06 novembro - Igualdade de espírito: nem alegres demais nem
muito tristes: igualdade de semblante: nunca rugas na testa; igualdade nas
palavras: nem severidade demasiada nem demasiada familiaridade; igualdade nas
orações: nem muito depressa, nem muito devagar. (S 197). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,12-14
Naquele tempo, 12dizia Jesus ao chefe dos
fariseus que o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não
convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos
ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isso já seria a tua recompensa.
13Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os
aleijados, os coxos, os cegos. 14Então tu serás feliz!
Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição
dos justos”.
Meditação:
Jesus
ao olhar tanto para o dono da festa bem como para os convidados ficou
desapontado; e, então levantando a cabeça dirige a palavra à seus Apóstolos: Quando você der um almoço ou um jantar,
não convide os seus amigos, nem os seus irmãos, nem os seus parentes, nem os
seus vizinhos ricos. Porque certamente eles também o convidarão e assim pagarão
a gentileza que você fez.
A
oportunidade do Evangelho sobre o banquete dos pobres e aleijados permite
abordar o tema da Igreja como assembleia universal e indiscriminada dos filhos
de Deus.
O
plano salvífico de Deus, manifestado em Jesus de Nazaré, apresenta-se
definitivamente como a assembleia universal e indiscriminada dos filhos de Deus
dispersos.
Por
isso, a Igreja, através de variadas modalidades associativas ou congregacionais
visibilizadas pelo amor, os ministérios e os sacramentos, sobretudo a
celebração eucarística, se manifesta nas múltiplas assembleias locais.
Abre-se ao projeto divino da acolhida de todos os homens, mediante a fé em
Cristo. Prossegue e prolonga a obra da congregação universal dos filhos
de Deus, privilegiando os pobres e marginalizados, na qualidade de primeiros
convidados ao festim dos bens messiânicos, pois se os pobres têm vez, ninguém
se sente excluído.
A
Igreja jamais será um fim em si mesma, mas o meio pelo qual se processa a
unificação dos homens entre si e com Deus em Cristo. Daí, o tema da
congregação universal apontar para o banquete definitivo do Reino de Deus onde
serão acolhidos na morada do Pai (Jo 14,2-3), a Jerusalém do Alto (Ap 21,10; Hb
12,22-23).
O
amor preferencial pelos pobres, o espaço aberto aos marginalizados, a promoção
dos necessitados será sempre sinal evidente do Reino de Deus que a Igreja
anuncia, vive e constrói. O próprio Reino manifesta sua força e vitalidade,
congregando os pobres na Igreja de Cristo para promovê-los a uma vida mais
digna até a eternidade feliz.
Lucas
apresenta o tema da humildade, a partir da parábola da escolha dos lugares, e o
tema da importância dos pobres no Reino de Deus, a partir da parábola da
escolha dos convidados (Lc 14,1.7-14).
Nos
diálogos à mesa, os autores gregos geralmente apresentavam os comensais em
torno do dono da casa, sublinhando a posição social dos presentes. Lucas
também começa retratando um dos notáveis entre os fariseus para logo,
desconcertantemente, introduzir um hidrópico na cena, necessitado de
cura. Deste modo, dá a entender que a refeição messiânica não é reservada
a elites, mas se abre a todos, notadamente os pobres e marginalizados.
Durante
os diálogos à mesa, era costume que cada conviva pronunciasse um discurso para
elogiar o tema a ser abordado e d ‘escrever-lhe as situações. No caso de
Lucas, é Jesus quem inicia a conversação, referindo-se à possibilidade de curar
o hidrópico no Sábado, enquanto os legistas e fariseus se calam e não conseguem
replicá-lo. Jesus, no entanto, insiste no diálogo, escolhendo como tema a
humildade e descrevendo suas manifestações. Tendo como pano de fundo a
literatura sapiencial (Pr 25,6-7), elogia a humildade, a partir da parábola da
escolha dos lugares em que o ocupante do último posto é convidado a se
transferir para mais perto.
Quanto
à parábola da escolha dos convidados, mais do que apontar para a humildade de
quem convida os marginalizados, acentua, bem a gosto de Lucas, a importância
dos pobres no Reino de Deus.
Na
realidade, há a questão básica que se impõe aos que creem, sobre a acolhida
devida aos carentes e necessitados, privilegiados de Jesus. Em tom
sapiencial, que sobre exalta as consequências dos atos humanos, é melhor, para
Jesus, convidar os pobres, pois, não tendo com que retribuir, a recompensa da
gratuidade há de ser dada pelo próprio Deus na ressurreição dos justos.
Do mesmo modo que é conveniente se colocar no último lugar pela vivência da
humildade, também é mais dadivoso convidar os pobres e aleijados para o
banquete do que os amigos, parentes e vizinhos ricos.
Consciente
de que Jesus inaugura o banquete universal dos pobres (Is 55,1-5), Lucas
insiste na gratuidade do gesto divino que acolhe a todos em seu Reino, chamado
a atenção para a mesma atitude daqueles que convidam os que não podem
retribuir. Entretanto, se considerarmos a interpretação eucarística
proposta por vários comentadores, teremos a superação, nas assembleias
dominicais, de manifestações de vaidade e ostentação das reuniões pagãs,
através das regras da humildade ou das escolhas dos lugares e a exclusão de
barreiras judaicas, impostas pela impureza legal aos marginalizados mediante as
regras da gratuidade e da acolhida dos pobres.
Quem
são os que participam da tua festa? Com quem gastas o teu dinheiro? E como o
gastas? Lembra-te do apelo do Mestre: Quando
deres um banquete convide os cegos, os aleijados, os pobres e serás abençoado.
Pois eles não poderão pagar o que tu fizeste, mas Deus te pagará no dia em que
as pessoas que fazem o bem ressuscitarem.
Reflexão Apostólica:
Mais
uma vez Jesus nos ensina algo que contradiz completamente o pensamento do
mundo: não convidar os amigos nem aquelas pessoas mais queridas, mas chamar
àqueles que mais necessitam de alimento. E Ele ainda acrescenta: “Então tu
serás feliz!”
É
tão fácil a gente conviver com quem a gente gosta, admira, se afina, mas isto
amacia apenas o nosso ego! A nossa felicidade interior, a paz que nós
precisamos vem do serviço desinteressado.
A
motivação que temos para fazer as coisas do nosso dia a dia se constitui também
num parâmetro para a nossa felicidade eterna. Jesus nos explica: se fizermos as
coisas somente àqueles que podem nos recompensar já estaremos recebendo o
prêmio.
Porém,
quando realizamos algo às pessoas que não podem fazer o mesmo conosco, aí então,
a recompensa nos virá do céu. A gratificação dos justos é a ressurreição.
A
mensagem do Evangelho de hoje nos leva a avaliar qual é o nosso interesse
quando escolhemos as nossas amizades, qual é o valor com que nós aquilatamos as
pessoas sejam elas ricas, sejam pobres.
Qual
é o nosso interesse quando cultivamos os nossos relacionamentos, se o que
estamos buscando aqui na terra servirá apenas para que tenhamos uma vida cheia
de regalias ou se estamos caminhando em busca do reino de Deus.
Jesus
termina com uma recomendação muito importante: “convida os pobres, os
aleijados, os coxos, os cegos. “Então tu serás feliz!” Significa, convida
aqueles que se sentem marginalizados cheios de defeitos; aqueles que nunca
esperariam ser chamados.
A
festa é a nossa vida da qual ninguém poderá ser excluído, são as nossas
conquistas que devem ser partilhadas com todos, sem exceção, sem preconceito e
discriminação.
Seremos
felizes na medida em que formamos unidade com todas as pessoas, uma só alma, um
só coração, um só ideal, porque a figura desse mundo passa e o que nós
almejamos é a vida eterna, junto com todos.
Qual
é o critério que você usa para a escolha dos seus relacionamentos? Você costuma
acolher a todas as pessoas, ricas ou pobres? Você já convidou alguém, muito
pobre, para sentar-se à mesa com você? Você seria capaz de fazer essa
experiência?
Propósito:
Pai, coloca no meu coração um amor desinteressado e
gratuito, que saiba ser generoso sem esperar outra recompensa a não ser a que
vem de ti.
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