03 novembro - Ainda que no meio do combate nos encontrássemos despojados de qualquer boa disposição, aliás até tomados por grande aversão à luta, não devemos desanimar: é justamente nesses momentos que Deus nos quer provar, fazendo-nos agir somente por fé... É esse pouquinho de fé que nos deve salvar e que será mais largamente recompensado no Céu. (S 347). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,12-14
Naquele tempo, 12dizia Jesus ao chefe dos fariseus que o tinha convidado: “Quando
tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem
teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te
e isso já seria a tua recompensa. 13Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os
aleijados, os coxos, os cegos. 14Então tu
serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na
ressurreição dos justos”.
Meditação:
Jesus ao olhar tanto para o dono da festa bem como
para os convidados ficou desapontado; e, então levantando a cabeça dirige a
palavra à seus Apóstolos: Quando você der um almoço ou um jantar, não convide
os seus amigos, nem os seus irmãos, nem os seus parentes, nem os seus vizinhos
ricos. Porque certamente eles também o convidarão e assim pagarão a gentileza
que você fez.
A oportunidade do Evangelho sobre o banquete dos
pobres e aleijados permite abordar o tema da Igreja como assembleia universal e
indiscriminada dos filhos de Deus.
O plano salvífico de Deus, manifestado em Jesus de
Nazaré, apresenta-se definitivamente como a assembleia universal e
indiscriminada dos filhos de Deus dispersos.
Por isso, a Igreja, através de variadas modalidades
associativas ou congregacionais visibilizadas pelo amor, os ministérios e os
sacramentos, sobretudo a celebração eucarística, se manifesta nas múltiplas assembleias
locais. Abre-se ao projeto divino da acolhida de todos os homens,
mediante a fé em Cristo. Prossegue e prolonga a obra da congregação universal
dos filhos de Deus, privilegiando os pobres e marginalizados, na qualidade de
primeiros convidados ao festim dos bens messiânicos, pois se os pobres têm vez,
ninguém se sente excluído.
A Igreja jamais será um fim em si mesma, mas o meio
pelo qual se processa a unificação dos homens entre si e com Deus em
Cristo. Daí, o tema da congregação universal apontar para o banquete
definitivo do Reino de Deus onde serão acolhidos na morada do Pai (Jo 14,2-3),
a Jerusalém do Alto (Ap 21,10; Hb 12,22-23).
O amor preferencial pelos pobres, o espaço aberto
aos marginalizados, a promoção dos necessitados será sempre sinal evidente do
Reino de Deus que a Igreja anuncia, vive e constrói. O próprio Reino
manifesta sua força e vitalidade, congregando os pobres na Igreja de Cristo
para promovê-los a uma vida mais digna até a eternidade feliz.
Lucas apresenta o tema da humildade, a partir da
parábola da escolha dos lugares, e o tema da importância dos pobres no Reino de
Deus, a partir da parábola da escolha dos convidados (Lc 14,1.7-14).
Nos diálogos à mesa, os autores gregos geralmente
apresentavam os comensais em torno do dono da casa, sublinhando a posição
social dos presentes. Lucas também começa retratando um dos notáveis
entre os fariseus para logo, desconcertantemente, introduzir um hidrópico na
cena, necessitado de cura. Deste modo, dá a entender que a refeição
messiânica não é reservada a elites, mas se abre a todos, notadamente os pobres
e marginalizados.
Durante os diálogos à mesa, era costume que cada
conviva pronunciasse um discurso para elogiar o tema a ser abordado e d
‘escrever-lhe as situações. No caso de Lucas, é Jesus quem inicia a
conversação, referindo-se à possibilidade de curar o hidrópico no Sábado,
enquanto os legistas e fariseus se calam e não conseguem replicá-lo.
Jesus, no entanto, insiste no diálogo, escolhendo como tema a humildade e
descrevendo suas manifestações. Tendo como pano de fundo a literatura
sapiencial (Pr 25,6-7), elogia a humildade, a partir da parábola da escolha dos
lugares em que o ocupante do último posto é convidado a se transferir para mais
perto.
Quanto à parábola da escolha dos convidados, mais
do que apontar para a humildade de quem convida os marginalizados, acentua, bem
a gosto de Lucas, a importância dos pobres no Reino de Deus.
Na realidade, há a questão básica que se impõe aos
que creem, sobre a acolhida devida aos carentes e necessitados, privilegiados
de Jesus. Em tom sapiencial, que sobre exalta as consequências dos atos
humanos, é melhor, para Jesus, convidar os pobres, pois, não tendo com que
retribuir, a recompensa da gratuidade há de ser dada pelo próprio Deus na
ressurreição dos justos. Do mesmo modo que é conveniente se colocar no
último lugar pela vivência da humildade, também é mais dadivoso convidar os pobres
e aleijados para o banquete do que os amigos, parentes e vizinhos ricos.
Consciente de que Jesus inaugura o banquete
universal dos pobres (Is 55,1-5), Lucas insiste na gratuidade do gesto divino
que acolhe a todos em seu Reino, chamado a atenção para a mesma atitude
daqueles que convidam os que não podem retribuir. Entretanto, se
considerarmos a interpretação eucarística proposta por vários comentadores,
teremos a superação, nas assembleias dominicais, de manifestações de vaidade e
ostentação das reuniões pagãs, através das regras da humildade ou das escolhas
dos lugares e a exclusão de barreiras judaicas, impostas pela impureza legal
aos marginalizados mediante as regras da gratuidade e da acolhida dos pobres.
Quem são os que participam da tua festa? Com quem
gastas o teu dinheiro? E como o gastas? Lembra-te do apelo do Mestre: Quando
deres um banquete convide os cegos, os aleijados, os pobres e serás abençoado.
Pois eles não poderão pagar o que tu fizeste, mas Deus te pagará no dia em que
as pessoas que fazem o bem ressuscitarem.
Reflexão Apostólica:
Mais
uma vez Jesus nos ensina algo que contradiz completamente o pensamento do
mundo: não convidar os amigos nem aquelas pessoas mais queridas, mas chamar
àqueles que mais necessitam de alimento. E Ele ainda acrescenta: “Então tu
serás feliz!”
É
tão fácil a gente conviver com quem a gente gosta, admira, se afina, mas isto
amacia apenas o nosso ego! A nossa felicidade interior, a paz que nós
precisamos vem do serviço desinteressado.
A
motivação que temos para fazer as coisas do nosso dia a dia se constitui também
num parâmetro para a nossa felicidade eterna. Jesus nos explica: se fizermos as
coisas somente àqueles que podem nos recompensar já estaremos recebendo o
prêmio.
Porém,
quando realizamos algo às pessoas que não podem fazer o mesmo conosco, aí então,
a recompensa nos virá do céu. A gratificação dos justos é a ressurreição.
A
mensagem do Evangelho de hoje nos leva a avaliar qual é o nosso interesse
quando escolhemos as nossas amizades, qual é o valor com que nós aquilatamos as
pessoas sejam elas ricas, sejam pobres.
Qual
é o nosso interesse quando cultivamos os nossos relacionamentos, se o que
estamos buscando aqui na terra servirá apenas para que tenhamos uma vida cheia
de regalias ou se estamos caminhando em busca do reino de Deus.
Jesus
termina com uma recomendação muito importante: “convida os pobres, os
aleijados, os coxos, os cegos. “Então tu serás feliz!” Significa, convida
aqueles que se sentem marginalizados cheios de defeitos; aqueles que nunca
esperariam ser chamados.
A
festa é a nossa vida da qual ninguém poderá ser excluído, são as nossas
conquistas que devem ser partilhadas com todos, sem exceção, sem preconceito e
discriminação.
Seremos
felizes na medida em que formamos unidade com todas as pessoas, uma só alma, um
só coração, um só ideal, porque a figura desse mundo passa e o que nós
almejamos é a vida eterna, junto com todos.
Qual
é o critério que você usa para a escolha dos seus relacionamentos? Você costuma
acolher a todas as pessoas, ricas ou pobres? Você já convidou alguém, muito
pobre, para sentar-se à mesa com você? Você seria capaz de fazer essa
experiência?
Propósito:
Pai, coloca no meu coração um amor desinteressado e
gratuito, que saiba ser generoso sem esperar outra recompensa a não ser a que
vem de ti.
Dia 03
Se
for magoado, perdoe seu ofensor.
Se
agir desse modo, você experimentará uma grande leveza interior.
O
perdão é o poder que quebra as cadeias do rancor e as correntes do egoísmo,
libertando as pessoas de sentimentos negativos.
O
perdão sincero de sua parte fará de você um vencedor.
“Se
não se pode perdoar, não vale a pena vencer” (Victor Hugo).
“Pedro
dirigiu-se a Jesus, perguntando: ´Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu
irmão pecar contra mim?
Até
sete vezes? ´. Jesus respondeu: ´Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta
vezes sete vezes´”. (Mt 18,21-22).



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