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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Evangelho do dia 18 de junho sábado

18 junho - Não devemos servir o Senhor pelas consolações e pela satisfação que sentimos, mas para honrá-lo e consolá-lo. (S 359). SÃO JOSÉ MARELLO

Mateus 6,24-34
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24“Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
25Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? 26Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? 27Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso?
28E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. 29Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 30Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?
31Portanto, não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? 32Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso.
33Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.
34Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas”. 

Meditação
Este longo trecho do Sermão da Montanha (caps. 5-7) é um desdobramento da primeira bem-aventurança (“Felizes os pobres em espírito, porque deles é o reino do céu”), associado ao que se recomenda em seguida, 5,20: “Se a justiça de vocês não for maior que a justiça dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no reino do céu”, culminando no v. 33 da leitura deste domingo: “Busquem em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça! E Deus dará a vocês todas essas coisas”. Os pobres em espírito têm um só absoluto – Deus – e um objetivo principal: a busca do seu reinado.
O evangelho de hoje nos apresenta o caráter materno de Deus através do que tradicionalmente chamamos da “divina Providencia”, uma dimensão do amor de Deus que a tradição espiritual popular deu muita relevância na vida diária. Foi um exercício de fé a descoberta da mão materna de Deus cuidando nossos passos, para evitar problemas, para atender sempre nossas necessidades.

Antigamente foi fácil a fé na Providencia de Deus, a confiança de que ele interviria nas condições externas para nos cuidar maternalmente. Hoje, depois da modernidade, ficou claro que Deus não intervém nem pode intervir nas leis da natureza para nos fazer algum bem. A fé na Providencia deve ser reformulada radicalmente. Não temos por que acreditar na intervenção de Deus sobre as causas segundas.

Na nossa forma adulta de viver a fé, como pessoas que se consideram inteiramente responsáveis de seu destino, sabemos que precisamos viver sem o consolo de um Deus a nosso serviço para facilitar nossa segurança ou nossa vida. Sabemos que neste mundo moderno estamos sós, sem um deus-tapa-buracos que nos proteja, porém sob a nossa única responsabilidade, e nas mãos de um sem fim de imprevistos que devemos assumir com responsabilidade, audácia e coragem.

É esse sentido de responsabilidade e coragem que nos permitem superar a angustia existencial que sempre rodeiam e assediam nossa vida, como vida de seres limitados, contingentes e submetidos a toda sorte de ameaças.

Preocupar-se é ocupar-se antes do tempo. Deus é um Pai providente e previdente, isto é, sabe de tudo quanto nós carecemos e nos conforta com a Sua Palavra promissora. Por isso, nós não podemos servir a dois senhores!

Ou, nós confiamos na providência do Pai e nos entregamos totalmente a Ele, seguindo os Seus ensinamentos e vivendo de acordo com a Sua orientação, ou então, iremos servir ao dinheiro, ou seja, trabalhar mais para amealhar mais.

Não poderemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo, porque assim sendo, falharemos em uma ou em outra. Jesus nos dá como exemplo os pássaros e os lírios dos campos que vivem na dependência do Criador.

Nós nos angustiamos e nos consumimos por coisas que não vão depender da nossa preocupação e sim das ações que realizamos confiantes no auxílio e na ajuda de Deus. A maioria das pessoas faz tudo ao contrário do que Jesus nos ensina. Corre basicamente para o trabalho e para a ação, e esquece de que tudo isto acontecerá em decorrência da conquista, em primeiro lugar “do reino de Deus e da sua justiça”.

Buscar o reino e a justiça de Deus em primeiro lugar é o requisito para que tenhamos todas as coisas, por acréscimo. O reino de Deus não está dissociado do tempo e do espaço em que vivemos porque Ele começa aqui e agora. Portanto, muitas coisas as quais ansiamos e desejamos são inerentes ao reino dos céus e porque Deus é justo, Ele quer nos dar.

O que você tem buscado em primeiro lugar na sua vida? A quem você está servindo mais: a Deus ou ao dinheiro? Você se preocupa com o que comer e vestir? Você já experimentou contemplar a obra de Deus através da natureza? Você sabe que faz parte dela?

A frase do versículo 24b não pode ser mais taxativa: não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Erroneamente durante muito tempo acreditamos que o pobre, o necessitado, o desamparado, tinha que ser consolado dizendo que a situação em que se encontrava era a “vontade de Deus” e que no “céu” teria sua recompensa.

Nosso bom Pai-Mãe Deus continua nos falando hoje e ensinando que não se trata de fugir da sociedade para viver uma vida eremita e miserável, não é isso que Deus quer para nós.

Não podemos cair na tentação de nos transformarmos em seres passivos, e achar que a desgraça e a pobreza são vontade de Deus; muito pelo contrário, nosso afã deve se centrar no trabalho e no esforço em fazer tudo o que está ao nosso alcance, para que cada pessoa tenha uma vida digna, direito a um trabalho, a uma boa educação, a uma boa saúde.

Se cada um, a partir do lugar em que se encontra, se preocupa pelo bem comum e com os direitos de igualdade na sociedade em que vive, e se entrega confiante e seguro nos braços de Deus, tudo o mais se dará por conseqüência.
Reflexão Apostólica:
O amor de Deus por nós se revela na vida de Jesus, que foi uma vida de amor e serviço aos pequeninos, empobrecidos e excluídos. O testemunho e a prática de Jesus é a contradição da prática daquele que serve ao dinheiro.

Quem serve ao dinheiro ama o dinheiro, e a ambição o torna cego e insensível ao próximo e a Deus. Servir ao dinheiro é consolidar esta estrutura econômica que favorece o enriquecimento de minorias ricas, às custas da exploração dos consumidores e das maiorias empobrecidas que são os trabalhadores que produzem os bens de consumo e os bens acumulados por estes ricos. Servir a Deus é assumir o seu projeto de comunhão no amor, de misericórdia e reconciliação, de solidariedade e partilha.

A advertência de Jesus, "não podeis servir a Deus e ao dinheiro!", se insere na recomendação "fazei amigos com o dinheiro injusto, a fim de que, no dia em que faltar, eles vos recebam nas tendas eternas".

Isto significa colocar o dinheiro injusto a serviço da promoção da vida dos empobrecidos e excluídos. Hoje, no evangelho de Mateus, a advertência sobre a incompatibilidade entre o servir a Deus e o servir ao dinheiro se relaciona com a busca de segurança na vida pela acumulação do dinheiro.

A partir da insegurança quanto às questões elementares da sobrevivência opta-se pela aparente segurança que o dinheiro proporciona. Passa-se a acumular dinheiro, e, contraditoriamente, a acumulação do dinheiro gera mais insegurança e ansiedade, pelo receio das desvalorizações financeiras, das concorrências, ou pelo receio dos ladrões marginais. Quem busca salvar a sua vida colocando sua segurança no dinheiro a perde.

Encontramos toda nossa segurança na fonte e doador da vida que é Deus. O cuidado de Deus por nós é expresso de maneira poética pela comparação com os cuidados com os pássaros do céu e com os lírios dos campos.

A bem-aventurança da pobreza é o abandono nas mãos de Deus que cuida dos pássaros do céu e das flores do campo. Conquista-se, assim, a liberdade para colocar-se inteiramente a serviço de Deus, na prática de sua justiça, com o que entramos em comunhão de vida eterna com Deus.

Abandonar-se nas mãos de Deus é a atitude fundamental para usufruir da vida plena. Deus ama seus filhos como mãe. Na primeira leitura temos esta referência à mãe que ama seus filhos, como imagem de Deus, no qual não há nenhuma imperfeição. É um lampejo do caráter feminino de Deus, tão ocultado pela sua predominante imagem patriarcal tradicional.

Libertados da ambição, os filhos de Deus buscam em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça e, como "administradores dos mistério de Deus", devem se empenhar em que vigore a justiça e os bens terrenos tenham um caráter comunitário, estando a serviço da vida plena para todos, conforme a vontade do Pai.

Propósito:

Pai, centra toda minha vida na busca do teu Reino e na justiça que dele vem, de forma que nenhuma outra preocupação possa ser importante para mim.

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