07 março - Confiemo-nos ao glorioso São José, guia e mestre da
vida espiritual, modelo inalcançável de vida interior e escondida. (S 226). São José Marello
Mateus 9,14-15
"Então os discípulos de
João Batista chegaram perto de Jesus e perguntaram:
- Por que é que nós e os
fariseus jejuamos muitas vezes, mas os discípulos do senhor não jejuam?
Jesus respondeu:
- Vocês acham que os
convidados de um casamento podem estar tristes enquanto o noivo está com eles?
Claro que não! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles;
então sim eles vão jejuar!"
Meditação:
Na Bíblia, o noivado representa a aliança de amor de Deus com seu
povo. Porém, o povo que foi eleito para dar testemunho do amor universal e
misericordioso de Deus, abandonou o Noivo (Javé) e se casou com um culto de
jejuns e ritos vazios de libertação e cheios de leis opressoras para os mais
debilitados. Agora está de novo o Noivo (Jesus) com uma nova oferta de
misericórdia e gratidão.
A comunidade messiânica, composta por homens e mulheres marginalizados, está
Como não vêem a gratitude que se derrama como um vinho novo sobre seus corações
ressecados pela solidão e pelo afastamento? Como querer que façam jejum se o
Reino está florescendo entre suas mãos? Que Deus nos dê a sensibilidade para
acolher quem é excluído em nossa igreja e em nossa sociedade!
O evangelho de hoje é uma versão mais breve do evangelho que já meditamos,
quando nos foi proposto o mesmo tema do jejum (Mc 2,18-22), mas com uma pequena
diferença.
A liturgia de hoje omite a comparação do remendo novo num pano velho e do vinho
novo em odres velhos (Mt 9,16-17), e concentra sua atenção sobre o jejum.
A narrativa sucede à cena da participação de Jesus na refeição com o publicano
Levi e seus amigos e companheiros. Jesus estava solidário com os excluídos do
judaísmo, considerados "pecadores" por não serem observantes dos
preceitos legais religiosos.
Para Jesus, o fundamental é a sua comunhão com todas as pessoas, indiscriminadamente,
em vez de fechar-se em observâncias particularistas e excludentes. Os que optam
pelas rigorosas observâncias religiosas se revestem de "eleitos" e se
autoexcluem do convívio do dia a dia do povo comum, dos "pecadores".
O jejum é um costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O
próprio Jesus o praticou por quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os
discípulos para que façam o mesmo. Deixa-os livres.
Para os judeus, o preceito do jejum era um assunto de muita importância na
pratica religiosa. Os momentos de jejum estavam muito bem estipulados no
calendário litúrgico semanal e anual. Também se jejuava em diversas circunstancias
e motivos.
Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram
obrigados a jejuar, querem saber porque Jesus não insiste no jejum e por
que os seus discípulos não assumem com seriedade esta tradição religiosa de seu
povo.
Ante o questionamento, a resposta de Jesus é contundente e surpreendente. Em
uma festa de bodas, todo mundo está contente. Ninguém vai fazer penitencia nem
jejuar.
Jesus esclarece que sua presença tem um sentido festivo similar a
uma festa nupcial. Ele anuncia e testemunha uma boa e alegre noticia da parte
de Deus.
A frase final, alusiva ao retorno ao jejum quando "o noivo será tirado do meio deles",
parece ter uma origem tardia, assumida pelo próprio evangelista.
Quando ele já não está com seus seguidores, então aí sim sentirão a necessidade
de jejuar. As práticas devocionais de piedade, de religiosidade não têm sentido
por si sós.
Quando irrompe o Reino no meio do povo, somente há espaço para a
alegria e a festa. A propósito, como você vive a experiência da presença do
Reino de Deus em sua vida, na vida de sua família e de sua comunidade?
Qual é a forma de jejum que você pratica? Se não pratica nenhuma, qual é a
forma que poderia praticar? O jejum, como pode ajudar-me a me
preparar melhor para a festa da Páscoa?
Reflexão Apostólica:
Um parêntese inicial: Antes de tudo, é importante reparar que os
evangelhos desses primeiros dias convidam a refletir sobre o Jejum…
O Jejum é uma das práticas mais antigas de nossa Igreja. Ele está inserido
entre os Mandamentos da Igreja haja vista sua importância na construção de um
cristão e é engano acreditar que essa prática é exclusiva dos cristãos, pois
muitas outras organizações religiosas a fazem como método de centrar seu
pensamento e seu proceder.
De certa forma podemos dizer que o Jejum além de um belo exercício para a alma,
como já dissemos ontem, é também uma forma de lembrar a presença do “noivo”.
Jejuamos, pois Ele assim pediu, mas, além disso, era seu desejo que nos
mantivéssemos fortes e perseverantes na fé.
Retorno então a reflexão de ontem: Abster-se de algo só terá o devido efeito se
vier acompanhado de alguma coisa que preencha esse espaço.
Quem jejua, busca algo maior que suas próprias forças, sendo
assim, a abstinência deve ser acompanhada de um incremento na oração.
Abdicar, deixa entender que estamos aptos e dispostos a também
ceder e por fim é um sinal claro da presença do amor.
O tempo é propicio, o momento favorece, por que não experimentar?
Em nossa vida, temos momentos de plena satisfação e outros que possivelmente
gostaríamos de esquecer. Atos bons, por vezes, não nos marcam como as decisões
equivocadas. Gostaríamos de não “ter dito aquilo”, “feito isso” …
Por muitas vezes, notamos que foi motivado por um instante de
raiva, uma noite mal dormida, um acontecimento antes do fato. Muitos
assaltantes e pessoas que transgrediram a lei ao serem presos relatavam esse
fato: “um instante de bobeira”.
Pode até parecer a perda de um dia, mas abster de algo de vontade própria, é na
verdade a busca de si próprio dentro de nós mesmos.
Jesus assim o fez quando foi ao deserto. De fato, cronologicamente
não sabemos afirmar se foram 40 dias. Podem ter sido bem menos ou até bem mais
que isso!
Os mestres da lei realizavam o jejum por qualquer coisa. Era “fashion” ficar
com as feições transfiguradas e com ar sofredor para cativar “tapinhas nas
costas”. Quantas pessoas ainda se comportam assim? Esse tipo de “jejum” não
leva a nada.
Mas são quarenta dias jejuando? Não! Procure na internet, consulte
pessoas na sua comunidade, os padres… Eles poderão indicar-lhe uma forma
muito sadia de passar pela Quaresma.
E no fim, o que procurarei? O que encontrarei? Que destino ou motivo deve
nortear o meu jejum? Vamos ler a primeira leitura:
“(…) Acaso é esse jejum que
aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a
cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre cinza? Acaso chamas a isso
jejum, dia grato ao Senhor? Acaso o jejum que prefiro não é outro: – QUEBRAR AS
CADEIAS INJUSTAS, DESLIGAR AS AMARRAS DO JUGO, TORNAR LIVRES OS QUE ESTÃO
DETIDOS, ENFIM, ROMPER TODO TIPO DE SUJEIÇÃO? Não é repartir o pão com o
faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu,
cobre-o, e não desprezes a tua carne”. (Is 58, 5-7)
Hoje, o jejum verdadeiro significa abster-se do consumo e da posse
de bens supérfluos a fim de partilhar seus recursos com os mais pobres e
necessitados.
Jejum é o desapego que faz vencer o mal que insiste em nos fazer
medíocres a graça de Deus.
Propósito: Tomar
consciência do fato que o compromisso com o Evangelho é uma viagem sem volta,
que exige perder a vida para poder possuir e retomar tudo com plena liberdade.
Dia 07
“É dando
que se recebe.”
Os bens e
riquezas acumulados na Terra para nada servirão após a morte; o que se leva da
vida é a riqueza espiritual de cada um e o aprimoramento rumo à perfeição.
Você é
convidado a repartir seus bens com os irmãos menos favorecidos, praticando,
assim, a caridade, o segundo maior mandamento dado por Deus.
No
entanto, evite anunciar suas boas ações aos quatro ventos.
“Não saiba
a tua mão direita o que fez a mão esquerda” (cf Mt 6,3).
Deus, que
tudo vê, tudo ouve e tudo sabe, vai acolher seus gestos.
As obras
realizadas ensinam mais que milhares de palavras.
“O amor
não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito
da Lei”. (Rm 13,10).
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