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sexta-feira, 10 de abril de 2020

João 3, 16 - 21 - Evangelho do dia 22 de abril quarta feira 2020


22 abril - As forças internas da Igreja se multiplicam na razão inversa dos recursos externos. (L 19). São Jose Marello



João 3,16-21
"Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna. Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo.
- Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus. E é assim que o julgamento é feito: Deus mandou a luz ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o que é mau. Pois todos os que fazem o mal odeiam a luz e fogem dela, para que ninguém veja as coisas más que eles fazem. Mas os que vivem de acordo com a verdade procuram a luz, a fim de que possa ser visto claramente que as suas ações são feitas de acordo com a vontade de Deus.
"

COMENTÁRIO

Como é grande a misericórdia de Deus! Mesmo a homens mergulhados nas trevas do seu egoísmo, Ele envia seu próprio Filho para salvá-los, como até o entrega à morte por eles. Mas é pequena a fé dos homens no Nome do Filho único de Deus! Nenhum outro nome tem maior poder para salvar, e no entanto são tantos os que recorrem ao poder do mal.

No Evangelho de hoje (João 3,16-21), Jesus, em sua profunda conversa com Nicodemos, faz-lhe avaliar a grandiosidade do amor de Deus pelo mundo: enviar-lhe seu próprio Filho. A missão do Filho como enviado do Pai é resgatar o ser humano, oferecer-lhe uma alternativa de vida em momentos em que a última palavra parecia ser dada pela morte, a não-vida.

De acordo com isto, a salvação de cada pessoa consiste em crer em Jesus; e esta profissão de fé implica abandonar todo estilo de vida contrário ao projeto do amor do Pai; ajuda a criar desse modo alternativas de vida em ambientes onde imperam a mentira, o ódio, o egoísmo, enfim, tudo o que se ajusta ao projeto da morte.

Neste texto do evangelho de João, temos o seu tema central: Deus enviou seu Filho único, Jesus, para comunicar a vida eterna a todos que crerem nele. Esta passagem diz como o amor de Deus está sendo enviado ao mundo por meio de Jesus. Vamos entender a condição que tornou isso necessário: estamos sob a condenação do pecado. Sejamos claros: Deus não nos condena; nós já estamos condenados! O desejo de nosso Senhor é nos tirar da condenação; sendo assim, ele enviou Jesus como a luz do mundo. O problema é que o pecado parece prazeroso, e as pessoas correm da luz, pois não querem parar de pecar.

Este parágrafo do Evangelho tem sido com freqüência mal interpretado. Nele se mostra a imagem de um Deus, capaz de entregar seu Filho único à morte para que a humanidade consiga a vida verdadeira e definitiva. Que pai estaria disposto a isto? Nos perguntamos. Não.

A morte de Jesus não é, em nenhum momento, resultado expresso da vontade e Deus, mas da escuridão humana, do sistema judeu e, em especial, dos sumos sacerdotes do partido dos saduceus que, aliados com o poder político romano e com a cumplicidade do povo, condenaram injustamente um justo. A morte não foi vontade de Deus, senão o resultado da liberdade humana – recebida certamente de Deus - que decidiu amar as trevas a luz. Essa liberdade humana que, cheia do amor divino, decide com freqüência condenar o justo e libertar o injusto.

Esse justo que é descrito no Salmo 22 – salmo que o evangelista Marcos coloca na boca de Jesus na cruz - como um miserável, não humano, vergonha do povo, desprezo das pessoas; que ao vê-lo se todos escondem, fazendo faces de desprezo e balançando a cabeça.

Esse justo – que existem em grande quantidade em nosso mundo moderno – se sente encurralado por uma “tropa de novilhos, por toros de Basã, que abrem a boca contra ele, como leões que esquartejam e rugem".

Esse justo que se sente como água derramada que para nada serve, com os ossos desconjuntados é incapaz de mover se por si mesmo, como cera que se derrete, com a garganta seca como uma telha, com a língua pegada ao paladar, apertado contra o pó da morte.

Esse justo que se sente encurralado por uma cambada de cães, cercado por uma faixa de mal-feitores que lhe ferem as mãos e os pés, podendo contar todos os seus ossos, que lhe olham triunfante enquanto repartem suas vestes.

A escuridão hoje tem às vezes nome de religião que fanatiza, de injustiça social que marginaliza, de dinheiro que priva a imensa maioria dos seres da terra de uma vida digna. Deus não quer isso, pois isto é o que leva a morte de muita gente hoje.

Diz-se que um dia alguém procurou saber a opinião dos crentes sobre qual poderia ser a página ou a passagem mais significativa da Bíblia. Houve muitas opiniões sobre as mais variadas passagens da Escritura, nas quais vinham ressaltado o compromisso de Deus com seus filhos, sua fidelidade às promessas, sua misericórdia e amor infinitos... Finalmente foi esta passagem de Jo 3,16 a escolhida como a mais profunda e bela, já que está aí condensado tudo o que desde antigamente se viveu e se esperou: o amor eterno de Deus e sua manifestação definitiva: “Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho unigênito, para que não morra todo aquele que nele crer, mas tenha a vida eterna”.

A fé em Jesus estrutura, então, todo um projeto de vida; um ideal no qual se vão gastando pouco a pouco nossas forças e energias, mas que tem como resultado o ganho da verdadeira e definitiva vida oferecida por Jesus, a que nos permite sentirmo-nos e nos reconhecermos como verdadeiros homens e mulheres; a que nos faz cada dia mais conscientes de nossa dignidade, de nosso próprio valor como pessoa e daquilo que, como tal, representamos para Deus.

Nem a fé e, sobretudo, o testemunho sobre a ressurreição de Jesus são questões inócuas, assim como tampouco o foram nem a pregação, nem as ações de Jesus; a prova é o desenlace final de seu ministério público e as situações posteriores que seus discípulos devem também em seu ministério apostólico. A pregação e exercício de uma fé inócua não ocasiona problemas, nem de cárcere, nem suscita a inveja daqueles que se sentem amados e senhores dentro de um sistema.

A presença de Jesus é acalentadora e motiva os discípulos a dar continuidade à obra por Ele iniciada. Mesmo nos momentos de crise, não há como ignorar Sua presença amorosa.

O amor infinito do Pai é, pois, um desafio para nós, o amor não pode ser correspondido senão com o amor; eis o grande desafio para uma sociedade cada vez mais afundada em ódio e divisão: nossas atitudes e estilo de vida é uma sistemática recusa à luz que nos foi dada; contudo, sempre é possível a conversão, sempre é possível redirecionar nosso caminho, nossa vida, para inserir-nos no “novo caminho”, na “nova vida” que nos foi proposta por Jesus e que seus discípulos testemunham.

O discípulo de Jesus Cristo é uma pessoa comprometida com seu Mestre e sua vida está necessariamente sintonizada com os planos de Deus e em submissão aos seus propósitos. Deus não impõe o seu plano de salvação a ninguém. O livre-arbítrio concedido por ocasião da criação da humanidade é irrevogável.

Cabe a nós, Igreja, pedir a Deus para que a luz do Cristo ressuscitado dissipe as trevas dos homens, para que vejam suas obras más e delas se convertam.

Existe algo que Deus, em seu amor, queira expor na sua vida e que você ainda tenta esconder?

Oração: Ó Deus de bondade, instrui-nos, por teu Espírito, a respeito da pessoa e da missão de Jesus, e levai-nos a aderir ao teu Filho, sempre com maior radicalidade. Pai, aperfeiçoai em nós o sublime diálogo, para que passemos dos afetos terrenos aos desejos do céu. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!

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