04 agosto – Concedamos sempre a vitória a Deus, mesmo quando isso repugna ao nosso amor próprio. E, se nem sempre podemos sentir nisso aquela doçura e aquela paz que o sacrifício cumprido traz consigo, supra a isto a fé e, voltando o nosso olhar para o Céu, exclamemos: Paraíso! Paraíso! (S 234). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 14,13-21
"Ao ser informado da morte de João,
Jesus partiu dali e foi, de barco, para um lugar deserto, a sós. Quando as
multidões o souberam, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco,
Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que
estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram:
"Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões,
para que possam ir aos povoados comprar comida!" Jesus, porém, lhes disse:
"Eles não precisam ir embora. Vós mesmos dai-lhes de comer!" Os
discípulos responderam: "Só temos aqui cinco pães e dois peixes". Ele
disse: "Trazei-os aqui". E mandou que as multidões se sentassem na
relva. Então, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu
e pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos
os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços
que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios. Os que comeram foram mais ou
menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças."
Meditação:
Esta
narrativa da partilha dos pães entre Jesus, seus discípulos, e a multidão, é encontrada
nos quatro evangelistas.
Contudo Marcos e Mateus apresentam a narrativa de uma segunda partilha,
bastante semelhante, como que em reprise desta primeira, porém diferenciando-se
na medida em que a primeira acontece na Galiléia e a segunda em território
exclusivo de gentios, fora da Galiléia.
O trecho do Evangelho de hoje vem logo após a história da
morte de João Batista, ligada à festa de aniversário do Tetrarca Herodes
Antipas. Ou seja, Mateus contrasta o “Banquete da Morte” promovido por Herodes,
com “O Banquete da Vida”, protagonizado por Jesus!
Mateus
salienta o comportamento de Jesus: ele não é fanático, querendo enfrentar
imediatamente Herodes; mas também não é fatalista, deixando as coisas correr
como estão. Ele continua fiel à missão de servir ao seu povo. Reúne e alimenta
as multidões sofredoras, realizando os sinais de um novo modo de vida e de
anúncio do Reino. A Eucaristia é o sacramento memória dessa presença de Jesus,
lembrando continuamente qual é a missão a que nós, cristãos, fomos chamados.
Devemos
saber discernir o que é milagre e a forma pela qual Deus operou. Para que
professemos uma fé consciente e não desvairada, inconseqüente e fanática.
Temos
que ter consciência de que o sobrenatural de Deus, quase sempre é operante de
acordo com o natural humano.
Na
maioria das vezes falta a visão correta, o verdadeiro discernimento das
Escrituras sobre questionamentos que como disse o Espírito Santo através do
apóstolo são Paulo (2Pe 3,16) há pontos difíceis de serem entendidos: “Falando disto
como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de se
entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras
Escrituras, para a sua própria perdição”.
Costumamos ver o sobrenatural de Deus em coisas e em fatos, que em verdade,
estão relatados de forma metafórica, em parábolas, e ainda: em um “linguajar
peculiar da época, localidade e cultura de um povo”.
Isto,
porque, servimos ao Deus único e verdadeiro, que ressuscita mortos, abre os
olhos aos cegos, cura enfermidades, que ao homem é impossível fazê-lo, dá voz
ao mudo e faz o coxo andar.
Muda
completamente a natureza humana, pois, diz as Escrituras Sagradas, que Ele tem
o coração do rei nas mãos e o inclina para o lado que Ele quer. Há isto podemos
dizer: sobrenatural divino. Ele faz! No Evangelho de hoje, temos um exemplo
grandioso do sobrenatural de Deus operando no natural humano.
A
multidão estava cansada e faminta. Faminta de Deus – O Pão Da Vida – alimento
sobrenatural, espiritual; tanto quanto do pão substancial “alimento para o
corpo”.
Sabemos
que por mais que o homem seja desprovido, jamais faz uma longa jornada sem que
traga consigo, o mínimo de alimentos segundo às suas possibilidades
momentâneas.
Sem
dúvida alguma, cada um dos que ali estavam ansiando ouvir o Mestre, depois
de uma longa jornada, sol à pino, trazia em sua mochila, alguma provisão
Porém,
a natureza do homem mesquinho e falho – pois, é através da Palavra, que
mudanças acontecem, e eles estavam ansiosos por conhecê-la –, não estavam
segundo a visão cristocêntrica: o partilhar em comunhão uns com os outros,
temiam colocar à mostra os seus alimentos...
A
multidão era grande! Acaso, não é assim, ainda hoje, entre os que têm a
natureza mesquinha?
O Senhor Jesus na sua onisciência, discernindo o que se passava nos corações,
nas mentes de tantos quantos ali estavam, sabiamente para não os constranger,
levantou as mãos ao céu e orou apresentando à Deus Pai os “cinco pães e os dois
peixinhos” (para alimentar toda a multidão), os vemos (pela fé) envergonhados a
retirar de suas mochilas, pães, peixes e muito mais, segundo às suas próprias
possibilidades!... “O POUCO COM DEUS, É MUITO”.
Quando nas nossas Paróquias há alguma festividade e cada um se encarrega
de levar algo, ficamos admirados com o que se pode fazer através da comunhão,
do espírito doador, do compartilhar.
Na partilha se dá a abolição de uma sociedade escrava do mercado pela
implantação da nova sociedade livre, justa e fraterna. A partilha é o gesto
concreto do amor.
O amor é contagioso e transforma a comunidade. A visão messiânica, a partir do
Primeiro Testamento, deu origem à interpretação desta passagem como um
espantoso milagre pelo qual os pães são multiplicados.
Se o objetivo de Jesus fosse o de praticar gestos espantosos, então maior
efeito teria se transformasse as pedras em pães, o que ele rejeitou na tentação
que lhe foi feita em seguida ao recebimento do batismo por João Batista.
A
benção de Jesus sobre os pães e peixes que os discípulos lhe trouxeram significa
redirecionar a Deus aquilo que é de Deus.
Significa desvincular os bens da posse excludente para libertar o dom de Deus
em sua criação colocando-o ao alcance de todos.
A
benção liberta também o coração e a generosidade levam à partilha e à saciedade
de todos. A sobra indica a eficiência da generosidade. A partilha é a expressão
do amor de Jesus.
Nada nos separa deste amor que se manifesta, hoje, nas pessoas e comunidades
que buscam a justiça e constroem a fraternidade.
Reflexão Apostólica:
Neste
Evangelho Jesus nos dá uma grande lição de solidariedade humana, quando
rejeitou a idéia dos Seus discípulos para que “despedisse as multidões”.
Quantas
vezes nós queremos nos ver livres dos problemas e também “despedimos” as pessoas
porque elas são empecilhos à nossa missão, à nossa caminhada.
As
pessoas vêm famintas, precisando da nossa ajuda e nós fazemos vista grossa às
suas dificuldades, achando que não somos capazes de ajudá-las porque temos
muito pouco tempo ou mesmo porque nos achamos pequenos e limitados. Jesus diz
hoje á nós também: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!
”
O
Senhor nos manda sentar para que possamos parar e refletir sobre a nossa vida,
partilhando e dividindo com as outras pessoas os nossos planos e sonhos.
Tudo
isso, dentro da perspectiva de Deus e à luz da Sua Palavra e dos Seus
ensinamentos. Hoje também, como ontem, há muita relva, isto é, espaço, ocasião,
oportunidade para que, reunidos, nós possamos descobrir os nossos dons,
talentos, aptidões, riquezas e bens espirituais, que são os nossos cinco pães e
dois peixes.
Ao
tomar os pães e os peixes nas mãos e dar graças ao Pai, Jesus nos deu o exemplo
de como poderemos fazer aumentar os nossos talentos. Trazemos primeiramente, a
vida para agradecer a Deus e a Ele oferecer em favor do irmão.
Além
disso, temos a doar saúde, paz, alegria, juventude e a nossa capacidade de
olhar, de sorrir, de cantar, de amar, de sonhar e de desejar.
Você
também tem propensão a eliminar da sua frente aquelas pessoas que lhe “dão
trabalho”? Do que você dispõe para alimentar a multidão que procura
pão? A quem Jesus manda hoje você oferecer o pão da Palavra? Você tem
sentado com as pessoas para partilhar a sua vida? Você tem colocado nas
mãos do Senhor os seus talentos e os seus dons?
Na realidade, os Evangelhos transmitem-nos muitas vezes
os sentimentos de Jesus para com as pessoas, especialmente doentes e pecadores.
Ele exprime, através dum sentimento profundamente humano,
a intenção salvífica de Deus que deseja que todo o homem alcance a verdadeira
vida.
Cada celebração eucarística atualiza sacramentalmente a
doação que Jesus fez da sua própria vida na cruz por nós e pelo mundo inteiro.
Ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus faz de nós testemunhas
da compaixão de Deus por cada irmão e irmã; nasce assim, à volta do mistério
eucarístico, o serviço da caridade para com o próximo, que “consiste
precisamente no fato de eu amar, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada
ou que nem conheço sequer.
Isto só é possível realizar-se a partir do encontro
íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de vontade, chegando mesmo
a tocar o sentimento.
Então, aprendemos a ver aquela pessoa já não somente com
os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo”.
Desta forma, nas pessoas que contactamos, reconhecemos
irmãs e irmãos, pelos quais o Senhor deu a sua vida amando-os “até ao fim”.
Mateus nos lembra que a participação eucarística exige
compromisso com uma visão social baseada na partilha dos bens necessários para
a vida, e não na acumulação da parte de alguns junto com a falta do básico para
muitos.
É claro que diante do enorme sofrimento da maioria da
população do mundo, a gente pode sentir-se tão impotente como se sentiram os discípulos
no Evangelho de hoje.
O texto nos ensina que não devemos cair na cilada de
aceitar as saídas falsas propostas pela sociedade vigente e hegemônica – de
“lavar as mãos” ou de cair somente num simples assistencialismo.
O cristão, sustentado pela eucaristia, a Mesa da Palavra
e a Mesa do Pão, deve se comprometer com uma visão cristã da sociedade, que
exige que a gente faça o que é possível para a construção de um mundo de
justiça e fraternidade.
Propósito:
Pai, abre meu coração para a solidariedade, a fim de que,
diante de meu semelhante necessitado eu sinta a alegria de partilhar com ele o
que me deste.
Dia 04 Mesmo que seja acometido por maus
pensamentos, mantenha-se firme no caminho da verdade e do bem. Não se deixe levar por pessoas de má índole
nem pela busca desenfreada de poder. Respeite seus semelhantes. Saiba que, mais cedo ou mais tarde,
você prestará contas de seus atos ao Criador. Por isso, jamais perca de vista o
essencial. Em suas ações, nunca perca a
serenidade. “Mandas teu espírito, são criados, e
assim renovas a face da terra”. (Sl 104[103],30). |
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