quinta-feira, 14 de novembro de 2024

EVANGELHO DO DIA 17 NOVEMBRO 2024 - 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

17/11 – Santa Isabel da Hungria

 Isabel da Hungria era princesa, foi rainha e se fez santa. Era a filha do rei André II, da Hungria, e da rainha Gertrudes, de Merano, atual território da Itália. Nasceu no ano de 1207, e naquele momento foi dada como esposa a Luís, príncipe da Turíngia, atual Alemanha. Desde os quatro anos viveu no castelo do futuro marido, onde foram educados juntos.
O jovem príncipe Luís amava verdadeiramente Isabel, que se tornava cada dia mais bonita, amável e modesta. Ambos eram católicos fervorosos. Luís admirava a noiva, amável nas palavras e atitudes, que vivia em orações e era generosa em caridade com pobres e doentes.

A mãe de Luís não gostava da devoção da sua futura nora, e tentou convencer o filho de desistir do casamento, alegando que Isabel seria uma rainha inadequada politicamente. A própria Corte a perseguia por causa de seu desapego e simplicidade cristã. Mas Luís foi categórico ao dizer preferir abdicar do trono a desistir de Isabel. Certamente, amava-a muito.

No castelo de Wartenburg, quando atingiu a maioridade, foi corado rei e casou-se com Isabel, que se tornou rainha aos catorzes anos de idade. Ela foi a única soberana que se recusou a usar a coroa, símbolo da realeza, durante a cerimônia realizada na Igreja. Alegou que, diante do nosso Rei coroado de espinhos, não poderia usar uma coroa tão preciosa. Foi assim que o então rei Luís IV acompanhou a seu desejo e tornou-se rei sem colocar a sua coroa, também, diante de Cristo.

Foi um casamento feliz. Ele era sincero, paciente, inspirava confiança e era amado pelo povo. Nunca colocou obstáculos à vida de oração, penitência e caridade da rainha, sendo, ao contrário, seu incentivador. Em Marburg, Isabel construiu o Hospital de São Francisco de Assis para os pobres e doentes leprosos. Além de ajudar com seu dinheiro muitos asilos e orfanatos, os quais visitava com frequência.

Depois de seis anos, a rainha Isabel ficou viúva, com três filhos pequenos. O rei Luís IV, participando de uma cruzada, morreu antes de voltar para a Alemanha. A partir de então, as perseguições da Corte contra ela aumentaram. A tolerância quanto à sua caridade e dedicação religiosa acabou de vez. E o cunhado, para assumir o poder, expulsou-a do palácio junto com os três reais herdeiros ainda crianças.

Isabel ingressou, então, na Ordem Terceira de São Francisco e dedicou-se à vida de religião e à assistência aos leprosos no hospital que ela própria havia construído. Quando os cruzados que acompanhavam seu marido retornaram à Alemanha, ficaram indignados ao constatar como a rainha viúva e os herdeiros haviam sido tratados. Conseguiram fazer a viúva rainha Isabel reassumir o trono, que depois entregou ao seu filho, na maioridade.

Isabel da Hungria faleceu no dia 17 de novembro de 1231, com apenas vinte e quatro anos de idade, em Marburg, Alemanha. Quatro anos depois, em 1235, foi canonizada pelo papa Gregório IX. A Ordem Franciscana Secular venera-a como sua padroeira na festa celebrada no dia de sua morte.

Isabel da Hungria, rogai por nós!

 17 novembro - A indecisão é a causa principal que faz os mais belos projetos se desfazerem em nada. (L 68). São José Marello

EVANGELHO - Mc 13,24-32
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Naqueles dias, depois de uma grande aflição,
o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade;
as estrelas cairão do céu
e as forças que há nos céus serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens,
com grande poder e glória.
Ele mandará os Anjos,
para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais,
da extremidade da terra à extremidade do céu.
Aprendei a parábola da figueira:
quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas,
sabeis que o Verão está próximo.
Assim também, quando virdes acontecer estas coisas,
sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta.
Em verdade vos digo:
Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
Passará o céu e a terra,
mas as minhas palavras não passarão.
Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece:
nem os Anjos do Céu, nem o Filho;
só o Pai».

 

MARCOS 13,24-32 - 17 nov 2024

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM –

Com a chegada da fase final do ano litúrgico, a liturgia nos aproxima de textos do gênero literário apocalíptico, como o evangelho de hoje: Marcos 13,24-32. Com esse texto encerramos a leitura dominical do Evangelho segundo Marcos, por este ano, já que o texto evangélico do próximo domingo, solenidade de Cristo Rei, será tirado do Evangelho segundo João. Ao longo de todo este ano litúrgico em curso fizemos a leitura quase completa do Evangelho segundo Marcos, e hoje nos despedimos dele. Como mencionamos acima, o texto proposto para hoje, o trigésimo terceiro domingo do tempo comum, pertence ao gênero literário apocalíptico, e faz parte do discurso escatológico de Jesus no Evangelho de Marcos. Antes de entrarmos propriamente no conteúdo do texto, é necessário contextualizarmos e fazer alguns esclarecimentos, como faremos agora.

A primeira observação diz respeito ao gênero literário ao qual pertence o texto: o gênero apocalíptico. Derivado da palavra apocalipse (em grego: αποκαλυψις = apoclípisis), cujo significado é “revelação”, “manifestação da verdade” ou “tornar conhecido algo que estava escondido”, o gênero apocalíptico foi bastante distorcido ao longo da história, principalmente pelo cristianismo, passando a ser sinônimo de catástrofes e desastres, passando a causar medo, quando, na verdade, é um gênero literário usado pelos autores bíblicos para transmitir mensagens de esperança e resistência. Portanto, ao invés de causar terror e medo, a mensagem do Evangelho de hoje deve nos animar, como veremos no decorrer da reflexão. Quanto ao discurso escatológico, esse está presente nas últimas partes dos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), antecedendo os relatos da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Os evangelistas fazem questão de situá-los no curto ministério de Jesus em Jerusalém. O adjetivo “escatológico” deriva da palavra grega “escatón” (εσχατον), que significa fim. Ao falar de fim, os evangelistas pensam em dois sentidos: fim como extermínio de tudo o que impede a realização plena do Reino de Deus, e como finalidade da criação, sobretudo do gênero humano, alcançando seu verdadeiro destino.

No Evangelho segundo Marcos, o discurso escatológico surgiu como resposta de Jesus à admiração dos discípulos com a beleza e esplendor do templo de Jerusalém (cf. Mc 13,1). À admiração dos discípulos, Jesus respondeu que de tudo aquilo não restaria “pedra sobre pedra” (cf. Mc 13,2); os discípulos, curiosos, perguntaram a Jesus quando aconteceria a destruição do templo (cf. Mc 13,4); a essa pergunta, Jesus respondeu com um longo discurso (cf. Mc 13,5-37), do qual o evangelho desse domingo faz parte. É um discurso dirigido essencialmente aos discípulos, os mais necessitados de respostas, o que se reflete também na comunidade de Marcos. Ora, mais de trinta anos separam a ressurreição de Jesus da redação do Evangelho segundo Marcos. Muitos cristãos da sua comunidade começavam a levantar dúvidas sobre a veracidade das palavras anunciadas como se fossem de Jesus, enquanto surgiam dificuldades com perseguições de todas as partes: tanto do poder imperial romano, quanto da sinagoga que não aceitava mais continuar perdendo adeptos para a comunidade cristã. Diante disso, além de levantar questionamentos, muitos cristãos desanimaram perdendo a esperança e a motivação para continuar acreditando no projeto de Jesus. Por isso, o evangelista recorda o que Jesus disse e convida a comunidade a resistir diante das dificuldades.

 

O texto de hoje começa com uma afirmação importante de Jesus: “Naqueles dias, depois da grande tribulação, o sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais, As estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas” (vv. 24-25). Percebemos que essas palavras ainda fazem parte da resposta de Jesus à pergunta dos discípulos a respeito de “quando” aconteceria a destruição do templo, que significa a “grande tribulação” aqui mencionada. Ora, para Jesus, o templo de Jerusalém, que já não era casa de oração, mas casa de comércio, era a primeira das estruturas de poder e dominação a ser destruída. A realização plena do Reino de Deus depende da derrocada das forças opressoras deste mundo, das quais, para Jesus, a mais cruel era a instituição religiosa que oprimia em nome de Deus; depois que essa desmoronasse, também as outras forças malignas desmoronariam, como aqui ele anuncia, ao usar as imagens dos astros sol, lua e estrelas. Aqui, ele não se refere a uma catástrofe da natureza, mas usa uma linguagem simbólica, típica das literaturas de resistência, como a apocalíptica. Os astros aqui mencionados, sol, lua e estrelas, representam os poderes opressores e as divindades pagãs destes poderes. Esses astros eram divindades adoradas pelos romanos e egípcios, os quais acreditavam que seus imperadores fossem imagens e representantes dessas divindades.

O escurecimento do sol e da lua, junto à queda das estrelas, significa, portanto, que as forças opressoras, principalmente o império romano, irão cair; desses acontecimentos brotará o Reino de Deus, instaurado definitivamente pelo Ressuscitado que, vivo, retornará: “Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória” (v. 26). Nessa imagem, está a grande esperança de um novo tempo e de um novo mundo para todos os que perseverarem, pois “Ele enviará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra” (v. 27). Ao invés de um julgamento severo, o evangelista diz que o Filho do Homem vem para reunir a criação inteira; os quatro cantos e as extremidades da terra significam a totalidade da criação a ser reunida e renovada, instaurando a paz messiânica sobre a terra. São os poderes opressores com suas respectivas ideologias que impedem a convivência fraterna entre todos os povos da terra; com a queda dessas forças, a humanidade alcançará o seu verdadeiro fim e, assim, a paz será instaurada definitivamente.

Assim é a história da salvação: nessa, as coisas não acontecem repentinamente, nem através de eventos extraordinários, mas através de processos históricos que se desenrolam no tempo até que, um dia, desses acontecimentos, surgirá o Reino de Deus de modo definitivo. Com isso, ensinam Jesus e o evangelista, para alcançar o Reino de Deus em sua máxima manifestação, os cristãos não devem fugir do mundo, nem ignorar a história; pelo contrário, inseridos no mundo e construtores da história, esses devem transformar, como agentes habilitados e enviados pelo próprio Cristo. A vitória é fruto e consequência de muita luta contra as forças do mal. Como viviam perseguidos os cristãos da comunidade de Marcos, o evangelista encontrou no gênero apocalíptico o meio para transmitir sua mensagem encorajadora. A autêntica compreensão da história começa pela observação das coisas simples da natureza; por isso, o convite: “Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto” (v. 28). Os sinais estarão sempre disponíveis para quem tem a necessária capacidade do discernimento.

Os cristãos perseguidos não cansavam de perguntar quando seriam libertados, quando as tribulações passariam. Eles, assim como os primeiros discípulos, queriam uma data determinada e fixa. Nem Jesus nem o evangelista fixaram datas; apenas convidaram todos a manter-se atentos: “Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas” (v. 28). “Estas coisas”, aqui, são os acontecimentos históricos representados pela imagem do desmantelamento dos astros (cf. vv. 24-25), o que significa o desmoronamento das forças opressoras, a começar pela queda do templo de Jerusalém, como fim da exploração religiosa e, posteriormente, a derrocada das outras forças, como o império romano. É importante o sentido das palavras empregadas com a sua simbologia: os astros são meras imagens. Não é para o alto que os cristãos devem olhar, mas para o que está ao seu redor; é preciso ver a história acontecendo e interpretá-la com discernimento, para transformá-la.

Aparentemente, há uma contradição entre os versículos 30 e 32: enquanto no 30 está escrito que “esta geração não passará até que tudo isto aconteça”, o 32 afirma que “Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai” (32). O versículo 30 é, com muita probabilidade, uma advertência do próprio evangelista à sua comunidade que via a destruição de Jerusalém e do templo como inevitável – o Evangelho de Marcos foi escrito, provavelmente, em meados dos anos 60, e Jerusalém foi destruída no ano 70. De fato, a destruição de Jerusalém e do templo era vista com a primeira fase “destes acontecimentos” de quedas das forças opressoras. Se aquela grande casa de comércio, o templo, com toda a sua força e ideologia estava prestes a cair, também os demais reinos opressores cairiam, um dia, mesmo que num tempo muito distante, efetivando a instauração definitiva do Reino de Deus. Porém, quanto à chegada definitiva desse Reino, somente o Pai sabe; a nós, os filhos, cabe apenas lutarmos perseverantes para um dia isso acontecer. Essa luta depende da disposição de cada pessoa em fazer somente o bem, para que o mal seja completamente destruído e, assim, um novo mundo surgirá.

Não obstante as contradições da história e as dificuldades de ver os sinais do Reino presentes, os cristãos e cristãs são motivados por uma única certeza: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (v. 31). Esse é, de fato, um versículo conclusivo. Muitos questionamentos eram e continuam sendo feitos, pois, embora dinâmica, a história parece não caminhar para um final feliz. Os processos históricos, em sua grande maioria, ao invés de melhorar a vida das pessoas, trazendo inclusão e bem-estar, parece piorar, sobretudo, para os menos favorecidos; as contradições aumentam cada vez mais, junto com as desigualdades. Porém, ao invés de desanimar, todas estas contradições da história devem nos animar e alimentar a esperança, pois mostram que nada permanece para sempre, tudo mudo. Dessa certeza, resta-nos acreditar e apostar cada vez mais na única realidade que não passa: o Evangelho. É a totalidade das palavras e da práxis de Jesus que garante à humanidade a única alternativa de mudança de rumo e de realização plena de um novo mundo e uma nova história.

 


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