vida." Desde então o homem vem tentando preencher esse vazio, que o incomoda, para que se sinta em paz.

Entretanto, quando se acentua somente o amor a Deus, cai-se no espiritualismo ou no descuido com o próximo, aparecendo todo tipo de mecanismos e sofismas alienantes, como o excessivo apego ao culto (AT), o excesso de devoções carentes de fundamento.

Essa atitude foi a luta constante da corrente deuteronomista e dos profetas, e é o que também Jesus denunciará; mas se o acento principal recair somente no amor ao próximo, as atitudes podem ser muito bonitas, podem, por exemplo, surgir todo tipo de “ajudas” materiais e econômicas para os pobres, mas não passarão de simples filantropia que logo desembocará em assistencialismo e no sentimento estéril de unicamente ter pena dos outros, mas sem nenhum compromisso efetivo e ativo para lutar contra tudo que gera injustiça e desigualdade.

O critério de Jesus é, então, combinar ambos os mandamentos, os dois amores, de tal forma que um seja o termômetro do outro e, sobretudo, buscando que quem escolhe levar a cabo o cumprimento de ambos os mandamentos seja cada dia mais humano, mais fraterno, mas solidário, e mais filho de Deus e irmão dos outros.

No entanto, pô-lo em prática é que é de fato entrar no Reino. Evitemos o perigo da mecanização da nossa vivência da fé. Que ela não se reduza a uma prática litúrgica na qual estamos presentes de corpo, mas não de espírito. Tal atitude não pode deixar de ter sérias conseqüências para as nossas vidas.

As palavras de Jesus, hoje, trazem-nos a essência, o centro do que é ser Cristão: Amar a Deus e amar o próximo. Nestes dois mandamentos se resumem o que deve ser um cristão e o que deve ser a comunidade cristã. São estas as únicas leis que um cristão deve seguir: amar a Deus e amar ao próximo. E estas duas vêem juntas, são um único mandamento, o mandamento do amor que vem de Deus e nos faz amá-Lo em resposta, mas também o próximo, como diz a carta de João: «Nós amamos, porque Deus nos amou primeiro. Se alguém diz que ama a Deus, mas tem ódio ao seu irmão, é um mentiroso. De fato, aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê? O mandamento que Jesus nos deixou é este: aquele que ama a Deus deve também amar o seu irmão.» Quem assim o conseguir fazer na sua vida, será um verdadeiro cristão, um fiel verdadeiro, se a comunidade cristã fizer isso, será verdadeiramente Igreja.

 Nada disto é novo para nós pois sabemos que o grande e único mandamento que Jesus trouxe é o do Amor. A resposta que Jesus dá ao Fariseu, não terá sido novidade também para ele. Jesus não terá sido o único do seu tempo a dizer que toda a Lei (Torah) e os profetas mais não fazem do que exemplificar, desenvolver o fundamental, o central que é amar a Deus e ao próximo. Só em relação ao próximo, na Lei (Torah), existem mais de 50 mandamentos.

O próprio apóstolo Paulo, um judeu fariseu de formação o diz na sua carta aos romanos: «A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei. Pois os preceitos: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e ainda outros mandamentos que existam, eles se resumem nestas palavras: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei.». E, quanto ao mandamento de amar a Deus, ele aparece no texto talvez mais lido e sabido de cor pelos judeus: « Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças. Os mandamentos que hoje te dou serão gravados no teu coração. Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares. Atá-los-ás à tua mão como sinal, e os levarás como uma faixa frontal diante dos teus olhos. Tu os escreverás nos umbrais e nas portas de tua casa.» Cristãos e Judeus, temos isto em comum: Sabemos que temos o dever de cumprir o grande mandamento de amar a Deus e ao próximo.

Mas, o centro do texto de hoje, o que Jesus nos vem dizer, não está no saber esse mandamento, está no compreende-lo verdadeiramente, e sobretudo: Pô-lo em prática.

 Em relação à compreensão, temos de ter em atenção que Jesus usa o verbo amar num tempo que pode ser traduzido no indicativo futuro: “amarás” ou no imperativo presente: “Ama!”. Amar a Deus e ao próximo é simultaneamente uma tarefa para o futuro, mas também, não podemos esquecer um imperativo presente. Há que começar já, agora, neste momento a amar, e não esperar para começarmos amanhã. O amor de amanhã não espera, ele começa já! É imperativo agora amar. Contudo, os medos, as prisões, os sofrimentos fazem-nos muitas vezes adiar para o futuro uma intenção de amar.

 O mandamento diz também para amar a Deus com todo o coração, toda a alma e todo o entendimento. Três palavras que no original são todas femininas (alusão ao amor de mãe). Coração, no original grego: kardia. Esta palavra não significa somente coração, sentimento, não, ela significa o centro do nosso ser, a nossa vontade, o nosso desejo, a nossa intenção. Amar a Deus com todo o coração, não quer dizer amar com o sentimento, mas com o centro do nosso ser, com toda a nossa vontade, com todo o nosso desejo, com toda a nossa intenção; Alma, no original grego: Psyché, não quer dizer apenas alma, quer dizer vida, o que nos faz viver.

 Amar a Deus com toda a alma é amar como respiramos, como se para nos mantermos vivos, dependesse disso o amar a Deus. Amar a Deus é o que nos faz viver. Entendimento, no original grego: dianoia, não quer dizer apenas entendimento, mas também propósito, atitude. Amar a Deus com todo o entendimento, significa amá-lo em todo o momento, em qualquer coisa que façamos, onde quer que estejamos, significa que todas as nossas atitudes são sempre de amor, quer estejamos ao domingo dentro da Igreja, ou ao sábado à noite com os nossos amigos e colegas.

 Quanto a pôr em prática esta compreensão do mandamento, quem o pode cumprir verdadeiramente? Gandhi, dizia: “Mostrem-me um Cristão e eu serei um.” Dizia ele isto, porque não conseguia ver em nenhum que se dizia cristão a concretização na vida do seguimento do mandamento do amor. O livro do êxodo alerta para isso.

 Quantos se dizem cristãos e oprimem os estrangeiros, (veja-se os que criticam a presença de estrangeiros neste país, como se nunca ninguém tivesse saído de Brasil para tentar uma vida melhor no estrangeiro, veja-se o que estão a fazer com aqueles que tentam entrar em território espanhol).

 Quantas vezes nós, nos portamos como usurários, e precisamente nestes tempos de crise não temos remorsos em emprestar dinheiro com juros altíssimos sem pensarmos que essas pessoas podem vir a ficar sem dinheiro até somente para se protegerem do frio nas ruas úmidas das grandes capitais. Não, o amor misericordioso de Deus com que o texto do livro do Êxodo conclui, muitas vezes não é o amor que nós dizemos que seguimos quando dizemos que seguimos a Cristo. Sim, quem ama a Deus e ao próximo com todo o coração, com toda a alma e todo o entendimento? Quem amou, quem amará?

 Jesus Ama!! Jesus amou, Jesus amará, sempre!! É esta a grande novidade que o Cristão trás dentro de si. Cristo, pela sua vida, pela sua paixão, pela sua morte, demonstrou que é possível viver até às últimas conseqüências o amor a Deus e ao próximo. Ele amou a Deus e ao próximo com todo o seu coração, todo o seu ser, como toda a sua alma, toda a sua vida, com todo o seu entendimento, em todos os momentos, mesmo na morte. E este seu amor que brotava do Pai e que vivia nele por ação do Espírito, ele nunca desistiu dele.

 Jesus também teve medo, ao ponto de suar sangue no Monte das Oliveiras; ele também esteve preso; ele sofreu o abandono do Pai, mas o amor, ele nunca o abandonou, pois sabia com o todo o seu coração, com todo a sua alma e todo o seu entendimento que vivendo esse amor que vem de Deus, jamais iria morrer, pelo contrário, iria vencer a morte e viver para todo o sempre. E mais: Jesus com essa obediência de vida em amor, trouxe assim, por meio da fé nele a possibilidade de também nós participarmos dessa Vida Eterna, do Reino de Deus.

 O cristão pode de fato amar a Deus e ao próximo com todo o coração, com toda a alma e com todo o entendimento. Disso é testemunha Paulo, nesta carta que escreve aos Tessalonicenses. Eles são o modelo para todos os crentes da Macedônia e Acaia. A sua fé espalhou-se por toda a parte. E ao longo da história da Igreja, embora pareça raro, encontram-se inúmeros exemplos de homens e mulheres, de comunidades cristãs, que viveram o mandamento do amor com todo o coração, toda a alma e todo o entendimento. (Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King, os apóstolos, irmão Roger de Taizé, aqueles que nós conhecemos: pilares da igreja).

 Temos sentido o mesmo sentimento que Paulo pela comunidade de Tessalônica (acolhimento de comunidade cristã-igreja). Temos sentido que em nossas vidas temos vivido o mandamento do amor com todo o nosso coração, toda a nossa alma e todo o nosso entendimento. Sim, é possível viver esse amor. Quando deixamos entrar Cristo, quando deixamos que ele viva em nós, então podemos viver o mesmo amor que ele viveu e assim participar da Vida plena, que um dia há de vir.

 Amar a Deus e amar ao próximo. Um dia, um certo doutor da Lei perguntou: E quem é o meu próximo? E então Jesus contou a parábola do Bom Samaritano.

 Que possamos nós lutarmos enquanto seres humanos plenos de fé e também enquanto igreja viva de Cristo, apesar dos sofrimentos, das prisões, dos medos, por vivermos o mandamento do amor, e que pela nossa vida, em obras e também em palavras levemos ao mundo inteiro esse mandamento do amor, para que todo o mundo participe um dia da Vida Eterna!

 Amar é a segunda razão da nossa existência. Muitos pensam que amar consiste em possuir algum sentimento bom em relação às pessoas. Não! Amar não é somente sentimento, pois se assim fosse, Jesus não teria nos ordenados amar até os nossos inimigos: “mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês”. Amar é atitude, é querer fazer o bem, mesmo que a pessoa não mereça, como o caso dos inimigos. O apóstolo João diz: “Meus filhinhos, o nosso amor não deve ser somente de palavras e de conversa. Deve ser um amor verdadeiro, que se mostra por meio de ações”. A Palavra de Deus deixa bem claro como devemos amar e diz também porque devemos amar: “Nós amamos porque Deus nos amou primeiro”; e “Cristo deu a sua vida por nós. Por isso nós também devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos”.

 A Igreja existe para levar amor de Deus ao seu povo e isso é realizado por meio de um ministério que é demonstrar o amor de Deus aos outros, atendendo suas necessidades e curando suas feridas, em nome de Jesus. Cada vez que você está tocando a vida de alguém com amor, está ministrando a essa pessoa.

 Muitas são as necessidades das pessoas e muitos são os modos de ir ao encontro dessas necessidades; por isso, Deus tem dado a cada um de nós um ou mais dons para que possamos levar o seu multiforme amor a todos. Para isso, é preciso descobrir nossos dons espirituais e habilidades. Assim, nosso ministério será mais eficiente e eficaz quando estivermos usando nossos dons e habilidades na área em que nós mais nos sentimos tocados e que mais expresse nossa maneira de ser.

 Como já vimos, o mandamento do amor de Deus é complementado, já no Antigo Testamento, pelo segundo: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo». Por seu lado, no Novo Testamento, o amor ao próximo aparece sempre como indissolúvel do amor de Deus. Os dois mandamentos não são na realidade senão um só.

 A caridade fraterna torna-se, assim, o conteúdo e a realização prática de toda e qualquer exigência moral: «Fazei-vos servos uns dos outros pela caridade, porque toda a Lei se encerra num só preceito, que é o seguinte: amarás o próximo como a ti mesmo». É, em definitiva, o único mandamento: «O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei». «Quem não ama o seu irmão que vê, como pode amar a Deus que não vê? ... Quem ama a Deus ame igualmente o seu irmão». Não se podia afirmar com mais clareza que, em substância, não há senão um único amor: o amor do próximo, porque é através do amor ao próximo que põe em prática o amor a Deus.

 Mas, atenção! O amor ao próximo não é apenas um sentimento. É essencialmente religioso. Não é simples filantropia. É religioso pelo seu modelo: o cristão ama o seu próximo para imitar a Deus, que ama a todos sem distinção. Mas é sobretudo pela sua fonte, ou seja, porque é obra de Deus em nós. Como poderíamos, de fato, ser misericordiosos como o é o Pai Celeste se o Senhor não no-lo tivesse ensinado e se o Espírito não o difundisse nos nossos corações?

 O amor a Deus e ao próximo está acima de qualquer outro mandamento e não pode ficar preso e amarrado, mas circular livremente entre os irmãos como sangue nas veias.

 Não existem cristãos bonzinhos e perfeitos. Todos nós estamos a caminho da perfeição e se quisermos receber a eterna salvação, o primeiro passo é reconhecermos a nossa incapacidade de fazer a vontade de Deus. Somente assim, reconhecendo honestamente que o nosso amor é falho, reconhecendo e confessando as nossas dificuldades, que podemos entender como precisamos da presença do Espírito Santo em nossas vidas. Somente assim, podemos entender como precisamos do poder e da graça de Deus para sermos salvos. Pois é somente pela graça e pelo poder do Espírito Santo, será possível que sejamos transformados! É somente pelo poder e pela graça do Espírito Santo de Deus que podemos ser mudados em pessoas que amam a Deus e que amam a seu próximo.

 A questão da relação entre o amor de Deus e o amor dos homens está sempre no centro da vida cristã. É uma questão tão clara e precisa na sua formulação teórica quanto é problemática e instável na sua tradição prática e existencial.

 Em todas as épocas da história da Igreja, essa realidade essencial corre o risco de ser parcialmente escondida e até distorcida, inclinando o fiel da balança quer para um quer para o outro pólo. Hoje, por exemplo, alguns cristãos são levados a pôr em evidência as exigências do amor fraterno sem fronteiras, preocupando-se menos com saber em que o verdadeiro amor fraterno é «idêntico» ao amor de Deus.

 Quando o amor ao próximo é separado do amor a Deus, pode acontecer que haja enganos sobre as dimensões integrais do próprio amor ao próximo em si, porque facilmente o próximo passa de sujeito a objeto e, nesse caso, o «interesse» que o próximo merece pode nada ter a ver com o real amor, mas descair na exploração.

 Estou convencido que, onde Deus não ocupa mais o lugar que lhe compete, começa a perder importância também a relação para com o próximo. Frente à fome, à injustiça e à opressão, há o risco de uma resposta de «violência que gera violência». Para resolver os problemas causados pela superpopulação, sugere-se uma planificação indiscriminada dos nascimentos e à adoção do aborto legalizado. Frente à crise da família, propõe-se logo como remédio o divórcio. Perante a imutabilidade do fim dum doente incurável, propõe-se a eutanásia.

 As considerações feitas não impedem, porém, que se possa continuar a dizer que o amor ao próximo requer inevitavelmente um empenho concreto no mundo e na luta pela libertação do homem de hoje de toda a forma de escravidão...

 Houve, num passado não muito distante, uma espiritualidade e uma mística que, para sublinhar o pólo do amor de Deus, pregou a fuga do mundo e o desprezo das coisas do mundo; uma espiritualidade que falou duma escolha nítida entre Deus e o mundo, arriscando-se a dilacerar o coração e a alma do cristão em dois amores antitéticos.

 Ora, essa visão do problema não é evangélica. Os cristãos na Igreja têm a responsabilidade de manifestar aos homens os sinais autênticos do amor que salvou o mundo. Como «corpo» de Cristo que é, a Igreja nunca cessa de ser esse sinal. Mas depende da fidelidade dos cristãos que esse sinal tenha significado.

 O homem moderno, mais do que o que o precedeu, aspira a uma maior paz e justiça e, para essa finalidade, mobiliza as suas energias. Todavia, querer a justiça e a paz significa também querer os meios necessário para as atingir. A reta intenção e as belas palavras não bastam. É necessário fazer opções, no plano da ação individual e coletiva, em função duma análise realística dos dados do problema em toda a sua complexidade. Se calhar, é neste campo que se joga o futuro da Igreja, a sua credibilidade perante o mundo e a sua fidelidade ao Evangelho.

 Para "fechar " a nossa reflexão de hoje, colocamos duas perguntinhas bem simples para serem respondidas, com muita lealdade, para nós mesmos:

 

            1 - Qual sua maneira de servir ao próximo?

            2 - Em que área da vida das pessoas você leva o amor de Deus (espiritual, emocional, física e/ou social)?

 

Por mais inteligente sábio e importante que seja, ninguém é tão livre para fazer o que bem entender, sem se importar com os semelhantes.
Cada pessoa tem uma missão a cumprir.
Ao término da jornada, todos serão chamados para a casa do Pai.
De certo modo, estão definitivamente comprometidos com a vida eterna.

 

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