05 novembro – É preciso ver todas as coisas à luz da fé, fazer com que a razão prevaleça sempre sobre o coração e a vontade de Deus sobre a razão: aceitar tudo das mãos do Senhor, tanto as coisas que nos agradam como as que nos desagradam, respondendo sempre e a tudo: “Deo gratias!” Obrigado Senhor! (S 237). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,25-33
Naquele tempo, 25grandes
multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se
alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus
filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu
discípulo. 27Quem
não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.
28Com efeito: qual de vós, querendo construir
uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o
suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele
vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso
começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este
homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’
31Ou ainda: Qual rei que, ao sair para guerrear
com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá
enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele
vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para
negociar as condições de paz. 33Do
mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem,
não pode ser meu discípulo!”
Meditação:
O
evangelho do dia de hoje apresenta as condições ou exigências para ser
discípulo de Jesus; exigências que em nosso momento atual são de grande
importância, pois vivemos um tempo em que a experiência de fé foi reduzida a
“ir à missa”, a uma fé totalmente desconectada dos problemas sociais e
econômicos que vive o mundo de hoje, uma fé temerosa do compromisso e da
entrega total pelos irmãos.
Quando Jesus fala de relativizar a família, de deixar pai, mãe, esposa, filhos,
irmãos, está se referindo à necessidade de edificar um novo sistema de
relações, um novo modelo de sociedade em que a fraternidade, a solidariedade, o
serviço são fundamentais e em que toda a estrutura, incluída a família, esteja
em função de construir esse novo tipo de sociedade e não o contrário.
O seguidor de Jesus está convocado a ser partícipe desta nova sociedade, onde o
principal é tornar presente na história o reinado de Deus, o qual exige mudança
de valores e de prioridades: renunciar a todos seus bens, quer dizer, renunciar
a todo tipo de segurança para poder colaborar livremente e sem impedimentos na
grande obra de Deus.
Como
consequência de tudo o que Jesus disse e fez ao longo de seu ministério e
particularmente nesta viagem a Jerusalém, vem agora uma apresentação clara e
direta das condições para segui-lo, um seguimento que não pode ser de simples
simpatia com ele e sua causa, mas que exige mudanças verdadeiramente radicais.
Do
trecho que lemos hoje, podemos extrair três condições que são, além disso,
muito claras e que não admitem ambiguidades. Primeira, odiar a própria família;
segunda, carregar sua própria cruz; terceira, renunciar aos bens. Quem faz isto
pode estar seguro de que está apto para o seguimento de Jesus.
Causas
e consequências deste tríplice exigência:
A
primeira exigência contém, implícita, a denúncia contra o rigor da instituição
familiar no tempo de Jesus. Não há nenhuma posição antinatural de Jesus contra
os entes queridos. Pelo contrário, ao preocupar-se Jesus com o indivíduo, a
pessoa, sua intenção é, no fundo, sanar uma instituição natural que com o tempo
se converteu em reduto de tirania e domínio de alguém: o patriarca/pai sobre a
esposa e os filhos, com a consequência mais clara: desumanização, infantilismo,
dependência...
Jesus
convida a odiar – esse é o verbo utilizado –, mas o ódio não é ao pai como tal,
ou à mãe e aos irmãos ou a si mesmo; odiar, não obstante sua forte conotação,
entende-se rejeição, ruptura completa com a totalidade da estrutura familiar
como centro e figura de domínio. Segue-se a Jesus na liberdade e para a
liberdade: liberdade na opção, liberdade no seguimento. Não há indício de
escapismo nem evasão, Jesus não convida à fuga, exige renúncia e ruptura com
aquela atitude de dependência; é a pessoa, o indivíduo quem tem de enfrentar
sua própria vida, seu próprio crescimento. Daí, a segunda exigência: “carregar”
sua própria cruz.
Aquele
que tiver sido capaz de “odiar” a estrutura que o prendia, minimizava-o e o
tornava inválido, por assim dizer, terá como desafio um caminho a percorrer,
suportar por si mesmo e conduzir o destino de sua vida, “levando-o”, dia após
dia, com uma frequência que certamente se apresenta às vezes difícil, em que se
sente a tentação de outros o levarem nosso lugar. No seguimento de Jesus não
pode haver dependência.
Outra
forma de dependência desumanizante que é desmascarada também aqui é o apego aos
bens materiais, às riquezas. Não se conclui necessariamente por esta passagem
do Evangelho que ser rico seja pecado, esse não é o juízo que faz Jesus; a
denúncia concreta é: os bens materiais, entendidos como riqueza, transformada
em opção de vida, desumanização das pessoas, tornam-na também dependente e,
portanto, não apta para o seguimento de Jesus. Não basta, então, renunciar ou
romper com a instituição ou estrutura que escraviza, é preciso saber romper
também com o sistema de vida, se este for inumano, e não permitir uma
realização integral do indivíduo.
Dizemos
que estas exigências tais como as apresenta o Evangelho, não se prestam a quaisquer
ambiguidades. Contudo, sabemos que, na maioria das vezes, a ambiguidade se
apresenta e domina o indivíduo. Jesus previne seus seguidores para que essas ambiguidades
não cheguem a converter-se em fracasso, e o faz valendo-se de novo de duas
parábolas: a do construtor que não pôde concluir a torre e a do rei que vai
para a guerra e se rende sem sequer lutar.
Ambas
as parábolas refletem a situação interna da comunidade de Lucas. Ainda havia
restos de dependência em alguns seguidores deste “novo caminho”: da família e,
pior ainda, dos bens materiais.
Reflexão Apostólica:
Seguir
a Jesus e continuar o seu projeto é viver um clima novo na relação com as
pessoas, com as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com
liberdade e fidelidade a condição humana, sem superficialismo, conveniência ou
romantismo. O discípulo de Jesus deve ser realista, a fim de evitar ilusões e
covardias vergonhosas.
Ser
discípulo de Jesus é segui-Lo para uma vida nova e aceitar a revolução que Ele
quer fazer em nós desde o nosso desapego às pessoas, da anuência à participação
na Sua Cruz e do abandono de tudo o que temos de material e de humano
O
seguimento de Jesus implica na renúncia e no desapego das nossas idéias e
vontade própria, como também dos nossos bens, ídolos e projetos. Jesus veio
mostrar ao mundo uma nova maneira de ser valorizando o homem na sua dignidade,
libertando-o de tudo o que possa escravizá-lo e dominá-lo. Para que nós
possamos segui-Lo, nós precisamos nos sentir homens e mulheres livres de nós
mesmos.
Muitas
vezes, nós com a boca, professamos que cremos em Jesus e que desejamos
segui-Lo, porém, não fazemos o cálculo de que isto implica em empreendermos uma
guerra contra a nossa carne.
Por
isso, nós fracassamos nos nossos propósitos. Nós precisamos ter convicção que a
nossa opção de cristãos e de cristãs se fundamenta na vivência da mensagem
evangélica do amor.
Quem
ama é livre das condições, é livre das circunstâncias, é livre das pessoas.
Ama, porque ama com o amor de Jesus. A Cruz é decorrente da nossa vivência do
amor, porque amar nos traz consequências. Não é fácil amar nem tampouco é fácil
assumir os encargos que o amor nos propõe.
Sentar-se
para “calcular os gastos” e ou “examinar as condições” é entregar-se à ação do
Espírito Santo que é quem nos capacita a deixarmos tudo e seguirmos a Jesus
Cristo como discípulos seus.
Assim
sendo, quando Jesus nos diz “se alguém vem a mim”, Ele quer nos dizer, se “você
quer me seguir você deverá viver a lei do amor; você terá que amar como eu amo;
viver como eu vivo; sofrer como eu sofro; pensar como eu penso.”
A
renúncia maior há de ser do nosso jeito de olhar as coisas, de julgar e de
encarar as pessoas, de nos desapegar dos conceitos adquiridos durante a nossa
caminhada de vida, consequência da nossa criação, cultura etc.
A
renúncia a tudo que não combina com o pensamento evangélico e o desapego das
coisas e das pessoas, é, portanto, o fundamento para que o reino dos céus viva
em nós e Jesus seja o nosso Rei, Senhor e Mestre. Do contrário, estaremos
construindo na areia e nunca seremos considerados discípulos e seguidores de
Jesus.
Você
tem muitos planos? Você já fez os cálculos, do que terá de abdicar para
que Jesus seja o seu Mestre? Você é uma pessoa muito arraigada às suas idéias e
pensamentos? Você tem procurado amar como Jesus amou? Você tem assumido a sua
Cruz?
O
seguimento de Jesus é como uma pedra no sapato. Faz-nos parar pelo caminho e
examinar o que nos impede de prosseguir. Obriga-nos a pensar se o caminho vale
a pena, se é o mais adequado, o ideal. O seguimento de Jesus possui exigências
que libertam as pessoas das cargas inúteis e excessivas; apenas que requer e
exige absoluta liberdade.
O evangelho de hoje nos recorda as exigências do seguimento. Seguir Jesus pode
"mortificar", causar incômodos, mas, no fundo, que ajuda o discípulo
a estar disponível para caminhar com ele. Por isso o mais oportuno é não levar
muitos calçados para o caminho, acumulando bens inúteis, nem carregar muitas
bolsas, pois o bem maior é Deus. Não precisa levar companhia, porque na
comunidade de irmãos encontrará amizade e apoio.
Vendo assim as coisas, o caminho deve ser empreendido na mais completa
liberdade, com os braços abertos para ir ao encontro do irmão, e com os pés
descalços para estar no mais completo contato com a realidade. Carregar a própria
cruz é sinal da aceitação de um caminho que pode conter sofrimento, solidão e
morte, mas que, seguindo Jesus, alcança a vida plena.
Propósito:
Pai,
reforça minha disposição a ser discípulo de teu Reino, afastando tudo quanto
possa abalar a solidez de minha adesão a ti e a teu Filho Jesus.
Dia 05
Deus
tem sempre gestos de carinho para com seus filhos.
No
Antigo Testamento, com a ajuda de Moisés, o Senhor libertou o povo da
escravidão do Egito, conduzindo-o com paciência e ternura pelo deserto, até a
Terra Prometida.
Hoje,
lembre-se das pessoas carentes e oprimidas pela escassez de trabalho, baixa
remuneração e falta de moradia.
Diante
do Senhor, abra seu coração a essa realidade.
Reze
hoje: “Senhor, vem salvar teu povo!”.
“Lembra-te,
Senhor, do teu amor, e da tua fidelidade desde sempre”.
(Sl
25[24],6).



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