12 março - Tu, ó José, ensina-nos, assiste-nos, torna-nos
membros dignos da Sagrada Família. (L 35).
São José Marello
Lucas 11,29-32
"Quando a multidão se ajuntou em volta de Jesus, ele começou a falar e disse o seguinte:
- Como as pessoas de hoje são más! Pedem um milagre como sinal de aprovação de Deus, mas nenhum sinal lhes será dado, a não ser o milagre de Jonas. Assim como o profeta Jonas foi um sinal para os moradores da cidade de Nínive, assim também o Filho do Homem será um sinal para a gente de hoje. No Dia do Juízo a rainha de Sabá vai se levantar e acusar vocês, pois ela veio de muito longe para ouvir os sábios ensinamentos de Salomão. E eu afirmo que o que está aqui é mais importante do que Salomão. No Dia do Juízo o povo de Nínive vai se levantar e acusar vocês porque, quando ouviram a mensagem de Jonas, eles se arrependeram dos seus pecados. E eu afirmo que o que está aqui é mais importante do que Jonas."
O evangelho de hoje nos apresenta uma acusação muito forte de Jesus contra os
fariseus e os escribas. Eles queriam que Jesus lhes mostrasse um sinal, porque
não acreditavam nos sinais e nos milagres que estava realizando. Esta acusação
de Jesus continua nos evangelhos dos próximos dias.
Meditando estes evangelhos devemos fazer muita atenção a não generalizar a
acusação de Jesus como fosse dirigida ao povo hebreu.
No passado a ausência desta atenção, contribuiu infelizmente para aumentar em
nós cristãos o anti-semitismo que causou tantos males à humanidade ao longo dos
séculos.
Em lugar de levantar o dedo contra os fariseus do tempo de Jesus, é melhor
espelharmo-nos nos textos para descobrir neles o fariseu que vive escondido
“Naquele tempo, enquanto a
multidão se apinhava, Jesus começo dizendo: ‘Esta geração é uma geração
perversa; ela procura um sinal, mas não lhe será sinal algum a não ser o sinal
de Jonas’”.
O evangelho de Mateus informa que eram os fariseus e os escribas os que pediam
um sinal (Mt 12,38). Queriam que Jesus realizasse para eles um final, um
milagre, de modo que pudesses ter a prova irrefutável se era o enviado de Deus,
como eles o imaginavam.
Queriam que Jesus se submetesse aos critérios deles. Queriam inseri-lo no esquema
do messianismo deles. Neles não havia uma qualquer abertura para uma possível
conversão. Mas Jesus não se submeteu a este pedido.
O evangelho de Marcos afirma que Jesus, diante dos pedidos dos fariseus,
suspirou profundamente (Mc 8,12), provavelmente de desgosto e de tristeza
diante de tamanha cegueira. Porque de nada serve apresentar um quadro muito
bonito a quem não quer abrir os olhos.
O único sinal que será dado é o sinal de Jonas. “Porque como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim
também o Filho do homem o será para esta geração”. Como será este
sinal do Filho do homem?
O evangelho de Mateus responde: “De fato, como Jonas ficou três dias e três
noites no ventre do peixe, assim o Filho do Homem ficará três dias e três
noites no ventre da terra” (Mt 12,40).
O único sinal será a ressurreição de Jesus. Este é um sinal que, no futuro,
será dado aos escribas e aos fariseus. Jesus, condenado a morte e a uma morte
de cruz, será ressuscitado por Deus e continuará a ressuscitar de muitas
maneiras naqueles que acreditam nele. O sinal que converte não são os milagres,
mas o testemunho de vida!
A alusão à conversão do povo de Nínive associa e lembra a conversão da Rainha
de Sabá: “A rainha do sul
levantar-se-á no juízo junto com os homens desta geração e os condenará; porque
ela veio da extremidade da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis, aqui
está alguém mais que Salomão!”
Esta lembrança quase ocasional do fato da Rainha de Sabá que reconhece a
sabedoria de Salomão, faz ver como era utilizada naquele tempo a Bíblia. Era
por associação. A regra principal da interpretação era esta: “A Bíblia se
explica com a própria Bíblia”. Até hoje, esta é uma das normas mais importantes
para a interpretação da Bíblia, sobretudo para a Leitura da Palavra de Deus num
clima de oração.
Depois da digressão sobre Salomão e sobre a Rainha de Sabá, Jesus volta a falar
sobre o sinal de Jonas: “O povo de Nínive se levantará no juízo junto com esta
geração e a condenará: porque ele à pregação de Jonas se converteu”.
Os habitantes de Nínive se converteram diante do testemunho da pregação de
Jonas e denunciam a incredulidade dos escribas e dos fariseus. Porque “aqui esta alguém mais do que Jonas”.
Jesus é maior que Jonas, mais que Salomão. Para nós cristãos, é a chave
principal da escritura (2Cor 3,14-18).
Nínive se converte à pregação de Jonas. Os escribas e os fariseus não se
converteram. Hoje os apelos da realidade provocam mudanças e conversões nos
povos do mundo inteiro: a ameaça ecológica, a urbanização que desumaniza, o
consumismo que massifica e aliena, as injustiças, as violências etc. Muitos
cristãos vivem distante destes apelos de Deus que nascem da realidade.
Jesus
veio anunciar a conversão, não somente aos judeus, mas também aos pagãos,
oferecendo a todos o perdão universal de Deus.
Os
contemporâneos de Jesus estão com o coração endurecido diante do chamado de
Deus à conversão. Eles possuem um sinal. A não conversão indica a condenação no
juízo final.
Precisamos
transformar nossa vida. Aproveitemos ao máximo este tempo de quaresma para
reconhecer os sinais de salvação de Jesus, escutar e digerir suas palavras de
vida e abrir o ouvido e o coração à sua proposta de salvação. Dia estranho e
peculiar, este dia 29 de fevereiro que somente se apresenta a cada quatro anos
e não sempre...
Como
vimos, Jesus critica os escribas e os fariseus que conseguiam negar a
evidência, tornando-se incapazes de reconhecer o chamado de Deus nos
acontecimentos. E nós cristãos hoje, e eu: merecemos a mesma crítica de Jesus?
Reflexão Apostólica:
Uma
“polêmica” seqüência de afirmações! Deve ter sido isso que pensaram os que
ouviram Jesus no evangelho de hoje. Tão polemica que foi narrada por três dos
quatro evangelistas. Trazendo à nossa realidade poderíamos perguntar: quem nasceu
primeiro: o ovo ou a galinha?
Um
fato: Nossa fé é muito frágil e alicerçada no que podemos ver e não deveria ser
assim. Reparem um fato real do nosso dia-a-dia.
“(…)
Vamos a uma loja, escolhemos uma TV das mais modernas, de uma marca boa e
confiável. Verificamos se o preço está ao nosso alcance e, antes de concluir
a compra, pedimos para que o vendedor abra a caixa e ligue o aparelho. É
triste só saber em casa que esses novos aparelhos LCD não funcionam sem antena
externa, exceto aqueles que já vêm com conversor embutido.
Ao
chegar em casa, abrimos a caixa, colocamos a TV num lugar de destaque,
compramos uma antena do Paraguai (porque é baratinha), ligamos a TV e… cadê a
imagem que aparecia na loja? Não nos damos por vencidos! Fazemos umas bolinhas
de Bombril (risos, fazendo propaganda da marca de graça), colocamos na ponta da
antena, mas... a TV insiste ainda em não ter a imagem da loja”.
Só
agora descobrimos que precisamos da antena externa que, em conjunto com a mão
de obra, cabos, conexões, nos custará em torno de cento e cinqüenta reais.
Não temos dinheiro para o serviço, mas conhecemos um amigo que sabe fazer um
“gato” na TV a cabo e pronto! Agora, resolvemos o problema da TV!"
Ai
está o grande problema da Fé – Nela não dá pra fazer GATO
Acertamos
quando procuramos por Deus, mas erramos quando esperamos uma retribuição pelo
encontro, pela fidelidade, pelo tempo de convívio… Conseguimos, porventura,
imaginar o caos que seria se tudo que queremos fosse atendido por Ele,
somente porque queremos e não porque realmente precisamos?
Precisamos
aprender a meditar antes de comprar (tomar uma atitude, fazer algo), saber que
precisaremos da antena, ter o dinheiro. Isso leva tempo, mas não gostamos de
planejar nossos passos. Tomamos muitas atitudes por impulsos, sem a razão, por
pura emoção e, depois, olhamos para o céu, pomos nossos joelhos no chão,
fazemos um “GATO” de oração e ainda culpamos Deus por não termos visto um
milagre!
“(…)
A oração é uma busca por Deus. É não se contentar de vê-lo passar sem o tocá-LO.
Portanto O FOCO DA ORAÇÃO NÃO É O PEDIDO E SIM A CONVERSA”.
É
difícil entender um povo (nós) que deseja ver o peixe engolindo Jonas e não ver
a baleia que nos engole todo dia…
“(…)
Vejo meu filho indo pra escola e mal leva um caderno – Deus! Ajuda meu filho a
passar de ano; “(…) vejo meu filho adolescente andando com uma turminha difícil
– Oh Deus! Pede pro meu filho voltar pra casa cedo! “(…) Sei que o emprego de
política dura três meses – Meu Senhor! Ajuda meu candidato vencer e eu ganhar
um DAS (cargo de confiança). Deus se apresenta a nós, no entanto já nos
encantamos pelo doce preguiça, pela omissão, pela mediocridade.
Se
nossa oração é como o Bombril (quebra galho) na antena dos nossos problemas,
infelizmente temos o que merecemos. Deus conhece nossas lutas, aflições,
sofrimento. Ele não é um Deus perverso ou sádico. Talvez precisemos hoje
reconhecer que, se vivemos uma situação de aflição momentânea, foi porque
fizemos da vida um GATO, mas ainda é tempo de voltar a crer. Atrever-nos a
mudar.
Quando
sentamos e rezamos o que pedimos? Coisas visíveis ou Invisíveis?
Pedimos
que Ele nos ajude a pagar a conta que vence hoje ou que apareça uma nova
oportunidade de emprego, um novo serviço, (…)? Pedimos pelo filho que se
enveredou nas drogas ou que Ele nos conceda a sabedoria de como lidar com
a situação existente ou que surjam?
Na
oração é que Deus conversa. Conversar é dialogar. É ouvir e falar. Vou pedir,
mas vou ter que também escutar.
Que
Deus nos abra os olhos para ver sinais e ouvidos para acolher e entender a
Palavra do Seu Filho, Jesus Cristo nosso Senhor.
Portanto!
Façamos nossa parte do milagre! Sem “GATOS”
“Pelos frutos, conhecemos a árvore”,
diz Jesus. E continua: “Frutos bons, árvore boa. Frutos ruins, árvore ruim”.
(cf. Mt 7,16ss)
Se seu coração estiver pleno de amor e
paz, sua boca vai emitir palavras boas e edificantes; mas, por outro lado, se
estiver pleno de mágoa e rancor, dirá coisas menos positivas.
A palavra é como uma flecha: uma vez
lançada, não retorna aos lábios de quem a proferiu.
“Ou a árvore é boa, e o fruto, bom; ou
a árvore é má, e o fruto, mau.
É, portanto, pelo fruto que se conhece
a árvore.
Víboras que sois!
Como podeis falar coisas boas, sendo
maus?
A boca fala daquilo que o coração está
cheio”. (Mt 12,33-34).
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