23 fevereiro - Estamos nas mãos de Deus e convém que nos resignemos ao seu justo julgamento. (L 223). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 6,-27-38
"- Mas eu digo a vocês que estão
me ouvindo: amem os seus inimigos e façam o bem para os que odeiam vocês.
Desejem o bem para aqueles que os amaldiçoam e orem em favor daqueles que
maltratam vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele
bater também. Se alguém tomar a sua capa, deixe que leve a túnica também. Dê
sempre a qualquer um que lhe pedir alguma coisa; e, quando alguém tirar o que é
seu, não peça de volta. Façam aos outros a mesma coisa que querem que eles
façam a vocês.
- Se vocês amam somente aqueles que os amam, o que é que estão fazendo demais?
Até as pessoas de má fama amam as pessoas que as amam. E, se vocês fazem o bem
somente para aqueles que lhes fazem o bem, o que é que estão fazendo demais?
Até as pessoas de má fama fazem isso. E, se vocês emprestam somente para
aqueles que vocês acham que vão lhes pagar, o que é que estão fazendo demais?
Até as pessoas de má fama emprestam aos que têm má fama, para receber de volta
o que emprestaram. Façam o contrário: amem os seus inimigos e façam o bem para
eles. Emprestem e não esperem receber de volta o que emprestaram e assim vocês
terão uma grande recompensa e serão filhos do Deus Altíssimo. Façam isso porque
ele é bom também para os ingratos e maus. Tenham misericórdia dos outros, assim
como o Pai de vocês tem misericórdia de vocês.
- Não julguem os outros, e Deus não julgará vocês. Não condenem os outros, e
Deus não condenará vocês. Perdoem os outros, e Deus perdoará vocês. Deem aos
outros, e Deus dará a vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que ele lhes dará
serão tantas, que vocês não poderão segurá-las nas suas mãos. A mesma medida
que vocês usarem para medir os outros Deus usará para medir vocês."
É necessário recuperar essa imagem de um mundo
dividido e desigual, para compreender a mensagem do evangelho de hoje. Jesus
não se limitou a diagnosticar a situação; não teve medo de escolher um lado, o
dos mais pobres e pequenos e propôs um caminho de superação, correspondente aos
propósitos do Pai: “A vós, que me
escutais, eu digo: amais os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam” (27).
Diante de um mundo ferido pela ganância, desigual e dividido, o caminho de
superação não pode ser outro senão o amor. “Inimigos” aqui, são as pessoas que
praticam o mal, aquelas que são prejudiciais e responsáveis pelo sofrimento do
outro. Jesus propõe uma verdadeira revolução pelo amor, e esse é o grande diferencial
da sua mensagem. Para isso, não ilustra seu ensinamento com exemplos abstratos,
mas com situações bem concretas: “Bendizei
os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. Se alguém te der
uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto,
deixa-o levar também a túnica. Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é
teu, não peças que o devolva” (vv. 28-30). Essas são situações do
dia-a-dia, acessíveis a todos e todas e bastante desafiadoras.
Jesus não ensina uma doutrina, mas apresenta uma
proposta de vida, cuja regra de ouro é: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”
(v. 31). Essa regra é a resposta a todo movimento ou sistema que prega a
violência ou a reciprocidade nas relações. Do outro, nada se exige; o cristão
deve é se colocar no lugar do outro e refletir sobre as consequências de suas
ações, como será explicitado nos versículos seguintes: “Se amais somente aqueles que vos amam, que
recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis o bem
somente aos vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem
assim. E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa
tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma
quantia” (v. 32-34). Existe um nível de comportamento e de relações
acessível a todos, e que é praticado em praticamente todas as sociedades: a
reciprocidade. Por exemplo, amar alguém sabendo que é amado por esse alguém, é
uma atitude que não exige o conhecimento do Evangelho nem intimidade com Jesus.
“Os pecadores” aqui significa todas as categorias de quem não pauta a vida
segundo o Evangelho. O princípio do amor se aplica também a outros tipos de
relações, como o fazer o bem de um modo geral, e a prática dos empréstimos.
Novamente no imperativo, o convite a amar os
inimigos é reforçado, junto com o fazer o bem: “Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem
esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis
filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus” (v.
35). É necessário que o discípulo e discípula de Jesus façam além do óbvio, que
pratiquem o amor e a justiça de modo gratuito e desinteressado. Porém,
inevitavelmente a recompensa virá, não como salário em forma material, mas em
dignidade: ser filhos ou filhas do Altíssimo. Ser filho, nessa perspectiva,
significa ser parecido com o pai. É essa a dinâmica do amor proposto por Jesus:
tornar o ser humano parecido com Deus, sendo bondoso como Ele é. Para reforçar
ainda mais a necessidade de tornar-se parecido com Deus, Jesus parte da
principal característica desse Deus: “Sede
misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (v. 36).
Aqui, Jesus ousa reformular o solene mandamento de Levítico 19,2: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso
Deus, sou santo”. Esse mandamento fora decisivo para a construção do
orgulho de Israel; compreendia-se a santidade como a separação dos outros
povos. Jesus inova e faz uma reinterpretação decisiva para a sua comunidade:
ser misericordioso significa ser bondoso, é cultivar somente bondade dentro de
si e nas relações com o próximo. Amor e bondade são traços inseparáveis, e são
os sinais mais distintivos na vida dos seguidores e seguidoras de Jesus.
Ainda de acordo com a “regra de ouro” das relações
(“O que vós desejais que os outros vos
façam, fazei-o também vós a eles”, v. 31), Jesus acrescenta: Não julgueis e não sereis julgados; não
condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e vos será
dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso
colo; porque, com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis
medidos” (vv. 37-38). É claro que ele não está afirmando que o agir
humano é critério para o agir de Deus. Pelo contrário, é Deus o critério,
sobretudo na bondade e no amor. Porém, mais uma vez, ele reivindica a coerência
de vida. Julgar e condenar não são prerrogativas de nenhum ser humano. É no campo
das relações com o próximo que os cristãos e cristãs revelam como se relacionam
com Deus e como absorveram o Evangelho de Jesus.
Todos os
dias, peça que Deus envie o Espírito Santo sobre você.
Nessas
condições, você se torna verdadeiro discípulo e evangelizador da Palavra de
Deus.
Quando
permitir que o Espírito Santo conduza sua vida, tudo ao redor vai se
transformar.
Nesse
momento, vai se tornar mais generoso e receptivo às necessidades dos
semelhantes.
Sua vida
terá outro sentido; com isso, vai se tornar uma pessoa amorosa, paciente,
amável, repleta de paz e autodomínio.
O Espírito
Santo renova tudo, transmite força e coragem aos seres humanos e gera
transformação de vida.
Você é um
templo vivo do Espírito Santo.
Deixe
Cristo agir em seu coração, e maravilhas vão ocorrer.
“Se alguém
não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo”
(Rm 8.9b).
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