16 nov - Bate com força, a casca cede e a noz se quebra sem ferir a mão; bate com pouca força, a casca não se parte, a mão se machuca com o golpe fracassado e nada aconteceu: para fazer o bem é preciso energia. (L 29). São José Marello
LUCAS 21, 5-19 16 nov 2925
Leitura
do santo Evangelho segundo São Lucas 21,5-19
Naquele tempo:
5Algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas.
Jesus disse:
6'Vós admirais estas coisas?
Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra.
Tudo será destruído.'
7Mas eles perguntaram:
'Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal
de que estas coisas estão para acontecer?
8Jesus respondeu: 'Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo:
'Sou eu!' e ainda: 'O tempo está próximo.'
Não sigais essa gente!
9Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados.
É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não
será logo o fim.'
10E Jesus continuou:
'Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará
outro país.
11Haverá grandes terremotos, fomes
e pestes em muitos lugares;
acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão
vistos no céu.
12Antes, porém, que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos;
sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis
levados diante de reis e governadores por causa do meu nome.
13Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé.
14Fazei o firme propósito de
não planejar com antecedência a própria defesa;
15porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater.
16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos.
E eles matarão alguns de vós.
17Todos vos odiarão por causa do meu nome.
18Mas vós não perdereis um só
fio de cabelo da vossa cabeça.
19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!
Palavra da Salvação.
Reflexão para o 33º domingo do Tempo
Comum - LUCAS 21, 5-19 (Ano C)
Com a chegada da fase conclusiva do ano litúrgico,
a liturgia nos aproxima de textos do gênero literário apocalíptico, como o
evangelho de hoje: Lc 21,5-19. Esse texto faz parte do discurso escatológico de
Jesus no Evangelho de Lucas, e apresenta um episódio comum aos três evangelhos
sinóticos. Por ser um texto bastante longo, não comentaremos todos os
versículos pontualmente. Antes de entrarmos propriamente no conteúdo do texto,
é necessário e fazer alguns esclarecimentos acerca do gênero literário e do contexto,
como faremos a seguir.
A primeira observação diz respeito ao gênero
literário ao qual pertence o texto: o gênero apocalíptico. Derivado da palavra
apocalipse (em grego: αποκαλυψις =
apoclípisis), cujo significado é “revelação”, “manifestação da
verdade” ou “tornar conhecido algo que estava escondido”, o gênero apocalíptico
foi bastante distorcido ao longo da história do cristianismo, passando a ser
sinônimo de catástrofes e desastres, passando a causar medo, quando, na
verdade, é um gênero literário usado pelos autores bíblicos para transmitir
mensagens de esperança e resistência. Portanto, ao invés de causar terror e
medo, a mensagem do Evangelho de hoje deve nos animar, como veremos no decorrer
da reflexão.
Quanto ao discurso escatológico, esse está presente
nas últimas partes dos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas),
antecedendo os relatos da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Os
evangelistas fazem questão de situá-los no curto ministério de Jesus em
Jerusalém. O adjetivo “escatológico” deriva da palavra grega “escatón” (εσχατον), que significa
fim. Ao falar de fim, os evangelistas pensam em dois sentidos: fim como extermínio de tudo o que impede a realização plena do Reino de Deus, e como
finalidade da criação,
sobretudo do gênero humano, alcançando o seu
verdadeiro destino.
Inegavelmente, a mensagem desse texto de hoje está
voltada para o fim; mas um fim como finalidade, e não como extermínio.
Infelizmente, a maioria das interpretações têm estimulado uma concepção de fim
enquanto extermínio, marcado por uma sequência de catástrofes, inculcando medo
nas pessoas e levando-as a um fundamentalismo extremo. Na verdade, Jesus está
anunciando a transição entre dois reinos: o reino dos homens e o reino de Deus.
Obviamente, pelos contrastes entre um e outro reino, essa transição deverá ser
marcada por conflitos inevitáveis, tendo em vista que o advento do Reino de
Deus pressupõe a superação de tudo o que diz respeito ao reino dos homens. Por
isso, Jesus previne e encoraja os seus discípulos para a inevitável tensão no
período de transição e os consequentes perigos.
Voltemos, pois, a atenção para o complexo texto que
nos é proposto. A cena transcorre nas dependências do templo, ambiente de
decepção para Jesus, considerando que, de “casa de oração”, foi transformado em
“covil de ladrões”, conforme ele denunciou anteriormente (cf. Lc 19,45-46).
Para Ele, era muito doloroso contemplar todas as arbitrariedades que aconteciam
naquele ambiente, em nome de seu Amado Pai! Na cena anterior ao episódio de
hoje, ele tinha lamentado pela pobre viúva explorada (cf. Lc 21,1-4). Como
estavam na semana da páscoa, o templo já estava bastante movimentado pela
presença de peregrinos de diversas regiões. Muitos peregrinos, provavelmente,
estavam lá pela primeira vez. Por isso, a admiração de alguns com uma
construção tão esplêndida (v. 6). E Jesus já estava bastante revoltado com tudo
o que tinha visto ali; por isso, foi muito duro ao escutar elogios àquela
construção que ao invés de revelar, escondia o verdadeiro rosto de Deus, o seu
Pai. Por isso, foi curto e grosso na resposta: “não restará pedra sobre pedra”
(v. 6b). Com essa expressão, Ele externa seu total descontentamento com aquela
instituição, dizendo que não há nada a se aproveitar dela: deve ser exterminada
o quanto antes.
Considerando que o famoso templo de Jerusalém era
uma das grandes maravilhas do mundo na época, pela sua imponência e beleza de
seus adornos, uma previsão de sua destruição despertava muito espanto e
perguntas, como fizeram os interlocutores de Jesus: “Quando acontecerá isso?
Qual o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” (v. 7). A perguntas
desse gênero, Jesus responde com muita cautela e precisão, embora não diga
quando, pois não é competência sua, nem se trata de algo relevante. Ele pede,
na verdade, para que os discípulos não se apavorem com os acontecimentos que
refletem os antigos sinais de fim dos tempos, preditos ao longo da história de
Israel pelos antigos profetas: guerras, revoluções e fenômenos naturais como
terremotos e pestes (vv. 9, 10, 11). A estes fenômenos e acontecimentos, ele
aponta outro perigo: a manipulação de seu nome por falsos pregadores e
espertalhões que predizem, sem fundamentação alguma, o final dos tempos e
apresentam-se como sabedores das realidades futuras (v. 8b). Ele pede para não
nos deixarmos enganar por esse tipo de gente (v. 8a), presente muitas vezes nas
comunidades cristãs, infelizmente.
Na sequência, Jesus chama ainda mais a atenção dos
seus discípulos para as consequências da fidelidade ao seu projeto de
construção de um mundo novo: uma sociedade alternativa baseada em novos valores
e princípios. Obviamente, o advento de um mundo novo requer a superação de um
mundo antigo, o que exige a substituição dos valores tradicionais cultivados pela
sociedade e religião do tempo de Jesus, pelos valores que compõem o seu
Evangelho. Eis porque os conflitos se tornam inevitáveis: quem aceitar o
Evangelho com seus valores, rejeitará os princípios da antiga ordem
estabelecida, mantida pela aparelhagem ideológica da religião e do estado. Tais
consequências culminam com as perseguições nos mais diversos âmbitos:
religioso, político e familiar.
Quanto às perseguições, que muitos viam como o fim
dos tempos, Jesus as apresenta como meios que conduzirão o mundo ao seu
verdadeiro fim: são sinais de que o Reino de Deus se aproxima. De fato, a
fidelidade de seus discípulos será medida pela reação de três instituições a
eles: a religião, o poder político e a família. Por isso, Jesus diz que os
seguidores do seu Evangelho serão perseguidos e entregues às sinagogas (v. 12),
prova de que sua mensagem desmascarava a religião institucional de seu tempo;
serão conduzidos diante de reis e governadores (v. 12), sinal da oposição
radical entre o Reino de Deus e os reinos dos homens, o poder político; e serão
entregues e mortos até mesmo pelos próprios familiares (v. 16), o sinal de que
até mesmo a instituição familiar é abalada pela mensagem renovadora e
libertadora de Jesus.
Diante de uma proposta tão exigente e ousada, Jesus
faz um forte apelo à fidelidade e perseverança dos seus discípulos,
encorajando-os a não desanimarem diante das adversidades. Antes de tudo, Ele
garante que quando estas coisas começarem a acontecer, os discípulos terão a
oportunidade de dar testemunho da fé nele (v. 13). Ora, testemunho, em grego
“martyrion” (μαρτύριον), significa
testemunhar e assumir as consequências
desse testemunho, dando a vida se for preciso, como Jesus mesmo prevê (v. 16b).
Jesus aconselha os discípulos também a confiar plenamente nele, sem
preocupações com o que dizer e o jeito de se defenderem diante das acusações e
calúnias (vv. 14-15). Basta confiar e testemunhar.
É inevitável que, testemunhando Jesus, os
discípulos estarão alimentando o ódio daqueles que querem permanecer ligados às
antigas instituições e fechados à novidade do Evangelho. Porém, Jesus garante
que o mais importante, a vida, será preservada em sua plenitude: “não perdereis
um só fio de cabelo de vossa cabeça” (v. 18). Ora, o fio de cabelo significava
a menor parte da vida de uma pessoa na mentalidade hebraica; assim, Jesus diz
que a vida do discípulo e discípula que perseverar no testemunho corajoso do
seu Evangelho, será ganha em sua totalidade e abundância (v. 19).
É, portanto, urgente e necessário conceber a adesão
ao ensinamento de Jesus como ruptura total com todas as estruturas e
instituições tradicionais para, de fato, testemunhar, de modo livre e novo, os
valores presentes em seu Evangelho. É urgente que abracemos um mundo novo,
caracterizado por novas relações em todos os âmbitos da vida, motivadas única e
exclusivamente pelo amor, deixando para trás todas as experiências
ultrapassadas, mesmo que usem o nome de Deus, como usava o esplêndido templo de
Jerusalém, o qual não merecia outro destino, senão a destruição completa. Por
isso, temos a certeza de que Jesus pregava o fim de um mundo antigo
insustentável, tendo como finalidade a construção de um mundo novo baseado nos
valores do seus Evangelho.
Dia 16
Ser
prestativo para com os semelhantes denota uma profunda forma de amar.
Não seja
egoísta nem individualista, fechando-se em si mesmo.
Perceba
que, quanto mais abrangente for sua comunicação, mais amor levará a quem,
muitas vezes, jamais recebeu uma palavra de carinho.
A boa
comunicação tira as pessoas do isolamento e as aproxima dos irmãos.
“Mas o
juízo voltará a ser conforme a justiça, vão segui-los todos os retos de
coração”. (Sl 94[93],15).



Nenhum comentário:
Postar um comentário