14 dezembro- Reaviva a fé naquele que, recomendando-nos de fazer o bem, depois sempre se alegra até mesmo com o desejo de o ter feito. (L 88). São José Marello
Mateus 11:2-11
2João,
ao ouvir na prisão o que Cristo estava fazendo, enviou seus discípulos para lhe
perguntarem:
3"És
tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?"
4Jesus
respondeu: "Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo:
5os
cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem,
os mortos são ressuscitados, e as boas-novas são pregadas aos pobres;
6e feliz
é aquele que não se escandaliza por minha causa".
7Enquanto
saíam os discípulos de João, Jesus começou a falar à multidão a respeito de
João: "O que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?
8Ou, o
que foram ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que usam roupas finas
estão nos palácios reais.
9Afinal,
o que foram ver? Um profeta? Sim, eu digo a vocês, e mais que profeta.
10Este é
aquele a respeito de quem está escrito:
" 'Enviarei o meu mensageiro
à tua frente;
ele preparará o teu caminho diante de ti'.
11Digo a
verdade a vocês: Do meio dos nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que
João Batista; todavia, o menor no Reino dos céus é maior do que ele.
Reflexão para o 3 domingo do Advento
- Mateus 11, 2-11 14 dez 2025
Neste terceiro domingo do advento, o evangelho nos
apresenta a figura de João, o Batista, como personagem importante no caminho de
preparação para o reconhecimento do Senhor que já veio, embora estejamos
empenhados ainda nos preparativos festivos do seu nascimento, visando a
solenidade do seu natal que se aproxima. O texto proposto para hoje, Mateus
11,2-11, apresenta a dúvida ou crise de João quanto à messianidade de Jesus
(vv. 2-3) e a resposta do próprio Jesus (vv. 5-6), seguida de um importante
testemunho a respeito do seu “precursor” (vv. 7-11). Alguns estudiosos,
inclusive, intitulam esta perícope de “A crise do Batista”
Para compreendermos a dúvida de João e suas motivações,
é necessário ter em mente o conteúdo do evangelho do segundo domingo do advento
(Mt 3,1-12), o qual foi saltado pela liturgia, infelizmente, devido a
coincidência com a data da solenidade da Imaculada Conceição. O texto omitido
(Mt 3,1-12) apresentava alguns traços das características da figura de Batista,
bem como o conteúdo do seu anúncio messiânico, ou seja, sua descrição do
messias por ele esperado. Portanto, a dúvida apresentada no Evangelho de hoje
deve-se ao fato de que Jesus não correspondeu, como Messias, às expectativas
alimentadas por João Batista.
Mas, quais foram as expectativas alimentadas por
João Batista? Ou melhor, que traços de messias ele descreveu? Ora, assim como
muitos de seu tempo, João esperava um messias potente, guerreiro e juiz que, de
fato, viesse para recompensar os bons e castigar os maus; tinha usado imagens
muito fortes como o machado na raiz das árvores, pronto para cortar (cf. Mt
3,10), o fogo que queima a palha (cf. Mt 3,12). Ele esperava um messias que
viesse mais para condenar do que para salvar, por isso frustrou-se, uma vez que
Jesus veio somente para salvar (cf. Lc 19,10). Em em outras palavras, João
anunciou um messias severo demais, enquanto Jesus veio misericordioso demais.
Só podemos compreender bem o Evangelho de hoje à
luz destes aspectos introdutórios que recordamos. E iniciamos nossa compreensão
partindo das primeiras informações: “João estava na prisão” (v. 2a); os motivos
da prisão de João serão apresentados somente no capítulo quatorze, embora já os
conheçamos: a denúncia da relação ilegítima de Herodes com Herodíades, a esposa
de seu irmão Filipe (cf. Mt 14,1-12). Uma vez preso, João poderia dar como
cumprida a sua missão, uma vez que, ao contrário de todos os profetas que
vieram antes, ele conseguiu ver o messias com os próprios olhos, inclusive o
batizou (cf. Mt 3,14-15).
Houve, no entanto, uma inquietação em João: “tendo
ouvido falar das obras do Cristo” (v. 2b). De fato, as obras do Cristo eram
preocupantes para quem tinha idealizado nele o messias esperado pelas antigas
tradições judaicas, como apresentamos na introdução. Ao invés de condenação,
Jesus cumpria somente obras de salvação, como cura de doenças (cf. Mt 8,14-15;
9,27-31), inclusive de leprosos (cf. Mt 8,1-4), libertação de demônios (cf. Mt
8,28-34), e o pior: ao invés de condenar os pecadores, como João havia predito,
Jesus gostava era de misturar-se com eles.
Além de não cumprir certos ritos e práticas
devocionais caras a João e a muitos da sua época, Jesus ainda incentivava seus
discípulos a fazerem o mesmo, levando-os a uma discussão com os próprios
discípulos de João sobre o jejum (cf. Mt 9,14-17). Nessa ocasião da discussão
sobre o jejum, os discípulos de João preferiram se alinhar aos fariseus,
aqueles mesmos que tinham sido chamados de “cobras venenosas” por João (cf. Mt
3,7), o que vem a confirmar, ainda mais, a insatisfação de João e seus
discípulos com as atitudes de Jesus.
E, se as obras de Jesus deixaram João embaraçado,
muito mais ainda deve ter ficado com as palavras dele, como: “Felizes os
mansos, felizes os misericordiosos, felizes os que promovem a paz” (Mt
5,4.7.8), “amai os vossos inimigos” (Mt 5,43), “não julgueis para não serdes
julgados” (Mt 7,1). Foi ouvindo falar sobre isso, e muito mais, que João enviou
alguns discípulos para fazer uma pergunta decisiva a Jesus.
A pergunta de João deixa muito clara a sua
preocupação: “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” (v. 3).
Mais que preocupação, essa pergunta reflete angústia e decepção. Realmente,
pela prática de Jesus, as informações que chegavam até João não poderiam
animá-lo; na verdade, ele tinha dado características messiânicas que Jesus não
tinha. Ao invés do rigorismo predito pelo Batista, Jesus apresentou-se cheio de
amor e misericórdia, não aplicando os terríveis castigos aos pecadores, como
esperava João. Portanto, a crise do Batista tornou-se inevitável.
João não foi o primeiro e nem o último a se
decepcionar com o nazareno. Por isso, a resposta de Jesus foi muito serena, mas
cheia de vida e de convicção: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo:
os cegos recuperaram a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os
surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (vv. 4-5).
Jesus não responde com o tradicional “sim ou não”; mas responde com o seu
legado, o resultado das suas obras, sobre as quais João ouviu falar e ficou
preocupado (v. 2). Aqui, não entra em discussão a autenticidade dos milagres e
curas de Jesus, mas o que, de fato, estes sinais representam: a renovação
completa da humanidade. Com estas categorias de pessoas sendo reabilitadas,
Jesus está afirmando que o seu messianismo consiste em restaurar, resgatar o
que parecia perdido, ao invés de destruir com o fogo, como tinha anunciado o
Batista (cf. Mt 3,10.12).
Nessa resposta de Jesus está a certeza de que o
Reino dos céus que estava próximo, segundo João (cf. Mt 3,2), tinha,
finalmente, chegado. E, esse Reino é de inclusão e vida nova. Diante disso,
Jesus proclama uma bem-aventurança: “Feliz aquele que não se escandaliza por
causa de mim!” (v. 6); é provável que a desconfiança de João a seu respeito lhe
entristeceu um pouco, mas Jesus tinha consciência de que o Batista era fruto do
seu tempo e carregava em si os anseios de um povo e de uma tradição.
Assim, passado o desconforto inicial, Jesus faz um
grande elogio a João Batista, quando seus discípulos foram embora levando a
resposta. Nesse testemunho elogioso a respeito do Batista, Jesus exalta suas
qualidades de profeta, ressaltando seu testemunho, integridade, honestidade e
austeridade (v. 7-9). Para Jesus, João foi até maior do que todos os antigos
profetas. Nisso, é perceptível o afeto que unia os dois, apesar da inegável
crise. Se houve um pouco de angústia em Jesus ao receber o “ultimato” dos
discípulos de João, muito mais deve ter tido o próprio João pois, encarcerado,
não podia ver o que Jesus fazia, apenas ouvia falar a seu respeito e,
certamente, com distorções.
Jesus reconheceu a importância de João Batista,
interpretando-o, inclusive, à luz da Escritura, através da profecia de
Malaquias (cf. Ml 3,1): “É dele que está escrito: ‘eis que envio o meu
mensageiro à tua frente...” (v. 10). Fez-lhe um elogio tão grande, a ponto de
considerá-lo o maior dos seres humanos até então: “Em verdade vos digo, de
todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do João Batista” (v. 11a). No
entanto, João pertence a uma ordem antiga, cujos esquemas não coincidem com a
nova ordem que Jesus veio inaugurar, o Reino dos céus. Esse Reino é uma
sociedade alternativa, incompatível com todas as formas de organização social
até então experimentadas. Para entrar nesse Reino, não contam os títulos de
honra e grandeza, mas apenas a adesão livre ao projeto libertador de Jesus,
cujo critério principal de pertença é a capacidade de fazer-se pequeno (cf. Mt
18,3; 19,14). Por isso, “o menor no Reino dos céus é maior do que ele” (v.
11b). Não se trata de uma desvalorização do Batista, mas de evidenciar que
Jesus inaugura uma nova humanidade em todos os sentidos.
Diante de tudo isso, queremos aprender com o
Batista a não ter medo de duvidar; é na dúvida que a fé autêntica pode crescer
e se tornar sólida. Mas, o que queremos, sobretudo, é abraçar o Reino com seus
valores e a humanidade nova proposta por Jesus, da qual somos construtores. É
assim que podemos perceber o Senhor que já está aqui, no meio de nós!
Dia 14
Todos
nasceram para amar e respeitar os semelhantes.
Por isso,
é importante que você mantenha com todos um relacionamento harmonioso e
cordial.
Deus quer
sua felicidade, que consiste na dedicação sem reservas aos irmãos, em especial
àqueles que mais necessitam de carinho.
A cada
instante, todos são desafiados a amar e servir.
“Agora, filhos, eu vos recomendo: servi a Deus na verdade e fazei diante dele o que lhe agrada. Ordene-se também a vossos filhos que praticam boas obras, especialmente a esmola, e se lembrem sempre de Deus e bendigam o seu nome em todo tempo na verdade e com todas as forças”. (Tb 14,8).



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